Por Fernando Vita
Ler Cine Subaé: escritos sobre cinema (1960-2023), uma primorosa seleção de quase tudo que Caetano escreveu, fez e disse sobre Cinema, trabalho de Cláudio Leal e de Rodrigo Sombra para a Companhia das Letras, tem-me sido uma viagem no tempo, uma revisita a tudo que o Cinema (e Caetano) legam a mim e à humanidade. Há em cada alma um Cine Subaé que insiste em viver, mesmo quando já não mais vivem, sob o jeito de memórias. No meu caso, o Cine Theatro Glória, tão presente em todos os meus livros quanto a mítica Todavia que os serve de cenário. Em miúdos: atire a primeira pedra quem não tem um Subaé, um Glória ou um Paradiso para chamar de seu. Que bem o diga o Giuseppe Tornatore.
Acabei de ler Cine Subaé…, uma vera “viagem”cinematográfica, com Caetano como guia genial e Cláudio Leal e Rodrigo Sombra como competentes responsáveis pelo roteiro. No “the end”, salvo involuntária distração minha, senti a falta de alguma menção de Caetano, confessadamente um profundo admirador do cinema europeu, à diretora francesa Agnès Varda. Claro que ante a imensidão do Cinema, não teria como esperar de Veloso referir-se a todos os mais fantásticos diretores, europeus ou não, que eles são muitos, mas me bateu uma puta curiosidade de saber de Agnès ante os olhos acuradamente críticos de Caetano. Talvez dias desses, quem sabe o próprio Cláudio Leal, ou o querido Antônio Riserio, próximos de Caetano, me matem a curiosa curiosidade de leitor plenamente feliz? Falei ontem a respeito da ausência de Agnès Varda nas páginas do Cine Subaé com meu velho amigo André Luiz de Oliveira, o fantástico diretor de METEORANGO KID, O HERÓI INTERGALÁTICO, ele tanto como Riserio citados no livro, e Andrezinho bateu na tecla que por igual bato: a imensidão do Cinema como arte, suas nuances e magias, não cabe em um Cine Subaé só, mesmo com Caetano na plateia.
* Fernando Vita é jornalista e escritor