segunda-feira, 6 de agosto de 2012

"NA ESTRADA" FILME DE WALTER SALLES

NA ESTRADA – O mérito cinematográfico de Walter Salles é nos dizer, desde as primeiras imagens, que mostram os pés de Sal Paradise, em travellings, andando na estrada de barro que o conduzirá ao amor de Terry e aos campos de algodão da Califórnia, que o conceito de road movie, antes mesmo de ser um subgênero cinematográfico, já estava inserido, como reflexo de uma jornada interior, no fluxo memorialístico de nomes como Virginia Woolf, James Joyce e Marcel Proust, as principais influências de Kerouac. A presença de No Caminho de Swann (primeiro volume de Em Busca do Tempo Perdido, obra romanesca definitiva de Proust), passeando pelas mãos de Sal e outros personagens do filme, orquestra esse conceito, esse sinal. Na Estrada é um filme superior porque corre no sentido de colocar o cinema no nível da litaratura e da grande arte. Walter Salles pode estar enganado, talvez ele seja mesmo pretensioso, mas suas imagens são sintomáticas. Leia mais sobre Na Estrada. Ficha Técnica Diretor: Walter Salles Elenco: Garrett Hedlund, Sam Riley, Kristen Stewart, Amy Adams, Tom Sturridge, Danny Morgan, Alice Braga, Marie-Ginette Guay, Kirsten Dunst, Viggo Mortensen Roteiro: Jose Rivera Baseado no romance de Jack Kerouac Direção de fotografia: Eric Gautier Direção de arte: Carlos Conti Trilha sonora: Gustavo Santaolalla, com Charlie Haden e Brian Blade Figurino: Danny Glicker Montagem: François Gedigier Duração: 2h20min Classificação: 14 anos

domingo, 5 de agosto de 2012

OS FILMES DO CHICO

Há mais críticos e comentaristas de cinema no espaço virtual do que gafanhotos no Egito. A maioria dos blogs, no entanto, reflete um entusiasmo de fã sem a necessária base referencial, um conhecimento de causa, uma visão mais abrangente não somente da arte mas também do mundo, ou mehor dizendo, uma visão do cinema e uma visão do mundo. Por outro lado, há blogs (ou blogues?) que revelam profundidade na exegese da arte do filme. E um deles é o de Chico Fireman, que mergulha no cinema para buscar tesouros do pretérito da história do cinema e um atento espectador-crítico do cinema contemporâneo. O trabalho imenso de Fireman no resgate de títulos do passado pode ser visto na Liga de Blogues Cinematográficos, coordenado por ele (http://ligadosblogues.wordpress.com/), que brinda o amante do bom cinema com rankings cada vez mais surpreendentes. Mas o que se quer ressaltar aqui é que Fireman inaugura hoje, dia 20 de julho, o seu novo blog, mais limpo visualmente e livre de gralhas. A conferir: http://filmesdochico.com.br/

