segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

CINEMA MAIS ANTIGO DA AMERICA LATINA

Cine Teatro Rio Branco

Por Suely Alves

O mais antigo cinema da América Latina em funcionamento, o Cine Teatro Rio Branco é motivo de orgulho para a cidade de Nazaré.
Administrado pela Fundação Marcos Vampeta (FMV), o cinema é um espaço multicultural, onde a cultura é expressa através da arte no palco e nas exibições de filmes.A restauração do monumento foi possível graças ao investimento realizado por Marcos André Batista Santos, o Vampeta. 
Craque de futebol brasileiro, ele dá uma lição de cidadania com apoios a projetos culturais e sociais no município.O Rio Branco atravessa o milênio com o mesmo brilho do passado. O espaço foi fundado em 1927, na época em que a cidade era o centro comercial da região e atraia multidões nas noites de festas com shows de vários artistas famosos, como Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Nelson Gonçalves e outros que foram a referência do Rio Branco.

FILME MARACANGALHA, EU VOU!

domingo, 10 de fevereiro de 2019

SÉTIMA ARTE?

                                                   Beto Magno - VM FILMES



            Algumas pessoas devem ter se perguntado por que o cinema é considerado a Sétima Arte. Para quem ainda não sabe, esse termo surgiu em 1912, dado por Ricciotto Canudo no "Manifeste des Sept Arts" (Manifesto das Sete Artes), documento que foi publicado apenas em 1923.

1ª Arte - Música (som)
2ª Arte - Artes cênicas (Teatro/Dança/Coreografia) (movimento)
3ª Arte - Pintura (cor)
4ª Arte - Escultura (volume)
5ª Arte - Arquitetura (espaço)
6ª Arte - Literatura (palavra)
7ª Arte - Cinema (Áudio-Visual) (Contém artes anteriores como a música para trilha sonora, artes cênicas para dublagem e captura de movimentos, pintura, escultura e arquitetura para o design, e literatura para roteiros)
Outras formas expressivas também consideradas artes foram posteriormente adicionadas à numeração proposta pelo manifesto:[nota 1][5][6][7]
8ª Arte - Fotografia (imagem)[8]
9ª Arte - Historia em quadrinhos (cor, palavra, imagem)
10ª Arte - Vídeo Games (integra os elementos de outras artes)
11ª Arte - Arte digital (integra artes gráficas computadorizadas 2D, 3D e programação).

