segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

AS INCONSTÂNCIAS DO CINEMA BAIANO



Por André Setaro

Apesar de já ser considerada uma centenária cinematografia, a rigor, no entanto, ouso dizer que não existe um cinema baiano, mas filmes baianos, porque, para a existência de um cinema baiano, por exemplo, haveria de se ter uma produção sistemática e continuada. A questão é polêmica e não o objetivo desse artigo, porém.
Admitindo-se a hipótese de que o cinema baiano está a fazer 101 anos, o que se pode dizer é que a trajetória dessa cinematografia que se quer, às vezes até a fórceps, baiana, é um itinerário de frustrações e marcada por fases e por períodos de completa inatividade no plano da criação cinematográfica.
O ponto de partida se dá com Regatas da Bahia, em 1910, e, a partir de então, Diomedes Gramacho, José Dias da Costa, Luxardo, entre outros, fazem filmes documentários que se caracterizam pelo registro de vistas, acontecimentos sociais, inaugurações disso e daquilo, chegando-se, mesmo, na segunda década do século passado, ao estabelecimento de laboratórios que objetivam a feitura de fitas. Mas Gramacho, o principal documentarista do período, entra em crise depressiva por causa de um incêndio e joga, em estado de desespero, todo o seu material na Baía de Todos os Santos.
As pesquisas até agora são infrutíferas em relação aos filmes porventura produzidos na Bahia antes da década de 1930. Considera-se como o grande pioneiro do cinema baiano o documentarista Alexandre Robatto, Filho, cujos registros, quase na sua totalidade, são recuperados pela Fundação Cultural do Estado da Bahia. Robatto é, praticamente, o único nome que vigora no panorama cinematográfico soteropolitano em duas décadas: as de 30 e de 40. A sua obra consiste basicamente de documentários que registram as exposições de pecuária, eventos históricos, amenidades sociais etc, a exemplo de A volta de Ruy (1949), A guerra das boiadas(1946), A chegada de Marta Rocha (1955), Quatro séculos em desfile (1949), entre muitos outros, como filmes em 8mm que documentam os carnavais baianos nos clubes sociais nos anos 40, com sabor pitoresco e um resgate memorialista. Seu filme mais bem acabado, esteticamente, é Entre o mar e o tendal (1953), quando se pode observar um cuidado na construção de uma estrutura narrativa mais dinâmica.
Os anos 50 registram o advento do Clube de Cinema da Bahia, idealizado pelo advogado Walter da Silveira, que congrega, no espírito de uma velha província, os intelectuais e os universitários de sua época. O mercado exibidor somente oferece o cinema hollywoodiano, e Walter da Silveira apresenta a estética eisensteiniana, o expressionismo alemão, o neorrealismo italiano, o realismo poético francês, a avant-garde dos anos 20, a escola documentarista inglesa de John Grierson, Paul Rotha etc. Alguns dos assíduos frequentadores do Clube se entusiasmam e, assombrados, decidem fazer cinema, a exemplo de Glauber Rocha, que, no dia da morte de Walter da Silveira (novembro de 1970), escreve artigo no já extinto Jornal da Bahia para lamentar a perda do amigo e ressaltar que foi ele quem o fez descobrir o cinema como expressão de uma arte.
Alguns curtas são feitos nesta década: Um dia na rampa (1955), de Luis Paulino dos Santos, O pátio e Cruz da praça, ambos de Glauber Rocha, e Roberto Pires prepara, desde 1956, Redenção, o primeiro longa baiano, que somente pôde lançar três anos depois, em 1959, porque realizado com poucos recursos e com filmagens aos fins de semana. Redenção é um acontecimento histórico, e desperta, em outros, a vontade de estabelecer, na Bahia, uma infra-estrutura cinematográfica para se ter uma produção sistemática e continuada. Surge, então, o produtor Rex Schindler que, com outros produtores associados (David Singer, Braga Netto…), banca a estréia de Glauber Rocha no filme de longa duração, Barravento (1959), para, a seguir, produzirA grande feira (1961) e Tocaia no asfalto (1962), ambos dirigidos por Roberto Pires. Neste momento, princípio da década de 60, é que se dá início ao chamado Ciclo Baiano de Cinema, a mais importante fase do cinema feito nestas plagas soteropolitanas, que inclui muitos outros filmes, entre os quais, O caipora (1963), de Oscar Santana, Sol sobre a lama (1964), de Palma Netto e Alex Viany, O grito da terra(1964), de Olney São Paulo entre outros. Todos os filmes citados são bancados por produtores baianos e podem ser consideradas obras genuinamente baianas.
O surto underground, que se estabelece a partir de 1968, com influências marcantes do carro-chefe O bandido da luz vermelha, vem determinar uma espécie de ruptura com as propostas temáticas do Ciclo Baiano de Cinema, quer do ponto de vista sintático (da linguagem), quer do ponto de vista semântico. Entre os filmes dessesurto, destacam-se Meteorango Kid, o herói intergalático (1969), de André Luiz de Oliveira, Caveira my friend (1969), de Álvaro Guimarães, A construção da morte (1968), de Orlando Senna, Voo interrompido (média metragem) e O anjo negro (1972), ambos de José Umberto, Akpalô (1970), de José Frazão.
A rigor, o cinema baiano (se assim pode ser chamado) entre os anos 80 e os anos 2000 (com seu último longa Abrigo nuclear (1980), de Roberto Pires – alguns acham que é O mágico e o delegado (1983), de Fernando Cony Campos, – praticamente vive de curtas metragens até que, com o advento dos editais governamentais, dá-se início à feitura de longas, dando, ao alvorecer do novo milênio, muitas perspectivas de se por, na praxis, o ato criador pela imagens em movimento. O filme adventista, inaugural, da nova fase, a que se denomina Novíssima Onda Baiana, é 3 Histórias da Bahia, que reúne três curtas: Agora é cinzas, de Sérgio Machado, Diário de um convento, de Edyala Igresias, e O pai do rock, de José Araripe Jr.
3 Histórias da Bahia é fruto de uma decisão a posteriori, porque constituído de três curtas independentes eleitos em concurso patrocinado por edital governamental. A idéia de selecionar um trio de filmes de pequena duração, para a transformaçãomágica em um longa, proporciona a ausência de um denominador comum no discurso cinematográfico, como é praxe em filmes de episódios. O que há, na verdade, é uma inorgânica estrutura que se compõe de concepções estéticas e linguagens bem diversas entre si. Enquanto o filme de Sérgio Machado toma como ponto central a agonia de um Rei Momo provecto, o de Edyala Iglesias tenta penetrar num diário conventual, e dispõe o tempo cinematográfico numa linguagem zip. Já O pai do rock é uma reverberação que se pensa humorística da transformação de músicos em áulicos do axé-music.
Considerando que o cinema é uma estrutura audiovisual, com um elo sintático (a linguagem) e um elo semântico (a produção de sentidos), um olhar sobre os filmes baianos que começam a aparecer a partir dos anos 2000 constata, neles, defeitos estruturais como se não houvesse uma preocupação com a estrutura narrativa, com a simbiose expressiva entre os dois elos fundamentais para a urgência criadora. Por outro lado, há uma quase obsessão por assuntos enraizados, por assim dizer, como o candomblé, os retratos da gente humilde, o pitoresco, a exploração do décor. Claro que tais assuntos são importantes, mas precisam de uma nova abordagem e o que se percebe é uma repetição do clichê na hora de contemplá-los. É sempre o mesmo discurso cinematográfico que se repete quase ad infinitum. E uma outra muleta que cai como luva para quem quer fazer cinema e se dizer cineasta: o documentário musical.
Assim, logo após a estréia de 3 Histórias da Bahia, Samba Riachão (2001), de Jorge Alfredo, documentário centrado na figura do sambista Riachão, apesar dos prêmios conquistados (chega a ganhar, ex-aequo com Lavoura arcaica, de Luis Fernando Carvalho, o principal prêmio do Festival de Brasília), o filme, ainda que envolvente pela presença do retratado, tem a pretensão de “contar a história do samba”, quando deveria se restringir a ser um registro apenas sobre Riachão.
O problema dos filmes baianos produzidos nesta década está na estrutura, na inexpressiva simbiose dos elos sintáticos e semânticos o que sinaliza para um problema de linguagem. O cinema pernambucano, neste particular, é mais desenvolto, a exemplo dos filmes de Cláudio Assis (Amarelo manga, O baixio das bestas), de Lírio Ferreira (O baile perfumado, Árido movie...), entre outros. Os cineastas de Pernambuco sabem explorar os seus aspectos culturais mais pungentes com uma linguagem bem de acordo com a expressão de suas idéias. O baixio das bestas, seco,despojado de figuras retóricas, é exemplar nesse sentido. Já o cinema baiano puxa mais pelo folclore (no mau sentido da palavra).
Costa-Gavras disse, no seminário de cinema de 2005, quando esteve presente em Salvador, que o cinema nunca pode deixar de ser um espetáculo, tem que, obrigatoriamente, envolver o espectador, sob pena deste abdicar do que está a ver. No itinerário longametragista baiano, os filmes se preocupam mais com o tema nobre, com uma preocupação de realismo social no qual, muitas vezes, o que se vê são propostas anacrônicas. Esses moços (2006), de José Araripe Jr, sobre ser um filme sem pretensão, assemelha-se a uma obra do neorrealismo italiano sem o poder de envolvimento desta corrente cinematográfica. A busca do realizador é pelo registro da realidade dos bairros periféricos, envolvendo duas adolescentes e um velho, párias da vida à procura de uma redenção. De qualquer maneira, há uma coerência temática, porque um tema centrado nas coisas simples da vida, e uma tentativa de fazer, delas, a emergência de uma poética que nunca é encontrada (ver os curtas Mister Abrakadraba, Rádio Gogô, O pai do rock, este último pertencente a 3 Histórias da Bahia).
Eu me lembro (2005), de Edgard Navarro, célebre por suas diatribes superoitistas (O rei do cagaço, Lin e Katazan, Exposed…) e, principalmente, por O Superoutro (1989), tem diminuído o seu volume de iconoclastia para uma incursão nos arcanos de sua memória cujo resultado é uma espécie assim de Amarcord soteropolitano, ainda que desenvolvido com o humor característico do autor, mas, definitivamente, sem a virulência dos filmes anteriores e com desequilíbrio estrutural a partir do meio de sua narrativa. Navarro sabe usar o humor no olhar que estabelece sobre os comportamentos humanos, revelando-os em suas ambiguidades, nas situações bizarras observadas, não desprovidas, no entanto, em Eu me lembro, de humanismo. Há um olhar de piedade sobre a condição humana, quando em estado de desgraça.
Realizado em 2004, mas somente exibido em 2008, Cascalho, de Tuna Espinheira, baseado no romance homônimo de Herberto Salles, é uma prova das dificuldades que enfrenta o dito cinema baiano. Com o filme pronto, mas sem o Dolby Stereo, o realizador amarga quatro anos de espera até que consegue um recurso extra para dotar o seu filme da aplicação sonora sem a qual não poderia ter exibição no mercado exibidor. A questão maior reside justamente no tripé produção-distribuição-exibição. O filme baiano, premiado em editais, consegue, a duras penas, ser realizado, mas nunca é distribuído no circuito nacional e, quando o é, fica restrito a pequenas salas e nunca é visto.
O jardim das folhas sagradas, de Pola Ribeiro, fecha um ciclo, o ciclo de uma geração que começa a fazer cinema com o boom superoitista. Se o Ciclo Baiano de Cinema tem uma preocupação com o drama social do homem brasileiro, o cinema que se faz na Bahia nos anos 2000, e que se está a considerar um ciclo, tem características muito diversas, pois suas temáticas são díspares, inexistindo, como naquele, um enfoque social como objetivo precípuo na abordagem temática. Mas se pode considerar o que se chama Novíssima Onda como um terceiro ciclo, na verdade, pois há o surto underground, entre 1968 e 1972, cujo denominador comum, um cinema de angústia individual, de crise de seus autores diante de uma falta de perspectivas, determina uma abordagem não apenas temática, mas também estilística, a exemplo dos citados Meteorango Kid, Caveira my Friend, A construção da morte, de Orlando Senna, que se completa, mas os negativos são destruídos, Akpalô, de José Frazão e Deolingo Checcucci, O anjo negro, de José Umberto.
O jardim das folhas sagradas, bem intencionado (embora o inferno está cheio de boas intenções) sofre de hipertrofia temática e didatismo, com tom professoral e um tanto politicamente correto. Cascalho é uma tentativa de trazer para o cinema o romance regionalista de Herberto Salles, com tropeços narrativos. Pau Brasil dá continuidade à filmografia de Fernando Beléns (mas fica uma pergunta atrás da orelha: se realizado por Cláudio Assis, não seria mais louvado e mais estimado?).
Pau Brasil (2008), de Fernando Beléns, trata a realidade miserável de duas famílias habitantes de um lugarejo pobre, que se enfrentam e moram uma em frente da outra. As valências ocultas de cada personagem emergem no desenrolar da narrativa até um pathos surrealista, uma explosão de delírio. O cinema belensiano é um cinema quase anêmico como construção narrativa, mas a secura de sua linguagem funciona dentro dos parâmetros do olhar grotesco e bizarro que caracteriza a sua filmografia desde os anos iniciais do Super 8.
O cinema baiano atual, portanto, é um cinema que se preocupa mais com o oportunismo temático (inclusive para ganhar nos editais, que funcionam como uma espécie de autocensura) do que com um cinema de imagens, a considerar a separação estabelecida por Marcel Martin entre um cinema de imagens e um cinema figurativo. À exceção de Edgard Navarro, um realizador que se impõe por um estilo já plasmado, os cineastas baianos se limitam à figuração de suas idéias, subtraindo-se diante da realidade, fazendo surgir de sua representação direta e objetiva a significação que querem obter. Para eles, a elaboração da imagem tem menos importância do que sua função natural de figuração do real. Estas, por sua vez, necessitam de uma boa execução para se tornarem convincentes e cinematográficas.

