segunda-feira, 4 de maio de 2020

CINEMA ATUALIDADE

Beto Magno



UMA VISÃO SOBRE O CINEMA ATUAL*


Juliana Vannucchi

Estudante de Comunicação Social
Para quem já assistiu a filmes antigos, fica evidente a diferença entre os filmes produzidos nos dias de hoje e os realizados antigamente. Hoje, a produção cinematográfica acontece em imensa escala e grande diversificação. Vê-se menos importância por parte dos produtores de cinema sobre o que será transmitido através de um filme, e maior importância sobre o fato de apenas produzir uma mercadoria que será vendida. Surgem a partir dessa fórmula os populares clichês, ou seja, filmes repetidos em situações, nos quais o espectador já sabe logo nas primeiras cenas o que está por vir ou, inclusive, qual será o final.
O cinema contemporâneo preocupa-se principalmente em apresentar para um público geral aquilo que essas pessoas querem e gostam de ver. A linguagem da maior parte dos filmes modernos é acessível a todos os espectadores e os enredos são simples, fáceis de ser compreendidos.
A temática dos filmes contemporâneos é normalmente singela, seguindo muitas vezes um modelo baseado em vilão-mocinha-herói e um núcleo cômico que se responsabiliza por ridicularizar as cenas e interpretar falas engraçadas. Esse estereótipo pode ser reconhecido sobretudo em comédias românticas, hoje um gênero incrivelmente adorado pelo público. Nesse tipo de filme, logo nas primeiras cenas é evidente quem se apaixonará por quem e quem terminará junto de quem. O espectador não tem nenhuma novidade no decorrer das cenas e não adianta perder seu tempo esperando atitudes inteligentes ou soluções práticas por parte dos personagens. O cenário visual costuma ser básico e o roteiro composto por uma linguagem de fácil entendimento.
Filmes de ação e de terror, hoje feitos em alta escala, também adotam cenas usuais presentes em vários do gênero. Quem nunca se deparou em filmes de ação com cenas de perseguições de carro frenéticas, em que o mocinho (incrivelmente habilidoso no volante) pratica manobras perigosas e sempre sobrevive? Ou com explosões grandiosas, chefes de polícia negros às vezes comendo rosquinhas, herói baleado mas nunca morto? E quem nunca viu, naqueles de terror, famílias que herdam residências abandonadas no meio do nada, para a qual se mudam? As cenas desses filmes de horror são comumente marcadas por barulhos misteriosos, coragem exagerada dos heróis, falta de energia na casa, entre outros momentos comuns em narrativas do gênero. Ambos os tipos de filmes contam geralmente com estrelas ou atores momentaneamente famosos nos papéis dos personagens principais. Esses atores e atrizes, por sua vez, passam a sensação de mau uso de seus talentos por não precisarem atuar de forma tão intensa. Nessa tipologia de filme, os coadjuvantes mal interferem nas cenas e os diretores deixam a criatividade de lado.
A maior parte dos filmes que entram em cartaz hoje em dia são curtos e óbvios. Muito clichê e pouca originalidade fazem o cinema atual funcionar: o cinema é hoje uma mercadoria abstrata que visa lucros, e para lucrar obviamente precisa vender. Portanto, vende aquilo que as pessoas desejam assistir. Enquanto o público receber bem e pagar para assistir aos clichês,essa fórmula de filmes continuará existindo. Uma observação que é necessária ser considerada é de que atualmente o mundo vive de forma rápida. As informações são distribuídas em uma velocidade impressionante e as pessoas estão cada vez mais conectadas, o que permite que o fluxo de informações e noticias seja veloz. Assim, num mundo rápido, o espectador espera também um filme rápido. Outro aspecto a ser levado em conta é que as cidades grandes, com suas naturais complicações e problemas, estressam seus habitantes, que buscam, portanto, no cinema, um momento de descanso, de quebra de uma rotina tão entediante quanto tensa. Os filmes propiciam um tempo para as pessoas relaxarem e se desligarem das dificuldades e contrariedades diárias. Não há, então, por que fugir de uma complicação vivida para assistir a uma fictícia. Desta forma, as pessoas vão atrás de um filme simples, que as faça sorrir ou que estimule sua imaginação através de cenários fantasiosos e inovadores, deixando de lado casos complexos e histórias complicadas que exijam alto grau de atenção e raciocínio.


