A Matriarca em Busca da Sua Distribuição: Um Diálogo Cinematográfico com o Público
Em 2021, nas deslumbrantes
cidades de Valença, Cairu e Nilo Peçanha, localizadas na região do baixo sul
baiano, um filme nasceu para contar uma história profunda e enraizada nas
questões socioculturais do povo brasileiro. Com suas belas paisagens
entrecortadas por manguezais, rios e praias mundialmente reconhecidos, a
película intitulada "A Matriarca" mergulha nas manifestações
culturais mais antigas e singulares da região, promovendo um olhar revigorante
sobre nossas origens de relações coloniais.
Filmado nos antigos casarões, igrejas e caminhos percorridos que demarcam a arquitetura, a história e a natureza da região, o filme encapsula as raízes profundas do país. Revisitando a história através da linguagem cinematográfica, "A Matriarca" busca promover a amada Bahia e o Brasil de uma forma que ressoe tanto local quanto globalmente.
"A Matriarca" narra a estória de uma família reunida para celebrar o nonagésimo aniversário de sua matriarca. No entanto, o destino toma um rumo inesperado no dia marcado para a festa, e coincidentemente, no dia de Santa Bárbara, 04 de dezembro, quando a matriarca falece. O que deveria ser uma celebração se transforma em um velório, desenterrando segredos que podem alterar o destino de toda a família.
A narrativa se desenrola em um terreno filosófico, explorando temas como vida, morte, silêncio, moral, família, micropolítica e as complexas relações humanas no âmago do núcleo familiar. O filme mergulha nos dilemas morais, éticos, espirituais e simbólicos, construindo uma narrativa que convida o público a refletir sobre seus próprios segredos familiares.
O elenco, composto por talentosos e experientes atores baianos e dois convidados especiais, Vinicius Oliveira e a atriz francesa Lucile Pretement. Todos dão vida aos personagens de forma envolvente e imersiva. A participação de Oliveira, conhecido por seu papel em "Central do Brasil" quando criança, destaca-se, contribuindo tanto na frente quanto por trás das câmeras, atuando, além de ator, como um dos diretores assistentes.
"A Matriarca" já teve exibições afetivas nas cidades onde foi filmado, além de participar de festivais internacionais, como o Festival Internacional de Cinema Brasileiro de Los Angeles LABRFF/2023, onde recebeu menção honrosa, em reconhecimento ao filme e também no Violeta Film Festival, na Colômbia.
A resposta positiva do
público em diferentes contextos destaca a universalidade da estética e
narrativa do filme. O público se encVanta com a estética e compreende a
narrativa dando sentido à sua universalidade.
No entanto, destaco a importância do fortalecimento da governança pública e de investimentos para apoiar não apenas a produção, mas também a promoção e distribuição de filmes. Refletindo, dessa forma, sobre a vital necessidade de tornar visíveis as estéticas, narrativas e valores culturais intrínsecos ao produto-filme, afirmando que, sem essa promoção, o investimento não atinge seu pleno potencial.
O ciclo de um filme só se completa quando chega no público, proporcionando ganhos em dimensões simbólicas, econômicas, cidadã e culturais. É crucial para o público acessar o cinema para entrar em contato com as culturas apresentadas nas telas, fechando assim o ciclo de apreciação e desejo de consumo da nossa própria cultura.
Em última análise, "A Matriarca" não é apenas um filme em busca de distribuição, mas uma obra que aspira despertar o desejo de conhecer a Bahia, o Brasil, o povo brasileiro e incentivar a reflexão sobre os mistérios mais profundos que todos carregamos nas nossas subjetividades quando o assunto trata de questões familiares. Sonhar, acreditar e realizar tornam-se, portanto, não apenas os motores do filme, mas também os pilares para um diálogo mais amplo e significativo com o público global. Por que não? A Matriarca tem contrato de distribuição no Brasil com a Descoloniza Filmes.
Lula Oliveira - jornalista e cineasta baiano.