John Adams Visual FX (HBO)



Cenários Virtuais. É esse que vamos usar no filme 2 de JUlho.

OS MELHORES FILMES DE 2011


Beto Magno e Emilton Rosa

25 Dezembro 2011 Os melhores filmes de 2011



1.) TETRO (Tetro), de Francis Ford Coppola. Expiação de seus tormentos familiares, de suas relações pretéritas com a sua família, obra de soberba autoral com resultado mais que perfeito. Rapaz ingênuo, ainda adolescente, chega a Buenos Aires para encontrar o irmão mais velho, que abandonou os familiares e vive com outro nome. Coppola, realizador notável, amplia, aqui, a sua dimensão como artista em filme de reflexão. O melhor do ano, de longe e, nem de perto, pode-se compará-lo aos outros.

2.) CÓPIA FIEL (Copie conforme), de Abbas Kiarostami. Este realizador iraniano, desta vez em produção fora de seu país, filmada na belíssima Toscana, através do relacionamento de um casal (Juliette Binoche e o cantor lírico inglês William Shimelli) provoca um jogo de ambiguidades, de verdades e mentiras, um discurso amoroso sobre a autenticidade e a mentira com uma pessoal maneira de filmar os seres e as coisas. E, com isso, confirma que é um realizador acima da média e o filme um dos mais curiosos do ano.

3.) HOMENS E DEUSES (Des hommes et des dieux). Detentor do prêmio especial do júri no Festival de Cannes deste ano, Des hommes et des dieux, de Xavier Beauvois, é inspirado em fatos ocorridos na Argélia em 1996, quando monges católicos são sitiados em seu mosteiro por fundamentalistas islâmicos. Beauvois traça com rigor o perfil de cada monge e sustenta, com vigor, a tensão da crônica de uma morte anunciada. Momento sublime: quando os monges ouvem o Lago dos cisnes de Tchaikovsky.

4.) O MÁGICO (L'illusionniste), de Sylvain Chomet. Delicadeza e sensibilidade na abordagem da decadência de um ilusionista cujo desenvolvimento narrativo, em sua maior parte, é feita pela visualidade em detrimento dos diálogos. Baseado num roteiro inacabado de Jacques Tati, a diretora Chomet, premiada em As biciletas de Belleville, confirma, aqui, o seu talento e a sua predisposição poética de ver e olhar o mundo. E bate na tecla de uma constante temática de Tati: o embate entre a tradição e a modernidade (vista com tanta arte e inventiva em Meu tio/Mon oncle, 1958

5.) ALÉM DA VIDA (Hereafter), de Clint Eastwood. Este conceituado diretor, que dá continuidade à tradição do grande cinema americano, não realizou em Hereafter, como muitos pensaram, um filme espírita, mas se valeu de uma abordagem sobrenatural como um recurso de sua fabulação para falar de sentimentos, culpa, e a capacidade de superação dos traumas. O filme acompanha três personagens: Matt Damon, que tenta deixar para trás uma promissora carreira de médium; em Londres, um menino sofre com a trágica morte do irmão gêmeo; e, em Paris, a jornalista Cécile De France vê sua vida mudar radicalmente após sobreviver ao tsunami de 2004. Os três personagens acabam por se encontrar e estabelecem ligações. Obra bela e envolvente.

