quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

"O ANJO EXTERMINADOR" DE LUIS BUÑUEL


Por André Setaro


Os 51 anos de O anjo exterminador (El angel exterminador, 1962), de Luis Buñuel, obra-prima do surrealismo cinematográfico, não podem passar em branco. Sobre ser o maior realizador surrealista da história do cinema, Luis Buñuel tem uma trajetória desigual, cheia de acidentes de percurso, vindo a estrear, em fins dos anos 20, com filmes puristas no que diz respeito aos postulados surrealistas: Un chien andalou (Um cão andaluz, 1928), em colaboração com o excêntrico Salvador Dali, e, dois anos depois, L'âge d'or (A idade do ouro, 1930). Nestas duas obras, Buñuel pretendeu passar ao cinema o surrealismo em estado bruto: as imagens se desenrolam como num processo onírico de associação de idéias. A cena inicial de Un chien andalou é clássica: um homem, com uma navalha, decepa o globo ocular de uma mulher enquanto as nuvens passam, indiferentes, no céu enluarado.
Em 1962, quando O anjo exterminador estreou em Paris, o exibidor solicitou a Buñuel que escrevesse alguma coisa para ser colocada na porta do cinema, a fim de esclarecer melhor os espectadores. Buñuel escreveu o seguinte: "A única explicação que pode ter esse filme é que ele, na verdade, não tem nenhuma." Woody Allen, em seu recente Meia-noite em Paris (Midnight in Paris), quando do retorno no tempo aos esfuziantes anos 20 na Cidade Luz, há um momento impagável: o personagem se encontra com o próprio Buñuel e dá a ele a idéia de fazer um filme como O anjo exterminador sobre um grupo de burgueses que depois de um jantar comemorativo, sem que haja obstáculos que o impeçam de sair, ficam trancados meses e meses na mansão. Buñuel se espanta com a idéia e diz que não compreendeu o por que de o grupo não poder sair.
Em 1955, Luis Buñuel se encontra com André Breton em Paris e este, desanimado, aborrecido, diz ao cineasta: "O escândalo não existe mais!" Breton, autor do manifesto surrealista, é o seu principal nome. Se o escândalo não existe mais, pour épater les bourgeois (para escandalizar os burgueses), o que se pode dizer hoje, decorridos mais de 50 anos, no momento de vale-tudo em que o BBB expõe, sem arte e sem surrealismo, a demência verificada na mentalidade da sociedade atual? A juventude, passou-a nos atribulados anos 20 em Paris, quando os artistas se amontoavam (como mostra Midnight in Paris, como mostra Sinfonia em Paris/An american in Paris, 1950, de Vincente Minnelli, entre tantos outros). Na capital da França, o aragonês Buñuel conheceu a nata e ficou amigo de muitos, além de trabalhar como assistente de direção em uma ou duas películas. Mas o que o atraiu mesmo foi o movimento surrealista liderado por André Breton. Nos anos 30, teve uma experiência mal sucedida em Hollywood, e, com a Guerra Civil da Espanha (1936/1939) exilou-se no México, onde estabeleceu a sua residência, ainda que, no final da carreira tenha filmado bastante em Paris. Terminadas as filmagens, porém, voltava para o aconchego de sua casa mexicana.
Metáfora surrealista sobre o homem e a sociedade, El angel exterminador (o título é bíblico, premonitório e profético) tem na impossibilidade de sair da mansão, sem que nada impeça que seus convidados saiam, um recurso de surrealismo que o autor utiliza para, na verdade, fazer um estudo de comportamentos, um laboratório para a observação de burgueses metidos a aristocratas que, com o tempo, fazem com que caiam as suas máscaras de hipocrisia, e, em consequência, as normas de etiquetas sejam relegadas.
Em uma suntuosa mansão de Nóbile (Enrique Rambal) se celebra um jantar elegante depois que os participantes voltam de uma ópera. Ao término da recepção, os convidados se dão conta de que não podem abandonar o salão. Reclusos por força invisível naquele lugar, iniciam um verdadeiro processo de degradação que deixa a descoberto o ser primário e zoológico que luta para sobreviver e, com isso, são esquecidos todos os prejuízos e convencionalismos sociais. Tudo é pulverizado e destruído, inclusive os luxuosos trajes dos personagens e o mobiliário rico da sala. Eles se alimentam graças a uns cordeiros que conseguem pegar – e que vivem, surrealisticamente, dentro da mansão, recorrendo a toda a classe de fórmulas – cerimônias mágicas, invocações maçônicas, rezas – numa série de tentativas para por fim àquela situação. O parágrafo seguinte contém spoiler e para os suscetíveis melhor que não seja lido.
Finalmente, depois de vários meses de reclusão, os convidados repetem os instantes finais da festa, e, desse modo, conseguem sair da casa. Na catedral do México, assistem a um solene Te Deum. Mas, findo este, comprovam que nem os oficiantes nem seus assistentes conseguem abandonar a igreja. O plano final apresenta cordeiros que entram na catedral enquanto nas ruas explode uma revolução.
(Na versão disponível em DVD de O anjo exterminador, a empresa distribuidora achou por bem cortar uma cena. No original, quando os convidados chegam à mansão de Nóbile, a chegada deles, entrando pela porta e subindo as grandes escadarias, é filmada duas vezes sob dois ângulos diferentes. O responsável pela edição do DVD cometeu um desastre com o corte, interferindo indevidamente na integridade da obra cinematográfica. Talvez por achar que, com a supressão de dois momentos idênticos, viesse a dar mais legibilidade ao filme. Já a versão em VHS, distribuído pela Sagres, mantém a obra na sua integralidade).
O surrealismo parte de uma atitude revolucionária em filosofia, cujo verdadeiro objetivo não consistiria em interpretar o mundo, mas, sim, em transformá-lo. Na forma exposta por seu principal animador, André Breton, o surrealismo revela forte influência do materialismo dialético, dele retirando sua "lógica da totalidade". Assim como o sistema social constitui um todo e nenhuma de suas partes pode ser compreendida separadamente, a arte não deve ser o reflexo de uma parcela de nossa experiência mental (a parcela consciente), mas uma síntese de todos os aspectos de nossa existência, especialmente daqueles que são mais contraditórios.
O surrealismo buñuelesco se, no princípio, seguia fielmente os postulados bretonianos, com o passar do tempo foi se diluindo, com o acréscimo de um humor refinado, sutil, ainda que bem corrosivo, a exemplo de O charme discreto da burguesia (1973), O fantasma da liberdade (1974) e Este obscuro objeto do desejo (1977, seu último filme, pois viria a morrer em 1983. Entre os seus filmes de minha predileção, os dois primeiros, Ensaio de um crime (1956), Viridiana (1960), que causa escândalo na época, O anjo exterminador, Nazarin, O alucinado,La mort em CE jardin, A bela da tarde, e Ocharme discreto da burguesia. Sem esquecer de uma fita mexicana, Los olvidados, que realizou em 1950. Em Este obscuro objeto do desejo, por exemplo, uma mesma personagem é interpretada por duas atrizes diferentes.
Obra sobre a alienação dos indivíduos alienados por crenças e atitudes, e, também, sobre as vacuidades das fórmulas postiças de convivência, El Angel exterminador constitui, de certo modo, uma prolongação dos grandes temas apontados em Laje d'or., mas com uma maturidade e lucidez ideológicas tais que fazem do filme uma síntese perfeita de toda a obra e ideário de seu autor. O roteiro original – de Buñuel e Luiz Alcoriza – leva o expressivo título de Os náufragos da Rua da Providência. O anjo exterminador foi premiado em Cannes (1962), Sestri-Levante (1962) e Acapulco (1963).

