quarta-feira, 10 de agosto de 2022

ZELITO VIANA ( O DR. FANTÁSTICO)

Beto Magno, Dr. Valdir Barbosa, Valéria Vidigal, Vera de Paula e Zelito Viana



AS MEMÓRIAS DE ZELITO
Por Amir Labaki

Zelito Viana é um homem-cinema. São quase seis décadas de dedicação. Como poucos, fez de tudo, e assim nos conta no livro de memórias que finalmente lança, “Os Filmes e Eu” (Record, 296 págs, R$ 69,90).

Engenheiro de formação, Zelito é sobretudo produtor e diretor, mas também ator e fotógrafo, roteirista e selecionador musical, fomentador público (na Embrafilme de Roberto Farias de meados dos anos 1970) e distribuidor comercial (até de VHs e DVDs na Globo Vídeo). Há 57 anos mantem ativa sua produtora, a MAPA, que herdou o nome da revista cultural baiana tocada, entre outros, pelo jovem Glauber Rocha (1939-1981).

Seus primeiros passos na produção coincidem com a aurora do Cinema Novo. Pudera: um de seus próceres, ninguém menos que Leon Hirszman (1937-1987), seu colega nos estudos de engenharia, o convidou para fazer a transição profissional. No calor da hora, ou algum tempo depois, Zelito trabalhou com boa parte da patota: Cacá Diegues, Eduardo Coutinho (1933-2014), Glauber, Leon, Paulo César Saraceni (1932-2012), Walter Lima Jr.

No documentário rodado por Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988) sobre o movimento para uma TV alemã, “Cinema Novo -Improvisiert Und Zielbewusst” (1967), ei-lo apresentado correndo salas de cinema, ao lado de Cacá, para conferir o público de “A Grande Cidade”. Outro registro histórico está no livro: a Santa Ceia do Cinema Novo segundo David Drew Zingg (1923-2000), na foto batida em 1967 em mesa do Bar Zeppelin, em Ipanema, Rio. Quatro já se foram: Nélson Pereira dos Santos (1928-2018), Leon, Glauber e Joaquim Pedro. Quatro mantém alto a bandeira: Luiz Carlos Barreto, Ruy Guerra, Walter Lima Jr e o próprio Zelito.

“Os Filmes e Eu” repassa, em prosa despojada e ordem cronológica, a vida do cearense que se especializou na Europa em engenharia siderúrgica até não resistir ao chamado de Leon. A agilidade com números serviu-lhe de passaporte inicial. O amor por filmes desde a infância prenunciava a guinada. A proximidade com um dos irmãos mais velhos, o extraordinário humorista e escritor Chico Anysio (1931-2012), referendava a vocação familiar.

Sem cerimônia, Zelito reconstitui sua trajetória, discorrendo tanto sobre os grandes filmes que produziu e dirigiu quanto sobre os trabalhos de ocasião, de institucionais a campanhas políticas. A memória prodigiosa oferece anedotas deliciosas sobre quase todas as produções e perfis breves e carinhosos sobre personalidades (João Gilberto, Juruna, Mário Henrique Simonsen) e anônimos marcantes com quem conviveu.

“Terminar ‘Cabra Marcado para Morrer’ foi minha primeira tarefa a executar no mundo de cinema”, lembra Zelito. Duas décadas se passaram até conclui-la. Interrompidas as filmagens devido à eclosão do golpe de 1964, a inviabilidade de terminar o filme foi reconhecida a partir de uma projeção do copião nos laboratórios da Líder no Rio. “Nos vinte anos que se seguiram ao golpe militar, Eduardo Coutinho foi um homem obcecado pelo desejo de completar sua obra”, testemunha. O que era uma ficção engajada, na linha do CPC (Centro Popular de Cultura), se reencantaria num documentário de cristalina originalidade.

Zelito debutou como produtor com “A Grande Cidade” (1966), longa-metragem de estreia de Cacá Diegues, a quem conhecia de vista dos tempos no tradicional colégio Santo Inácio. Voltariam a trabalhar juntos em “Quando o Carnaval Chegar” (1973) e “Veja Esta Canção” (1994).

A parceria mais prolífica foi com Glauber, a quem conheceu na saída da citada projeção do primeiro “Cabra” na Líder. Estiveram juntos do curta documental “Maranhão 66” até o fim da década: “Terra em Transe” (1967), “Câncer” (1968), “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1968), “Der Leone Have Sept Cabeças” (1970). O título do último foi sacada dele. A recusa em produzir “A Idade da Terra” (1980) os afastou até a precoce morte de Glauber em 1981.

Nem só de obras-primas se constrói mais de meio século de carreira audiovisual. É assim admirável como Zelito não se furta de recordar produções eminentemente comerciais de grande sucesso, como o policial “Máscara da Traição” (1969) de Roberto Pires, com o casal Glória Menezes/Tarcísio Meira, e de retumbante fracasso, como sua primeira direção solo, “O Doce Esporte do Sexo” (1970), uma comédia de esquetes protagonizada pelo irmão, Chico Anysio.

Filmes melhores viriam. Adaptado do romance “Alma” de Oswald de Andrade (1890-1954), “Os Condenados” (1974) talvez seja ainda seu ápice no cinema ficcional. Rodado durante dois anos, “Terra dos Índios” (1979) é um marco na denúncia da violência contra as nações indígenas brasileiras, infelizmente ainda atualíssimo. Devemos a Zelito ainda os melhores retratos do poeta Ferreira Gullar (1930-2016), do dramaturgo Augusto Boal (1931-2009) e de seu multitalentoso irmão (“Chico Anysio É”, de 2006). O músico Egberto Gismonti será o próximo, anuncia o livro. O homem-cinema não para.

Fonte: http://etudoverdade.com.br/br/noticia/2217-As-Memorias-de-Zelito

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

ANSELMO VASCONCELLOS

 
Anselmo Vasconcellos
 
  1. Anselmo Carneiro Almeida Vasconcelos (Rio de Janeiro, 1° de dezembro de 1953) é um ator brasileiro de cinema, teatro e televisão.

    Já participou de mais de 50 filmes, entre os quais se destacam: Se segura, malandro!, de 1978, e Bar Esperança, o último que fecha, de 1983, ambos de Hugo Carvana; A república dos assassinos, de 1979, de Miguel Faria Jr., e Brasília 18%, de 2006, de Nelson Pereira dos Santos, entre outros.