6.) AS PRAIAS DE AGNÈS (Les plages d'Agnès).Documentário memorialístico, Les plages d'Agnès utiliza, na sua estrutura narrativa, materiais de origens diversas: fotografias, fragmentos de filmes, entrevistas, pequenas encenações. Por meio desse sensível documentário, Agnès Varda realiza uma espécie de autobiografia, recorda momentos, instantes de felicidade: sua meninice, seus passeios pela Bélgica, nos tempos de criança e, quando chega adulta a Paris, a descoberta e o assombro pela possibilidade criadora através das imagens em movimento. Apesar de realizado em 2009, somente no ano em curso foi lançado em Salvador.

7.) MEIA-NOITE EM PARIS (Midnight in Paris), de Woody Allen. Consagrado autor do cinema contemporâneo dotado de estilo próprio e constantes temáticas, Allen entra no túnel do tempo para refletir sobre as ilusões que temos sobre a existência. Paris sempre fascinou cineastas, escritores, e artistas em geral.Midnight in Paris, sobre ser um canto à sua beleza, é um filme que nos permite pensar acerca do tempo como fator existencial e que determina as circunstâncias do aqui e do agora. Um momento, entre outros, antológico: quando o personagem fala a Buñuel sobre O anjo exterminador e o aragonês acha o argumento confuso.

8.) MELANCOLIA (Melancholia), de Lars Von Triers. A melancolia deste rebelde cineasta dinamarquês da terra de Carl Theodor Dreyer é uma melancolia que reflete sobre o mal estar da civilização. O cinema de Von Tries é um cinema agressivo e de imagens fortes, mas sempre com o condão de nos levar à reflexão. Nele, não há piedade na exposição das fraturas expostas da civilização. Enquanto um planeta chamado Melancolia está prestes a colidir com a Terra, uma mulher se prepara para a sua festa suntuosa de casamento. Interpretações notáveis de Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg.

9.) O DISCURSO DO REI (The king's speech), de Tom Hopper. Com a abdicação de seu irmão, George assume o poder real na Inglaterra como George VII.O filme é um duelo interpretativo entre Colin Firth e seu instrutor Geoffrey Rush para que este consiga curar a gagueira crônica do aspirante ao trono. Criticado por uma estrutura narrativa convencional, The king's speech justamente por isso consegue um equilíbrio perfeito entre os seus diversos elementos de composição: a excelência interpretativa, a cenografia apurada, um ritmo envolvente e um espetáculo grandioso.

10.) A PELE QUE HABITO (La piel que habito), de Pedro Almodóvar. A ação se passa no ano de 2012, e assinala a volta de Antonio Banderas aos filmes do cineasta, como o bem-sucedido cirurgião plástico Richard Legrand que, após a trágica morte de sua esposa (que tem seu corpo completamente incinerado em um acidente), parte em busca de uma "pele perfeita", que poderia tê-la salvado. Sem limites em sua insaciável busca, Richard é capaz de tudo para tentar reescrever a história e evitar o inevitável. O cinema de Almodóvar é uma mescla de gêneros e aqui, assumindo o thriller, faz um trabalho primoroso como cinema e a obsessão pelo cinema. Influência notória de Os olhos sem rosto (Les yeux sans visage, 1960), de Georges Franju.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

STAND UP & MÚSICA



Anselmo Vasconcellos,Jaqueline Adans,Beto Magno, Rada Rezedá e Wilton Sabá no teatro casa do comercio em Salvador

sábado, 17 de dezembro de 2011

DAWSON - FILME DE MIGUEL LITTIN


O ator baiano Bertrand Duarte em Dawson - Ilha 10, de Miguel Littin, que mostra a agonia dos presos políticos na ditadura Pinochet



Dawson -Ilha 10, de Miguel Littin, premiado cineasta chileno que tem em sua filmografia obras de grande impacto do ponto de vista político, encontra-se, a partir desta sexta, também em exibição no Espaço Glauber Rocha (Sala 4 somente às 15 horas) e no Cine Vivo (Sala 2 também somente às 20 horas e 10 minutos). Trata-se de um filme importante e que não deve ser perdido. É a melhor pedida para este fim de semana.

sábado, 10 de dezembro de 2011

STAND UP & MÚSICA

Beto Magno e Anselmo Vasconcellos na sede da CAP Escola de TV e Cinema da Bahia

STAND UP & MÚSICA

Show em pró do NTN Núcleo de Teledramturgia do Nordeste, realizado no dia 05/12/11 no teatro da Casa do Comercio em Salvador...com a presença da banda Batifun, Ludmilla Anjos, Belpa Mariani, Muguel Vieira , Guga Walla, Paulo Prazeres, Rafael Medrado, Rada Rezedá e o padrinho do projeto o ator Anselmo Vasconsellos da Rede Globo.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

EM BREVE NOS MELHORES CINEMAS DO BRASIL

A cineasta Betse de Paula acabou de rodar seu terceiro longa, “Vendo ou Alugo”, que conta com a produção de Mariza Leão e Heloisa Rezende. O filme narra o dilema de uma família de classe média alta do Rio de Janeiro que está toda endividada e só tem uma solução: vender ou alugar o casarão onde moram. No elenco, Marieta Severo, Nathália Timberg, Silvia Buarque e Bia Morgana – filha de Betse – fazem as quatro gerações da família. Com pretensão de grande público, a comédia deve chegar aos cinemas em 2012.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

ENCONTRO DE CINEASTAS COM O0 GOVERNADOR


13 Novembro 2011

Cineastas baianos conversam com Jaques Wagner


Recebi uma mensagem do presidente da Associação de Produtores e Cineastas da Bahia (APCB) na qual contém a carta dirigida pelos realizadores baianos ao governador Jaques Wagner e um relatório da reunião escrito por Olavo. Seguem abaixo os dois textos como os recebi. E abrindo aspas:


Salvador, 9 de novembro de 2011
Excelentíssimo Senhor Jaques Wagner
Governador do Estado da Bahia Senhor Governador:


A Associação de Produtores e Cineastas da Bahia - APCBahia, aqui representada por cineastas e produtores, inicialmente manifesta o agradecimento por sua gentileza em nos receber neste dia. Consideramos este encontro por demais oportuno, visto que estamos vivendo um momento histórico. Quatro filmes baianos estão sendo exibidos simultaneamente em salas do circuito comercial na Bahia e no Brasil, além de vários outros circulando em festivais nacionais e internacionais.


A nossa vocação para o cinema vem se consolidando ao longo de décadas, onde foi construída uma significativa filmografia, que precisa ser mais conhecida e valorizada. Em 10 anos produzimos 32 filmes longa metragem. Esta frondosa lavra, que vem obtendo tão ampla receptividade de público, crítica e premiação em festivais, precisa de um apoio mais intenso do Estado para manter uma continuidade e ampliar seu desenvolvimento. Não podemos mais voltar aos tempos dos filmes “bissextos”. Compreendemos o audiovisual como um segmento com alto potencial de comunicação e de forte impacto econômico no mundo. Mas, é sobretudo o cinema que lhe dá o fundamento de linguagem e investe em abordagens não convencionais, na busca constante de processos de identificações e interatividades, fatores de suma importância na discussão de problemas relacionados às questões culturais, comportamentais, tecnológicas e ideológicas. O cinema se desenvolve a partir do discurso político dessas contradições levando personagens e situações ao furacão existencial do cotidiano numa época onde intensas transformações acontecem na vida de jovens em busca de novos paradigmas. Trama de utopias revolucionárias no mundo das idéias e das práticas. É através do cinema que (re)escrevemos a nossa cultura na sua destinação histórica de universalidade e (re)ligamos os nossos costumes mestiços com as vertentes culturais das nações e dos povos fundadores, provocando novos encontros, novos conflitos, novas soluções e o consequente surgimento de novos signos culturais. E para isso, faz-se necessária cada vez mais uma política de fomento à produção de filmes, da preservação da nossa memória, das promoções de mostras e seminários reflexivos sobre o nosso cinema.