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

BASTIDORES DE UMA SALA DE CINEMA

Sala de Cinema
Operador (projecionista) fazendo emenda em película de 35mm, na bancada da enroladeira
Juntando as Partes de Filme Para Exibição e Carretel Gigante II
Juntando as Partes de Filme Para Exibição e Carretel Gigante
Filme pronto para ser rodado no cinema

COISAS DE CINÉFILOS II

Bancada com Coladeira e Enroladeira

COISAS DE CINÉFILOS

 Carreteis e filmes de 16mm

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

ATENÇÃO ATORES E ATRIZES!!!


A Jaguatirica Cine é a produtora local da série de tv israelense "Malabi Express", que terá episódios gravados na Bahia (Morro de São Paulo e Salvador). A série é uma comédia para o Canal 10 e terá 13 episódios de 26 minutos. A produção de elenco está sendo feita pela CAP - Escola de Tv e Cinema, sob a direção de Rada Rezedá. As gravações começam em março.  

‎Para  Malabi Express, a CAP está selecionando atores com os seguintes perfis: 
*ATRIZ MORENA CLARA -TIPO LATINA -40 ANOS 

*ATRIZ MUITO BAIXA E BRANCA - (quase anã) 30/35 ANOS

*ATOR BRANCO OU MORENO CLARO (quase 90 anos) - PODE SER 60/70 ANOS (FAZ-SE ENVELHECIMENTO POR MAQUIAGEM)

*ATOR 40 /50 ANOS BRANCO/MORENO CLARO

*ATRIZ - 30 /35 MORENA CLARA/ BRANCA

*ATRIZ 80 ANOS, GORDA, BRANCA OU MORENA CLARA- PODE SER 60/70 ANOS ( FAZ-SE ENVELHECIMENTO POR MAQUIAGEM)

*ATOR 20/30 ANOS - NEGRO

Interessados podem enviar fotos profissionais e currículo para: capelenco@gmail.com
Colocar no assunto: FILME INTERNACIONAL

Réquiem Para Laura Martin - Trailer


ANSELMO VASCONCELLOS é o atormentado Maestro, um homem dividido entre a paixão de sua musa e amante Laura Martin e o amor quase fraternal de sua esposa. O personagem Maestro foi escrito pelo autor Paulo Duarte tendo em mente Anselmo Vasconcellos desde o início. O ator já participou de mais de cinquenta filmes, entre os quais se destacam: Se Segura, Malandro!, de 1978 e Bar Esperança, o Último Que Fecha, de 1983, ambos de Hugo Carvana; A República dos Assassinos, de 1979, de Miguel Faria Jr. e Brasília 18%, de 2006, de Nelson Pereira dos Santos, entre outros. Na televisão, participou de telenovelas e minisséries, no humorístico Bronco, exibido pela Band, e atualmente atua no humorístico Zorra Total, na Rede Globo.
 
