segunda-feira, 2 de junho de 2025

ADÃO NÃO SE VESTIA PORQUE SPINELLI NÃO EXISTIA

Walter  Spinelli e Irênio
 
ADÃO NÃO SE VESTIA PORQUE SPINELLI NÃO EXISTIA


Por Eduardo Araújo


Personalidade da Bahia.

Walter Spinelli e seu amigo de trabalho, Irênio.

Falar e escrever de Spinelli é recordar de uma Salvador glamorosa onde a sua alfaiataria trazia charme a uma das ruas mais garbosa da saudosa capital da Bahia, a Rua Chile. 

Descendente de Italiano, personalidade forte, membro da Igreja Batista 2 de Julho, maçom da Grande Loja Maçônica Filhos de Salomão, que ficava no Dois de Julho, casado com Helena Margarida, pai de duas filhas, esportista, pai disciplinador, amigo fiel, humor inigualável, perfeccionista em sua profissão. 

Spinelli foi o criador de um slogan que permanece na memória dos baianos que conhece a sua história: Adão não se véstia porque Spinelli não existia. 

Alfaiate talentoso que vestiu de elegância as pessoas mais renomadas da boa terra. Foram políticos, intelectuais, artistas, etc.

Achou proposta para trabalhar em São Paulo e Brasília, mais sua âncora estava firmada na Bahia.

Frequentador dos cafés e restaurantes finos da Rua Chile. Sempre alinhado com terno impecável. Galanteador. 

Adorava cinema e era um frequentador contumaz dos Cines Glória, Guarany e Liceu. Adorava o bom sorvete da Sorveteria Cubana.

Era um carnavalesco e participava dos bailes memoráveis dos Clubes Fantoche e da Casa d'Italia.

A vida de Spinelli se confunde com os tempo fecundos de uma Salvador elegante em que a sua tesoura pode contribuir para aumentar o magnetismo e encanto.

Homem honesto e trabalhador que viveu para mulher e a família. Conheceu vários países, mas o que ele amava era passar os finais de semana em sua casa de veraneio em Jauá.

Foi um dos criadores do jogo de peteca no Porto na Barra. 

Amigo dos seu funcionários que almoçavam em sua residência. Muitos foram ajudados por ele. 

Gozador inveterado foi convidado por Mário Cravo a sair de sua exposição por fazer críticas ferinas a sua obra.

Criador de apelidos. Humor imbatível.

Nos 400 anos de Salvador foi convidado pelo então Governador Octávio Mangabeira para produzir as roupas do IV Centenário da Cidade de Salvador, em 29 de março de 1949. Foi um encanto ver passar o desfile que saia do Corredor da Vitória rumo à Praça da Sé, que expunha a história do nosso povo.

No período da Segunda Guerra foi instalada a Base Baker pelos americanos e precisava de uniformes para os seus soldados, foi Spinelli que fez juntamente com uma equipe formada por ele e que confeccionou os 5 mil uniformes.

Spinelli tinha problemas de saúde como diabretes e problemas cardíacos.

Foi acusado de assassinato de Argeu Costa, dono da Livraria Científica, pelo Diário de Notícias e teve que depor na delegacia de Jogos e Costumes, na Rua da Misericórdia. Esse fato abalou sua saúde causando grande infortúnio. Nada foi provado, mas marcou a vida de Spinelli para sempre. 

Outro fato foi o incêndio da sua alfaiataria, que causou muito sofrimento.

Com a chegada do pret-a-porter, ou seja, pronto para vestir, a profissão de alfaiate foi perdendo sua importância numa sociedade de consumo onde se produzia em série. Mesmo assim ele tinha uma clientela fiel ao bom gosto e a elegância.

Sua esposa sugeriu aluguel de roupas. A princípio negado, mas depois de muita conversa aceitou. Novos tempos.

Ele instalou sua alfaiataria na Galeria Santo Amaro, em que ficava o edifício com o mesmo nome, na Avenida Sete de Setembro, número 750, próximo à Praça da Piedade.

Spinelli teve a alegria como companheira, espirituoso, inteligente, disposto ao trabalho, somou infinitos amigos, amava a família, era de um esmero e competência na sua profissão.

Quando o amigo Irênio morreu foi outro baque na sua saúde. 

Coração já não era o mesmo do desportista que nadava, que era o primeiro a abrir a praia. Frequentador do clube de remo de Itapagipe.

Spinelli veio a morrer de infarto nas proximidades do IAPSEB, no dia 5 de junho de1991.

Spinelli foi um ícone do bom gosto e fez da sua tesoura, agulhas e linhas arte. 

Spinelli sempre foi sinônimo de garbo. Adão e Eva se conhecessem Spinelli o paraíso seria mais perfeito”.

(Eduardo Araújo).

domingo, 1 de junho de 2025

BRASILIDADE

Allan de Kard 


Por Allan de Kard 
 
BRASILIDADE. Num recanto da terra foi edificada uma nação Única. Um verdadeiro Paradoxo Humano. Uma nação Singular, pois em nenhum outro lugar do mundo foi forjado um povo tão especial, e ao mesmo tempo tão plural na sua diversidade étinica, que combinados molda um comportamento caloroso, emocional, alegre que chega a ser quase invasivo. Parece que a genética do brasileiro tem certos atavismos que o impele a abraçar sempre, a sorrir de tudo, até mesmo de seus desacertos. Acaba de conhecer uma pessoa e já parece ser , Melhores amigos. Desde crianças, somos acostumados ao toque, ao cafuné a proximidade física, enquanto que em outros países a distância de pelo menos dois metros entre as pessoas parece ser regra geral. Alguns brasileiros não conseguem entabular uma conversação sem tocar no interlocutor, a vendedora da loja, não te conhece e te chama de meu bem. Eu mesmo me refiro ao outro, com expressões como, Meu lindo, minha linda, ou querido, querida. Estar na última Esquina do Mundo, nos manteve longe das guerras fraticidas, nunca fomos invadidos por outras nações, e até mesmo os pequenos conflitos em que estivemos envolvidos, podem ser comparados a pequenas escaramuças se comparadas as guerras do Mundo. Somos um povo, cuja sua população é 87% mestiça, e esse fenômeno rompe as barreiras impostas pela imaturidade humana, que na sua infância Espiritual, considera características físicas fator que confere superioridade de um sobre o outro. Aqui já começamos a compreender que a essência do Ser, supera quaisquer diferenças, Sejam elas étinicas, sociais, religiosas etc. Por isso é importante não nos deixarmos cair na grande armadilha espalhada pelo mundo, que dissemina o Ódio entre as classes, entre as etinias, sexo, religião etc. Somos um só povo, admirado e invejado por toda parte. O Brasil tem o melhor artigo de exportação do mundo, que é seu povo Plural, com um comportamento Singular. Temos brasileiros em todos cantos do planeta, levando seu sorriso e alegria de viver. "A síndrome de vira lata", como ainda insiste alguns, já foi vencida há muito. É hora de espalhar brasilidade por toda parte. Viva o Brasil. 

 
*Allan de Kard é Artista Plástico, Empresário e Filantropo 

Vitória da Conquista -BA outono de 2025