O cinema é uma legitima expressão artística e cultural do nosso povo, mas também um instrumento destacado na cadeia produtiva da economia estadual. O cinema carrega consigo toda uma vertente econômica, sendo capaz de gerar emprego, renda e ser um dos mais eficientes canais de difusão da imagem da Bahia para o Brasil e o Mundo. Com isso atraímos investimentos, turistas e negócios, que significam recursos financeiros para o Estado, fortalecimento do mercado interno e a consequente ampliação da arrecadação tributária. Em qualquer lugar do mundo onde for exibido um filme baiano, a imagem da Bahia estará despertando interesses: políticos, econômicos ou culturais.Reconhecemos que as mudanças operadas na política cultural baiana nesses últimos cinco anos representam o primeiro impulso no sentido de retomar o contato do Estado com as forças criativas profundas que caracterizam a nossa história. Mas, por outro lado, a nossa atividade vive em permanente insegurança na medida em que a dependência de editais e programas de fomento cujos valores são decididos a cada ano impedem a cadeia produtiva de planejar suas atividades e dificultam a comercialização e difusão dos filmes realizados. Por conta disto, apresentamos como uma das nossas principais reivindicações a implantação de Editais de cinema, como a mola mestra propulsora de uma política para o audiovisual que necessita dar suporte à continuidade de produção de filmes longa metragem na Bahia.

Queremos Editais de cinema que incorporem recursos para as etapas iniciais de realização (pesquisa, roteiro e elaboração do projeto), produção (execução do projeto), finalização (complementação de longas) e distribuição. Isso necessariamente irá fortalecer o mercado estadual para profissionais de cinema em todas essas áreas. E consideramos fundamental que sejam adotadas as providencias adequadas para introduzir na legislação ordinária do Estado, a obrigatoriedade de Editais anuais, garantindo a continuidade e renovação permanente do cinema na Bahia.

Queremos Editais como Politica de Estado, não politica de uma gestão, de secretário ou governador. Assim como é indispensável a criação de marcos legais que contemplem as especificidades do campo da cultura e que regulem o fomento ao setor audiovisual, de modo a favorecer a sustentação da atividade para as empresas produtoras locais. Através de Editais dos mais diferentes elos que unem a carpintaria da construção cinematográfica, o cinema brasileiro desde 2003 vem experimentando um novo ciclo criativo e vigoroso. Na Bahia, mesmo tendo sido lançados apenas cinco Editais nos últimos 13 anos, a produção local vem se destacando nacionalmente.

A consolidação dos Editais anuais, a partir do início de 2012, muda qualitativamente este quadro, com o inevitável crescimento da nossa produção baiana. Para nós, os Editais são instrumentos estimuladores, democráticos e confiáveis. Acreditamos que adotando os Editais anuais de cinema, definidos em lei, como centro de uma Política de Audiovisual na Bahia, a partir deles outras ações e qualificações poderão se agregar no entorno, como o estímulo a produção de eventos sobre cinema, a criação de uma Revista de Cinema, a implementação de um Programa de Difusão de Filmes e de um Circuito de Exibição de Filmes Baianos dentro e fora da Bahia, a estruturação de núcleos que deem suporte as produções cinematográficas, a formação de mão de obra qualificada para o mercado profissional, a formalização de convênios entre o governo da Bahia e instituições baianas e nacionais buscando uma maior abrangência na captação de recursos para a produção e difusão do cinema na Bahia etc. Governador, queremos que o Senhor se aproxime do cinema baiano e o eleja como uma das prioridades estratégicas do seu governo. Precisamos de Editais anuais, definidos em lei. Queremos seu envolvimento direto na formalização de convênio entre o Governo da Bahia e instituições como Ancine, Petrobras, CHESF, FIEB, Polo Petroquímico, Polo de Informática etc, objetivando a injeção de recursos na produção e difusão do cinema na Bahia. Queremos também seu apoio e intermediação entre as Secretarias de Cultura, Planejamento, Turismo, Educação, Comunicação e Indústria & Comércio, para que possamos construir de forma transversal, apoios e suportes ao fomento do cinema baiano. Por fim, desejamos exibir filmes baianos para o Senhor e consideramos muito importante a sua presença nas nossas pré-estreias, sentimos falta disto, pois sua presença amplia a dimensão simbólica do cinema baiano. Isso fortalece nosso cinema. Afinal, a imagem da Bahia também está no cinema. Associação de Produtores e Cineastas da Bahia (APCBahia)


Jorge Alfredo Guimarães
Presidente


Relatório da reunião da APCBahia com o Governador Jaques WagnerA reunião na governadoria começou as 17h 55. Além do governador Jaques Wagner, estavam presentes os representantes da APCBahia: Jorge Alfredo, Sylvia Abreu, Antonio Olavo, Edgard Navarro e João Rodrigo. Pela Secult estavam o secretário Albino Rubim, Sofia Federico, Nehle Franke e Fátima Froes.
Jorge abriu a reunião falando que há muito tempo desejávamos ter esse encontro com o governador e nossa expectativa é muito positiva, por conta disso estar ocorrendo em um momento muito especial que estamos vivenciando no cinema baiano, com a exibição simultânea de quatro filmes nas salas do circuito comercial: Filhos de João, de Henrique Dantas, Bahêa Minha Vida, de Márcio Cavalcante, Jardim das Folhas Sagradas, de Pola Ribeiro e Capitães da Areia, de Cecília Amado. Ressaltou ainda o fato que não somente estes filmes estavam em cartaz simultaneamente, algo de importância histórica, como também, todos eles estavam tendo excelente receptividade de público. Citou os números mais recentes de Bahêa Minha Vida (72 mil), Capitães de Areia (150 mil), Filhos de João (17 mil) e Jardins (que em apenas um final de semana chegou a 3.300 espectadores).


O governador interveio perguntando o que significavam estes números? Qual era seu comparativo e relevância?
Houve então várias pequenas intervenções de Jorge, Sylvia, Edgard, João e Olavo, expressando dados e informações que ressaltavam a importância desses números, levando em conta a média de público dos filmes nacionais. Falou-se em casos como Tropa de Elite, Dois Filhos de Francisco etc, filmes que ultrapassaram 1 milhão de espectadores, mas estes são exceções no cinema nacional.


João falou do êxito de Filhos de João, de Henrique Dantas, que continua circulando nas salas comerciais do Brasil e já percorreu vários países do mundo, tendo na semana passada estado em Barcelona e esta semana estava sendo exibido em Berlim. Isso era importante porque era a música e a cultura baiana que estavam sendo vistas no mundo.
Jorge falou que nos últimos 10 anos a Bahia produziu 32 filmes e destes, muitos estão a espera de uma distribuição digna. E nós gostaríamos que o governador elegesse o cinema, como uma das prioridades estratégicas do seu governo.


Wagner respondeu que uma das prioridades estratégicas do seu governo é a cultura, e que evidentemente cada segmento da cultura busca atrair mais recursos para sua área, todos querem mais dinheiro, porém, ocorre que o cobertor é curto: “puxa de um lado, falta de outro”. Mas reconhece que o cinema tem suas particularidades, pois realmente é caro fazer cinema. Criticou as leis de incentivo, afirmando que os empresários precisam botar dinheiro próprio na cultura e não ficar apenas se valendo da renúncia fiscal.


Após esse preâmbulo, foi lida por Olavo a Carta/Documento que a APC elaborou para ser entregue ao Governador (reproduzida ao final do Relatório).


Logo após a leitura da carta, o governador perguntou sobre quais as empresas que estão promovendo editais para cinema e se estes eram nacionais ou estaduais.


Sylvia falou sobre os editais e os apoios das empresas nacionais. Citou a Petrobras, dizendo ser a maior patrocinadora do cinema no Brasil, e que tem um edital nacional. Falou também da Chesf que não investe praticamente nada na cultura da Bahia e foi complementada por Olavo que disse que a Chesf embora gerisse grandes recursos hídricos na Bahia, praticamente somente investe em projetos culturais de Pernambuco.

Sylvia falou também dos Editais do BNDES / Eletrobras etc. Jorge complementou dizendo que este momento vigoroso do cinema nacional, também está relacionado com a ação do Minc a partir da gestão Gil/Juca, que potencializou os Editais BO de apoio ao cinema e a descentralização dos recursos, abrangendo o Nordeste, principalmente Pernambuco, Bahia e Ceará. Na Bahia, esperávamos que esta tendência também se estabelecesse, com a consolidação e continuidade dos Editais anuais, e não foi isso que ocorreu. O Governo Wagner tem o Fundo de Cultura, FazCultura muito mais complementando os nossos filmes que já foram contemplados em editais nacionais.


Wagner perguntou quanto seu governo investiu em cinema.
Sylvia informou os valores do investimento do governo baiano desde 2007.

