sábado, 18 de abril de 2020

INGRA LYBERATO


Ingra Lyberato


Autoconhecimento é uma palavra que se explica por si só, mas cujo processo exige uma reflexão bastante profunda.
Se alguém perguntar a você o quanto se conhece, qual seria a resposta?
A maioria das pessoas pode achar o questionamento até estranho, mas a verdade é que a prática do autoconhecimento ainda é pouco exercitada.
É quando a dificuldade e os obstáculos surgem que conseguimos ter a real noção de quem somos, a partir de nossas respostas e ações.

VALÉRIA VIDIGAL

Valéria Vidigal

Valéria Vidigal da Cruz Brito

Artista plástica, Cafeicultora e Empresária
Artista renomada, recebeu o convite do Instituto Biográfico do Brasil  para fazer parte  do livro  “Brasil de A a Z”, a história de vida da artista plástica e empresária Valéria Vidigal da Cruz Brito  está retratada nas páginas 126, 127 e 128.
Os Vidigal são naturais da região de Viçosa – MG, cidade onde também nasceu nossa biografada. Valéria Vidigal nasceu aos 15 de fevereiro de 1968, filha de João da Cruz Filho e Maria Auxiliadora Vidigal da Cruz.
Casada desde 1992 com Gianno de Oliveira Brito, o casal tem três filhos: Rafaela com 21 anos, estudante de medicina, Isabela com 17 anos, estudante de direito  e Renato com 11 anos cursando o  fundamental II.
Valéria Vidigal tem três irmãos: José Ulisses Vidigal da Cruz, Ana Maria Vidigal da Cruz e Adriano Vidigal da Cruz.
Valéria principiou seus estudos na Escola Normal Nossa Senhora do Carmo, fez o segundo grau no Colégio de Viçosa e Colégio Equipe, todos em Viçosa – Minas Gerais.
Tem formação superior em Economia Doméstica pela Universidade Federal de Viçosa – UFV, e fez vários cursos de pintura, começando aos 11 anos de idade. Valéria Vidigal iniciou sua carreira de artista plástica ainda estudante, quando as suas obras de arte começaram a ser comercializadas. Durante a vida escolar também foi manequim. A partir de 1992 depois de formada e casada, passou a residir em Vitória da Conquista – BA. Nesse mesmo ano fundou um atelier de pintura onde começou a ministrar cursos de pintura em tela, atividade que exerce até hoje, em 2017 comemora 25 anos de vida e atividades na Bahia. Em 1993 teve o prazer de ser convidada para trabalhar na rádio, onde comandou o programa “Arte e Cultura” na rádio FM 100,1 (hoje Transamérica). Em 1994 foi convidada para trabalhar na televisão, trabalhando na TV Cabrália, afiliada da TV Record, onde foi apresentadora de telejornal e, de 1995 até final de 1998 foi colunista social do Jornal Diário do Sudoeste. A partir de 2007 idealizou e realizou o Encontro Nacional do Café, um evento nacional, que este ano realizou a sua décima edição.
Mesmo  dedicando tanto ao trabalho com a imprensa, Valéria Vidigal não abre mão de suas atribuições como mãe, esposa, dona de casa, cafeicultora, empresária, professora de pintura e, como artista plástica, nunca deixando de produzir e de fazer exposições. Sua pintura em tela é dedicada exclusivamente à temática do café.
 TRABALHOS REALIZADOS