 
 
 
 
CLAUDIA ALENCAR vive com uma interpretaçao densa e magistral a dedicada esposa Raquel, que ama intensamente seu marido, apesar do desprezo e maus tratos de Maestro. Claudia passou a ocupar a cena brasileira a partir de 1975, onde estreou com Antunes Filho, num teleteatro da TV Cultura. Desde então atuou em 23 peças de teatro como Tartufo, de Moliére, com Paulo Autran; Tiro ao Alvo, com Marco Nanini; A Partilha, de Miguel Falabella; Quase 84, de Fauzi Arap; O Momento de Mariana Martins, de Leilah Assumpção; Os Inconquistáveis, de Mario Vargas Llosa, entre outras. Atuou em 32 trabalhos para a televisão e 8 longas metragens.
 
 
ANA PAULA SERPA é a musa Laura Martin, mulher misteriosa que seduz e enfeitiça. Esta talentosa atriz gaúcha, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, já fez participações em filmes como Bens Confiscados, de Carlos Rochenbach e O Homem Que Copiava, de Jorge Furtado. Réquiem para Laura Martin é seu primeiro papel de destaque no cinema.
 
 
Melhor amigo e cúmplice do Maestro em sua obsessão por Laura Martin, Dr. Guilherme é interpretado por CARLO MOSSY, ator veterano e ícone do cinema independente brasileiro há mais de quatro décadas. Mossy, além de trabalhos para a TV, Teatro e Cinema, é um homem de múltiplos talentos, fala diversas línguas e prepara um projeto de sua biografia em livro e filme.
 
 
Amante de Laura, um brinquedo nas mãos do Maestro, Giulliano é interpretado com coragem e entrega pelo ator LUCIANO SZAFIR. Luciano iniciou sua carreira como modelo até realizar suas primeiras novelas na TV Globo. Atualmente faz parte do quadro de atores da TV Record. Com experiências no cinema independente norte-americano e personagens desafiadores como Giulliano de Réquiem Para Laura Martin (personagem escrito por Paulo Duarte, especialmente para Luciano), Luciano Szafir, paralelamente a seus trabalhos com perfis mais comerciais, tem buscado construir uma carreira sólida e séria para além das meras aparências.
 
 
José Fernando Muniz é o escritor Jonas, designado por sua editora para tentar convencer o Maestro a deixar que escreva sua biografia. JOSÉ FERNANDO MUNIZinicia sua carreira como ator nos anos 80 no Rio de Janeiro, paralelamente começa sua formação como cantor lírico, transferindo-se para Milão,  participando de temporadas líricas na Itália e outros países da Europa sob a regências de grandes maestros (Riccardo Chailly, Claudio Abbado...). Desempenhou várias funções de destaque na Orchestra e Coro Sinfonico di Milano Giuseppe Verdi. Em 2004 fundou a sua prórpia agência lírica e passou a produzir óperas e outros musicais.  De volta ao Brasil em 2009 retoma o seu trabalho como ator e inicia  as suas atividades como Produtor Executivo, Diretor de Produção e International Sales Manager no âmbito do cinema.

Réquiem Para Laura Martin - Teaser [HQ]

sábado, 19 de janeiro de 2013

CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA FAZENDO ELENCO PARA FILME ESTRANGEIRO QUE SERÁ RODADO EM SALVADOR - BAHIA



ATENÇÃO ATORES E ATRIZES!!!

CAP- ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA FAZENDO ELENCO PARA FILME ESTRANGEIRO QUE SERÁ RODADO NA BAHIA SALVADOR




*ATRIZ MORENA CLARA -TIPO LATINA -40 ANOS 

*ATRIZ MUITO BAIXA E BRANCA - (quase anã) 30/35 ANOS.

*ATOR BRANCO OU MORENO CLARO (quase 90 anos) - PODE SER 60/70 ANOS ( FAZ-SE ENVELHECIMENTO POR MAQUIAGEM)

*ATOR 40 /50 ANOS BRANCO/MORENO CLARO

*ATRIZ - 30 /35 MORENA CLARA/ BRANCA

*ATRIZ 80 ANOS, GORDA, BRANCA OU MORENA CLARA- PODE SER 60/70 ANOS ( FAZ-SE ENVELHECIMENTO POR MAQUIAGEM)

*ATOR 20/30 ANOS - NEGRO

ESTES SÃO OS PERFIS QUE NECESSITO PARA SELEÇÃO DE ELENCO
PARA UM FILME INTERNACIONAL QUE SERÁ RODADO NA BAHIA EM BREVE.

QUEM ESTIVER NO VERDADEIRO PERFIL E SE INTERESSAR


ENVIAR BOAS FOTOS PROFISSIONAIS E CURRÍCULO ( TUDO EM UM SÓ MAIL)

PARA capelenco@gmail.com

Colocar no mail ASSUNTO: FILME INTERNACIONAL

POR FAVOR SEGUIR AS INSTRUÇÕES ACIMA.