Ao que Jorge entregou ao governador uma tabela preparada por Sylvia, que sistematizava esses dados por ano de investimento em filmes longa metragem: 2007 (R$ 1.537.992,03);

2008 (R$ 000,0000);

2009 (R$ 1.971.988,47);

2010 (R$ 1.579.136,36);

2011 (855.000,00).

A seguir, Jorge falou da importância do Polo de Camaçari, chamado por ele de “a nossa Paulínia”, investir no cinema baiano e clamou o governador para abrir mais esta frente de captação de recursos.
Wagner fez algumas somas dos valores apresentados, enquanto Albino e Sofia intervieram com alguns outros dados. O governador tomou a palavra, e se dirigindo a Albino, disse que evidentemente qualquer decisão que ele venha a tomar será encaminhada junto com a SECULT, mas o que ele pensava, destacando os Editais como ponto central das nossas reivindicações explicitadas na Carta, era que poderia haver um processo de Edital, que assegurasse sua realização anual, por um período de tempo maior, por exemplo, 4 anos. Assim as produtoras e proponentes poderiam se planejar melhor. Isso precisaria ser melhor analisado, mas ele achava que essa forma facilitaria mais a realização dos Editais.


Jorge falou que os realizadores também precisam de um tempo mais longo para a concretização de seus filmes. E que muitas vezes um governo colhe um fruto que um outro governo plantou. Também falou sobre a Caixa 100 anos de cinema na Bahia, uma iniciativa importante, mas que poderia ter tido uma maior difusão e repercussão. Albino respondeu que a caixa foi uma iniciativa boa, no que foi reforçado por Sofia, dizendo que a Caixa foi distribuída para mais de 1.000 instituições (pontos de cultura e cineclubes etc.)


Wagner, mais uma vez se referindo à nossa Carta, disse que algumas coisas poderiam ser melhor ajustadas, se, por exemplo, toda a parte de divulgação dos filmes fosse para a Secretaria de Comunicação, com a utilização da verba de publicidade do governo. Jorge respondeu que considerava isso muito complicado, pois poderia alterar o equilíbrio de um Plano de Trabalho da produção de um filme, que tem suas regras e caminhos próprios, com tempos e formas especificas de conduzir seus projetos.


Edgard interveio falando sobre a importância deste encontro com o governador, recordando que em 1996 um grupo de cinco cineastas, entre os quais ele estava presente, tiveram uma audiência com o governador Paulo Souto e aquele encontro também teve um significado simbólico muito grande para o cinema baiano. Disse também que o filme Eu me Lembro, foi projeto de grande envergadura no cinema baiano, porquanto mais de 300 pessoas se envolveram diretamente com a produção.

Este filme obteve várias capas dos cadernos de cultura dos jornais do Sul (FSP, O Globo, Estadão etc), quanto vale tudo isso? São coisas que ficam para a história. Enfatizou que essa prática cinematográfica na Bahia não pode sofrer descontinuidade. Destacou o quanto seria bom a presença do governador nos lançamentos dos filmes baianos e revelou que durante a pré-estreia de O homem que não dormia, no TCA lotado, ele cobrou a presença do governador, que não estava.


Wagner, disse que muitas vezes tem dificuldades de agenda e há todo uma logística a considerar quando se trata da presença do governador. Ele pessoalmente gosta de andar em ambiente público, e faz isso com frequência, mais até no interior do que na capital, mas que muitas vezes não pode estar onde gostaria. Considerou importante a presença do governador nestes momentos de pré-estreia, pois reafirmava o valor simbólico do cinema baiano para a população, mas que muitas vezes não dava pra ir...


Neste momento Jorge interveio e disse: “Então faça como o presidente Lula, traga o cinema baiano para dentro do seu gabinete. Vamos programar sessões de filmes em sua sala”. O governador sorriu com a sugestão.


João citou uma pesquisa realizada pela CNN, que apontou o Porto da Barra, como uma das mais belas praias do mundo. O seu filme Trampolins do Forte foi filmado basicamente no Porto da Barra. Isso aponta o potencial que tem o cinema de difundir mundo afora aspectos positivos da Bahia. Essa questão deveria interessar à Secretaria de Turismo.

Aproveitando a deixa, Sylvia falou sobre a importância de conseguirmos que as companhias de aviação pudessem exibir nossos filmes durante os voos e lembrou que a AIR FRANCE já exibiu o filme Esses Moços, de Araripe, quando da existência da linha direta Salvador/Paris. No vôo da TAP Lisboa/Salvador, completou Jorge, bem que poderia ser disponibilizados nossos filmes no menu. E sugeriu uma Ação inicial de resolver os problemas de algumas produções que estão precisando de 200, 300, 500 mil para serem lançadas. E citou Pau Brasil, de Fernando Belens, Antonio Conselheiro, de Walter Lima, entre outros.


Wagner disse que poderíamos escolher 4 a 5 itens indicados no documento, independente do aspecto financeiro e os eleger como prioridades para serem resolvidos pelo governo. Chamando novamente a participação de Albino que pouco antes da reunião lhe falou do PEF (Programa Imagens da Bahia) convênio que foi celebrado entre o Irdeb e a Ancine, e está aguardando a captação de recursos nas empresas privadas, ele disse que não vê problema em ligar para as empresas e abrir o processo de captação. Sobre a solicitação de intermediação entre as secretarias citadas (Planejamento, Turismo, Industria e Comércio, Educação etc) disse que não vê dificuldade alguma em viabilizar isso e lembrou que o Secretario de Planejamento é irmão de um cineasta (Pola Ribeiro), e disse que também Leonelli (Turismo) era próximo dá gente... Falou também que não há problema em ligar para as companhias de aviação, como TAP e American Airlines, para negociar a exibição de filmes baianos. E citou também a importância de se constituir e consolidar um circuito de exibição de filmes no interior, aproveitando a estrutura do governo.

E até mesmo nas praças esses filmes poderiam serem exibidos. Albino disse que isto já se faz presente nos centros e pontos de cultura do interior. Jorge disse que isso era importante, mas que se deveria levar em conta a qualidade de projeção dos filmes, que não poderia ser exibidos com qualidade baixa, como é feito atualmente. Centros Culturais como o João Gilberto, em Juazeiro, assim com o de Itabuna, e até mesmo em praça pública podemos fazer projeções de alta qualidade, de imagem e de som.


Buscando evitar a discussão de aspectos técnicos, os quais confessou que não tinha conhecimento, o governador reafirmou que deveria ser selecionados 4 a 5 propostas e definir quem as encaminharia, “quem faz o quê”. Ressaltou acreditar ser importante o estabelecimento de um prazo para o encaminhamento das questões.

Provocado por Olavo: “então o Senhor é simpático aos Editais?” Wagner respondeu que o Edital é o melhor processo de encaminhar as demandas que vem da sociedade. Disse que o governo já faz isso em muitas outras áreas e ele não vê problemas em se adotar para o cinema.
Jorge, falando sobre o somatório de nossas produções e a existência de editais, declarou que no governo Wagner somente houve dois editais, e a seguir, fez uma analogia com a construção do metrô, cujo planejamento atual é, até 2014, ano da copa, construir o dobro do que foi construído até agora: “Queremos o mesmo para o cinema, até 2014, o dobro de filmes longa metragens, que até então já produzimos”.


Por fim o governador disse que deveríamos formar um grupo para estudar e definir as prioridades do cinema baiano, definir um prazo para seus encaminhamentos e lhe entregar. E peremptório declarou:


“Eu sou disciplinado, alguém deve chegar pra mim e dizer: sua parte é esta, você tem que fazer isso. Vamos definir um prazo e vocês podem cobrar; nem sempre estou disponível, mas se tiver algum projeto encalhado, liguem cobrando que vamos desencalhar; liguem pra minha secretária Regina Afonso, falem com ela”. (grifos do relator)
Albino concordou em criar um grupo de trabalho com integrantes da APC e da Secult para estudar as propostas prioritárias sobre o cinema baiano e posteriormente entregá-las ao governador.


Por fim, o governador deu por encerrada a reunião.
Na saída do prédio da governadoria, os cinco representantes da APCBahia, em breve conversa, consideraram muita positiva a reunião.
Forte abraço a todos.


Olavo

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ENCONTRO DE GIGANTES!!!

Miguel Littin e os feras do CINEMA NOVO: Orlando Senna, Roberto Farias e o Big Boos Zelito Viana no Rio de Janeiro...

