terça-feira, 19 de outubro de 2010

OS RECURSOS DA MONTAGEM

Por André Setaro

A chama montagem ideológica ou intelectual é uma operação com um objetivo mais ou menos descritivo que consiste em aproximar planos a fim de comunicar um ponto de vista, um sentimento ou um conteúdo ideológico ao espectador. Eisenstein escreveu na justificativa de sua montagem de atrações: "uma vez reunidos, dois fragmentos de filme de qualquer tipo combinam-se inevitavelmente em um novo conceito, em uma nova qualidade, que nasce, justamente, de sua justaposição (...) A montagem é a arte de exprimir ou dar significado através da relação de dois planos justapostos, de tal forma que esta justaposição dê origem à idéia ou exprima algo que não exista em nenhum dos dois planos separadamente. O conjunto é superior à soma das partes".

Amparado nestes ditos de Eisenstein, há de se ver que, no cinema, como em quase todos os ramos das ciências, quando se reúne elementos (no sentido amplo) para obter um resultado, este é freqüentemente diferente daquele que se esperava: é o fenômeno dito de emergência. Aprende-se, por exemplo, em biologia, que pai e mãe misturam seu patrimônio hereditário para criar uma terceira personagem não pela soma desses dois patrimônios, mas, ao contrário, pela combinação deles em um novo patrimônio inédito. Em química, sabe-se ser possível misturar dois elementos em quaisquer proporções, mas não é possível combiná-los verdadeiramente em um corpo novo se não tem proporções perfeitamente definidas (Lavoisier). Da mesma forma, na montagem de um filme, os planos só podem ser reunidos numa relação harmoniosa.

A montagem ideológica consiste em dar da realidade uma visão reconstruída intelectualmente. É preciso não somente olhar, mas examinar, não somente ver, mas conceber, não somente tomar conhecimento, mas compreender. A montagem é, então, um novo método, descoberto e cultivado pela sétima arte, para precisar e evidenciar todas as ligações, exteriores ou interiores, que existem na realidade dos acontecimentos diversos.

A montagem pode, assim, criar ou evidenciar relações puramente intelectuais, conceituais, de valor simbólico: relações de tempo, de lugar, de causa, e de conseqüência. Pode fazer um paralelo entre operários fuzilados e animais degolados, como, por exemplo, em
A Greve (1924), de Eisenstein. As ligações , sutis, podem não atingir o espectador. Eis, aqui, um exemplo da aproximação simbólica por paralelismo entre uma manifestação operária em São Petersburgo e uma delegação de trabalhadores que vai pedir ao seu patrão a assinatura de uma pauta de reivindicações (exemplo extraído do filme Montanhas de ouro, do soviético Serge Youtkévitch).

- os operários diante do patrão
- os manifestantes diante do oficial de polícia
- o patrão com a caneta na mão
- o oficial ergue a mão para dar ordem de atirar
- uma gota de tinta cai na folha de reivindicações
- o oficial abaixa a mão; salva de tiros; um manifestante tomba.

A experiência de Kulechov demonstra o papel criador da montagem: um primeiro plano de Ivan Mosjukine, voluntariamente inexpressivo, era relacionado a um prato de sopa fumegante, um revólver, um caixão de criança e uma cena erótica. Quando se projetava a seqüência diante de espectadores desprevenidos, o rosto de Mosjukine passava a exprimir a fome, o medo, a tristeza ou o desejo. Outras montagens célebres podem ser assimiladas ao efeito Kulechov: a montagem dos três leões de pedra - o primeiro adormecido, o segundo acordado, o terceiro erguido - que, justapostos, formam apenas um, rugindo e revoltado (em
O Encouraçado Potemkin, 1925, de Eisenstein); ou ainda a da estátua do czar Alexandre III que, demolida, reconstitui-se, simbolizando assim a reviravolta da situação política (em Outubro).