    Na televisão, participou de telenovelas e minisséries, no humorístico Bronco, exibido pela Band, e atualmente atua na novela Genesis e Reis da Rede Record

    Carreira

    Na televisão

    Ano Título Papel
    1978 Ciranda Cirandinha Tavito
    1979 Plantão de Polícia
    1980 Ciranda Cirandinha
    O Bem-Amado Boca de Tramela
    1981 Brilhante Tavares
    Obrigado Doutor
    1982 Sítio do Picapau Amarelo Serapião
    1983 Eu Prometo Jair
    1984 Transas e Caretas Ronaldo
    1985 Um Sonho a Mais Edgar Chaves / Edson Chaves
    1986 Anos Dourados Capitão Serpa
    1987 - 1990 Bronco Chacal de Souza
    1990 Araponga Bitola
    1991 Amazônia Ezequiel
    Salomé Capivara
    1992 - 1993 Incrível, Fantástico, Extraordinário
    1993 - 1999 Você Decide
    1994 A Viagem Presidiário
    1995 Engraçadinha: Seus Amores e Seus Pecados
    1996 A Vida Como Ela é...
    Caça Talentos Tony Dark
    1997 A Justiceira Paco
    Mandacaru Coronel Fontes
    Sai de Baixo Bartolomeu
    1998 Brida Henrique
    Corpo Dourado Naldo
    Hilda Furacão Jabuti
    Pecado Capital Jomar
    2000 Esplendor Rajão
    2001 - 2011 Zorra Total Vários Personagens
    2009 Toma Lá, Dá Cá Antônio Carlos
    2015 Zorra Vários personagens[3]
    2018 Treme Treme Pirarucu
    2021 Gênesis Ismael (idoso)
    2022 Reis Guedór, Rei dos Filisteus
    Cara e Coragem Milton Figueira

     

    No cinema

    Ano Título Papel
    1978 Fim de Festa Valentim[4]
    Se Segura, Malandro Beto[5]
    J.J.J., O Amigo do Super-Homem
    O Escolhido de Iemanjá
    Tudo Bem
    1979 A República dos Assassinos
    Eu matei Lúcio Flávio
    Terror e Êxtase
    Amante Latino
    1980 Perdoa-me por Me Traíres
    Consórcio de Intrigas
    1981 Eles Não Usam Black-Tie
    O Torturador
    1982 O Segredo da Múmia Runamb[6]
    1983 Bar Esperança
    O Bom Burguês
    1985 Chico Rei
    Tropclip
    Urubus e Papagaios
    1990 A Rota do Brilho
    1991 A Maldição do Sanpaku
    1994 Boca
    1995 Sombras de Julho
    Yemanján tyttäret
    1996 Quem Matou Pixote?
    Sambolico
    1997 O Homem Nu
    1998 Vox Populi (curta-metragem)
    1999 O Dia da Caça
    2001 Condenado à Liberdade Detetive Osmar
    2003 Apolônio Brasil, Campeão da Alegria
    2005 O Xadrez das Cores (curta-metragem)
    2006 Brasília 18%
    Madrugada de Inverno (curta-metragem)
    O Farol de Santo Agostinho (curta-metragem)
    2007 Primo Basílio
    Último Páreo
    It's A Very Nice Pra Xuxu
    O Jogador
    República dos Ratos
    2009 Tempos de Paz
    2011 Réquiem para Laura Martin
    2011 Chico Xavier Perácio
    2017 Gente Igual a Você (curta-metragem)
    2019 O Amor Dá Trabalho chefe do limbo
    2021 O Silêncio da Chuva Cláudio Lucena  

     

    Referências

  2. «Izabelle Valladares entrevista o ator e produtor Anselmo Vasconcellos - Entrevista». www.recantodasletras.com.br. Consultado em 6 de março de 2012

  3. «Anselmo Vasconcelos -Famosos - Vida - Contigo». contigo.abril.com.br. Consultado em 6 de março de 2012. Arquivado do original em 19 de dezembro de 2011

  4. GShow (29 de abril de 2015). «Dani Calabresa aceita desafio de Fabiana Karla em lançamento do Zorra». Globo.com

  5. Cinemateca Brasileira, Fim de Festa [em linha]

  6. Cinemateca Brasileira, Se Segura, Malandro [em linha]

  7. Cinemateca Brasileira, O Segredo da Múmia [em linha]

domingo, 7 de agosto de 2022

5 MOSTRA DE CINEMA DE FAMA - MG


 

As inscrições para a MOSTRA DE CINEMA DE FAMA – Curta-Metragem estão abertas de 00:00 do dia 30 de junho até 23h:59 de 14 de agosto de 2022. Serão realizadas em plataforma online, disponível no site www.mostrafama.com.br.
 

Os filmes deverão estar acessíveis em plataforma de vídeo online, podendo conter senhas, que deverão ser informadas na ficha de inscrição, para a avaliação do comitê de seleção.
Os filmes devem ter até 25 minutos de duração e terem sido finalizados de 2020 em diante.
Os materiais promocionais deverão ter seu upload na plataforma da inscrição.
Os filmes inscritos para a seleção devem assegurar que possuam os direitos de exibição de imagens e de execução de trilha sonora contida na obra, para fins de exibição em mostras e festivais e exibições públicas sem fins lucrativos, isentando a organização da Mostra de Cinema de Fama de pagamentos de direitos conexos em sua exibição.
Os filmes selecionados deverão enviar por e-mail, no endereço mostradecinemadefama@gmail.com, a declaração, em modelo anexo a este edital, comprovando que possuem o direito de exibição de imagem e execução da trilha sonora para sua exibição na Mostra de Cinema de Fama.
Com a autorização do candidato, todas as informações presentes na ficha de inscrição dos filmes selecionados, assim como até 30 segundos de imagens do filme (em sistema stream), poderão ser publicadas em todos os meios publicitários da Mostra de Cinema de Fama.

Critérios de seleção e envio de cópias e material para exibição
Serão selecionados filmes em curta metragem que irão compor o programa da Mostra de Cinema de Fama.
A lista de filmes selecionados será divulgada oficialmente até o dia 15 de setembro de 2022.
O formato de exibição dos filmes selecionados será digital. A cópia de exibição deverá ser enviada para a comissão, por pasta compartilhada online, até o dia 25 de setembro de 2022.