DOCUMENTÁRIO ILHA DE ITAPARICA

Documentário sobre a Ilha de Itaparica produzido por Jose Américo @zamerico, A Ilha de Itaparica é a maior da Baía de Todos os Santos. Divide-se em dois municípios: Itaparica e Vera Cruz: Conheça um pouco da: História, Turismo, Desenvolvimento socio-político, Ponte Salvador Ilha de Itaparica. E veja alguns depoimentos de artistas e moradores sobre a Ilha.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

TOCAIA NO ASFALTO - UM FILME DE ROBERTO PIRES

Por André Setaro

Tocaia no asfalto conseguiu ser restaurado e foi apresentado recentemente em Salvador em cópia luminosa. O responsável pela ressurreição do filme, Petrus Pires, filho de Roberto Pires, lutou vários anos para ter este vibrante filme de seu pai de volta com a sua imagem original - o filme possui uma fotografia brilhante e pode ser considerado um dos pontos altos do chamado Ciclo Baiano de Cinema, que se situou entre 1959 e 1962. Tocaia no asfalto, como se verá no comentário a seguir, é um trabalho de ourivesaria no que se refere à construção cinematográfica, e Pires se revela, aqui, um dos grandes artesãos do cinema brasileiro (assim como Roberto Farias num filme mais ou menos da mesma época: Assalto ao trem pagador.)

Thriller genuinamente baiano realizado em 1962, que aborda o relacionamento dos políticos com a criminalidade e as idiossincrasias de personalidade de um pistoleiro de aluguel, Tocaia no asfalto, de Roberto Pires, produzido logo após A grande feira, é um filme que pode ser visto em dois planos: no plano de sua narrativa e no plano de sua fábula (história). No primeiro, destaca-se sobremaneira a artesania de Pires, o domínio pelo qual articula os elementos da linguagem cinematográfica em função da explicitação temática. Seu trabalho, nesse particular, é de ourivesaria e, aqui, em Tocaia no asfalto, tem-se um exemplo onde a narrativa suplanta a fábula, ainda que os dois planos sempre devam ser observados em processo de simbiose.

Realizado em plena efervescência do chamado Ciclo Baiano de Cinema - 1959-1962, Tocaia no asfalto atesta o seu vigor e a sua atualidade temática. Duas seqüências podem ser consideradas antológicas e das melhores do cinema brasileiro: a tentativa de assassinato frustrada na Igreja de São Francisco, e a do cemitério do Campo Santo. Pires demonstra o seu apuro, o seu sentido de cinema, o timing raro, um faro, por assim dizer, para pensar cinematograficamente o estabelecimento da mise-en-scène como fator de impacto e de emoção.

Ainda que uma obra formatada nos moldes de uma linguagem clássica - o que não lhe tira de modo nenhum a qualidade, que se fundamenta na chave narrativa da progressão dramática griffithiana, há, no entanto, uma seqüência que, sem se ter medo de errar, poder-se-ia chamá-la de eisensteiniana. É aquela na qual Roberto Ferreira tenta se ver livre dos presos num caminhão e tenta intimidá-los com um revólver, ocasionando uma fuga em pleno movimento do veículo, quando vem a morrer o irmão do personagem interpretado por Agildo Ribeiro. A rapidez, com que são expostos os rostos embrutecidos dos pobres diabos que estão no caminhão, tem um ritmo que se assemelha a um touch buscado na concepção de montagem de Sergei Eisenstein. Esta seqüência é um flash-back, quando Agildo Ribeiro, dançando, sente-se mal e começa a ter pesadelos retroativos.

Assim, Tocaia no asfalto se sobressai pela narrativa impactante que está a serviço do argumento, mas que predomina sobre este. Que versa sobre um pistoleiro contratado para matar um político corrupto (Milton Gaúcho), que, chegando do interior, vai morar num prostíbulo e se apaixona por uma mulher (Arassary de Oliveira). Enquanto isso, um jovem político bem intencionado (Geraldo D¿El Rey) pretende instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as falcatruas do grupo do político que está na mira do assassino. Mas as reviravoltas do argumento determinam uma contra-ordem e o pistoleiro, na iminência de matar, é avisado que não mais precisa cumprir o trabalho. Apesar de um matador profissional, tem, porém, seus códigos de honra. e prefere ir até o fim naquilo para o qual fora incumbido. Não lembra Sargento Getúlio, de João Ubaldo Ribeiro?

Tocaia no asfalto se desenrola em dois ambientes: o ambiente burguês da casa do político, abrangendo as festas, os colóquios e o namoro de sua filha (Angela Bonatti) com o jovem e promissor parlamentar, e o ambiente pobre do prostíbulo comandado com mão de ferro por Jurema Penna e, no qual, o pistoleiro é hospedado, vindo a conhecer uma prostituta pela qual se apaixona. Alguns personagens, como o policial interpretado por Adriano Lisboa, possuem mobilidade, pois circulam entre os dois ambientes, e Antonio Pitanga, outro matador, contratado, desta vez, para matar o outro. Pires, em alguns momentos, através da montagem paralela, tenta mostrar os acontecimentos em perspectiva de simultaneísmo, quando, por exemplo, Agildo e Arassary conversam no Farol de Itapoã.

Notável realizador, Roberto Pires, responsável pelo primeiro longa feito aqui, Redenção (1956-59), pelo seu extremado domínio formal da linguagem, poderia ter ido longe se trabalhasse no exterior, mas as injunções mercadológicas de um cinema caótico, como o brasileiro, determinaram-lhe, por vezes, um recesso forçado. Mas filmes como A grande feira e Tocaia no asfalto bastam para se ter um cineasta.

Não se pode deixar de registrar a funcionalidade da partitura de Remo Usai - que soa como um grito trágico na seqüência final do trem, o bom argumento de Rex Schindler - também produtor, associado a David Singer, e a fotografia de Hélio Silva. E uma pergunta que não se quer calar: por que, com todos os recursos existentes hoje, o cinema baiano não consegue fazer algo parecido com Tocaia no asfalto?

Produção genuinamente baiana, seu elenco é formado por gente da terra, exceção de Agilldo Ribeiro, Arassary de Oliveira, Ângela Bonatti, entre poucos. Mas são os baianos que tomam conta do cast: Geraldo D'El Rey (o galã do cinema baiano que depois se transformaria no virulento Manoel Vaqueiro de Deus e o diabo na terra do sol), David Singer (aqui dublê de ator de produtor), Jurema Penna (atriz baiana consagrada pela sua dedicação ao proscênio), Antonio Luz Sampaio (que depois passou a se chamar Antonio Pitanga), Roberto Ferreira (o popular Zé Coió, que de palhaço passou a sério ator dramático), Maria Anita (muito popular em programas infantis da recém inaugurada Tv Itapoá), Milton Gaúcho (uma griffe da cinematografia da Bahia, chegando a participar de quase todos os filmes, com raras exceções e, entre elas, os filmes de Glauber Rocha), Maria Lígia, Hélio Rodrigues, Orlando Senna (sim, que na época era jornalista e crítico de cinema), Othon Bastos (o Corisco de Deus e o diabo), Sílvio Lamenha (como ele próprio, colunista social com um caderninho na mão), Sonia Noronha, Walter Webb, etc.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

ATRIZ GLOBAL E ALUNAS DA CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA



A atriz Priscila Camargo da Rede Globo eteve em Salvador para apresentar seu trabalho na Caixa Cultural as alunas da CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA: Fabiana Pharaoh, Patricia Cortizo e Clarissa Noronha estiveram lá pra conferir.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

DIA DE TESTE PARA O FILME DOIS DE JULHO

Lucas Oliviere ator da CAp Escola de Tv e Cinema da Bahia e Beto Magno gravando teste para atores do filme Dois de Julho

A BAHIA É VETERANA NA PRODUÇÃO CINEMATOGRAFICA BRASILEIRA!

Dois de Julho a Guerra da Independência ( O filme) do diretor Lázaro Faria. Será o mais importante filme da cinematografia Baiana... Beto Magno

XVII FESTIVAL DE CINEMA GLAUBER ROCHA COLÉGIO 2 DE JULHO

Gravação da cena da passeata uma das mais deficeis do filme " O CICLO" da turma do 2º ano "A" do Colégio 2 de Julho - Salvador -BA

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Glauber Rocha - De Lá Pra Cá - 02/10/2011


Grande homenagem ao "Profeta do inconformismo" Glauber Rocha

DEPOIS DA LUZ, CAMERA E AÇÃO




Beto Magno no estúdio da Cap Escola de Tv e Cinema da Bahia

A MISERIA CULTURAL BAIANA



Por André Setaro


Diz-se que a Bahia já teve seu Século de Péricles, uma alusão ao período efervescente que se situou nos anos 50 e na primeira metade dos 60, quando Salvador congregava o que havia de mais criativo na expressão artística. Estimuladas pela ação da Universidade Federal da Bahia, comandada, e com mão de ferro, pelo Reitor Edgard Santos, as artes desabrocharam com o surgimento do Seminário de Música, da Escola de Teatro, do Museu de Arte Moderna, dos inesquecíveis concertos na Reitoria, da porta da Livraria Civilização Brasileira na rua Chile, dos papos ao por do sol frente à estátua do Poeta, no bar e restaurante Cacique, dos debates calorosos da Galeria Canizares (no Politeama), da "boite" Anjo Azul (na rua do Cabeça), entre tantos outros pontos que faziam da Bahia um recanto pleno de engenho e arte.