Beto Magno

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ABISMO ENTRE INVESTIMENTO PUBLICO E NUMERO DE ESPECTADORES MARCA CINEMA DO PAÍS EM 2012


MATHEUS MAGENTA
RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO



Os cofres públicos do Brasil devem financiar filmes comerciais, que faturam alto na bilheteria, ou obras mais autorais, que sofrem para conseguir verba de produção e espaço em salas de cinema?
Levantamento feito pela Folha a partir dos dados divulgados pela Ancine (Agência Nacional do Cinema) sobre o mercado de cinema em 2012 demonstra o abismo existente entre a verba pública investida em um filme e seu número de espectadores.
O documentário "Expedicionários", de Otavio Cury, recebeu R$ 341 mil dos cofres públicos e foi visto por 104 pessoas nas salas de cinema. Ou seja, o filme obteve R$ 546 em bilheteria -e a verba pública investida corresponde a R$ 3.286 por espectador.
"As pessoas gostam dos filmes. Mas quase não há espaço para exibi-los. Não deixo de brigar para que eles sejam vistos também no circuito alternativo, que não entra nos dados da Ancine", diz Cury, também diretor de "Constantino", outro dos dez filmes nacionais menos vistos em 2012.
Por outro lado, "Até que a Sorte nos Separe", campeão nacional de bilheteria, recebeu ao menos R$ 2,7 milhões dos cofres públicos e foi visto por 3,3 milhões de pessoas (R$ 0,82 por espectador).
Fabiano Gullane, um dos produtores do longa que arrecadou R$ 33,8 milhões, diz que o sucesso de público gerou "muito mais" dinheiro em impostos do que os recursos públicos investidos.
Ilustração Lydia Megumi/Editoria de Arte
"É um bolo dividido em muitas rendas, que são reinvestidas em outras produções. O problema do cinema nacional é o número reduzido de salas, o que dificulta o encontro com o público."
Hoje há 2.515 salas de cinema no país, segundo dados da Ancine --em 1975, eram quase 3.300 salas. Parte dos cineastas brasileiros reclama de preconceito por parte de distribuidores e exibidores.
"Quando há potencial, o exibidor dá espaço e o filme fica em cartaz", rebate Paulo Lui, presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas.
Mas até filmes com um tom mais comercial naufragaram em 2012. A comédia "A Novela das 8", por exemplo, captou R$ 3 milhões em dinheiro público e foi assistida nos cinemas por 5.147 pessoas (R$ 582 por espectador).
"Vários fatores contribuíram para números tão pequenos. Poucas cópias, nenhum marketing e a estreia próxima a dois blockbusters", justifica o diretor Odilon Rocha.
Bruno Wainer, que dirige a distribuidora e produtora Downtown, responsável por seis das dez maiores bilheterias nacionais de 2012, critica os filmes que não são vistos nos cinemas nem vão a festivais.
"Há cineastas que dirigem dois ou três filmes que não fazem sucesso e que não são relevantes, mas eles continuam a receber dinheiro [público] para produzir", diz Wainer.
De 2011 para 2012, houve queda no número de títulos (de 99 para 83) e de público (17,8 milhões para 15,5 milhões) nos filmes nacionais.
Com o sucesso das comédias, a participação nacional na bilheteria passou de 5,8%, no primeiro trimestre, para 22,7%, no último trimestre.
Para 2013, as principais apostas são "O Tempo e o Vento", de Jayme Monjardim, e uma sequência de "Até que a Sorte nos Separe".

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

CUMPLICIDADE POR NATUREZA


por Mush Emmons
O grande desafio e prazer do diretor de fotografia é fazer seu artifício sumir e promover para o maior número de pessoas possível uma peregrinação ao mundo visual que liquidará tudo que foi sentido meros momentos antes.  Englobando enquadramento, tipo de luz, paleta de cores e textura, atores, figurino, direção de arte, maquiagem, movimento e interação dos elementos dentro do quadro, condições para captar bom áudio, dirigir as equipes de câmera  iluminação e maquinaria  promover uma comunicação animada, clara, e eficiente entre todos os departamentos.  Isso também faz parte.
Todos nós queremos ganhar perspectiva, seja qual for, e isso é uma função fundamental de arte.  O cinema é a maior representante do mundo de perspectiva na coletiva.  Os artistas evoluem suas linguagens, aprendendo dos mestres ou, como autodidatas seguem na jornada autodefinida com técnicas a dominar.  Com tempo, a prática faz parte da intuitiva e, como respirar, precisa apenas sentir e tocar.  O método e gerência de cinematografia pode ser bastante complexo.  Como um escritor de luz, leva anos para criar uma linguagem própria com tanta aparelhagem e gente.  Os mais precoces mostram cedo seus talentos do equilíbrio de visão e passam o resto das vidas afinando. O fotógrafo age como um poliglota visual, criando um idioma próprio para cada filme.
Tento aplicar um senso de narrativa, aliado com uma viabilidade técnica dentro do orçamento, a fim de construir uma gramática de um projeto.  Por desejo e necessidade, minha proposta de fotografia é o que o roteiro promove.  Depois de ler, começa o diálogo com o diretor.  Há imagens na imaginação dele(a) que marcam como pontuações explícitas no filme.  Referências de cinema e as outras artes visuais começam  a surgir e encaminhar as conversas.  O divertimento é construir, pensando na sala escura, a plateia imersa nas imagens e som.  Naquele momento tudo é possível.  Quando o diretor é o roteirista, também, a convivência dele com o roteiro é profundo e obcecado.  O conceito do roteiro me provoca articular uma resposta digna à obra.  De repente, me deixa com mais perguntas que respostas.  Se tiver muitas, já mostrou que me fisgou e será necessário saber mais desse novo mundo e como será criado na tela.
O produtor é o parceiro crítico e viabiliza tudo que queremos fazer, ou não.  Quando o roteiro é decupado e começam os cálculos das palavras no papel virando cinema, o produtor aciona com os pés plantados no chão.  Com uma catraca e gancho recolhe nossas cabeças do meio das nuvens.  O diálogo com o produtor precisa ser franco, aberto e transparente dos dois lados.  Um bom produtor(a) nos protege das visões fora de nosso alcance.  Essa pessoa é quem, pela manha financeira, paciência, responsabilidade e sinceridade, plenamente nos apoia, mantendo a produção nos trilhos.  Quando diz que não pode, sustenta com argumentos que geram razão, sinalizando um caminho alternativo que poderemos acatar.
Os atores são nossos meios de emoção.  Estamos todos na equipe para sustentar aquele momento efêmero.  Realmente, quando se trata de bons atores, fico arrepiado, perto de uma atuação incorporada.  Tento fazer tudo possível para que meu mecanismo cinematográfico não impeça as emoções que fluem das almas dos atores.  Desde o início, nossa relação é bem íntima. Entre eles e a câmera, tudo é cumplicidade por natureza. Preparar e administrar o dia para os atores é uma responsabilidade que sinto como obrigação fundamental.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