LUZ

                                                    Beto magno e José Umberto

Por José Umberto


" Cinema é arte do cão, menino", costumava advertir seu Domingos Palmeiras. Não atinava o velho, em desgastado conselho, que o neto já fora possuído pelo luminoso brinquedo maldito. O adentrado quintal da casa, varrido por mangueiras, goiabas e jaqueiras, sustentava quase que diariamente os improvisos de palhaços, equilibristas e rumbeiras. Quando não exaustivos ensaios de dramas lacrimosos, tipo A Louca do Jardim, fazendo até adultos dar nó na garganta. O sonho mais ousado, porém nunca concretizado, seria a incrível façanha do fantástico, extraordinário globo da morte. Tudo isso era inspirado pelos contínuos circos armados no centro da praça do Campo do Gado. Os artistas chegavam entusiasmados, repletos de parafernálias, jaulas de leão, tigre, leopardo, o pesado elefante enlameado, a inquietude dos macacos alegres, só que o espetáculo tinha inicio na plastica suspensão da lona. Mais parecia o mundo subindo pro céu.
   A gente nem possuía tostões para penetrar nas costumeiras funções noturnas, então aguardava-se contrariado a longínqua matinada dominical. sempre havia, contudo, algum destemido a driblar os " mata-cachorros" e passar por baixo da geral. O jeito que tinha, mesmo, era brincar de picula, até se esbaldar, suar como bica e depois ser intimado a deitar-se. vestia o pijama, listrado,apagava-se a lampada do quarto, punha a cabeça no afofo do travesseiro, deixando o ouvido ligado aos apupos do picadeiro. A vigília ia superpondo-se gradualmente á ilusão circense enquanto um violino esticava a corda incontrolável dos sonhos. O feixe das imaginações, em escalas homeopáticas, ia-se moldando em avanços e recuos de um tempo sem idade. não existia vácuo, precipício ou espaço nulo: tudo preenchido, submerso de ar. Quando não sobrava mais nada, inventava-se. O radio era uma estimuladora alternativa, ouvindo atento ao capítulos em suspense de Jeronimo, o Herói do Sertão ou brincando de medico, um exercício escondido onde iniciávamos - excitados - as descobertas microscópicas nas reintrâncias e saliências das mocinhas. A pesar dum terreno meio proibido, movediço, o cinema atraia por demais o reinado das experimentações. "Mexer com eletricidade é um perigo menino", rosnava dona Lió , de xale, obstinada com a penca de chaves no corpete, pros netos não malinarem na despensa. Todos doidim doidim por um cacho de bananas devez; mas era lá, trancado, regrado. O engenho consistia em pegar uma caixa de sapatos, cortar um pequeno quadrado na parte frontal do papelão, preder uma lupa (senão uma lampada transparente, cheia d'Água, que substituía fielmente a lente de grau, um vidro raro para nós), instalar uma luz elétrica... e estava proto o projeto cinematográfico! O filme, matéria prima da criação, obtinha-se de duas formas distintas, proporcionando espetáculos variados. Adquiriam papel-de-manteiga, com a tesoura elaboravam extensas tiras de 50 milímetros de largura para, assim, partir aos desenhos, na vertical, decompondo as imagens dos quadros em seus respectivos movimentos sucessivos. Cada rolo narrava uma estória animada, com os personagenzinhos torneados em cores... pena que esses filmecos estejam definitivamente perdidos.
   Outra modalidade de projeção, descontinua, realizava-se com fotogramas de películas recortadas. Tratava-se de uma aventura mais emocionante: nossa ponte era os operadores dos cinemas  comerciais. Apos a sessão, eles desciam da cabina com um monte de celuloides divididos em partes- cenas longas, enrodilhadas e quadros únicos. Aquele cheiro que desprendia das fitas, provenientes das químicas de revelação, exercia no meu sentido um fascínio exuberante.  Guardava meus filmes numa caixinha magica, bem vedada. Era de um enorme prazer abri-la, aspirar aquela essência divina com a mesma avides do avo aspirando o rapé. A inalação provocava um barato da natureza espiritual, sentimental, quem sabe inspirador. Um odor especial que me acompanhou de prazer ao longo da vida. vinham cenas de caubóis, gladiadores romanos, policiais, comedias, dramas, jornal da tela, seriados...uma variedade de gêneros. Um enquadramento de Brigitte Bardot em  E Deus Criou a Mulher foi o meu maior sucesso exibidor. Como a fita era cara tínhamos que realizar verdadeiros comércios mirabolantes em troca de gibis.
   Nosso negocio começara a crescer, com espectadores cativos nas sessões agitadas. O ingresso era cobrado a fim de que renovássemos o estoque de títulos novos, afinal de conta o preço da fita aumentava a cada termino de tarde aos domingos. A seguir, surge no mercado das lojas o requintado projetor Barlon, ao tempo em que abandonava-se a gerigonça artesanal e partia-se para o inevitável aperfeiçoamento técnico. Recursos mecânicos á parte, nossa alma ia-se impregnando, por todos os poros, pela magia soberba da usina de sonhos. Não se tratava, aquela altura, de uma mera curiosidade juvenil. Era em verdade a alvorada de uma nova dimensão linguística - o surgimento de emergentes cineastas mirins. Profanando-se a luz, jogando-se contra as sombras, provocando o embrionário ato criador, experimentando as formas, dando asas á imaginação, a sétima arte  engrossava suas filheira de novas estrelas. O fogo pinta no escuro as cores do desafio, estava definido o ponto de partida. cabia agora, palmilhar as veredas labirínticas da poesia. mui correto o genial Orson Wells, cinema é um brinquedo magico.