Júri
O júri será composto por profissionais de cinema e cultura, convidados pela organização da Mostra de Cinema de Fama, que decidirão os prêmios relacionados abaixo. A decisão do júri é suprema e autônoma.

Premiação
Menção Honrosa
Aclamação do Público
Melhor Ator
Melhor Atriz
Melhor Direção
1º lugar Melhor Filme pelo Júri – Troféu Cardume
2º lugar Melhor Filme pelo Júri – Troféu Peixe
3º lugar Melhor Filme pelo Júri – Troféu Escama

Premiação – Mostra Mineira
1º lugar Melhor Filme Mineiro

A inscrição de um filme no Festival implica na plena aceitação deste regulamento.
MOSTRA DE CINEMA DE FAMA
30 de junho de 2022
Aryanne Ribeiro – Diretora

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

GENTE PROPAGANDA FATURA 4 PRÊMIOS NO FESTDIGITAL


Lucas Caires recebe  prêmio em nome da GENTE PROPAGANDA

 Nessa semana, Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, sediou um dos mais importantes festivais de criatividade do país, o FestDigital. O evento, que recebeu agências, produtoras e clientes de diversos estados do Brasil, chegou à sua 21ª edição, premiando e valorizando a propaganda criativa. 

júri deste ano foi formado por: Paulo Vaz, produtor musical e tecladista da Banda Supercombo; Fran Mariano, analista de marketing da Globo; Leandro Dolfini, diretor de criação da DPZ&T; Paula Granette, dir. de planejamento estratégico da Suno; Lara Rangel, seniorcopywriter da W/McCann; e Rodrigo Maciel, gerente de produtos da Umbler

Única representante da Bahia no shortlist desse ano, a Gente Propaganda faturou três medalhas com campanhas para ICON/IMAD, DiGoret e Shopping Conquista Sul.

Para coroar a noite, a agência recebeu ainda o Grand Prix do Festival, como o melhor material publicitário para rádio no ano, com campanha criada para o São João do Conquista.

“Rádio é a essência da propaganda, onde temos a criatividade sem muita maquiagem ou grandes produções. É só a ideia pura e simples. Receber uma premiação dessa importância, reforça que estamos no caminho certo. O caminho da criatividade com simplicidade.” ressaltou Lucas Caires, Diretor de Criação e Redator da Gente Propaganda. 

O Resultado no FestDigital fortalece a posição da agência conquistense como uma das mais criativas do estado, tendo recebido premiações regionais, nacionais e internacionais. 


Fonte: blogdorodrigoferraz 

INGRA LYBERATO



Ingra Lyberato 

A arte de atuar se alimenta de cada pedacinho belo ou feio da nossa personalidade. 

A arte cura as feridas, retira as máscaras, descarta as armaduras. 

Sempre tive a sensação que diante da câmera, diante do público do teatro, me torno mais verdadeira, pois o que a sociedade rejeita por achar feio, a arte reconhece como parte valiosa da verdade. 


Esse aspecto do ofício do ator é um caminho de auto cura, caminho de auto liberação, pois nos coloca diante do que realmente somos e nessa posição podemos integrar e transformar o que não queremos mais. Aliás, é a única maneira de real transformação, pois tudo o que rejeitamos se fortalece. Se temos aspectos sombrios, precisamos ter coragem de encará-los com amor. Compreender sua origem, acolher, iluminar. Assim, a dor do passado pode se transformar em compreensão profunda da vida, pode se transformar em força de lição aprendida. 


Transmutação do ser que rasteja para o ser que voa. Da lagarta à borboleta. Esse processo é possível para qualquer pessoa com coragem e humildade.


A Arte se nutre de Amor. Está no coração da mãe, do pai, na arte de cuidar. No coração do pioneiro, na arte de sonhar. No coração dos humildes, na arte de servir. No coração dos amantes, na arte da entrega… por isso, a Arte cura!


♥️💚🍃


#arte #artecura #autocura #entrega #amor #paixao #confianca #set #cinema #visao #ilusao #realidade #luz #sombra #fotografia #ser #estar #presenca #paz #autoconhecimento #consciência

 

terça-feira, 2 de agosto de 2022

SARAUS DA MINHA VIDA

  Massimo Ricardo De Benedictis

 