CINEMA ANTIGO X CINEMA ATUAL

Por Beto Magno


Atualmente a indústria cinematográfica ampliou a imagem do cinema, com o surgimento do som, em seguida a cor, até os formatos maiores de tela e projeção, e finalmente o 3D digital que hoje faz parte da evolução do cinema e tem grande importância. Com as novas tecnologias, houve uma eliminação de cenas desnecessárias e pouco explicativas para o enredo do filme e uma grande aproximação com a realidade através de efeitos especiais e outros recursos como figurinos, cenários e elementos de cena.
Com esses novos recursos cinema vem conquistando cada vez mais as pessoas, pois assim fica muito mais fácil prazeroso e agradável assistir um filme. Hoje em dia quando vemos um filme atual, ficamos encantados com a perfeição e todas as técnicas usadas para passar o maior realismo possível, ano após ano essas técnicas de produção, efeitos especiais e a quantidade de recurso disponível para realização dos filmes, melhoram bastante. Esse grande avanço sem dúvidas continuará, serão inúmeros recursos cada vez mais modernos e que farão coisas incríveis ainda nos dias de hoje, uma coisa é certa, a evolução dessas grandes técnicas cinematográficas estarão sempre ligadas diretamente às novas tecnologias, seja na forma de distribuição do conteúdo ou mesmo na produção, e isso se repassa a população em geral. Essas novas técnicas revolucionaram o mundo e seus conceitos de arte, levando as pessoas a conhecerem mais sobre os outros povos e outras organizações sociais e culturais.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

HERMANO PENNA

Hermano Penna 

Trinta anos se passaram desde que “Sargento Getúlio” (1983) transformou o (então estreante) cearense Hermano Penna em uma das maiores promessas do cinema brasileiro. Depois de viajar por 20 festivais internacionais, uma leva de 32 prêmios celebrizou a adaptação do romance homônimo lançado em 1971 pelo baiano João Ubaldo Ribeiro e que, até hoje, jamais saiu em DVD. Tudo começou por Locarno, na Suíça, em cuja mostra Penna ganhou um prêmio especial de direção, empatado com um cineasta negro americano estreante, um certo Spike Lee, laureado por “Joe’s Bed-Stuy Barbershop: We cut heads”. Ali foi o pontapé de uma carreira ascendente, que ao longo de três décadas jamais repetiu o mesmo feito. Mas ela agora esboça uma retomada, com um longa novo, já finalizado: “Aos ventos que virão”, com Rui Ricardo Dias (de “Lula, o filho do Brasil”). Sua ambientação é similar à do faroeste caboclo com Lima Duarte, que, nos anos 1980, conquistou cinco Kikitos em Gramado e fez História como um painel das sequelas do Estado Novo, ao ser lançado no fim da ditadura militar.