 Valéria participou durante três anos do projeto   Viver com Arte, realizado pela Unimed ministrando aulas de pintura em tela, de 2005 a 2007. Valéria Vidigal recebeu várias honrarias por suas diversas atividades: 1995 – Troféu Cidade – Vitória da Conquista – BA (95/96/97);  Persona Impacto – Vitória da Conquista – BA (1999/2004); 2000 – Empresária Destaque – 4º Seminário “A mulher empresária e seu desempenho gerencial” – Associação Comercial e Industrial de Vitória da Conquista – BA; 2002 – Premio Empresarial – Vitória da Conquista – BA; – Homenagem Especial do Colégio Nossa Senhora de Fátima – Vitória da Conquista – BA; 2003 – 8.ª Semana de Arte e Cultura – “Criança e Cultura: Espetáculo e Vida” – Barra do Choça – BA; 2008 – Destaque Nacional – Artes Plásticas 9.º Agrocafé – Salvador – BA; 2009 – Reconhecimento da Universidade Federal de Viçosa como ex-aluna, pela perpetuação da história da cafeicultura brasileira em suas telas. – Viçosa – MG; Homenagem do Colégio Nossa Senhora de Fátima com o projeto “Café e Cultura” – Vitória da Conquista – BA; 2011 –  Homenagem da Assocafé pelo trabalho desenvolvido no Agronegócio do Café – Salvador – BA; Monção de Aplauso da Câmara Municipal de Vereadores de Vitória da Conquista pelos relevantes serviços prestados ao Município e pela contribuição para o fortalecimento da Cafeicultura da nossa região – Vitória da Conquista – BA; 2013 – Título de Cidadã Conquistense – Vitória da Conquista – BA; 2014 – Medalha de Prata no Brazilian Art Exhibition – Dubai – United Arab Emirates; Medalha de Ouro – Rio International Exhibition – FIFA World Cup 2014 – Rio de Janeiro – RJ; 2015 – Foi homenageada pelo corpo de balett da escola Ballet Lorena Albuquerque , onde a sua obra foi retratado no cenário e nas coreografias – Vitória da Conquista – BA; 2015 – Medalha de Bronze – Dubai World Trade Centre – Medalha de Prata – Dubai International Art Centre – Gallery 76; 2016 – Vencedora do Troféu Prime 2016, na categoria Cultura & Arte.
Valéria Vidigal é sempre convidada para ilustrar livros, anais e anuários na cadeia do café, tanto livros científicos quanto de história. Além desses citados, suas obras estão catalogadas em vários livros de arte, no Brasil e na Itália.
Entre os trabalhos realizados por ela consta: 1993 – Abertura do Programa “Somos Nós”, produzido pela TV Sudoeste afiliada da Rede Globo – Vitória da Conquista – BA; 1997 –  Decoração do Cafezal Palace Hotel – 49 quadros – Vitória da Conquista – BA; Mural da Express – Praça Orlando Leite – Vitória da Conquista – BA (97/98); 1998 – Oficina de Artes Nova Escola – Vitória da Conquista – BA;  2002 – Ilustração do Projeto Gráfico do 1.º Semanário Temático – Prospecção de Demandas e Pesquisas e Transferência de Tecnologia para os Cafés da Bahia – Vitória da Conquista – BA; 2002 – Ministrou Oficina de Arte no Colégio Nossa Senhora de Fátima para 333 alunos – Vitória da Conquista – BA; Cenário da Agenda Cultural do BA TV veiculado pela TV Sudoeste afiliada da Rede Globo – Vitória da Conquista – BA; 2003 – Ilustração do Projeto Gráfico do 29.º Congresso Brasileiro de Pesquisas – Araxá – MG; Ministrou a II Oficina de Arte no Colégio Nossa Senhora de Fátima para 209 alunos – Vitória da Conquista – BA; Ilustração da capa do Anuário Brasileiro do Café – Santa Cruz do Sul – RS; 2004 – Criação e Execução do Souvenir para a 7.ª Semana do Café – Barra do Choça – BA; – III Oficina de Arte no Colégio Nossa Senhora de Fátima para 166 alunos – Vitória da Conquista – BA; Ilustração gráfica da capa do livro “Arborização de Cafezais no Brasil” – UESB – Vitória da Conquista – BA; 2005 – Ilustração do Projeto Gráfico do 4.º Seminário sobre Cafeicultura – Tecnologias Produtivas – Ibicoara – BA; Ilustração do Projeto Gráfico da I Jornada Internacional de Diagnostico por Imagem do Sudoeste – Vitória da Conquista – BA; Projeto Viver com Arte – UNIMED do Sudoeste da Bahia – Vitória da Conquista – BA; 2006 – Ilustração da Capa da Revista Brasileira de Tecnologia Cafeeira Coffea – Ano 3 – N.