Na Escola de Teatro, por exemplo, que, inicialmente, foi dirigida por Martim Gonçalves, montava-se, lá, de Bertolt Brecht, passando por Ibsen, Eugene O'Neill, entre tantos, a Strindberg, com um rigor inusitado, e tal era a excelência de seus espetáculos que vinham pessoas do sul do País, e até do exterior, vê-los encenados "in loco". No curso de preparação de ator, o estudante levava alguns anos para poder participar de uma montagem teatral, iniciando a sua trajetória como um mordomo mudo ou de poucas falas. Somente ter o seu nome no programa da peça já era um prêmio, uma alegria, um consolo.







O livro Impressões Modernas - Teatro e Jornalismo na Bahia, de Jussilene Santana, analisa a configuração do teatro como temática na imprensa baiana em meados do século XX e, pela primeira vez, faz justiça a Martim Gonçalves, o responsável pela excelência das montagens teatrais, criador da Escola de Teatro (que hoje tem o seu nome), mas muito criticado na sua época e até mesmo denegrido pelos opositores. Após a leitura deste livro imprescindível, a conclusão é única e inequívoca: sem Martim Gonçalves não se teria um teatro baiano do nível a que chegou, ainda que, décadas depois, tenha perdido todo o seu vigor, transformando-se num grande proscênio destinado à proclamação de "besteiróis", honradas as exceções de praxe.







Cinqüenta anos depois, meio século passado, a realidade cultural baiana é uma antípoda da efervescência verificada, uma época que foi chamada, inclusive, de "avant garde" pela sua disposição de inovar, pela marca de vanguarda da mentalidade de seus artistas e intelectuais. Atualmente, a Bahia regrediu muito culturalmente a um estado, poder-se-ia dizer, pré-histórico, e o "homo sapiens" do pretérito se transformou no "pithecantropus erectus" do presente. Aquele estudante do parágrafo anterior, por exemplo, não existe mais.







Na Bahia miserável da contemporaneidade, qualquer um pode pular em cima de um palco, qualquer um se sente apto a dirigir uma peça, "mexer" com cinema, fazer filmes. Com as sempre presentes exceções de praxe, o teatro que se pratica na Bahia é um teatro besteirol, que faria corar aqueles que participaram da antiga escola de Martim Gonçalves.







A Bahia não está apenas mergulhada em bolsões de pobreza, na violência diuturna e desenfreada, com seu povo excluído de tudo - e até mesmo dos cinemas, mas do ponto de vista cultural a miséria é a mesma. Miséria cultural, descalabro, ausência do ato criador, apatia, desinteresse. Eventos existem para a satisfação de pseudo-intelectuais que não possuem as bases referenciais necessárias para a compreensão do que estão a ver ou a ouvir. O momento presente, se comparado aos meados do século passado, assinala uma regressão cultural sem precedentes. Como disse Millor Fernandes, a cultura é regra, mas a arte, exceção, o que se aplica sobremaneira sobre o estado atual da cultura baiana. Cultura se tem em todo lugar, mas arte é difícil, e a arte baiana praticamente não existe.







Com o desaparecimento dos suplementos culturais e o advento de normas editoriais que privilegiam o texto curto, além da incultura reinante pela assunção do império audiovisual em detrimento da cultura literária (vamos ser sinceros: ninguém hoje lê mais nada), a crítica cultural veio a morrer por falência múltipla das possibilidades de exercício da inteligência numa imprensa cada vez mais burra e superficial.







Sérgio Augusto, crítico a respeitar, que militou nos principais jornais cariocas, em entrevista ao "Digestivo Cultural", site da internet (vale a pena lê-la na íntegra: http://www.digestivocultural.com/entrevistas/entrevista.asp?codigo=10), do alto de sua autoridade no assunto, afirmou que o jornalismo cultural está morto e enterrado, ressaltando que se fosse um jovem iniciante não entraria mais no jornalismo porque não vê, nele, perspectivas para a crítica de cultura (área de sua especialidade).







Dava gosto se ler o Quarto Caderno do Correio da Manhã com aqueles artigos copiosos, imensos, que abordando cultura e artes em geral, eram assinados por Paulo Francis, Otto Maria Carpeaux, Álvaro Lins, José Lino Grunewald, Antonio Moniz Viana, entre tantos outros. A rigor, todo bom jornal que se prezasse tinha seu suplemento cultural. Aqui mesmo em Salvador, vale lembrar o do Diário de Notícias e o do Jornal da Bahia (em folhas azuis). Atualmente, resiste o Suplemento Cultural de A Tarde (mas, mesmo assim...).







A inexistência da crítica de arte não diz respeito apenas ao soteropolitano. É uma constatação geral no jornalismo brasileiro. Mas, e os cadernos culturais e as ilustradas da vida? Caracterizam-se pela superficialidade e servem, apenas, como guia de consumo, com suas resenhas ralas. Atualmente, os cadernos dois, assim chamados, são até contraproducentes porque elogiam o que deveriam criticar, colocando na posição de artistas personalidades que deveriam, no máximo, estar no departamento de limpeza de estações rodoviárias.







A crítica de arte serve justamente para isso: para, construtivamente, sem insultos, mas com argumentos sólidos, desmontar aquilo que não presta. Que falta não faz uma crítica de teatro séria, que, semanalmente, venha a apreciar o que se está a apresentar na cidade como literatura dramática! Ou uma crítica de artes plásticas. A interferência de um crítico faria corar muitos pintores que estão expondo na Bahia e posando como artistas. Assim também uma crítica de cinema que fosse menos paternalista com os "coitados' dos cineastas baianos cujas imagens são a de "franciscanos" em busca da expressão cinematográfica, mas cujos resultados, em sua grande maioria, remetem o espectador aos braços de Morpheu, quando não à aporrinhação.







Para se ter um pequeno exemplo: a emissora de tv de maior audiência da Bahia apresenta todos os dias, em seu noticiário, grupos de pagode, de arrocha, entre outros, que passam a impressão de que os soteropolitanos não possuem talentos musicais - o que não é verdade.







Se a miséria da cultura baiana é cristalina, a miséria da crítica cultural é, também, imensa. Que esmola pode ser dada para se acabar com ela?







A imagem. Retirantes, de Portinari.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA

MATRICULAS ABERTAS PARA 2012

CAP ESCOLA DE TV E CINEMA -
15 ANOS!
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SÓ ACEITAMOS MATRICULAS COM RESERVA DE VAGA ANTECIPADA.

1) CURSO DE INTERPRETAÇÃO PARA TV / TELEJORNALISMO / APRESENTADOR
Conteúdo: dicção/voz/fala; memorização de textos; leitura e interpretação; expressão corporal; gravação.
2) CURSO DE TV PARA ATORES
Conteúdo: dicção/voz/fala; leitura e interpretação; gravação.
3) CURSO DE PRODUÇÃO/ DIREÇÃO DE TV
Conteúdo: As 3 etapas da produção com a gravação de um vídeo de 1 minuto no final do curso.
4) CURSO CINEGRAFISTA
Professor: Kleiton Cintra (RECORD BAHIA)
5) CURSO LOCUÇÃO
Conteúdo: dicção/voz; interpretação de textos, microfones, gravação.
6) CURSO DUBLAGEM –
Professor: Flavio Back ( dublador do desenho animado BEN 10 e MENINAS SUPER PODEROSAS, PIRATAS DO CARIBE dentre outros filmes

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

DEPUTADOS BAIANOS LOUVAM GLAUBER ROCHA


Recebo da jornalista Maria Olivia Soares o convite e o comunicado da homenagem que vai ser prestada, quinta, pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, a Glauber Rocha pela passagem dos 30 anos de seu falecimento. Transcrevo na íntegra:
"Há 30 anos, em 1981, morria o maior de todos os realizadores cinematográficos brasileiros: Glauber Rocha. A Assembleia Legislativa da Bahia realizará uma sessão especial, proposta pelo deputado Álvaro Gomes, dia 20 de outubro, às 14 horas e 30 minutos. 'Uma justa homenagem ao cineasta de Deus e o diabo na terra do sol, um dos melhores filmes nacionais de todos os tempos', afirma o deputado idealizador da sessão. Na ocasião, o escritor (autor de Glauber, Esse Vulcão, considerada a melhor biografia de GR), jornalista, intelectual, e amigo de Glauber desde a sua adolescência, João Carlos Teixeira Gomes (Joca) falará sobre a trajetória deste artista do cinema, que tem hoje dimensão internacional. Durante o encontro, o professor e compositor Fábio Paes vai cantar em memória de Glauber. 'Vamos realizar um belo encontro no plenário do Legislativo baiano, para manter viva a memória de um dos mais importantes cineastas do século XX, o baiano de Vitória da Conquista que conquistou o mundo com sua genialidade', afirma Álvaro Gomes, proponente da homenagem ao diretor de Terra em Transe, Deus e o Diabo na Terra do Sol, O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, entre outros."