O que Kulechov entendia por montagem se assemelha à concepção do pioneiro David Wark Griffith, argumentando que a base da arte do filme está na edição (ou montagem) e que um filme se constrói a partir de tiras individuais de celulóide. Pudovkin, outro teórico da escola soviética dos anos 20, pesquisou sobre o significado da combinação de duas tomadas diferentes dentro de um mesmo contexto narrativo. Por exemplo, em Tol'able David (1921), de Henry King, um vagabundo entra numa casa, vê um gato e, incontinente, atira nele uma pedra. Pudovkin lê esta cena da seguinte forma: vagabundo + gato = sádico. Para Eisenstein, Pudovkin não está lendo - ou compreendendo o significado - de maneira correta, porque, segundo o autor de
A Greve a equação não é A + B, mas A x B, ou, melhor, não se trata de A + B = C, porém, a rigor, A x B = Y. Eisenstein considerava que as tomadas devem sempre conflitar, nunca, todavia, unir-se, justapor-se. Assim, para o criador da montagem de atrações, o realizador cinematográfico não deve combinar tomadas ou alterná-las, mas fazer com que as tomadas se choquem: A x B = Y, que é igual a raposa + homem de negócios = astúcia. Em Tol'able David, quando Henry King corta do vagabundo ao gato, tanto o primeiro como o segundo figuram proeminentemente na mesma cena. Em A Greve ( Strike ), quando Eisenstein justapõe o rosto de um homem e a imagem de uma raposa (que não é parte integrante da cena da mesma forma que o gato o é em Tol'able David, porque, para King, o gato é um personagem),esta é uma metáfora.
Em Estamos construindo (Zuyderzee, 1930), de Jori Ivens, várias tomadas mostram a destruição de cereais (trigo incendiado ou jogado no mar) durante o débacle de 1929 da Bolsa de Valores de Nova York, a depressão que marcou o século XX. Enquanto apresenta os planos de destruição de cereais, o realizador alterna -os com o plano singelo de uma criança faminta. Neste caso, o cineasta, fotografando uma realidade, recorta uma determinada significação. Os planos fotografados por Jori Ivens podem ser retirados da realidade circundante, mas é a montagem quem lhes dá um sentido, uma significação. Os cineastas soviéticos, como Serguei Eisenstein e Pudovkin, procuravam maximizar o efeito do choque que a imagem é capaz de produzir a serviço de uma causa.

Considerada a expressão máxima da arte do filme, a montagem, entretanto, vem a ser questionada na sua supremacia como elemento determinante da linguagem cinematográfica com a introdução - em fins dos anos 30 - das objetivas com foco curto que permitiu melhorar as filmagens contínuas - a câmera circulando dentro do plano - com uma potenciação de todos os elementos da cena e com um tal rendimento da profundidade de campo (vide
Cidadão Kane (1941), de Orson Welles, Os melhores anos de nossas vidas, 46, de William Wyler) que possibilitou tomadas contínuas a dispensar os excessivos fracionamentos da decupagem clássica. A tecnologia influi bastante na evolução da linguagem fílmica, dando, com o seu avanço, novas configurações que modificam o estatuto da narração - o próprio primeiro plano - o close up - tão exaltado por Bela Balazs como "um mergulho na alma humana" - com o advento das lentes mais aperfeiçoadas já se encontra, esteticamente, com sua expressão mais abrangente e menos restrita. Tem-se, como exemplo, as faces enrugadas e pavorosas de David Bowie em Fome de Viver/The Hunger, 1983, de Tony Scott, com Catherine Deneuve e Susan Sarandon.

sábado, 16 de outubro de 2010

6ª MOSTRA DE CINEMA DE VITÓRIA DA CONQUISTA


Entrevista á Assessoria de Imprensa da mostra de cinema

Esmom Primo é idealizador e coordenador geral da Mostra Cinema Conquista. Há mais de 20 anos desenvolve trabalhos culturais em Vitória da Conquista, sobretudo na área do audiovisual. Confira a entrevista, onde ele fala das novidades e expectativas para o evento deste ano.

ASSESSORIA DE IMPRENSA: A Mostra Cinema Conquista chega a sua sexta edição já consolidada no calendário do audiovisual brasileiro. Como surgiu a ideia do evento?

ESMOM PRIMO: A vontade de realizar um evento como a Mostra surgiu por volta de 1995. Nessa época, eu e Jorge Luiz Melquisedeque tivemos a ideia de fazer um festival chamado “Cinema Conquista Glauber Festival”, já que estávamos começando a recuperar a imagem de Glauber Rocha na cidade. Com as visitas contínuas de Walter Salles à Vitória da Conquista, de 1997 a 2000, ele nos deu alguns toques informando que um festival demoraria muito e que poderíamos iniciar com uma mostra. No final de 2003, quando participei em Salvador de um Panorama de Cinema feito pelo cineasta Cláudio Marques, tive uma força importante dele, que ajudou na formatação da Mostra Cinema Conquista. Com isso, no início de 2004, apresentamos a ideia para a Prefeitura de Conquista, que foi aprovada, e nesse mesmo ano realizamos a primeira edição.