º 9 – Janeiro/Abril – Varginha – MG;  Projeto Viver com Arte – UNIMED do Sudoeste da Bahia – Vitória da Conquista – BA; 2007 – Coordenação, produção e ilustração do Projeto Gráfico do 1.º Encontro do Dia Nacional do Café – Vitória da Conquista – BA; Ilustração do Projeto Gráfico do 33.º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras – Lavras – MG; Projeto Viver com Arte – UNIMED do Sudoeste da Bahia – Vitória da Conquista – BA; 2008 – Projeto gráfico do 2.º Encontro Nacional do café – Vitória da Conquista – BA; Ilustração do livro “História do Café no Brasil” – Capítulos IX e X  – São Paulo – SP; Ilustração do Anuário Brasileiro do Café – Santa Cruz do Sul – RS; 2009 – Ilustração da capa do livro “Melhorando A Colheita do Café – Fundação PROCAFÉ – Varginha – MG; Projeto gráfico do 3.º Encontro Nacional do Café – Vitória da Conquista – BA; Ilustração do Anuário Brasileiro do Café – Santa Cruz do Sul – RS; 2010 – Idealização e execução do projeto, diagramação e ilustração do Livro: “Café, a Saga de um Herói. Arte e Café! Do Planalto de Vitória da Conquista para o Mundo” – Vitória da Conquista -BA; Projeto do 4.º Encontro Nacional do Café – Vitória da Conquista – BA; Ilustração do Anuário Brasileiro do Café – Santa Cruz Do Sul – RS; Ilustração da Capa e Capítulos do Livro: “Café & Saúde” , tendo como autor o Dr. Prof. Darcy Roberto Lima – Porto Alegre – RS; Ilustração da Camisa do projeto da APAS, com o quadro “Ciranda do Café”; Ilustração da capa do caderno da Associação dos Cafeicultores do Oeste da Bahia – Abacafé – Luis Eduardo Magalhães – BA; Ilustração do calendário da Acrilex  2011 – São Bernardo do Campo – SP; 2011 – Ilustração da Capa da Revista – IRRIGAZINE,  – Riolândia – SP; Ilustração da Capa do Anuário Brasileiro do Café – RS; – Ilustração da capa e páginas internas do livro: Café, A Saga de um Herói – Salvador – BA; Ilustração do material publicitário e científico do 37.° Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras – Fundação PROCAFÉ; Ilustração e coordenação do 5.° Encontro Nacional do Café – Vitória da Conquista – BA; Ilustração da capa do Anuário do Café; Ilustração e criação do material gráfico do 6.° Encontro Nacional do Café – Vitória da Conquista – BA; 2012 – Ilustração da capa do Anuário do Café 2012 – Editora Campo & Negócios – Uberlândia – MG; Ilustração e criação do material gráfico do 6° Encontro Nacional do Café – Vitória da Conquista – BA; 2013 – Ilustração da capa do Anuário do Café – Editora Campo & Negócios; Coordenação, produção e ilustração do projeto do 7.° Encontro Nacional do Café 2013 – Vitória da Conquista – BA; Ilustração da capa do Anuário Brasileiro do Café – Editora Gazeta Santa Cruz – Santa Cruz do Sul – RS; Ilustração do material publicitário e científico do 39.° Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras – Fundação PROCAFÉ -Poços de Caldas – MG; Ilustração do material publicitário e científico do VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil – EMBRAPA CAFÉ – Fiesta Bahia Hotel – Salvador – BA; 2013 Ilustração do calendário da Fertipar Sudeste ano 2014 – Varginha – MG; Ilustração da capa do Anuário do Café 2014 – Uberlândia – MG; Projeto do 8.