SARAUS DA MINHA VIDA
 
Ricardo De Benedictis
 
Fui criado num ambiente musical e poético, desde criança, em Poções, na Bahia, numa época em que a energia elétrica só existia para nós, a partir das 17,30 – 18 horas, graças ao grupo gerador do grande italiano Bras Labanca e seus auxiliares Leocádio e Nicola Leto.
Em épocas normais (dia-a-dia), às 10:45 o gerador dava um sinal para parar 15 minutos depois. Daí por diante eram os candeeiros ‘aladin’, os fifós a óleo, os candeeiros mais comuns e menos fumacentos, as velas de tamanho variado em seus castiçais e, por fim, o rola-rola para uns, as farras para outros e o sono dos justos, para os pais e avós cansados pela batalha diária da sobrevivência.
Êta, tempo bom!
Os sonhos que nos povoavam o sono até o dia amanhecer e tudo a se renovar, como na véspera havia acontecido através dos anos e anos.
E o tempo era lento.
Sempre aquela expectativa de uma festividade pública, ou mesmo de um aniversário, um casamento, para sairmos daquela mesmice de sempre, mas que era, ao mesmo tempo, uma beleza de vida, tanto em casa como na escola ou nas praças e ruas da cidade de Poções, lá nos idos dos anos 1940, quando tínhamos cerca de 5 mil habitantes na sede municipal.
A principal festa de Poções sempre foi a do nosso Padroeiro, o Divino Espírito Santo, realizada no Pentecostes, que se dá em data móvel, entre os finais de maio/início de junho. A cidade se preparava para a sua festa principal, de um ano para outro, quando a Comissão era criada pela Igreja Católica e um novo grupo ficava encarregado de organizar os festejos – seguindo a parte profana a cargo da Prefeitura da cidade. Uma festa de largo como se faz em toda a Bahia. O ponto culminante é a ‘Chegada da Bandeira’, que se dá no dia de Pentecostes, na sexta-feira, cuja data é móvel, a depender do calendário da Igreja Católica.
SARAUS DA MINHA VIDA
O intuito deste narrativa é falar dos nossos saraus poéticos e musicais, o que faremos ora por diante.
Desde os 5 anos de idade, demonstrava muito interesse pela música e pela leitura, uma vez que fui alfabetizado neste período e me apaixonei pelos livros e pelas figuras que neles continham.
Alguns músicos de Poções vinham à nossa casa ensinar violão às minhas irmãs mais velhas, a exemplo de Deusdeth Fagundes - ex aluno da minha mãe, Profª Nadir Benedictis, que tocava violão e cujos ensinamentos trouxe da sua terra natal, Salinas da Margarida. Minha mãe tocava e cantava e nós fazíamos o mesmo em uma roda na nossa imensa copa/cozinha.
Ela muito me ensinou para dar os primeiros passos no aprendizado. Fazíamos exercícios juntos e eu me sentia o rei da cocada preta. Lembro-me de Deusdeth, o Beth (irmão do grande saxofonista saudoso Arnaldo Fagundes e de dona Lourdes – mãe de Albérico, Valderez e de Vaneide, trazendo seu violão e o violino à tiracolo e essas visitas se davam entre as sete e 10 horas da noite, justamente pelo limite de tempo para termos o ambiente interno e externo iluminado.
Quando fui para Salvador em 1952 já tinha um violão melhor e sempre apostava minhas economias para adquirir um melhor ainda. Épocas de ter dois ou três violões em casa, cada um com a função de servir para o gasto ou para tocar em dupla, ou mesmo para ir aos saraus que agora passo a relembrar.
Walter Carvalho, que é meu irmão de leite, filho de Arlinda e Arthur Carvalho, transformou-se num exímio bandolinista, além do que, tocava violão e cordas em geral. Eu tocava gaita, acordeón e violão, e fazia uns acordes e solos mais lentos no cavaquinho e no bandolim, além disso, desenvolvi muita habilidade na afinação de instrumentos de corda, uma vez que nada escapava do meu afinado ouvido!
As aulas de Canto eram obrigatórias no curso ginasial e eu aproveitei para me engajar nos Corais do ICEIA (Barbalho – Salvador), no início da puberdade, quando minha voz estava mudando a tonalidade, e eu gostava de fazer o ‘baixo’. Os professores sempre me deram oportunidade de fazer guia para os demais, pela minha afinação. Nunca falhava e apontava aquele que estivesse fora da entonação ou do compasso!
A partir daí, conheci Walter Villas-Boas que era pianista, sobrinho da famosa virtuose do piano Odete Villas-Boas e ficávamos nos intervalos das aulas ou na parte da tarde, na sala de música quando ele fazia harmonia ao piano e eu cantava, sempre acompanhado de coleguinhas que ficavam observando e às vezes participando com seu canto dessas aventuras.
Neste período conheci uma grande figura, Armando Paranhos que cantava muito bem e eu o acompanhava ao violão, sempre com repertório variado. Íamos nas férias para Mar Grande e ficávamos hospedados na casa da sua vó, uma velhinha muito legal que nos tratava muito bem e lá em Mar Grande, toda noite fazíamos nossa seresta até a meia-noite. Lembrar também de Haroldo Paranhos, seu irmão que também cantava, mas era menos visto por nós.
Numa dessas ocasiões o Walter convidou-me a ir à sua casa, no Largo da Soledade, que seus irmãos Luiz Villas-Boas e Orlando, juntamente com Wilson Brandão, haviam montado um trio e fomos aos ensaios para conhecer o pessoal, no que fomos muito bem recebidos, formando uma amizade que persiste até os dias atuais. Daí em diante eu passei a levar Walter Carvalho comigo e formamos um quinteto que, a exemplo do trio, levava o nome da esposa de Luiz – Ibiracy. Então formamos o Quinteto Ibiracy, que fazia sucesso por onde passássemos. Cantávamos na Rádio Sociedade da Bahia e na Rádio Excelsior, em programas regulares das emissoras, aos sábados, domingos e quartas-feiras (na Excelsior à noite). Depois em Feira de Santana, Itaberaba, Cachoeira, São Félix Maragogipe, Nazaré, etc
Numa oportunidade, fomos com os Villas-Boas a uma festa de debutante numa mansão em Brotas e lá houve um início de confusão pois a mãe da aniversariante acusou Walter Carvalho de estar passando dos limites com sua filha, uma vez que dançavam agarradinhos. Isso gerou um desentendimento, partiram para a agressão e eu saí na defesa do amigo. Terminou tudo bem, fomos pra casa e dias depois, já de férias escolares, viajamos para Poções onde fizemos algumas apresentações no Cine Santo Antonio e depois no Cine Joia. Alguns dias passados já arriscávamos fazer uma turnê por Jequié, Ubatá, Ipiaú, Itajuípe, Ubaitaba (em cujo local conheci Fernando Lonas, bom cantor e amigo que veio a falecer precocemente), ainda fomos até Itabuna, etc e voltamos para Poções.
Para esta empreitada, contei com a ajuda financeira do meu pai, que me emprestou o dinheiro e colocou-se à disposição para ajudar, como aliás sempre procedeu quando lhe procurava para tais ou quais necessidades.
Em Poções, a seresta corria solta. Eu, Walter Carvalho, Affonso Manta, Carlos Napoli, era música e poesia. Em Salvador, nós tínhamos uns pontos de seresta o Largo do Papagaio, depois de Roma onde havia um Convento de freiras e nós íamos pela rua da praia, nos postávamos em local estratégico e a seresta entrava em cena. As luzes se abriam, as janelas... e aí ficávamos até um pouco mais tarde. Na época a violência era zero. Nunca tivemos um problema de assalto ou coisa parecida. Era realmente um tempo de ouro!
Depois disso conhecemos Geraldo Ribeiro e formamos o Trio Azteca. Mais tarde, Geraldo resolveu fazer carreira solo e nós recebemos Carlos Napoli, nosso companheiro de infância que também morava em Salvador e formamos, com Luiz Villas-Boas e Wilson Brandão, o BAHIA 4, cujo vocal nos levou aos festivais da UFBa, à TV Aratu, Itapoã e aos Clubes e boates para apresentações em finais de semana.
