domingo, 26 de outubro de 2025

BELCHIOR, UM POETA ESQUECIDO

BELCHIOR, um poeta esquecido

Por: Gil Vieira 

Para seus fãs um artista “inesquecível”, sua presença continua viva, sua obra reconhecida e reverenciada. Um grande poeta, um gênio, que tinha uma tremenda capacidade de expressar a condição humana através de uma lírica profunda e melancólica. Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes — Belchior — se vivo fosse, hoje dia 26 de outubro, completaria 79 anos. Nascido em Sobral, Ceará, foi um artista multifacetado e um verdadeiro intelectual. Poliglota, dominava seis idiomas: português, inglês, francês, espanhol, italiano e latim. Aprendeu as duas últimas línguas durante o período em que esteve internado por três anos no Mosteiro dos Frades Capuchinhos, em Guaramiranga (CE). Aos 19 anos, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, sendo aprovado em primeiro lugar. Entretanto, no quarto ano do curso, tomou uma decisão que mudaria sua vida — abandonou a medicina para se dedicar inteiramente à música. Belchior foi, sem dúvida, um dos maiores poetas da Música Popular Brasileira (MPB). Sua força poética inovou a forma de fazer poesia cantada, combinando lirismo e contestação social. Suas letras abordam o amor, a paixão, o sexo, a arte, a liberdade, a política, a solidão, a violência nas grandes cidades, a opressão do sistema e o sentido da existência. Infelizmente, nos últimos anos de vida, Belchior foi marginalizado pela mídia, esquecido. Somente após sua morte as atenções se voltaram novamente para ele — um triste reflexo da nossa sociedade, que muitas vezes reconhece o valor dos artistas apenas depois da partida. A história de Belchior guarda semelhanças com a de outros grandes nomes da arte mundial, como Johnny Depp, Mário Quintana e Van Gogh. Cada um, à sua maneira, foi injustiçado pela crítica e pela mídia. Depp, mesmo com atuações marcantes, jamais recebeu um Oscar. Quintana, um dos maiores poetas brasileiros, viveu amargurado com a rejeição da Academia Brasileira de Letras. Van Gogh, hoje celebrado como gênio, vendeu apenas um quadro em vida — e ainda assim, a um parente, movido por compaixão. Belchior é o meu maior ídolo. Sou fã e profundo admirador da sua obra. Sua poesia vive, resiste e continua a inspirar quem compreende a grandeza de um artista que jamais se curvou aos modismos.

*Gil Vieira é Advogado, Escritor e membra da A.C.B - Academia de Cultura da Bahia. 

Um comentário:

  1. Parabéns ao texto de Gil Vieira. Realmente Belchior é diferenciado, tanto na poesia com letras fortes e musica quase clássica, como com a voz característica, marcante e potente, reconhecida em qualquer situação. Parabéns.

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