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

JORGE AMADO E A SÉTIMA ARTE

Por André Setaro. Recebi este release, que publico abaixo, anunciando o lançamento do livro Jorge Amado e a sétima arte, organizado por Bohumila S. de Araújo, Maria do Rosário Caetano e Myriam Fraga. Considerando a comprovada competência das organizadoras, um livro para comprar, ler e guardar. Duas sessões de autógrafos em Salvador marcam lançamento de livro que integra as comemorações do centenário de nascimento de Jorge Amado No mês em que se comemora o centenário de nascimento de Jorge Amado, a Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA), em coedição com a Casa de Palavras, apresenta o livro Jorge Amado e a sétima arte, de Bohumila S. de Araújo, Maria do Rosário Caetano e Myriam Fraga (Org.). No dia 8 de agosto, quarta-feira, às 18h30, durante o VIII Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (ENECULT), acontece o pré-lançamento do livro. No dia 10, sexta-feira, às 18h, evento na Fundação Casa de Jorge Amado concretiza o lançamento. Um híbrido entre trabalho acadêmico e livro de depoimentos, Jorge Amado e a sétima arte contém diversos relatos sobre a relação do escritor baiano com o cinema. Conta com declarações e entrevistas com autores, cineastas, atores, roteiristas e diretores, além de bibliografia e filmografia completas, reunindo um rico material sobre Amado. José Calasans Neto, Guido Araujo, Walter da Silveira, Sonia Braga, Maria do Rosário Caetano, Bohumila Araujo, Myriam Fraga, Hélio Pólvora, Germano Tabacof, Ana Rosa Ramos, José Umbelino, Marise Berta, Guido André Araujo, Nelson P. dos Santos, Cacá Diegues, Nélia Belchote e João Carlos Sampaio são alguns dos nomes que contribuíram com textos, ensaios, depoimentos e entrevistas. Nascido no dia 10 de agosto de 1912 no município de Itabuna, no interior baiano, e falecido em 6 de agosto de 2001, Jorge Amado, ao lado de Nelson Rodrigues, é o autor brasileiro com maior número de adaptações para o cinema e para a televisão. Seus romances foram traduzidos para 49 idiomas e são conhecidos e premiados mundialmente. Foi um grande disseminador da cultura baiana, que ganhou dimensão nacional e mundial através de sua obra. Por André Setaro Pré-lançamento de Jorge Amado e a sétima arte Onde: Auditório do PAF III da UFBA (Campus de Ondina, Salvador, Bahia) Quando: 08 de agosto, quarta-feira, às 18h30 Mais informações: www.enecult.ufba.br Lançamento de Jorge Amado e a sétima arte Onde: Fundação Casa de Jorge Amado (Largo do Pelourinho, Salvador, Bahia) Quando: 10 de agosto, sexta-feira, às 18h Realização: Fundação Casa de Jorge Amado/ Editora Casa de Palavras Informações adicionais sobre o livro ISBN: 978-85-232-0976-6 Formato: 16 x 23 cm Número de páginas: 216 Ano: 2012 Preço especial de lançamento: R$ 30,00

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O QUE É CINEFILIA?

