quinta-feira, 28 de abril de 2022

SEMINÁRIO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO FORTALECE CONEXÃO ENTRE VITÓRIA DA CONQUISTA E REGIÂO

À medida que se aproxima o 1º Seminário Regional de Desenvolvimento Econômico, a ser realizado pela Prefeitura de Vitória da Conquista nos dias 28 e 29 de maio, ampliam-se também as expectativas do secretário Marcos Ferreira, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE), que promove o evento.

Essas expectativas estão sintetizadas no tema do evento, cuja realização, além da Prefeitura, inclui parcerias com diversas instituições e empresas: “Conectando pessoas e prospectando negócios para a região”.

A conexão e a prospecção, neste caso, estão relacionadas a quatro eixos que serão abordados ao longo dos dois dias do seminário: desenvolvimento urbano, economias populares, inovação e tecnologia e turismo. “Vitória da Conquista é identificada como a terra das oportunidades, dos negócios, do polo cafeeiro, da educação, do comércio, da saúde. E agora, voltando seus olhos para a tecnologia, a inovação e também o turismo”, observou Marcos Ferreira, enfatizando esse último eixo.

 Marcos Ferreira

Na visão de Marcos, incrementado pela presença do aeroporto Glauber Rocha, o potencial de Vitória da Conquista para o turismo pode ser associado à proximidade com a região da Chapada Diamantina. A integração para a exploração desse eixo se concretizaria por meio do HUB Portal Sul da Chapada, um dos temas a serem discutidos durante o seminário.

“É um seminário bem oportuno para o momento que nós estamos vivendo”, explica o secretário, referindo-se à redução dos índices da Covid-19, graças à vacinação, e à retomada das atividades produtivas. “É um momento ideal para fazer um seminário para estudantes, professores, mas também para a indústria, o comércio, os empresários. Enfim, as pessoas que fazem a economia do município girar”

É esperada a participação de, pelo menos, 250 pessoas, entre elas 25 prefeitos e prefeitas de municípios da Chapada Diamantina, a exemplo de Mucugê, Ibicoara, Piatã e Rio de Contas, entre outros.

O secretário adianta que, durante o seminário, deve ser assinado um protocolo de intenções, a fim de oficializar a parceria entre Vitória da Conquista e os municípios convidados, em prol do turismo que poderá beneficiar a economia regional.

Além dos municípios da região da Chapada, também já estão convidados representantes de Jequié, Itapetinga, Brumado, Barra do Choça, Guanambi, e outros mais próximos de Vitória da Conquista.

Programação – Para conferir a programação completa do seminário, incluindo atividades culturais e palestras, clique aqui.

Inscrições – Os interessados podem se inscrever preenchendo o formulário disponível neste link. Haverá emissão de certificados.

O evento será transmitido ao vivo pelo canal da Prefeitura no YouTube.

 

 Fonte:  https://www.pmvc.ba.gov.br

 

A MISERIA CULTURAL DA BAHIA

                                            Retirantes / Cândido Portinari
 

Diz-se que a Bahia já teve seu Século de Péricles, uma alusão ao período efervescente que se situou nos anos 50 e na primeira metade dos 60, quando Salvador congregava o que havia de mais criativo na expressão artística. Estimuladas pela ação da Universidade Federal da Bahia, comandada, e com mão de ferro, pelo Reitor Edgard Santos, as artes desabrocharam com o surgimento do Seminário de Música, da Escola de Teatro, do Museu de Arte Moderna, dos inesquecíveis concertos na Reitoria, da porta da Livraria Civilização Brasileira na rua Chile, dos papos ao por do sol frente à estátua do Poeta, no bar e restaurante Cacique, dos debates calorosos da Galeria Canizares (no Politeama), da "boite" Anjo Azul (na rua do Cabeça), entre tantos outros pontos que faziam da Bahia um recanto pleno de engenho e arte.

 Na Escola de Teatro, por exemplo, que, inicialmente, foi dirigida por Martim Gonçalves, montava-se, lá, de Bertolt Brecht, passando por Ibsen, Eugene O'Neill, entre tantos, a Strindberg, com um rigor inusitado, e tal era a excelência de seus espetáculos que vinham pessoas do sul do País, e até do exterior, vê-los encenados "in loco". No curso de preparação de ator, o estudante levava alguns anos para poder participar de uma montagem teatral, iniciando a sua trajetória como um mordomo mudo ou de poucas falas. Somente ter o seu nome no programa da peça já era um prêmio, uma alegria, um consolo.

 O livro Impressões Modernas - Teatro e Jornalismo na Bahia, de Jussilene Santana, analisa a configuração do teatro como temática na imprensa baiana em meados do século XX e, pela primeira vez, faz justiça a Martim Gonçalves, o responsável pela excelência das montagens teatrais, criador da Escola de Teatro (que hoje tem o seu nome), mas muito criticado na sua época e até mesmo denegrido pelos opositores. Após a leitura deste livro imprescindível, a conclusão é única e inequívoca: sem Martim Gonçalves não se teria um teatro baiano do nível a que chegou, ainda que, décadas depois, tenha perdido todo o seu vigor, transformando-se num grande proscênio destinado à proclamação de "besteiróis", honradas as exceções de praxe.

 Cinqüenta anos depois, meio século passado, a realidade cultural baiana é uma antípoda da efervescência verificada, uma época que foi chamada, inclusive, de "avant garde" pela sua disposição de inovar, pela marca de vanguarda da mentalidade de seus artistas e intelectuais. Atualmente, a Bahia regrediu muito culturalmente a um estado, poder-se-ia dizer, pré-histórico, e o "homo sapiens" do pretérito se transformou no "pithecantropus erectus" do presente. Aquele estudante do parágrafo anterior, por exemplo, não existe mais.