A.I.: Qual a importância de um evento como a Mostra para uma cidade do interior baiano?

E.P.: Acho importante uma mostra de cinema em qualquer lugar do mundo, melhor ainda quando se exibe a produção do próprio país. Uma mostra tem a capacidade de ampliar a visibilidade do que se produz em audiovisual e, além disso, através do cinema é possível mostrar a cultura, os comportamentos, os problemas ambientais, geográficos e históricos de um determinado local, ou seja, é uma série de informações. Hoje existem no Brasil cerca de 160 mostras de cinema. Na Bahia são cerca de cinco mostras realizadas em Salvador e no interior do estado em torno de quatro a cinco.

A.I.: Quais as novidades desta edição? Como foi feita a seleção dos filmes que serão exibidos?
E.P.: Uma mostra de cinema tem várias vertentes, a nossa, o próprio slogan já diz: “um olhar para o novo cinema”. Vamos exibir longas-metragens da produção nacional que foram lançados recentemente, de 2009 para 2010, que passaram em festivais do mundo inteiro e foram premiados. Entre os filmes que serão exibidos este ano, destacamos “Uma Noite em 67”, “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo”, “Corumbiara”, “Filhos de João”, “Admirável Mundo Novo Baiano” e o documentário “Utopia e Barbárie”. São filmes nacionais que não estão em todas as salas de cinema, principalmente os do gênero documentário – que tem sido produzido em grande escala no Brasil – e nem chegam à televisão. A TV poderia ser uma parceira incrível do cinema brasileiro, mas infelizmente, fala uma língua muito capitalista e ainda não percebeu a janela importante de parcerias que seriam possíveis Os curtas selecionados também receberam prêmios em diversos festivais nacionais e internacionais. É nas mostras e festivais de cinema que as pessoas têm a possibilidade de ver esses curtas-metragens da produção nacional. Temos uma produção imensa, são aproximadamente mais de 200 curtas produzidos ao ano, um material de alta qualidade. Os vídeos escolhidos são da produção mais universitária e independente.

A.I.: Com relação ao público, qual a expectativa para este ano?

E.P.: Um evento de cinema que trabalha com vídeos independentes, curtas-metragens e longas que não aparecem em muitos lugares precisa de uma divulgação extensa. A produção começa quatro meses antes do início do evento. São cerca de 40 pessoas envolvidas diretamente, além de 15 monitores que sempre contribuem muito durante a Mostra. É importante destacar ainda que o evento também conta com apoiadores e realizadores importantes. É através do trabalho desta equipe que buscamos intensificar a divulgação para que a Mostra alcance um número de público cada vez maior. Nas edições anteriores por exemplo, tivemos um público de cerca de 300 pessoas em cada um das sessões no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, o que é uma vitória. Nas sessões nos bairros também temos um retorno muito bom, com uma média de 200 pessoas. Nas sessões itinerantes, por serem menores, temos aproximadamente 100 pessoas. Acreditamos que cerca de quatro mil pessoas participem da Mostra Cinema Conquista durante os cinco dias.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

CINE MARACANGALHA

Com alunos-atores da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador

GRAVANDO "TOQUES DA BAHIA" PARA UMA TV DE SÃO PAULO

Beto Magno e Rada Rezedá nas gravações do programa "Toques da Bahia" para uma Tv de São Paulo, com alunos da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador

PROGRAMA "TOQUES DA BAHIA"

Gravando com alunos da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador

"TOQUES DA BAHIA" PROGRAMA GRAVADO PELO CAP ESCOLA DE TV E CINEMA PARA UMA TV DE SÃO PAULO

Beto Magno, Rada Rezedá e alunos da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador Gravando "Toques da Bahia" no Santo Antonio Além do Carmo...

PROGRAMA "TOQUES DA BAHIA"

Beto Magno gravando com Marcos, aluno da Cap Escola de Tv em Salvador

PROGRAMAS "TOQUES DA BAHIA"

Rada Rezedá e Beto Magno analisando o roteiro de "Toques da Bahia" para uma TV de São Paulo. Programa gravado com alunos da Cap Escola de Tv em Salvador

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PROGAMA "TOQUES DA BAHIA"

Beto Magno gravando "Toques da Bahia" para uma TV de SP. Com alunos da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador

CURSO DA CAP ESCOLA DE TV E CINEMA EM SALVADOR

Rada Rezedá gravando com alunos da Cap Escola de Tv e Cinema no Jardin de Alha.