Beto Magno e Jorge Mello (JM). Para os que nasceram na era do vídeo, e, agora, do disquinho mágico, nada muito surpreendente. Mas para aqueles, como eu, que nasceram em priscas eras, em meados do século passado (1950, para ser mais preciso), com o tempo passando rápido - ó, tempo, suspende o teu vôo! -, o advento do VHS foi uma surpresa, e a do DVD, com tantos dreyers e bergmans, minnellis e langs, hawks e fellinis, espalhados por aí, quase um assombro. Alguém já disse que foi pelo assombro que o homem começou a filosofar, mas, isto, outra história. Acontece que, antigamente, as imagens em movimento somente eram possíveis de ser contempladas no escurinho das salas exibidoras, havendo, para isso, de se pagar um ingresso. A televisão, naquela época, era muito ruim em termos de imagem. Assim, havia duas características no que diz respeito à psicologia da recepção: a inacessibilidade e a impossibilidade de o espectador intervir na temporalidade. Na primeira, quando dentro do cinema, e sala enorme, com quase dois mil lugares, verdadeiros palácios, a imagem que se via na tela era algo mágico, inacessível. Lembro-me que havia um senhor que vendia fotogramas de filmes na Praça da Piedade (aqui em Salvador), e que também oferecia para compra uma lata que, devidamente furada, continha, em uma de suas extremidades, uma lente de óculos que permitia ver os fotogramas com mais nitidez do que a olho nu. Se um determinado filme era exibido e, por acaso, estivesse doente ou viajando, retirado de cartaz, podia perdê-lo para sempre, excetuando-se os grandes sucessos que sempre eram recolocados. E, na segunda característica, a impossibilidade de intervenção na temporalidade. Projetado o filme, este se desenrolava na tela - ou no écran, como se dizia então, e ninguém podia pará-lo, retrocedê-lo, avançá-lo, salvo se entrasse na cabine de projeção e, revólver em punho, ameaçasse o operador. Mas a inacessibilidade e a temporalidade se tornaram favas contadas com o surgimento do VHS e do DVD. Há, inclusive, creio, uma perda da aura cinematográfica. Se os disquinhos funcionam como o resgate do cinema, por outro lado, no entanto, perdeu-se a magia do espetáculo, visto em comunhão numa platéia. O indivíduo hoje já nasce vendo imagens em movimento e, por isso, elas se tornaram vulgares no sentido de corriqueiras. Quando me contaram que, nos Estados Unidos, inventaram um aparelho pelo qual se podia ver filmes, que ficavam dentro de uma caixinha, não acreditei. Era o vídeo que então estava inventado e restrito ao território de Tio Sam. Precisei, como São Thomé, ver para crer, o que aconteceu em torno da metade dos anos 80, quando comprei o meu primeiro aparelho de VHS, um Sharp, que me deu muito trabalho de sintonizar. E as cópias eram péssimas. Precisou-se esperar que o DVD surgisse para que o cinema recebesse uma punhalada nas costas (na região pulmonar). E atualmente ir ao cinema é entrar num festim diabólico onde reinam as pipocas, as conversinhas fora de hora, os celulares que, atendidos, infernizam o espectador que queira contemplar o filme. O público de cinema, no Brasil, pelo menos, se tornou uma espécie de patuléia desvairada. Repito sempre que o ir ao cinema hoje é uma das fases do shoppear. Não se vai mais ao cinema, esta a verdade, mas aos shoppings. Até mesmo nas salas ditas alternativas o público se comporta com apatia e as pessoas gostam mais de aparecer, porque, na sua grande maioria, pseudo-cinéfilos, pseudo-intelectuais. Mas vou contar uma história. Corria o ano de 1973. Estava no Rio de Janeiro a passar as férias de julho. O jornal da época era o Jornal do Brasil, com seu excelente Caderno B. Neste, tomei conhecimento que Ladrões de bicicleta ia ser exibido na Cinemateca do Museu de Arte Moderna numa única sessão pela tarde. Conhecia muitos filmes, nesta ocasião pré-vídeo, de ouvi dizer e de leitura, alguns importantes com muitas informações. Era o caso de Ladri di biciclette, de Vittorio De Sica, que nunca tinha visto por falta de oportunidade e, também, porque nunca foi exibido em Salvador durante o meu itinerário existencial (depois passou algumas vezes). Assim, fiquei a postos, esperando o horário, com certa expectativa, aliás, que não tenho mais para quase nada. Chovia fino. Entrei na sala da saudosa Cinemateca. Mas, quando saí, um toró se abateu sobre a cidade, que ficou completamente engarrafada. Difícil pegar um táxi. Depois de algum padecimento embaixo da marquise do museu, resolvi ir andando do Flamengo, onde fica este, até Laranjeiras, onde estava hospedado. Cheguei encharcado e, no outro dia, com febre alta, ameaçado de pneumonia. Mas estava feliz por ter visto Ladri di biciclette. Atualmente, tenho-o em VHS e DVD, que fica guardado, parado. Não seria mais possível um sacrifício tal para ver um filme. Tenho um amigo, por exemplo, que ia sempre a Paris para se meter na Cinematheque Française e ficar o dia todo vendo obras clássicas. Hoje tem um home theater em sua casa e há anos que não viaja. Viajava somente para ver filmes. A cinefilia, como se praticava antigamente, está morta, e bem enterrada. André Setaro

terça-feira, 10 de abril de 2012

ENCONTRO DE MESTRES


Orlando Senna, Ricardo Miranda, José Walter Lima, Roberto Farias, Miguel Littin e Zelito Viana. Foto histórica de um almoço realizado em São Paulo