*Artigo originalmente postado no portal "Plano Crítico" (http://planocritico.ne10.uol.com.br)

quinta-feira, 30 de abril de 2020

TÉCNICAS DE FILMAGEM


Por Beto Magno

Técnica de filmagem - Captura



ENQUADRAMENTOS



O enquadramento é o campo visual capturado pela objectiva da câmara. A esse
elemento capturado chamamos plano, o qual mediante a disposição dos elementos
ganha diferentes valores significativos e diferentes tempos de leitura.
São vários os tipos de enquadramento que se podem usar no momento de filmar.
Neste tipo de plano as costas e o ombro do
jornalista podem aparecer em algumas das
respostas do entrevistado, embora vá criar algum
ruído na imagem.
O entrevistado deve surgir sempre em primeiro
plano, olhando na direção do jornalista
O jornalista pode surgir em primeiro plano nas
perguntas, com um enquadramento similar ao do
entrevistado.
Este plano normalmente é gravado
posteriormente ao fim da entrevista. Nesta fase o
jornalista pode também “perguntar” usando como
imagem um plano médio, dando assim mais recursos de imagem para o trabalho de
edição

PLANOS DE CORTE
Este tipo de plano é essencial na construção de uma peça de televisiva já que permite a
mudança de planos, locais e momentos.
Um dos planos mais famosos em televisão é o plano de corte que utiliza as mãos do
entrevistado. Este típico plano causa ruído e distração sendo por isso considerado uma
coisa do passado.
Outros planos, não menos famosos, são o de alguém a escrever ou a imagem de uma
outra câmara de filmar. Estas também são imagens do passado que nada acrescentam e
que também causam ruídos, distração, quebra na história visual.
Ao usar o plano de mãos como plano de corte, o telespectador perde a atenção, e a
peça fica prejudicada na sua sequência informativa, já que as mãos não se relacionam
com o conteúdo.
Este plano deve ser substituídos por planos abertos, planos fechados ou pela utilização
do plano e do contra-plano do jornalista e do entrevistado.

OS CONTRA-PLANOS
É um plano recomendado sempre que existam condições para tal, já que facilita a edição
do diálogo.
O que é contra-plano do entrevistado? É a gravação deste calado enquanto olha para o
jornalista que lhe coloca a questão.
Por sua vez, o contra plano do jornalista, é naturalmente a imagem oposta, olha para o
entrevistado ouvindo-o numa atitude neutra, sem movimentos de cabeça a dizer que
“sim” ou “não”, nem recorrendo ao “uhm, uhm”.
O repórter de imagem é essencial nestas situações, já que deve avisar o jornalista dos
movimentos de cabeça caso eles existam.
O jornalista neste momento caso use microfone de mão, deve ter o cuidado, de efetuar
as questões colocando o microfone sempre à mesma distância que usou para colocar a
questão ao entrevistado durante a entrevista.



PLANO GERAL
O plano inteiro é outro que facilita o trabalho de edição.
Nas entrevistas em salas ou gabinetes, o plano geral
deve ser feito para que apareça o jornalista e o
respectivo entrevistado na imagem.
Este plano pode ser feito mais cedo, enquanto o
jornalista prepara a entrevista na conversa prévia com o entrevistado, ou pode ser feita
no fim, quando a entrevista terminou.



AS REGRAS
OS 180º
É uma regra que os repórteres de imagem devem respeitar. Traça-se uma linha
imaginária que une o jornalista ao entrevistado, e apenas se trabalha de um desses
lados, respeitando sempre o ângulo dos 180º, conforme a figura:
Ao ser respeitada a regra, o telespectador tem a facilidade de perceber que mesmo que
o jornalista e o entrevistado não apareçam juntos, o entrevistado está voltado para o
jornalista e vice-versa.