 Na Bahia miserável da contemporaneidade, qualquer um pode pular em cima de um palco, qualquer um se sente apto a dirigir uma peça, "mexer" com cinema, fazer filmes. Com as sempre presentes exceções de praxe, o teatro que se pratica na Bahia é um teatro besteirol, que faria corar aqueles que participaram da antiga escola de Martim Gonçalves. 

 A Bahia não está apenas mergulhada em bolsões de pobreza, na violência diuturna e desenfreada, com seu povo excluído de tudo - e até mesmo dos cinemas, mas do ponto de vista cultural a miséria é a mesma. Miséria cultural, descalabro, ausência do ato criador, apatia, desinteresse. Eventos existem para a satisfação de pseudo-intelectuais que não possuem as bases referenciais necessárias para a compreensão do que estão a ver ou a ouvir. O momento presente, se comparado aos meados do século passado, assinala uma regressão cultural sem precedentes. Como disse Millor Fernandes, a cultura é regra, mas a arte, exceção, o que se aplica sobremaneira sobre o estado atual da cultura baiana. Cultura se tem em todo lugar, mas arte é difícil, e a arte baiana praticamente não existe. 
 
Com o desaparecimento dos suplementos culturais e o advento de normas editoriais que privilegiam o texto curto, além da incultura reinante pela assunção do império audiovisual em detrimento da cultura literária (vamos ser sinceros: ninguém hoje lê mais nada), a crítica cultural veio a morrer por falência múltipla das possibilidades de exercício da inteligência numa imprensa cada vez mais burra e superficial. 
 
Sérgio Augusto, crítico a respeitar, que militou nos principais jornais cariocas, em entrevista ao "Digestivo Cultural", site da internet (vale a pena lê-la na íntegra: http://www.digestivocultural.com/entrevistas/entrevista.asp?codigo=10), do alto de sua autoridade no assunto, afirmou que o jornalismo cultural está morto e enterrado, ressaltando que se fosse um jovem iniciante não entraria mais no jornalismo porque não vê, nele, perspectivas para a crítica de cultura (área de sua especialidade).
 
Dava gosto se ler o Quarto Caderno do Correio da Manhã com aqueles artigos copiosos, imensos, que abordando cultura e artes em geral, eram assinados por Paulo Francis, Otto Maria Carpeaux, Álvaro Lins, José Lino Grunewald, Antonio Moniz Viana, entre tantos outros. A rigor, todo bom jornal que se prezasse tinha seu suplemento cultural. Aqui mesmo em Salvador, vale lembrar o do Diário de Notícias e o do Jornal da Bahia (em folhas azuis). Atualmente, resiste o Suplemento Cultural de A Tarde (mas, mesmo assim...).

A inexistência da crítica de arte não diz respeito apenas ao soteropolitano. É uma constatação geral no jornalismo brasileiro. Mas, e os cadernos culturais e as ilustradas da vida? Caracterizam-se pela superficialidade e servem, apenas, como guia de consumo, com suas resenhas ralas. Atualmente, os cadernos dois, assim chamados, são até contraproducentes porque elogiam o que deveriam criticar, colocando na posição de artistas personalidades que deveriam, no máximo, estar no departamento de limpeza de estações rodoviárias.

 A crítica de arte serve justamente para isso: para, construtivamente, sem insultos, mas com argumentos sólidos, desmontar aquilo que não presta. Que falta não faz uma crítica de teatro séria, que, semanalmente, venha a apreciar o que se está a apresentar na cidade como literatura dramática! Ou uma crítica de artes plásticas. A interferência de um crítico faria corar muitos pintores que estão expondo na Bahia e posando como artistas. Assim também uma crítica de cinema que fosse menos paternalista com os "coitados' dos cineastas baianos cujas imagens são a de "franciscanos" em busca da expressão cinematográfica, mas cujos resultados, em sua grande maioria, remetem o espectador aos braços de Morpheu, quando não à aporrinhação. 

Para se ter um pequeno exemplo: a emissora de tv de maior audiência da Bahia apresenta todos os dias, em seu noticiário, grupos de pagode, de arrocha, entre outros, que passam a impressão de que os soteropolitanos não possuem talentos musicais - o que não é verdade.

Se a miséria da cultura baiana é cristalina, a miséria da crítica cultural é, também, imensa. Que esmola pode ser dada para se acabar com ela?
 
Texto: André Setaro
 
A imagem. Retirantes, de Portinari.

terça-feira, 26 de abril de 2022

UMA ESTRELA NO CÉU

1933*  2022+


 A atriz Suzana Faini morreu aos 89 anos na tarde de hoje, segundo informação confirmada a Splash pelo Hospital São Lucas, localizado na zona sul do Rio.

A atriz sofria as consequências do Mal de Parkinson e deixa uma filha, Milenka, de 58 anos, fruto do relacionamento com o publicitário e diretor italiano Lívio Rangan. A causa da morte não foi informada.

Nascida em São Paulo, Suzana se dedicou ao balé entre os 19 e 34 anos. Levou toda a técnica e habilidade na dança para os palcos do teatro até sua estreia na televisão em 1969 na novela "Rosa Rebelde", da Globo.

Dedicou boa parte da carreira ao teatro e ao cinema, mas também estrelou outros diversos sucessos na telinha como "Dancin' Days" (1978), "Pai Herói" (1979) e "Vida Nova" (1988), que lhe rendeu um prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante no Troféu APCA.

Depois de alguns anos afastada das novelas, Suzana voltou a se destacar em "A Favorita" (2008). Seu trabalho mais recente foi a trama "Espelho da Vida" (2019), na qual vivia uma guardiã misteriosa.