Por André Setaro
Uma constatação no momento presente é a de que, desde os anos 80, o cinema perdeu o status político que tinha nas décadas de 50, 60, principalmente, e na de 70. Havia uma vontade de conscientizar platéias e, com o cinema, mudar o mundo. Na Argentina, Fernando Birri (Mi hijo El Che), Fernando Solanas (no seu antológico Hora de los hornos: Notas y testimonios sobre el neocolonialismo, la violencia y la liberación, 1968, Perón: La revolución justicialista, 1971)), no Chile (Miguel Littin), na Italia (Francesco Rosi, Elio Petri, entre tantos), no Brasil (Glauber Rocha, Ruy Guerra...). A indústria cultural de Hollywood engoliu, porém, a cinematografia italiana, por exemplo, e o ímpeto transformista perdeu o seu ânimo, ainda que existam, atualmente, vozes isoladas que clamam por um cinema de denúncias, a exemplo do americano Michael Moore. Ir ao cinema, nos efervescentes anos 60, era um ato político, e o travelling, segundo Godard, uma questão de moral.

Descendente de imigrantes gregos e palestrinos, o chileno Miguel Littin, que esteve há poucos meses no Brasil para o lançamento de Dawson Ilha 10, pode ser considerado uma das reservas morais do bom cinema político latinoamericano. Seu cinema é um cinema de denúncia, sim, mas sem apelar para o panfleto, e sempre à procura de um tom para a disposição de sua fabulação. Salvador Allende, o presidente que foi assassinado durante o golpe em setembro de 1973, foi quem o indicou para a direção da companhia cinematográfica Chile Films, depois do grande sucesso alcançado por seu primeiro longa O Chacal de Nahueltoro, de 1969, que causou grande impacto na sociedade chilena por denunciar a situação de marginalidade dos homens do campo.

Com a intervenção armada, patrocinada por Kissinger & Nixon, Littin se viu obrigado a abandonar o seu país, levando nos braços os negativos de La tierra prometida, cuja finalização somente foi conseguida em território cubano. Um homem de esquerda, portanto, um cineasta enragé, mas que, nos seus filmes, demonstra a ideologia por meio do poder de convencimento de suas imagens. Uma característica bem acentuada de suas constantes temáticas é a recriação de fatos reais para mostrar, sempre, a opressão sofrida pelo seu povo. No exílio após a ascensão de Pinochet, estabeleceu-se primeiro no México e depois na Espanha. A sua carreira cinematográfica, no entanto, ainda que enfrentando muitos obstáculos, continuou, chegando, inclusive, a ter, em 1981, seu filme Alsina e el condor indicado para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Miguel Littin, num ato de bravura e coragem, apesar dos conselhos dos amigos, que o desestimulavam, resolveu voltar ao Chile e durante dois meses, escondido, conseguiu filmar a vida de seus compatriotas sob a opressão de uma ditatura sanguinária naquele que é talvez a sua obra-prima: Acta general del Chile. A experiência, inclusive, virou tema de um livro-reportagem do colombiano Gabriel García Márquez, que escreveu nos anos 80 A aventura de Miguel Littín clandestino no Chile. Feito com a colaboração de equipes estrangeiras, Acta general del Chile resultou numa película em duas versões: uma de quatro horas, para ser exibida, em partes, na televisão, e outra, de duas horas, para o cinema.

Cineasta do figurativo, realista, que procura, em seus filmes, ser fidedigno ao real que reconstrói, o cinema de Miguel Littin , sobre conter um potencial ideológico e de denúncia de um estado de coisas, prende-se mais ao elo semântico do que ao elo sintático (compreendido este como a linguagem, a maneira de o realizador articular a sua narrativa). Antes de passar o recado em suas obras, Littin persegue a consciência da verdade, a exatidão dos fatos narrados, ainda que reconstituídos. Um western marxista, como Atas de Marusia (Actas de Marusia, 1975), é exemplar nesse sentido. No México, além deste, realizou mais quatro filmes de sucesso e iniciou, junto com Luis Buñuel e outros cineastas, um movimento para afirmação de uma identidade para o cinema latino-americano, de que resultou o Festival do Cinema Iberoamericano de Huelva.