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

DA MISÉRIA CULTURAL BAIANA

Por André Setaro


Já publiquei este artigo há dois ou três anos tanto aqui, no blog, como na revista eletrônica Terra Magazine, mas creio que vale a pena republicá-lo, pois o tempo passa e a memória do brasileiro, principalmente dos baianos, é curta - quando existe.
Diz-se que a Bahia já teve seu Século de Péricles, uma alusão ao período efervescente que se situou nos anos 50 e na primeira metade dos 60, quando Salvador congregava o que havia de mais criativo na expressão artística. Estimuladas pela ação da Universidade Federal da Bahia, comandada, e com mão de ferro, pelo Reitor Edgard Santos, as artes desabrocharam com o surgimento do Seminário de Música, da Escola de Teatro, do Museu de Arte Moderna, dos inesquecíveis concertos na Reitoria, da porta da Livraria Civilização Brasileira na rua Chile, dos papos ao por do sol frente à estátua do Poeta, no bar e restaurante Cacique, dos debates calorosos da Galeria Canizares (no Politeama), da "boite" Anjo Azul (na rua do Cabeça), entre tantos outros pontos que faziam da Bahia um recanto pleno de engenho e arte.
Na Escola de Teatro, por exemplo, que, inicialmente, foi dirigida por Martim Gonçalves, montava-se, lá, de Bertolt Brecht, passando por Ibsen, Eugene O'Neill, entre tantos, a Strindberg, com um rigor inusitado, e tal era a excelência de seus espetáculos que vinham pessoas do sul do País, e até do exterior, vê-los encenados "in loco". No curso de preparação de ator, o estudante levava alguns anos para poder participar de uma montagem teatral, iniciando a sua trajetória como um mordomo mudo ou de poucas falas. Somente ter o seu nome no programa da peça já era um prêmio, uma alegria, um consolo.
O recente livro, "Impressões Modernas - Teatro e Jornalismo na Bahia", de Jussilene Santana, analisa a configuração do teatro como temática na imprensa baiana em meados do século XX e, pela primeira vez, faz justiça a Martim Gonçalves, o responsável pela excelência das montagens teatrais, criador da Escola de Teatro (que hoje tem o seu nome), mas muito criticado na sua época e até mesmo denegrido pelos opositores. Após a leitura deste livro imprescindível, a conclusão é única e inequívoca: sem Martim Gonçalves não se teria um teatro baiano do nível a que chegou, ainda que, décadas depois, tenha perdido todo o seu vigor, transformando-se num grande proscênio destinado à proclamação de "besteiróis", honradas as exceções de praxe.
Cinqüenta anos depois, meio século passado, a realidade cultural baiana é uma antípoda da efervescência verificada, uma época que foi chamada, inclusive, de "avant garde" pela sua disposição de inovar, pela marca de vanguarda da mentalidade de seus artistas e intelectuais. Atualmente, a Bahia regrediu muito culturalmente a um estado, poder-se-ia dizer, pré-histórico, e o "homo sapiens" do pretérito se transformou no "pithecantropus erectus" do presente. Aquele estudante do parágrafo anterior, por exemplo, não existe mais.
Na Bahia miserável da contemporaneidade, qualquer um pode pular em cima de um palco, qualquer um se sente apto a dirigir uma peça, "mexer" com cinema, fazer filmes. Com as sempre presentes exceções de praxe, o teatro que se pratica na Bahia é um teatro besteirol, que faria corar aqueles que participaram da antiga escola de Martim Gonçalves.
A Bahia não está apenas mergulhada em bolsões de pobreza, na violência diuturna e desenfreada, com seu povo excluído de tudo - e até mesmo dos cinemas, mas do ponto de vista cultural a miséria é a mesma. Miséria cultural, descalabro, ausência do ato criador, apatia, desinteresse. Eventos existem para a satisfação de pseudo-intelectuais que não possuem as bases referenciais necessárias para a compreensão do que estão a ver ou a ouvir. O momento presente, se comparado aos meados do século passado, assinala uma regressão cultural sem precedentes. Como disse Millor Fernandes, a cultura é regra, mas a arte, exceção, o que se aplica sobremaneira sobre o estado atual da cultura baiana. Cultura se tem em todo lugar, mas arte é difícil, e a arte baiana praticamente não existe.
Com o desaparecimento dos suplementos culturais e o advento de normas editoriais que privilegiam o texto curto, além da incultura reinante pela assunção do império audiovisual em detrimento da cultura literária (vamos ser sinceros: ninguém hoje lê mais nada), a crítica cultural veio a morrer por falência múltipla das possibilidades de exercício da inteligência numa imprensa cada vez mais burra e superficial.
Sérgio Augusto, crítico a respeitar, que militou nos principais jornais cariocas, em entrevista ao "Digestivo Cultural", site da internet (vale a pena lê-la na íntegra:http://www.digestivocultural.com/entrevistas/entrevista.asp?codigo=10), do alto de sua autoridade no assunto, afirmou que o jornalismo cultural está morto e enterrado, ressaltando que se fosse um jovem iniciante não entraria mais no jornalismo porque não vê, nele, perspectivas para a crítica de cultura (área de sua especialidade).
Dava gosto se ler o Quarto Caderno do Correio da Manhã com aqueles artigos copiosos, imensos, que abordando cultura e artes em geral, eram assinados por Paulo Francis, Otto Maria Carpeaux, Álvaro Lins, José Lino Grunewald, Antonio Moniz Viana, entre tantos outros. A rigor, todo bom jornal que se prezasse tinha seu suplemento cultural. Aqui mesmo em Salvador, vale lembrar o do Diário de Notícias e o do Jornal da Bahia (em folhas azuis). Atualmente, resiste o Suplemento Cultural de A Tarde (mas, mesmo assim...).
A inexistência da crítica de arte não diz respeito apenas ao soteropolitano. É uma constatação geral no jornalismo brasileiro. Mas, e os cadernos culturais e asilustradas da vida? Caracterizam-se pela superficialidade e servem, apenas, como guia de consumo, com suas resenhas ralas. Atualmente, os cadernos dois, assim chamados, são até contraproducentes porque elogiam o que deveriam criticar, colocando na posição de artistas personalidades que deveriam, no máximo, estar no departamento de limpeza de estações rodoviárias.
A crítica de arte serve justamente para isso: para, construtivamente, sem insultos, mas com argumentos sólidos, desmontar aquilo que não presta. Que falta não faz uma crítica de teatro séria, que, semanalmente, venha a apreciar o que se está a apresentar na cidade como literatura dramática! Ou uma crítica de artes plásticas. A interferência de um crítico faria corar muitos pintores que estão expondo na Bahia e posando como artistas. Assim também uma crítica de cinema que fosse menos paternalista com os "coitados' dos cineastas baianos cujas imagens são a de "franciscanos" em busca da expressão cinematográfica, mas cujos resultados, em sua grande maioria, remetem o espectador aos braços de Morpheu, quando não à aporrinhação.
Se a miséria da cultura baiana é cristalina, a miséria da crítica cultural é, também, imensa. Que esmola pode ser dada para se acabar com ela?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O CANTO DA SEREIA - CAPÍTULO 1 - [COMPLETO]