Neste período passei a compor com mais esmero e aproveitei inúmeros poemas de Carlos Napoli para letras das minhas músicas, apesar de ter feito muitas poesias e músicas sozinho.
Nos sábados pela manhã, íamos para o Mercado Modelo e ficávamos farreando no Restaurante de Camafeu de Oxossi. Era uma beleza! Também no Cabeça, próximo ao 2 de Julho, íamos sempre almoçar no restaurante do Moreira, o português, cuja comida era de dar água na boca! Além disso, a Casa da Itália era sempre um dos locais que nos drigíamos para o almoço, ou a noite, bem como o restaurante Bela Napoli, na rua Nova de São Bento! Comidas deliciosas!
VARANDÁ
Passamos a frequentar o Varandá, principal casa noturna da Bahia, cujo proprietário era Sandoval que também era cantor das antigas, desde os tempos de Britinho e seus Stukas. O violonista da casa era João da Matança, grande violeiro e lá tivemos noites memoráveis, bem como no Tuka Pizzaria, na Barra, cujo dono, Rubinho nos recebia às sextas-feiras para um sarau que varava a madrugada! Depois Rubinho passou a Tuka para a Av. Joana Angélica e lá passávamos horas com o poeta Guido Guerra e o pianista Carlos Lacerda. Neste local conhecemos os músicos Luis Vieira, Sérgio Cardoso (filho de Jacob do Bandolim), o ator Benvindo Sequeira, os cantores José Emanoel, Agda, Sylvio Lamegna, produtores musicais, Fernando Santana, Wilson Rangel e tantos outros. Logo após realizamos um espetáculo na Reitoria da UFBa., De DOURIVAL CAYMMI, ASSIS VALENTE E HUMBERTO PORTO ATÉ OS DIAS ATUAIS. Foi um tempo de muito aprendizado e logo depois fui morar no Rio de Janeiro e enfrentar a batalha para gravar meu primeiro compacto na RCA Victor.
Antes de ir para o Rio, conheci o jurista Raul Chaves e sua filha, Ângela Chaves, através de Carlos Napoli. Sobre Vinicius de Moraes, eu tenho uma nota à parte pois nós o levamos para a casa de Raul Chaves com Tokinho e Marília Medaglia.
Carlos Napoli dividiu um ap. no Beco de Maria Paz com Edil Pacheco, vindo daí a amizade com os músicos da época - Tião Motorista, Ederaldo Gentil, Batatinha, Panela, Riachão, Jocaffi.
Nesta época conheci João Só, no Rio Vermelho, cantando ‘Menina da Ladeira’.Oswaldo Fahel e Menina do Rio Vermelho entre muitos outros.
Capinan foi meu colega no ICEIA e era poeta. Não cantava, Carlos Gil Soares era colega de sala da mesma época e inclinou-se para o áudio-visual. Leonel e Reinaldo Nunes, Cid Paraguaçu de Andrade, Carlos Brandi, eram do Teatro.
Prof. Brito, Prof. Varela... esses dois eram professores de disciplina e andavam em nossos calcanhares, sempre a nos olhar de rabicho!
O Prof Adroaldo Ribeiro Costa, era o produtor da Hora da Criança, sempre acompanhado do Maestro Agenor Gomes, e fazia muito sucesso, tendo revelado muitos valores musicais em Salvador.
Sóstrates Gentil, era nosso colega de turma e seguiu o jornalismo, tendo falecido precocemente num acidente quando de férias no Pará.
Jorge Gentil era sambista, primo de Ederaldo e um grande amigo. Ernesto Vale Marques, conheci fazendo Letras na Católica e formamos uma grande e longa amizade. Faleceu precocemente, vítima de enfarte. Carlos Uzel, Horacio Matos Neto, José Leão dentista, Clarindo Luz... Narcisio Patrocínio, Luiz Gonzaga, Wilson Lins (levou-me à casa de Jorge Amado, no Rio Vermelho), Fernando Wellington, excelente declamador da obra de Castro Alves. Temos muitos amigos que participaram conosco dessas aventuras artísticas, entre os quais, Florisvaldo Rodrigues da Silva, Edilson Mendes Santos, Florisvaldo Brito, entre tantos outros amigos.
UMA MEMÓRIA MAIS ANTIGA
NOITES NO VARANDÁ
O Varandá, durante alguns anos foi o bar mais freqüentado pelos músicos e poetas de Salvador.
Sua localização era privilegiada.Tendo o Pau da Bandeira como endereço, partindo do Palácio Rio Branco, então sede de despachos do governador, na Rua Chile, numa íngreme descida que saía na Ladeira da Montanha, onde funcionavam os lupanares mais famosos da Bahia, inclusive o lendário 63.
Corria a segunda metade da década dos anos 1960 e Sandoval, ex crooner da orquestra de Britinho e seus Stucas, que por muitos anos havia trabalhado no Clube Carnavalesco Fantoches da Euterpe, na rua Democrata, próximo à Ladeira do Contorno, montou o movimentado e atrativo bar, com show ao vivo diariamente.
Este bar, sem dúvidas, passou a ser a coqueluche de Salvador, cujo turismo ainda ensaiava os primeiros passos.
Salvador era um canteiro de obras. Em construção, as avenidas de vales, viadutos e o Centro Administrativo da Bahia, naquela que seria futuramente a Av. Luiz Viana Filho, mas que é conhecida por Av. Paralela.
Nesta época, a Rua Chile, Av 7 de Setembro, Rua Carlos Gomes e adjacências, compunham o grande comércio de Salvador, com algumas artérias da cidade baixa, entre o Elevador Lacerda e a Praça Deodoro. A exceção de uma ou outra, todas as agências bancárias ali se localizavam...
O cenário do Varandá era interessante. A entrada pelo Pau da Bandeira e as mesas dispostas frontais à Bahia de Todos os Santos. Uma vista esplendorosa para curtir uma cerveja nos finais de tarde ou aos sábados...
O grande violonista João da Matança era a estrela do bar, mulato, alto e esguio, já com seus 60 anos, contratado para acompanhar ao violão aqueles que quisessem dar uma palhinha no show. Os artistas da Bahia desfilavam ao microfone e as noites eram verdadeiramente inesquecíveis...
Além de proprietário, Sandoval, era um bom cantor, freqüentavam o Varandá artistas famosos e emergentes, a exemplo de Batatinha, Panela, Ederaldo Gentil, Riachão, Edil Pacheco, Jocafi, João Só, Carlos Uzel, Ilma e Jane Gusmão, Vevé Calazans, Carlos Napoli, eu, Antonio Carlos Sena, Luiz Villas Boas, entre outros. Vários deles já se encontram em outro plano, a exemplo de João da Matança, Sandoval, Batatinha, João Só...
O Varandá resistiu até o início dos anos 1970, quando Sandoval fundou uma boate na Pituba e fechou as suas portas...
NOITES no TARRAFA e no ZUCCA
A fase pré turística vivida em Salvador nos deu oportunidade de conviver com grandes artistas baianos e de outros estados que vinham a Salvador realizar shows.
A Zuca Pizzaria ficava na Barra, próximo ao Farol da Barra, enquanto o Tarrafa localizava-se na Av. Joana Angélica, vizinho do Convento da Lapa, onde a sóror Joana Angélica foi morta pelos portugueses, na guerra de independência (1823), hoje funcionando a Faculdade Católica de Salvador.
Rubinho era o proprietário do Tarrafa e do Zuca Pizzaria, nosso amigo e admirador, desde antes, quando teve uma casa de móveis no Relógio de São Pedro, na Av. 7 de Setembro.
No Tarrafa, bar/restaurante intimista, freqüentava a classe média da Bahia. Alguns artistas faziam dali seu ponto de encontro. Entre estes, eu, Carlos Napoli, Carlos Lacerda, Guido Guerra, Antonio Carlos Sena, Edil Pacheco, entre outros. Ali tivemos a oportunidade de conhecer os grandes compositores Luiz Vieira, Sérgio Bittencourt, entre outros.
Nosso amigo e partícipe de longos papos noturnos, Carlos Lacerda era o grande pianista da Bahia, contratado pela TV Itapoan, figura obrigatória nos grandes espetáculos musicais, numa época em que a música acústica reinava. A eletrônica não havia entrado no mercado ainda, apesar de vir ensaiando os primeiros passos...
Lacerda teve uma grande paixão pela artista conquistense Ilma Gusmão, em cuja homenagem compôs A Jiboeira, uma vez que Ilma havia nascido em Vitória da Conquista e sua família é oriunda da Jibóia, na zona rural.
VITÓRIA DA CONQUISTA
Mais a frente tenho boas lembranças de Conquista e dos nossos poetas e músicos que pretendo rememorar ora por diante. Aguardem.