° Encontro Nacional do Café – Barra do Choça – BA; Ilustração do material publicitário e científico do 40º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras – Serra Negra – SP; Ilustração do Anuário Brasileiro do Café 2014 – Santa Cruz do Sul – RS; Ilustração do Calendário 2015 da empresa Moinho Paquetá – Jequié – BA; 2015- Ilustração da capa e páginas internas do Anuário do Café 2015 – Uberlândia – MG; Ilustração do projeto gráfico – material publicitário e científico  do  9.º Simpósio de Pesquisas dos Cafés do Brasil – Embrapa Café – Centro de Convenções de Curitiba – Curitiba – PR; Coordenação, produção e ilustração do Projeto Gráfico do 9.º Encontro Nacional do Café – Barra do Choça – BA;  Ilustração do material publicitário e científico do 41.º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras – Poços de Caldas – MG; 2016 – Ilustração da capa e páginas internas do Anuário do Café 2016 – Uberlândia – MG; Coordenação, produção e ilustração do Projeto Gráfico do 10.º Encontro Nacional do Café – Barra do Choça – BA; – Ilustração do material publicitário e científico do 42º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras – Serra Negra –SP; 2017-Ilustração da capa e páginas internas do Anuário do Café 2017 – Uberlândia – MG.
Encerramos esta biografia com as palavras da própria Valéria Vidigal que com amor e orgulho fala de seu pai, do café que é sua paixão e inspiração e de seus planos futuros:
“Nasci, morando dentro da Universidade Federal de Viçosa, depois morei em Portugal, e voltei a morar na universidade até os meus 10 anos de idade. Sou filha de engenheiro agrônomo e professor universitário ( falecido em 1990), o meu pai foi o inventor da Calda Viçosa, um dos maiores inventos na história da UFV até os dias de hoje, e minha mãe também pintou durante muitos anos, uma artista. A minha vida sempre foi Café com Arte, aos 24 anos casei com um engenheiro agrônomo filho de cafeicultor, e a minha vida continuou sendo Café com Arte. Café é a minha temática desde o ano de 2003, e isso fez com que a minha temática se tornasse nada mais do que um reflexo da minha vida no dia a dia. Quando sou homenageada por uma escola, onde os alunos fazem  releitura dos meus quadros e estudam a minha biografia, é um orgulho muito grande, pois sinto que a minha arte com a temática do café, uma das culturas mais antigas do Brasil, vem enriquecendo a cada dia a cultura dos nossos alunos.
Projetos para o futuro continuar realizando o Encontro Nacional do Café, que é um evento voltado para a cafeicultura, que envolve: tecnologia, pesquisa, ensino e extensão, e ao mesmo tempo com a arte. Este evento acontece na minha fazenda, Fazenda Vidigal, local de visitação internacional. E sem falar na pintura que é o combustível da minha alma. Eu não consigo viver sem pintar, já são mais de 500 obras pintadas com a temática do café, e sem falar que o jornalista e escritor, Antonio Carlos Moreira, quando estava escrevendo o livro História do Café no Brasil, que eu também fui convidada a ilustrar dois capítulos, ele disse que até onde ele pesquisou eu sou a única artista no mundo que pinta exclusivamente a temática do café. Isso pra mim foi muito bom, pois o café é a minha vida,  fui educada e educo os meus três filhos com essa cultura.
Já realizei mais de 100 exposições entre elas nacionais e internacionais, todas com a temática do café! Tenho obras espalhadas por esse mundo, a exemplo dos países como: Angola, Estados Unidos, Itália, Japão, México, Portugal, Suíça, etc. Sou conhecida pelo meu trabalho no agronegócio do café e por ter na pintura essa temática!”