Centros de interesse
O interesse do telespectador sobe em função da localização do centro da imagem.
O centro de interesse principal deverá ser colocado no terço direito da imagem.
Se a imagem tiver um único centro de interesse, toda a ação se centra nele.
A imagem poderá ter dois centros de interesse e nesse caso a nossa atenção divide-se
por ambos.
Se uma imagem tiver vários centros de interesse, a atenção varia, centrando-se
alternadamente num ou noutro ponto, conforme a sua posição relativa



ESCALA DE PLANOS
Considerando um homem como exemplo, podemos dividir o seu espaço em três
grandes áreas demonstrativas
1. A que nos mostra o ambiente que o envolve
2. A que nos permite observar a ação que executa
3. A que nos possibilita analisar a sua expressão


Desta forma surgem três grupos de planos: Ambiente, Ação e Expressão


Os planos de ambiente podem ser:_ PMG – Plano Muito Geral

_ PG – Plano Geral



Os planos de ação podem ser:



_PGM – Plano Geral Médio
_PA – Plano Americano
_ PM – Plano Médio



Os planos de expressão podem ser:



_ PP – Plano Próximo
_ GP – Grande Plano
_ MGP – Muito Grande Plano
_ PD – Plano de Detalhe





AS CARACTERÍSTICAS DOS DIVERSOS PLANOS
PLANO MUITO GERAL (PMG) – É o plano que não tem
qualquer limite, é bastante geral. Contém, essencialmente, o
ambiente. O elemento humano quase que não é visível na
imagem.

PLANO GERAL (PG) – Este plano também se centra no
ambiente. Apesar disso já se vê o elemento humano na
imagem. Este plano já contém alguma ação apesar de o
ambiente ainda prevalecer.
PLANO AMERICANO (PA)Neste plano, apesar do ambiente
estar presente, o conteúdo principal é a ação das personagens.
O limite inferior da imagem corta o ser humano pelo meio da
coxa.



PLANO MÉDIO (PM) – O ambiente não surge neste plano. Este
plano caracteriza-se fundamentalmente pela ação da parte
superior do corpo humano. O plano é cortado pela cintura. Este
plano é considerado um plano intermédio entre a ação e a
expressão.
PLANO PRÓXIMO (PP) – Este plano é cortado pouco abaixo das
axilas. Permite por exemplo imagens de alguém a fumar,
cortando totalmente o ambiente em redor. Este tipo de planos
privilegia o que é transmitido pela expressão facial.



GRANDE PLANO (GP) – Este plano é a expressão na sua máxima
importância. É um plano que é cortado pela parte superior dos
ombros. Este plano retira a ação e o ambiente da imagem.
MUITO GRANDE PLANO (MGP) – Plano de expressão exagerado.
É um plano que ao ser cortado pelo queixo e pela testa permite
que seja aumentada a carga emotiva da imagem para o
telespectador.




PLANO DE DETALHE (PD) – Este plano foca apenas parte de um
corpo, desmontando assim o corpo humano. Este plano permite
também que seja aumentada a carga emotiva da imagem, ao
focar, por exemplo, uns olhos a chorar.





Ao introduzirmos movimento na câmara, criamos outro tipo de planos dependentes
desse movimento ou do uso de um ângulo diferente dado à câmara. Assim temos:
FOCA-DESFOCA – Plano em que ao focar-se o primeiro elemento mais próximo desfoca-se
o segundo elemento.



ZOOM – Aproximação, ou afastamento, a determinado objecto. Este tipo de plano deve
ser equilibrado, não deve ser muito rápido nem exageradamente lento



PANORÂMICAS – Normalmente é um movimento efetuado de acordo com a nossa
leitura ou seja da esquerda para a direita apesar de se poder efetuar no sentido
contrário. Também é um plano que requer equilíbrio, não devendo ser nem muito
rápido nem muito lento. Neste plano, o movimento da câmara é apoiado no eixo do
tripé.
TILTS – Movimento parecido com a panorâmica. O movimento é também efetuado
normalmente de acordo com a nossa leitura, de cima para baixo, apesar de se poder
efetuar no sentido oposto. É também um plano que requer equilíbrio, não deve ser
nem muito rápido nem muito lento.