25 ATORES DA CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA PARTICIPARAM DESSA MICROSSÉRIE DA REDE GLOBO.

PARABÉNS PARA RADA REZEDÁ 

25 ATORES DA CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA NA REDE GLOBO


Margarete Menezes (delegada), Ewerton Matos (repórter) e Carol Brasil (repórter)

Ontem estreou a minissérie da Rede Globo, O Canto da Sereia, logo após o Big Brother Brasil. Alunos da Cap Escola de Tv e Cinema da Bahia e atores baianos se reuniram-se no Bar " Eu Vi ", na Pituba, as 21 horas para assistirem o primeiro capitulo da minissérie.  Todos comemorando as participações como atores na telinha! Rada Rezedá, diretora da CAP Escola de Tv e Cinema da Bahia, estava muito feliz com o sucesso de seus alunos e agenciados! que por sua vez fizeram uma "Farra".

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O CANTO DA SEREIA



ALUNOS DA CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA QUE PARTICIPARAM COMO ATORES DA MINISSÉRIE "O CANTO DA SEREIA" ....ESTAMOS MARCANDO PARA ASSISTIR JUNTOS O PRIMEIRO CAPITULO DA MINISSÉRIE.....JUNTOS PARA COMEMORARMOS OS ALUNOS DA CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA NO PRIMEIRO TRABALHO NA GLOBO.
MANIFESTEM-SE AQUI 

ESTREIA DIA 8/01/2013 APÓS O big brother.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

OS MELHORES FILMES DE 2012

Os melhores de 2012




1.) FAUSTO (Faust), de Aleksandr Sokurov, com Johannes Seiler (Fausto), Anton Adasinsky, entre outros. Discípulo de Andrey Tarkovsky, Sokurov, realizador notável pela maneira na qual se utiliza da linguagem cinematográfica (A arca russa é um exemplo de experimentalismo radical com o plano-sequência), encerra a sua tetralogia dos homens políticos numa reflexão sobre a ânsia humana da conquista do poder. A essência do mito de Fausto (tão bem exposta por Murnau numa obra-prima do expressionismo alemão ainda no tempo do mudo) encontra aqui a sua postura contemporânea. É o melhor filme de 2012.

2.) A SEPARAÇÃO (Jodaeiye Nader az Simin), de Asghar Farhadi, com Leila Hatami, Peyman Moadi, Sarina Farhadi. Depois do boom e certo esgotamento do neorrealismo iraniano dos sapatinhos perdidos, um filme adulto, denso, com uma visão ácida e crítica da sociedade iraniana. Um homem, após se divorciar, vê-se obrigado a contratar jovem para cuidar do pai que sofre de Alzheimer, mas ela se encontra grávida, trabalhando sem o consentimento do marido. A realidade pulsante de uma sociedade presa a grilhões da intolerância. Urso de Ouro no Festival de Berlim.

3.) MISTÉRIOS DE LISBOA, de Raoul Ruiz., com Adriana Luz, Ricardo Pereira, outros. Realizador barroco e com acentos surreais, dono de uma filmografia de 117 filmes, este filme surpreendente, ainda que seus 275 minutos de projeção (4 horas e 15 minutos), não perde o seu encanto no decorrer do tempo. Uma viagem em torno da Portugal de Camilo Castelo Branco a partir de uma condessa obcecada pelo ciúme e sedenta por vingança, um próspero homem de negócios com passado de pirata sanguinário, um padre que de aristocrata e libertino se converte em justiceiro, e um garoto órfão em colégio interno. Filme que se coloca à parte na mediocridade atual do cinema contemporâneo e um dos mais belos do ano que ora se finda.

4.) ESSENTIAL KILLING – MATAR PARA VIVER (Essential KillING), de Jerzy Skolimowsky, com Vincent Gallo, Emmanuelle Seigner. Thrillerangustiante e político, quase sem diálogos, realizado pelo talento incomum de Skolimowsky (O ato finalO Uivo...), obra de impacto pela condução da narrativa, pelo seu aspecto minimalista e pelo extraordinário uso das cores. Capturado pelo exército norte-americano no Afeganistão, um homem é enviado para um centro de detenção secreto situado  na Europa de Leste. Como um animal em fuga, perdido naquela paisagem branca e gélida, ele tem apenas uma opção de sobrevivência: obedecer aos seus instintos mais básicos.

5.) COSMÓPOLIS (Cosmopolis), de David Cronenberg, com Robert Pattinson, Kevin Durand, Sarah Gadon, Juliette Binoche, Mathieu Amalric, Paul Giamatti´. Nos insólitos filmes desse canadense inventivo e inconformista, geralmente há a questão dos limites humanos na sua ambiciosa intervenção científica para uma mutação dos homens e das coisas. (Gêmeos – Mórbida semelhançamosca etc). Aqui, um dia na vida de um milionário especulador numa Nova York assolada pelo capitalismo cada vez mais selvagem. Estranho, perturbador, outro Cronenberg sempre bem-vindo.