CAP ESCOLA DE TV EM SALVADOR
Reserve sua vaga nos cursos antecipadamente através de mail (71) 9167.8274 - 8774.8870 - 4102.68521)
CURSO DE INTERPRETAÇÃO PARA TV / TELEJORNALISMO em SalvadorInicio:
13 de FEVEREIRO de 2011 - reservas a partir de novembro Duração: 5 meses, turmas Sábados das 9 as 12.30h Conteúdo: dicção (voz/fala); memorização de textos; leitura e interpretação; expressão corporal; gravação. Professora: Rada Rezedá R$ 1.325,00,00 ( avista 5% ou 5x de R$ 265,00 com cheque pré)

2) CURSO DE TV PARA ATORES em Salvador Turmas para iniciantes, adolescentes e crianças Aulas as sextas das 14.30 as 17.30 h –TURMA ABERTA PARA 2010 Aulas as terças das 18 as 22h – TURMA ABERTA PARA 2010 Professora: Rada Rezedá

3) CURSO DE CAMERA em Salvador (CINEGRAFISTA)INICIO: 03 DE NOVEMBRO Conteúdo: curso prático – o aluno aprende a operar câmera profissional de TV; planos e movimentos de câmera;mercado de trabalho. Investimento: R$ 350,00 ( em 2 x de r$175,00 com cheque pré) ou a vista R$ 300,00. Professor: Xeno Veloso Duração: 8 dias

4) CURSO DE PRODUÇÃO E DIREÇÃO DE TV em SalvadorPróxima turma: OUTUBRO Conteúdo: curso pratico – o aluno aprende produzir uma peça em audiovisualInvestimento: R$ 450,00 (em 2 x de R$225,00 com cheque pré) ou a vista: R$ 400,00Professora: Rada Rezeda e professor convidado

5) CURSO DE ASSESSORIA DE IMPRENSA E PRODUÇÃOData: OUTUBROInvestimento: R$ 450,00 (em 2 x de R$225,00 com cheque pré) ou a vista: R$ 400,00 Com Roberta de Pietro, jornalista

6) CURSO DE NARRAÇÃO ESPORTIVA em Salvador (RÁDIO/TV) Proxima turma: NOVEMBRO Com Jornalista (São Paulo) Roberto Monteiro: fez cobertura jornalística de 7 Copas do Mundo Investimnto: R$ 350,00 ( em 2 x de R$225,00 com cheque pré) ou a vista R$ 300,007) CURSO DE ROTEIRO PARA CINEMA com Carol Assis Matriculas abertas

7) CURSO MAQUIAGEM PARA TV e MAQUIAGEM EFEITOS com Thyago Mandu Dias de aula: 16 de outubro – sábado das 14 as 17 h17 de outubro – domingo das 9.30 as 12.30R$ 200,00 (em 2x de R$ 100,00 ou a vista R$ 150,00) Matriculas abertas.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

6ª MOSTRA DE CINEMA DE VITÓRIA DA CONQUISTA-BA

http://www.mostracinemaconquista.com.br/apresentacao

Realização da Mostra Cinema Conquista – Um Olhar para o novo cinema busca ampliar a proposta de democratização do acesso ao cinema brasileiro e da diversidade da cinematografia internacional. Trata-se de um esforço consciente, oportuno pelo momento de grande revitalização da cinematografia nacional, que visa impulsionar a inserção do público como receptor ativo de produtos audiovisuais. Têm-se, ainda, a intenção de proporcionar a Vitória da Conquista, terra natal do cineasta Glauber Rocha, um lugar de destaque como centro de produção cultural no interior do Estado da Bahia.

A Mostra Cinema Conquista – Ano 6, que será realizada na cidade de Vitória da Conquista de 05 a 09 de outubro de 2010, promoverá a exibição, formação e discussão, sobre a atual cinematografia baiana e brasileira, por meio da exibição de filmes nacionais de longas-metragens, curtas-metragens e vídeos digitais, produzidos nos últimos anos, bem como a realização de conferências, oficinas audiovisuais, lançamentos de livros, exposições e atividades culturais, com acesso gratuito para a população local, regional e de outras localidades.

A “Mostra Cinema Conquista – Ano 6” é uma realização da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e da Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários, e como co-realizadora a Casa da Cultura de Vitória da Conquista. Tem como patrocinadores o Ministério da Cultura – Secretaria do Audiovisual, por meio do Fundo Nacional da Cultura, e o Governo do Estado da Bahia – secretarias da Fazenda e de Cultura, por meio do Fundo de Cultura da Bahia.