Fonte: www.valeriavidigal.com.br

sexta-feira, 17 de abril de 2020

48° FESTIVAL DE CINEMA DE GRAMADO - RIO GRANDE DO SUL - BRAZIL



O 48º Festival de Cinema de Gramado comunica que as inscrições para as mostras competitivas de longas-metragens brasileiro e estrangeiro e curta-metragem brasileiro foram prorrogadas até o dia 02 de maio. A comissão organizadora entende que muitas produções tiveram seu cronograma de finalização alterado em função da pandemia da Covid-19 e decide estender por 20 dias o prazo para que as obras sejam inscritas.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

O CINEMA EM SI


MUSEU DE KARD - VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA - BRAZIL.


O cineasta, quando realiza um filme, traduz o real, e, no cinema, há, basicamente, quatro modos de representação da realidade: (1) o realismo e suas variadas vertentes (neo-realismo, realismo poético, realismo socialista...); (2) o idealismo (também conhecido como intimismo cujo apogeu se dá com a idade de ouro do cinema americano - anos 30 e 40); (3) o expressionismo (Alemanha nos anos 10 e 20); e (4) o surrealismo, que tem em Luis Buñuel a sua maior expressão. O grande público está mais acostumado com o realismo e o intimismo. Um filme surrealista sempre deixa nele uma impressão de confusão, pois habituado a ver tudo mastigado, com uma explicação racional e lógica para as artimanhas do enredo. Vamos ver aqui em rápidas pinceladas o que vem a ser o surrealismo no cinema.O surrealismo parte de uma atitude revolucionária em filosofia, cujo verdadeiro objetivo não consistiria em interpretar o mundo, mas, sim, em transformá-lo. Na forma exposta por seu principal animador, André Breton, o surrealismo revela forte influência do materialismo dialético, dele retirando sua "lógica da totalidade". Assim como o sistema social constitui um todo e nenhuma de suas partes pode ser compreendida separadamente, a arte não deve ser o reflexo de uma parcela de nossa experiência mental (a parcela consciente), mas uma síntese de todos os aspectos de nossa existência, especialmente daqueles que são mais contraditórios.
O surrealismo tenciona apresentar a realidade interior e a realidade exterior como dois elementos em processo de unificação, e nisto está sua capacidade de passar do estático para o dinâmico, de um sistema de lógica a um modo de ação, o que é uma característica da dialética marxista. O cinema se revelou como o instrumento ideal para a conquista da supra-realidade, pois a câmera é capaz de fundir vida e sonho, o presente e o passado se unificam e deixam de ser contraditórios, as trucagens podem abolir as leis físicas, etc.
Quando Buñuel apresentou, em Paris, O Anjo Exterminador (1961), o exibidor lhe solicitou que escrevesse alguma coisa para colocar na porta da sala de exibição. Buñuel rabiscou o seguinte: "A única explicação racional e lógica que tem este filme é que ele não tem nenhuma". Noutra ocasião, ao ganhar o Leão de Ouro de Veneza por A Bela da Tarde (Belle de Jour, 1966), lhe perguntaram o significado da caixinha de música que um japonês carrega quando no quarto com Catherine Deneuve. O cineasta respondeu que não sabia. Assim, o espectador não pode racionalizar dentro de determinada lógica nos filmes surrealistas. É claro que os significados existem, amplos, dissonantes e insólitos. E por que os convidados aristocráticos de O Anjo Exterminador, ainda que não haja nenhum obstáculo que lhes impeçam de sair, não conseguem evadir-se da mansão? Um recurso surreal para a análise da condição humana, um laboratório criado para se investigar pessoas numa situação-limite.
Excetuando-se alguns ensaios vanguardistas e sua fugidia presença em comédias de Buster Keaton, Jerry Lewis, Jim Carrey, em filmes de Carlos Saura (Mamãe Faz Cem Anos, etc), Jean Cocteau (O Sangue de um Poeta/Le sang d'un poete), entre poucos outros, o surrealismo cinematográfico está inteiramente contido em Un Chien Andalou(1928) e L'Age D'Or (1930), ambos do espanhol Luis Buñuel, com colaboração de Salvador Dali. A cena inicial do primeiro é famosíssima: o próprio Buñuel, após contemplar uma enorme lua prateada no céu, afia uma navalha e corta pelo meio o globo ocular de uma mulher que está sentada. No segundo, vemos um cão ser arremessado pelos ares, uma vaca deitada sobre a cama, um bispo e uma árvore em chamas sendo despejados por uma janela, situações de delírio erótico, baratas numa mão que toca pianola, etc.
A ambigüidade do termo surrealismo pode sugerir transcendência, predomínio da imaginação sobre a realidade. Seria pura imaginação de Séverine sua ida ao bordel todas as tardes? A rigor, isso não importa, A significação é mais ampla, conecta-se mais ao discurso do modo de tradução do real. O surrealismo pretendia um automatismo psíquico que expressasse o funcionamento real do pensamento. Você, caro leitor, às vezes não tem pensamentos indesejáveis? É o inconsciente. Assim, e isto é muito importante, o domínio do surrealismo é o que acontece na mente humana antes que o raciocínio possa exercer qualquer controle. O papa surreal André Breton dormia com um caderno em cima do criado mudo para anotar os seus sonhos, chamando, tal comportamento, de escrita automática.
O automatismo provocado pelo surrealismo implica numa transfiguração anárquica do mundo objetivo, cujo efeito imediato é o riso. Mas o humor, aqui, é uma nova ética destinada a sacudir o jugo da hipocrisia. E o sonho é encarado como uma revelação do espírito, sendo afirmada a sua riqueza sob o duplo ângulo da psicologia e da metafísica. Para chegar à consciência integral de si próprio, o homem tem de decifrar o mundo do sonho, pois deixá-lo na obscuridade representa uma mutilação do nosso ser.
Un Chien Andalou e L'Âge d'Or procuravam, pois, o homem integral, "buscando a recuperação total de nossa força psíquica por um meio que representa a vertiginosa descida para dentro de nós mesmos, a sistemática iluminação de zonas ocultas", como consta do manifesto de Breton. Neles têm um papel saliente o grotesco, o cruel, o absurdo, tudo com um sentido de revolta e solapamento.
Segundo Breton, qualquer divisão arbitrária da personalidade humana é uma preferência idealista. Se o propósito é o conhecimento da realidade, devemos incluir nela todos os aspectos de nossa experiência, mesmo os elementos da vida subconsciente. Essa é a pretensão do surrealismo, movimento artístico que abrangeu além da pintura, escultura e cinema, também a prosa, a poesia, e até a política e a filosofia.