TRAVELLING – Movimento bastante utilizado no cinema. A câmara efetua um
determinado percurso. Este tipo de plano é normalmente utilizado em situações de
explicação de determinada situação/movimento.



TRACKING - Movimento que segue uma personagem ou um objecto que se movimenta,
como se fosse uma perseguição.



Este gênero de planos deve ser utilizado com bom senso. O uso excessivo na mesma
peça deste gênero de planos acaba por transmitir a ideia de um trabalho feito à imagem
de um vídeo de casamento.



ALGUNS APONTAMENTOS RELATIVAMENTE AOS PLANOS



Apesar da descrição sucinta de cada plano, os limites referidos nunca são rígidos. Cada
caso é um caso, e se determinado plano (feito de acordo com as regras apontadas) é
indicado para determinada peça isso não significa que esse mesmo plano resulte na
peça seguinte.
O repórter de imagem, em consonância com o jornalista, seu colega de equipa, deve
optar sempre pelos planos que vão encaixar na história. Para isso é fundamental o trabalho de equipa e um perfeito conhecimento das razões pela qual estão a fazer
aquele trabalho. Uma boa preparação do trabalho é fundamental para que exista um
bom trabalho de equipa.
Nota: Filmar é contar uma história, não é apontar a câmara e carregar no botão.



ERROS DE ENQUADRAMENTO



A IMAGEM EGÍPCIA
Um erro habitual é quando o entrevistado fica de lado para a câmara, ficando assim o
entrevistado de lado, e metade do visor vazio. É uma imagem pobre e errada, que nada
diz ao telespectador.
Este erro tem uma solução extremamente fácil, o jornalista coloca-se sempre ao lado da
câmara de filmar. O entrevistado surge bem enquadrado na imagem já que olha para os
olhos do jornalista. Desta forma o telespectador pode observar as expressões do
entrevistado, detalhes que acabam por reforçar a ligação entre o entrevistado e o
telespectador.
IMAGENS PICADAS



O olhar da pessoa deve estar sempre ao nível da objectiva. Nunca se deve filmar um
convidado ou jornalista de cima para baixo (picado), ou ao contrário de baixo para cima
(contrapicado). No caso de alguém filmado de cima para baixo estamos a dar uma
imagem do convidado de ser alguém diminuído. Se o convidado for filmado de baixo
para cima estamos também a dar uma falsa imagem de poder.
ABERTURAS, PASSAGENS E FECHOS



O jornalista nunca deve surgir em plano próximo em
qualquer destas situações devendo usar o plano médio.
A posição do jornalista deve ser ligeiramente diagonal,
com o cenário em fundo. O telespectador fica, desta
forma, com um enquadramento mais agradável



Ao usar as passagens, o jornalista nunca deve ficar no centro da imagem, mas sim num
dos lados, para que o ponto de fuga ser aproveitado, valorizando a informação visual.
Neste tipo de imagens o limite é sempre a cintura. Porém, caso seja necessário, pode-se
usar o plano inteiro, sendo este fechado até se atingir a zona da cintura.
Para este tipo de imagens serem utilizadas e bem feitas o trabalho de equipa entre o
jornalista e o repórter de imagem é fundamental. Assim o conjunto do ambiente e do
jornalista saem reforçados.
Os movimentos de câmara e do jornalista devem ser treinados para que exista
sincronização.
As passagens, aberturas e encerramentos não devem ser iguais. O jornalista deve ter
todas as condições para uma boa imagem e o repórter de imagem deve orientar o
jornalista de modo a que os enquadramentos sejam os corretos.
Este tipo de planos deve reforçar o trabalho da equipa e a qualidade do trabalho e não o
contrário.