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

PSICOSE É UMA OBRA-PRIMA

Por André Setaro

Psicose (Psycho, 1960), de Sir Alfred Hitchcock, trata-se de uma obra excepcional, que abalou o seu tempo. Realizado pelo mestre logo depois deIntriga internacional (North by northwest, 1959), e numa fase em que se dedicava a produzir e dirigir filmes de meia-hora para a televisão, o Alfred Hitchcock apresenta, o realizador teve a idéia de fazer um filme para cinema com os recursos bem inferiores das produções televisivas. Ninguém, nem mesmo seu distribuidor, poderia prever o sucesso que alcançaria. Um êxito retumbante!

Mas, antes de falar em Psycho, gostaria de dizer alguma coisa sobre os filmes televisivos, que foram veiculados no Brasil (vi quase todos há 50 anos, no início da implantação da televisão na Bahia). A memória, que é, muitas vezes, traiçoeira, apagou a maioria, mas alguns me ficaram nítidos para sempre tal a força de suas imagens. Lembro-me de um sobre um ventríloco bem apessoado, alto e elegante, que se apresentava em várias cidades dos Estados Unidos, tendo, em uma de suas pernas, sentado, um boneco. Uma mulher madura, uma senhora, apaixonado pelo ventríloco, acompanhava-o por todas as cidades. A sua idéia fixa era conhecê-lo de perto. Uma noite, finda a apresentação, toma coragem e vai até o camarim e sofre intensa emoção e decepção ao ver que o homem pelo qual tinha se apaixonado era um boneco e o ventríloco, na verdade, era um anão.

Há um outro curta feito para a televisão, de meia hora, que trata de um homem angustiado e solidário perdido na selva de pedra novaiorquina. A sua frustração é enorme e não consegue se comunicar com ninguém. As pessoas não o cumprimentam. Vive sozinho em um pequeno apartamento. Mas tenta, desesperadamente, ser alguém, ser visto, ser conhecido pelo outro. E, no final, ato extremo, resolve se suicidar. O plano derradeiro mostra um livro que contabiliza os suicídios por ano e há um acréscimo nos números. Ele é este acréscimo. Por que não vem aos disquinhos meia centena dos curtas de Hitchcock para a televisão? Uma lacuna para o conhecimento integral de um realizador excepcional que muito contribui para a evolução da linguagem cinematográfica.

Marion Crane (Janet Leigh) é uma funcionária de um escritório na cidade de Phoenix que é incumbida pelo patrão de depositar uma grande soma de dinheiro em cash. Vê-se, porém, tentado a roubá-lo e decide se evadir pela estrada, saindo da cidade. Por causa da chuva, incessante, pára num pequeno motel de beira de estrada que tem, ao lado, uma casa sinistra. Seu proprietário, Norman Bates (Anthony Perkins) a recebe tímido e gaguejante. Tem início a sucessão de choques que não vale a pena adiantar sob o risco de ser acusado de spoiler, ainda que filme muito visto e conhecido. Mas, para comentar Psycho é preciso que se descortine algumas cenas. Assim, quem ainda não viu a obra-prima que termine, agora, de ler esta coluna.

A estrutura narrativa é genial e, de certa maneira, revolucionária para a época, pois Hitchcock mata a atriz principal (na famosa sequência do chuveiro) ainda no primeiro terço do transcurso da fábula. Procedimento inusual que causou estupefação.

Na verdade, a estrutura narrativa de Psicose ao invés de ter uma uniformidade dentro da lei de progressão dramática se encontra construída como se fossem três filmes. Cada um com sua apresentação do conflito, desenvolvimento deste e desenlace. Morta Marion, esfaqueada no box do chuveiro, o filme como que parece que se extingue. Mas começa tudo novamente com a aparição do detetive Arbogast (Martim Balsam), contratado pelo amante de Marion (John Gavin) e sua irmã (Vera Miles). Arbogast, quando chega ao motel, é também esfaqueado a subir as escadas da mansão sinistra, caindo para trás. Um terceiro filme se desenvolve com a busca, desta vez, efetuada por Gavin e Miles, que encontram o motel e, neste terceiro bloco, por assim, dizer, há o desenlace definitivo. Além disso, há um epílogo, quando um psiquiatra (Simon Oakland) explica o comportamento de Norman Bates (este epílogo, longo, é um único senão que se pode fazer ao filme, pois desnecessário).

A concepção estrutural de Psycho revela, mais uma vez, o gênio hitchcockiano para a subversão do clichê narrativo. Para ele, tout est dans la mise-en-scène (tudo está na mise-en-scène) e muito mais do que a fábula em si é a mise-en-scène que produz o impacto cinematográfico, que se traduz na exposição do específico fílmico. A narrativa de Psycho é uma narrativa de emoção, de êxtase, e de assombro: a partitura de Bernard Herrmann a acentuar uma Marion dentro do carro angustiada pelo crime cometido enquanto os pára-brisas, numa noite de chuva, acentuam-lhe a agonia e os pensamentos; a clássica e antológica cena do chuveiro na qual, em menos de um minuto, há mais de cinquenta tomadas, a revelar a ilusão do cinema e o poder da montagem; no início, a colocação brincalhona da hora exata em que Marion está no quarto do hotel com o amante; o esfaqueamento de Martin Balsam que cai em câmera lenta da escada, entre muitas outras cenas antológicas e definitivas.

Um crítico mineiro, de Juiz de Fora, hitchcockiano de carteirinha, Francisco Carlos Lopes, escritor e jornalista, realizou uma exegese de Psycho, que, aqui, vai um trecho:
"A grande cena do filme todo, para mim, aliás, nem é a do chuveiro, mas aquela em que Norman leva um sanduíche para Marion e conversa com ela, falando das armadilhas particulares em que todos nós, desolados seres humanos, nos sentimos viver, em alguns momentos, e dentro das quais nos debatemos sem conseguir sair (e que angústia há em quando ele fala da loucura da mãe e dos lugares chamados "hospícios"!). Ninguém precisa ser psicótico para entender aquela alma, aquela treva que é seu néctar e veneno. O diálogo é fabuloso. Perkins será lembrado por toda eternidade por esse personagem. Não teve nenhum outro papel tão denso assim".

Continua Lopes: "Hitchcock era um neurótico consumado, mas um neurótico de bom-gosto. Não queria, por exemplo, que o filme fosse a cores para que a cena do assassinato do chuveiro, com todo o sangue escorrendo, não fosse de um realismo muito grande - achava que seria excessivo. Mas mostrava, pela primeira vez no cinema americano, uma privada, o som de uma descarga, detalhes íntimos e alusivamente sórdidos daquele motel que, por sua discrição relativa, são até hoje muito mais fortes que muitas cenas deslavadas que os filmes de suspense, depois de tanto tempo, podem mostrar a espectadores sádicos que, decididamente, não se impressionam (nem se comovem) com mais nada e com o bom-gosto não fazem nenhuma espécie de pacto".

PSICOSE (Psycho, 1960), de Alfred Hitchcock. Produção: Alfred Hitchcock (não creditado). Roteiro> Joseph Stefano, baseado no livro de Robert Bloch. Fotografia: John L. Russell. Montagem: George Tomasini. Créditos de Saul Bass. Elenco: Janet Leigh (Marion Crane), Anthony Perkins (Norman Bates), Vera Miles (irmã de Marion), John Gavin (amante de Marion), Martin Balsam (detetive Albogarst), John McIntire (xerife), Pat Hitchcock (secretária do escritório), Simon Oakland (psiquiatra), Mort Mills (patrulheiro rodoviário).