O CANOEIRO PRUDENTE. Intensionando fazer uma expedição científica em um floresta desconhecida, renomado Naturalista procura um experiente construtor de Canoas para que este confeccionasse uma embarcação que navegaria rio acima rumo ao destino previamente selecionado, por suas características de fauna e Flora existentes, bem como recursos minerais etc. Exposto o plano de viagem e seu objetivo, logo ficou acertada a empreitada que seria realizada como de costume com muito critério e prudência por aquele canoeiro que sem dúvidas era um dos melhores. Feito o projeto, logo começou as divergências entre contratado e contratante. O primeiro sempre atendo aos detalhes técnicos que garantiram a navegabilidade da embarcação e as normas de segurança, visto que era nacessario levar em consideração a profundidade do Rio que em alguns trechos era repleto de bancos de areia e em outras muitas corredeiras, limitando desta forma sensivelmente o tamanho da embarcação. O Naturalista por sua vez, apresentava uma série de itens indispensáveis a expedição, muitos destes essenciais a sobrevivência dos participantes,que ultrapassava em muito a capacidade limite apresentada no projeto do Construtor. Estava aí criado um conflito entre a Necessidade e a segurança. Apartir daí , muito foi discutido, cada um apresentando suas razões. Uma vez que o Canoeiro seria não só o construtor como também capitão daquela pequena Nau e o responsável pela segurança daqueles que embarcariam naquela aventura. Pensava ele: "Para que serve tanta tralha?" Do outro lado o Naturalista dizia pra si mesmo: "Pra que tanto excesso de zelo. Depois de muito discutir, foram aos poucos ajustando-se nos seus interesses, cada um cedendo de parte a parte, até que chegaram a um denominador comum. Vencida as etapas do processo construtivo, e preparativos, enfim chegou o dia da partida. Foram todos esperançosos e apreensivos rumo ao desconhecido. A medida que a viagem se desenrolava, o Naturalista passava a compreender melhor os argumentos do Canoeiro, a entender o porquê de tanta preocupação com a segurança, e intimamente pensava do quanto o CANOEIRO estava certo, sem contudo pronunciar uma só palavra. Chegado ao ponto marcado, desembarcaram todos levando os equipamentos mata a dentro. E com o passar dos dias o CANOEIRO, ia percebendo o quanto era necessário todos aqueles itens. Desde o socorro a pequenos percalços naturais até nos objetivos mais complexos que ele se quer cogitara e pensava consigo mesmo. " E não é que ele tem razão?" Alguns meses durou a expedição, muitas dificuldades foram superadas por todos. Por fim retornaram para casa, felizes pelo sucesso e seguros. E nas portas do porto de chegada, Canoeiro e Naturalista olharam um para o outro e disseram ao mesmo tempo. "VOCÊ ESTAVA COM A RAZÃO" Esta pequena fábula serve para refletir que a verdade tem diversas faces a depender do ângulo de visão do observador. Allan de Kard, final de inverno de2023