sábado, 30 de julho de 2022

CONQUISTA PODE VOAR MAIS ALTO


 por José Maria Caires - 

Conquista Pode Voar Mais Alto


Um ano antes de falecer, em 1915,  o condeubense Coronel Napoleão Ferraz  de Araújo, já reivindicava a construção da Barragem do Rio Pardo. Outras lideranças, em sequência, continuaram cobrando a construção. 

Um dos exemplos mais contundentes foi o de Edvaldo Flores, que quando prefeito de Conquista, na década de 1950, e depois  como deputado federal, por vários mandatos, continuou nessa batalha. 

Em 1958, o engenheiro José Pedral Sampaio, na época candidato a prefeito de Vitória da Conquista, apresentou no seu programa de governo  a proposta de construção da barragem do Rio Pardo.

Passado um século do surgimento da ideia de construção da barragem, foi realizado um estudo que comprovou a sua viabilidade. Na ocasião, o prefeito Guilherme Menezes conseguiu  firmar um convênio com o Governo Federal para a elaboração do projeto executivo.

Parte do projeto, inclusive, a do licenciamento ambiental, foi concluída na gestão do ex-prefeito Herzem Gusmão, que também era um entusiasta da realização dessa obra fundamental para o progresso do nosso município. 

A atual prefeita, Sheila Lemos, também  coloca como prioridade na sua lista de  obras estruturantes, a construção da barragem do Rio Pardo.

O certo é que, de quatro em quatro anos, os postulantes aos cargos eletivos em Vitória da Conquista, cientes de que  este é um grande anseio da sociedade, trazem sempre nos seus discursos a promessa da construção da barragem do Rio Pardo, na esperança de conquistar mais votos.

Cabe a nós cidadãos, portanto, aproveitar essa boa vontade de ocasião, para pressionar os agentes públicos em relação a solução desse assunto. 

Um grupo formado por empresários, entidades e lideranças da cidade, propõe que o projeto seja reavaliado, revisado e reestudado, pois da forma que está posto se tornou inviável técnica e economicamente.

Para se ter uma ideia, as barragens que abastecem Vitoria da Conquista e região; AGUA FRIA I e AGUA FRIA II; acumulam juntas 6.000.000 de metros cúbicos, ao passo que, a do RIO PARDO sozinha, se construída, armazenará 430.000.000 de metros cúbicos, o equivalente a 70 vezes os volumes das barragens de  Água Fria I e II juntas.

Nosso objetivo é que os candidatos ao Governo do Estado da Bahia incluam nos seus respectivos planos de governo, a construção da barragem do Rio Pardo e que, quem for eleito, transforme em realidade esse sonho de 110 anos.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

POR UMA UNIVERSIDADE FEDERAL INDEPENDENTE

 


José Maria Caires 

*Por José Maria Caires


É preciso considerar o Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS) – Campus Anísio Teixeira, em Vitória da Conquista, ainda que dependente da Universidade Federal da Bahia, uma organização que sempre teve e continua tendo potencial para ter vida própria e conquistar sua independência da UFBA de Salvador para a nossa gestão.


Não demorou muito para que a sociedade percebesse e buscasse formas de conquistar a sua emancipação. Eu acompanho e vejo que nossos representantes políticos se movimentaram nessa direção, foram desenvolvidas ações concretas na gestão do então diretor DOUTOR ORLANDO CAIRES,

que chegamos por alguns momentos vislumbrar o desmembramento, mas de repente veio a desilusão.


É claro que a burocracia em um processo como esse é natural, mas tínhamos todos os recursos ao nosso favor, a reitoria da Universidade Federal da Bahia e deputados e prefeitos alinhados para o mesmo objetivo. O que faltou foi força para superar.