Segundo palavras de Antonio Skarmeta, "Miguel Littín teve uma vida excepcional como criador de uma filmografia marcante na história cinematográfica latino-americana. Ele esteve permanentemente comprometido com uma visão autêntica de questões e personagens chilenos, utilizando-se de uma linguagem original e bela. As críticas nacionais e internacionais avaliaram seu trabalho algumas vezes e indicaram-no para Palma de Ouro, em Cannes, e para o Oscar em duas ocasiões."

"Seu filme El Chacal de Nahueltoro é uma inquestionável obra-prima na história da cinematografia mundial e ainda hoje é considerado como uma importante forma de militância contra a pena de morte nos centros internacionais judiciais, universais e políticos que discutem a causa."

Em Dawson - Ilha 10, uma co-produção entre Brasil (leia-se José Walter Lima e sua produtora VPL), Chile e Venezuela, baseado no livro Isla 10, de Sergio Bitar, que foi aprisionado na ilha quando do golpe de Pinochet no Chile, Littin procura mostrar o sofrimento de ministros e ex-colaboradores de Allende que foram aprisionados na ilha após a intervenção militar. Mas o que poderia ter resultado num filme maniqueísta, ainda que a notória aversão do autor à ditadura instalada, desdobra-se numa espécie de estudo de comportamentos de homens numa situação-limite, procurando sempre o viés do humanismo. Afinal de contas, Littin vê todos os seus personagens como chilenos que se debatem numa desumana guerra civil. O acúmulo de personagens, todavia, faz com que o filme se disperse e se dilua, perdendo, com isso, uma maior estruturação psicológica dos alguns personagens chaves, como o arquiteto, interpretado pelo baiano Bertrand Duarte (O homem que não dormia, O Superoutro), o próprio Bitar, feito pelo ator chileno Benjamin Vincuña, entre outros. Em alguns momentos, o acúmulo citado prejudica a clareza da exposição.

Há, por outro lado, momentos de humanismo, quando um soldado oferece uma fruta a um dos prisioneiros, a se ver no gesto, a solidariedade e, ao mesmo tempo, a brutalidade a que foram conduzidos chilenos obrigados, mesmo sem vontade explícita, a representar o papel de opressores. Ou na cena em que o sargento pede ao arquiteto para ir buscar um presente que sua esposa lhe mandou - um pote de geléia com pão - e ambos, sentados na escadaria da igreja, solidarizam-se no compartimento do alimento. Ou, pouco antes, quando os dois pulam na escada da igreja reconstruída e riem como crianças. No campo de concentração da Dawson, cada prisioneiro é despersonalizado e recebe o nome de Ilha. O nome do filme, Ilha 10, refere-se ao nome do prisioneiro com este número, que é o ministro das Minas e Energia, Sergio Bitar, que, quando na ilha escreveu um diário no qual Littin se baseou para fazer o filme.

Entre a narrativa e a fábula, Miguel Littin, em Dawson - Isla 10, dá mais impulso à segunda, e a utilização dos elementos da linguagem cinematográfica é feita de um modo suave a fim de que o aspecto figurativo do real seja preponderante. A beleza da ilha é flagrada com especial sentido de composição pela iluminação discreta de Miguel Littin Ioan (filho do diretor). Mas como ressalta o seu pai: "A presença visual de três níveis de realidade é uma parte fundamental da narrativa de Dawson Ilha 10. Passado, presente e futuro fazem parte de uma mesma verdade: dignidade. Isso aparece através da presença humana no primeiro nível da história. A verdade se torna evidente através de uma fotografia que olha para o ser humano com uma aproximação lúcida. Realismo, mas não naturalismo. Busca e recriação, não é imitação sem expressividade. "Se história conta o heroísmo diário daqueles que resistiram e derrotaram a pressão, a abordagem visual deve ser rigorosa e de acordo com a natureza do relato."