Texto: Prof. André Setaro. Outubro de 2010

domingo, 12 de abril de 2020

13ª MOSTRA CINEMA E DIREITOS HUMANOS MUDA DATA E ESTENDE BUSCA DE LOCAIS PARA EXIBIÇÃO

Beto Magno

Diante da pandemia da Covid-19 e da recomendação do Ministério da Saúde de isolamento social, os organizadores da 13ª Mostra Cinema e Direitos Humanos reestruturaram a execução do evento e transferiram sua realização no segundo semestre de 2020.
A Mostra - realizada pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, com produção da Fundação Rádio e Televisão Educativa de Uberlândia (RTU) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) - recebe até o dia 15 de junho as inscrições de quaisquer instituições e espaços culturais de todo o Brasil que se habilitem a exibir os filmes da Mostra à pessoas que têm pouco ou nenhum acesso à cultura ou conhecimento de seus direitos.
Existem duas possibilidades de participar como Ponto de Exibição da 13ª edição. São elas: por meio do acesso a uma plataforma on demand, ou mediante a reprodução de DVDs.
Modalidade plataforma on demand 
Nessa modalidade a instituição poderá acessar o conteúdo a qualquer momento por meio de um canal digital e on-line. Em tradução livre, o termo significa “sob demanda”, o que significa que as sessões são organizadas de acordo com a realidade de cada ponto de exibição, dentro de um calendário nacional.
Para acessar a plataforma on demand, contudo, é essencialmente necessário ter acesso à internet de alta velocidade. Dessa forma, a distribuição digital através do streaming irá ocorrer de forma fluida e funcional. Por meio da plataforma, será possível ter acesso a 20 obras audiovisuais — já em fase de seleção e curadoria — em diferentes programações. São 600 vagas para instituições de todo o país, que poderão exibir dois programas da plataforma. Para mais detalhes, acesse a Convocatória de Pontos de Exibição.
Modalidade reprodução de DVD
Com o acesso aos dispositivos físicos, o ponto de exibição estará apto a participar do Circuito Difusão. Nesta alternativa, a instituição terá acesso a oito obras audiovisuais e poderá manter os arquivos como recurso didático para a circulação em suas respectivas cidades e regiões. São 2 mil vagas para instituições de todo o país! Para conhecer mais detalhes, leia a Convocatória de Pontos de Difusão.
Além dos suportes de exibição, as duas convocatórias possuem outras diferenças no prazo de promoção da Mostra Cinema e Direitos Humanos. As instituições com acesso à plataforma on demand deverão realizar as exibições entre os meses de novembro e dezembro de 2020. Já os locais candidatos ao Circuito Difusão devem se disponibilizar a efetivar as exibições em janeiro e fevereiro de 2021.
Caso tenha interesse, a instituição poderá participar dos dois processos convocatórios. Desta forma, terá acesso integral, em um primeiro momento, às 20 obras audiovisuais e, posteriormente, poderá contar com parte das obras para o seu acervo cultural. A inscrição, contudo, não garante a imediata seleção das instituições nas duas opções. Daremos prioridade ao maior alcance possível de parcerias em todo o território nacional.
As inscrições estão abertas até o dia 15 de junho e podem ser feitas  gratuitamente através do site.
Fonte: leadcomunicacao