Em outras situações, como em Pernambuco, por exemplo, o então ministro Mendonça Filho, se inspirou no nosso modelo de desmembramento e criou em Garanhuns, a Universidade do Agreste Pernambucano, porém, não precisamos ir muito longe, aqui mesmo na Bahia foram criadas:


Em Barreiras – Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB);


Em Cruz das Almas – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB);


Em Teixeira de Freitas – Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB);


Em Senhor do Bonfim – Universidade Federal do Vale do São Francisco (UINVASF);


Quais as vantagens do desmembramento do Instituto Multidisciplinar de Saúde de Vitória da Conquista e da sua emancipação da UFBA?


Autonomia administrativa, criação de novos campus em Brumado, Jequié, Guanambi dentre outros Municípios, como exemplo da importância citarei a UFRB sediada em Cruz das Almas que criou os campis em Feira de Santana, Amargosa, Cachoeira, Santo Amaro e Santo Antônio de Jesus.

O mais importante de todos serão as pesquisas, a criação de novos cursos, oportunizando as vocações regional e dando condicoes aos jovens, sobretudo os de famílias que não podem pagar as faculdades particulares.


O SUDOESTE PODE VOAR MAIS ALTO.


* José Maria Caires é empresário, filantropo e político


Fonte: https://blogdoredacao.com.br


sexta-feira, 22 de julho de 2022

CAPÃO DE ONTEM E DE HOJE


Edie Meireles 


*Por Edie Meireles 



Edie Meireles 

 Foto, na Cachoeira da Fumaça por baixo em 1987.

Cheguei no Capão em 1986, 6 pequenas casas de forasteiros novos moradores no vale, uma delas do pai de Waldemar, ali era o embrião de uma comunidade alternativa que agregava a cultura indígena impregnada nos conhecimentos dos nativos com o espirito livre e as diversidades dos viajantes que aqui iam se aportando.

Logo, com os casais que fundaram o Lotheloren atraindo novos viajantes que se tornariam moradores, nos tornamos referencia mundial em comunidade, a ideia de um Capão auto sustentável era o objetivo da nossa comunidade, o respeito incondicional ao próximo, o ambientalismo na veia e a confraternização universal ditando as regras, e assim nasceu o que se pode chamar de estilo “capônico” de se viver.

20 anos depois passamos a nos tornar também referência em cura pela natureza, Dr. Áureo se tornou uma referencia do naturismo, varias clinicas especializadas em terapias holísticas agregaram esta cultura ao nosso estilo “capônico”, e continuamos nossa jornada evolutiva como indivíduos que buscam o desconhecido, a cura da alma, a farmácia da natureza, a liberdade...

Os moradores construíram a escola de seus filhos, e ainda em 1995 havia a fagulha da motivação coletiva para a comunidade e com muito sacrifício a comunidade construiu o coreto da praça...

Esse era o Capão de ontem...

Hoje, há poucos meses, diante de uma má gestão da coleta de lixo no vale, saía com minha namorada de madrugada limpando os jiraus, ensacando adequadamente o lixo espalhado por maus educados e ornamentando os jiraus com grama, pedras com pinturas rupestres e envernizando as estruturas de madeiras... De madrugada, anonimamente...

Em 48hs roubaram 37 placas de grama do jirau dos Campos, ali eu percebi que os moradores do vale não eram mais os mesmos, não foram turistas que roubaram 37 placas de grama, para colocarem em mochilas e irem fazer trilhas, foi morador que roubou o que já era da comunidade toda.

Que tipo de morador passou a ter o vale do ano 2000 em diante?

Tentei acender mais uma luz no vale em 2019, tentei implantar  o “Amazônia Forever”, o projeto vencedor do maior concurso do Banco mundial, era simples, bastava cada pousada, cada hotel, disponibilizar de vez em quando em suas áreas de entretenimento cursos de ambientalismo, assim direcionaríamos o turista do Capão, chamaríamos de preferência os que já são despertos, ao invés de ficar recebendo gente que temos de dizer para não jogar lixo nas trilhas...

A velha guarda, meus amigos de 35 anos de Capão me disseram: - O Capão não é mais o mesmo Edie...

Eu, enganado, achei que eles haviam enriquecido e esquecido o espirito comunitário que os trouxeram aqui, mas eles estavam certos...

O Capão de hoje demora anos para construir um banheiro para os turistas da praça, a 20 anos construiríamos em um fim de semana de mutirão comunitário, o Capão de hoje permite que uma obra pública que veio verba para uma empresa capacitada construísse o calçamento da ladeira de acesso a vila, fosse feita por funcionários da prefeitura relocados de suas funções e o responsável pela obra era o porteiro noturno de uma escola, ao invés de um engenheiro no local conforme a lei obriga e eu mesmo procurei para apontar as falhas estruturais durante a bizarra execução do calçamento. O capão de ontem jamais permitiria isso, as mulheres retadas do Capão não deixariam...

No Capão de hoje roubam o sino da pizzaria do morador ilustre que tanto nos orgulha, o próprio Dr. Áureo me contou que doeu mais o socorro na ambulância nos buracos até o asfalto do que a própria fratura nos quadris...

Eu, de 1986 pra cá nunca fiquei 3 meses sem vir no Capão, morei aqui por 4 vezes e em breve, assim que isso mudar eu volto, aqui é o meu lar e o lar de muita gente do bem, gente feliz, que transborda amor, que confraterniza, que alegra a vida do próximo.

Essa corja de "pombo sujo" vai e o Capão fica, faça a sua parte, não adote um pombo sujo em suas hospedarias, casas de aluguéis e afins...