6.) HABEMUS PAPAM (idem), de Nanni Moretti, com Michel Piccoli, Nanni Moretti, Jerzy Stuhr, Franco Graziosi. Um conclave no Vaticano para escolher um novo Papa não chega a um  consenso e decide por um desconhecido cardeal, que, não se achando preparado para a alta função, tem ataque de pânico e foge pelas ruas de Roma. O cinema italiano, que já foi, décadas atrás, um dos melhores do mundo, na sua decadência atual colhe poucos frutos, a exemplo desse filme de Nanni Moretti (que também trabalha como ator no papel do psiquiatra).  Sátira que oscila entre o trágico e o cômico, com acentos tchechovianos, pode ser considerado um dos melhores do ano.

7.) 007 – OPERAÇÃO SKYFALL (Skyfall), de Sam Mendes, com Daniel Craig, Judi Dench, Javier Bardem. A inclusão deste filme, entre os melhores do ano, é uma homenagem ao cinema-espetáculo tão banido quando a aferição do que é bom cinema se atrela mais à sisudez temática que, muitas vezes, detona uma operação fílmica mais voltada para a aporrinhação do que para o prazer. Dentro dos limites de seu gênero – cinema de gênero, portanto, e não de autor, Skyfall, que comemora os 50 anos do agente secreto criado por Ian Fleming nas telas, é um espetáculo que seduz pelo ritmo e pela repaginação de seus elementos de fábula.

8.) A MÚSICA SEGUNDO TOM JOBIM, de Nelson Pereira dos Santos. Exceção se faça a poucos documentários brasileiros (e, entre eles, os de Eduardo Coutinho), o que os caracteriza é o feijão-com-arroz do amontoado de entrevistas articuladas numa estrutura audiovisual gasta e repetitiva. O veterano Pereira dos Santos soube driblar a mesmice num filme feito somente com imagens e música sem a adição de vozes distantes a não ser aquelas que cantam as canções. E a música do maestro Tom Jobim promove a linguagem musical brasileira a um patamar de excelência e exclusividade. Não resta a menor dúvida: Jobim é o melhor compositor brasileiro de todos os tempos e o filme faz uma homenagem à altura de seu gênio.

9.) INTOCÁVEIS (Intouchables), de Olivier Nakache e Eric Toledano, com François Cluzet, Omar Sy. Após acidente de pára-quedas, rico aristocrata contrata jovem recém-saído da prisão para ajudá-lo no infortúnio. Apesar de gênios incompatíveis aparentemente, o passar do tempo determina que eles se compreendam, nascendo, daí, uma grande amizade. Os realizadores demonstram aptidão para a análise de comportamentos e o resultado é, simplesmente, surpreendente, revelando um excelente momento do cinema francês contemporâneo. O filme é pleno de observações interessantes sobre as idiossincrasias do ser humano.

10.) A INVENÇÃO DE HUGO CABRET (Hugo), de Martin Scorsese, com Asa Butterfield (Hugo Cabret), Bem Kingsley (Méliès), Sacha Baron Cohen (Inspetor da estação), Christopher Lee (Monsieur Labisse), Emily Mortimer (Lisette), Jude Law (pai de Hugo), Bem Addis (Salvador Dali),  entre outros. A ação se passa em Paris nos anos 30. Singela homenagem ao gênio de Georges Méliès feita por um ardoroso cinéfilo e cineasta. Méliès é o pai da ficção (Voyage dans la lune…) enquanto os irmãos Lumière do registro sem artifício. Scorsese, em seu primeiro filme em 3D, usa o processo para potencializar os efeitos mágicos dos filmes de Méliès. Magia e encanto. Encanto e magia.

Hors concurs: 
ESSES AMORES (Ces amours-là), de Claude Lelouch, com Audrey Dana, Laurent Couson, Samuel Labarthe. Lançado no ano passado, e, por não tê-lo visto, omitido da relação dos melhores, apenas o vi em 2012 em DVD, mas não poderia deixar de citá-lo aqui nesta relação. Quadragésimo terceiro filme de Lelouch, poeta das imagens e da mise-en-scène, do qual sou admirador inconteste, e que assinala os cinqüenta anos desse realizador na atividade cinematográfica, o filme é um painel sobre os encontros e desencontros de pessoas que abrange um tempo dramático de um século – aliás bem ao gosto do autor (Retratos da vida, Toda uma vida etc). Ces amours là, além do painel histórico, é, sobretudo, um filme sobre o amor e uma homenagem ao cinema e ao próprio realizador. Inspirado, sensível, poético, com partitura do sempre presente Francis Lai e Laurent Couson. A sequência final é um testemunho  de sua grandeza.

P.S: Entre os filmes nacionais, a neo-chanchada deu o tom negativo do cinema brasileiro, com mixórdias como Os penetras, De pernas pro ar 2, E aí, comeu?, entre outras, que fazem das antigas chanchadas obras-primas da arte do filme. As neo-chanchadas se utilizam da linguagem televisiva e não há, nelas, nenhum apuro cinematográfico. Destaco dois filmes do cinema nacional como os melhores do ano: O homem que não dormia, do baiano Edgard Navarro, e Febre do rato, de Cláudio Assis.