*Edie Meireles é empresário e ambientalista.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

A HARPIA E O DRAGÃO


 A HARPIA E O DRAGÃO

 Na última viagem que fiz à Muralha do Grande Abismo no coração do ermo desolado, quando atravessava curta meseta na cumieira de uma colina já chegando ao final desta tive ampla visão da imensa paisagem que se estendendo abaixo chega até a linha do horizonte azul que indefinido não permite se saber onde termina a terra ou onde começa o céu. Não muito longe na planície abaixo um grande incêndio laborava forçando estouro de rebanhos silvestres e densas nuvens de gafanhotos com alarido ensurdecedor migrarem fugindo em debandada para longe das chamas e para todos os lados. Então ao levantar meus olhos para o céu do meio da tarde me espanto ao ver um enorme dragão vermelho cujo corpo era de leão, cabeça de serpente com três chifres e a cauda de anaconda; turrando e lançando fogo pelas ventas em labaredas para destruir na Terra tudo que nela existe. Seu urro estrondava forte, tão forte que fazia-se ouvir por todo o austral do grande continente. Estremecido batia meu coração diante do formidável cenário.
 Uma harpia que pairava nas alturas mais acima, com seus olhos aguçados em busca de alimento, vê o estrago que o fogaréu faz na floresta dizimando todo o campo, habitat de seu sustento. Murchando as asas, num mergulho de enorme velocidade arte ferozmente em ofensiva e ataca o grande inimigo invasor por cima e atrás da cabeça com fortes bicadas em movimentos ágeis e precisos. O dragão rebate lançando em desespero longas chamas que no ar ogo se dissipam, não alcançando jamais a pequena e valente agressora. Embora desprovido do maravilhoso dom de expressão do pensamento – a fala – por algumas vezes eu vi a besta manear a cabeça ao observar a harpia em manobras no ar, e como que grandemente admirado, talvez cogitar sobre a enorme desproporção de porte e peso entre ele e a destemida guerreira. Contudo, a besta continuava tentando alcançar a ave com suas poderosas garras dianteiras, frustrando-se a cada instante ante o esquivar veloz da mesma que em manobras e reviravoltas disfere uma série de ataques com o vasado bico e as fortes garras no entroncamento da cabeça ao pescoço, atacando sempre por trás. A fera procurando desfazer-se do incômodo agressor estremece-se, todo corpo com violentas sacudidelas de cabeça. E mais a harpia finca suas também fortes garras nas carnes do pescoço da fera dilacerando com o bico os tendões de junção que ligam a cabeça ao corpo. Cai a noite deixando meio esmorecida a ave.
 De espírito estremecido eu apreensivo assistia aquele espetáculo dantesco no céu iluminado pelo grande clarão do incêndio na terra. Então eis que da montanha do Norte uma águia tem sua atenção chamada pelo vermelhidão do incêndio; e ao vir na direção do grande fogaréu dá por conta não só da singularidade do combate, como também da grande desigualdade entre os contentores. Porquanto sem mais tardar parte velozmente e entra na batalha, logo de início fazendo com o roçar do bico na queda veloz um grande rasgo danificando a membrana da enorme asa direita da fera o que tira todo o equilíbrio do bicho em vôo. Num dado momento resolve pousar no lombo do monstro, ao tempo em que a harpia em vendo isto deixa seu ponto de ataque aos cuidados daquela que oportunamente veio em seu socorro. Ao bater das asas mais fortemente para compensar o escape do ar pelo rasgo, este mais aumenta cansado maior desequilíbrio do pesado corpo do dragão que percebendo a inutilidade dos disparos há muito já desistira do canhão de cuspir fogo.
 E indômita noite adentro, e no céu prosseguia a batalha, já num plano mais baixo, na qual sem nada poder fazer eu também da terra tomava parte com o desespero de meu coração atormentado que descompassadamente pulsava ora batendo forte, e por vezes parecia parar a cada recrudescer dos ataques de ambas as partes.
 Asas, eu iria se tivesse, em favor do depauperado dragão que a cada instante mais descia o plano de voo. Mas, não! Exclamei quase envergonhado deste meu impulso ora perverso ora não de sempre me bater pelo que está com a sorte menor. Não, do início ao fim minhalma anseia pela vitória das benditas aves que em nome do Bem, do céu vieram para esmagar a maldita Serpente voadora que em voos noturnos e investidas silenciosas há quase meio século vem lançando labaredas malignas causando grandes danos a minha terra onde habitamos eu e meu povo.
  Saindo-me e deixando de lado tais pensamentos que por um tempo me envolveram, volto a peleja que agora já se passa diante de meus olhos no mesmo plano em que me encontro na colina coisa de cem braças acima da Planície. Neste instante meu peito estremece ao perceber que a águia já conseguiu romper os ligamentos que unem a cabeça ao corpo e a harpia já tem aberto enorme rasgo na outra asa da fera. O que vejo com meu coração em disparada, agora pela alegria incontida? A palavra Sagrada do Criador: O Triunfo do Bem sobre o Mal. O que se planta isto colher-se-á.
 E já sem forças, vencido pela exaustão, de cabeça descaída, a harpia, a águia, eu e meu cavalo, maravilhados, a grande fera o Dragão destruidor de vidas precipitar-se no imenso brasil ardente do lago de fogo embaixo na terra, vimos
 Nas calendas derradeira
 de nov. 2018 

Elomar F. Mello

quarta-feira, 20 de julho de 2022

MORRE O EX MINISTRO UBIRAJARA BRITO

Dr. Ubirajara Brito 


 O professor, cientista e pesquisador Ubirajara Brito, de 88 anos, morreu nesta quarta-feira (20), em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. Ele ocupou diversos cargos ligados à educação, ciência e tecnologia no governo do ex-presidente José Sarney.

Ubirajara estava internado no hospital Samur, em Conquista. A morte foi confirmada na madrugada desta quarta-feira.

O professor baiano ainda foi membro do Comitê de Ciência e Tecnologia da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Comissão Consultiva de Desenvolvimento Nuclear da Presidência da República, na década de 1980.

Ele também foi professor de física do Colégio Estadual da Bahia (Central) e professor adjunto da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia. Ele ainda atuou como professor da Faculdade de Ciências de Orsay da Universidade de Paris e pesquisador titular do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), entre 1971 e 1974.

Ubirajara também passou pela Rússia, nas universidades de Moscou e de São Petersburgo. Autor de alguns livros e um grande entusiasta da educação, Ubirajara era considerado uma inspiração para gerações de conquistenses.

Com reconhecimento no Brasil e no exterior, o professor ganhou medalhas e teve destaque com diversas publicações científicas.

Bira Bira como era conhecido, nasceu em Tremedal, no sudoeste da Bahia, estudou em Vitória da Conquista, antes de seguir para Salvador onde se formou como engenheiro civil.

A prefeitura de Vitória da Conquista divulgou nota lamentando a morte do professor. A prefeita Sheila Lemos manifestou pesar e solidariedade à família, amigos e admiradores.


Fonte: G1