terça-feira, 17 de agosto de 2010

TOQUES DA BAHIA

Gravação do programa Toques da Bahia para uma Tv de São Paulo-SP Com: Rada Rezedá, Patricia Cortizo, Lara Guedes e Lorena Lima gravando em clima de felicidade, descontração e companheirismo. tudo de bom!

MIGUEL LITTIN RECEBE TUNA ESPINHEIRA

Por André Setaro

O cineasta baiano Tuna Espinheira, realizador do longa Cascalho, olha com certa admiração para Miguel Littin, consagrado diretor cinematográfico chileno que esteve em Salvador para ministrar um curso durante o VI Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, que aconteceu julho próximo passado. Na oportunidade, no encerramento do evento, foi apresentado, em avant-première mundial, Ilha Dawson, derradeira obra de Littin, que se estabeleceu no cenário internacional com filmes como La tierra prometida (1973), Actas de Marusia (1975), Acta generale del Chile (1986), Tierra del fuego (1999). Segundo ouvi de Tuna, Ilha Dawson é um grande filme, mas há detratores na província. Walter Lima, organizador e idealizador do seminário, é um dos produtores de Ilha Dawson, que tem no elenco, entre outros, Bertrand Duarte, o qual, como de hábito, tem um poder de convencimento muito grande como intérprete. Tuna manda avisar que três de seus documentários já estão programados nas Quartas Baianas que se realiza semanalmente na Sala Walter da Silveira (mas depois se conversa melhor sobre a programação que ainda vai se dar em setembro).

domingo, 15 de agosto de 2010

ALUNOS DA CAP ESCOLA DE TV E CINEMA GRAVANDO NO BOMFIM!

Oa alunos da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador gravam comercial para campanha política na Igreja do Bomfim, na foto o competente diretor Giovanni Almeida comanda a equipe.

CAP ESCOLA DE TV E CINEMA EM SALVADOR


CAP ESCOLA DE TV EM SALVADOR Reserve sua vaga nos cursos antecipadamente através de mail (71) 9167.8274 - 8774.8870 - 4102.68521)


1) CURSO DE INTERPRETAÇÃO PARA TV / TELEJORNALISMO em Salvador

Inicio: AGOSTO Duração: 5 meses, turmas Sábados das 9 as 12.30h Conteúdo: dicção (voz/fala); memorização de textos; leitura e interpretação; expressão corporal; gravação.Professora: Rada Rezedá


2) CURSO DE TV PARA ATORES em Salvador Turmas para iniciantes, adolescentes e crianças Aulas as sextas das 14.30 as 17.30 h - inicio 09 / 07 Aulas as terças das 18 as 22h Professora: Rada Rezedá


3) CURSO DE CAMERA em Salvador (CINEGRAFISTA)

INICIO: 18 DE OUTUBROConteúdo: curso prático – o aluno aprende a operar câmera profissional de TV; planos e movimentos de câmera;mercado de trabalho.Investimento: R$ 350,00 ( em 2 x de r$175,00 com cheque pré) ou a vista R$ 300,00.

Professor: Xeno Veloso Duração: 8 dias


4) CURSO DE PRODUÇÃO E DIREÇÃO DE TV em Salvador Próxima turma: SETEMBRO Conteúdo: curso pratico – o aluno aprende produzir uma peça em audiovisual Investimento: R$ 450,00 (em 2 x de R$225,00 com cheque pré) ou a vista: R$ 400,00 Professora: Rada Rezeda e professor convidado


5) CURSO DE ASSESSORIA DE IMPRENSA E PRODUÇÃO Data: SETEMBRO

Investimento: R$ 450,00 (em 2 x de R$225,00 com cheque pré) ou a vista: R$ 400,00 Com Roberta de Pietro, jornalista


6) CURSO DE NARRAÇÃO ESPORTIVA em Salvador (RÁDIO/TV)Proxima turma : SETEMBRO Com Jornalista (São Paulo) Roberto Monteiro: fez cobertura jornalística de 7 Copas do MundoInvestimento: R$ 350,00 ( em 2 x de R$225,00 com cheque pré) ou a vista R$ 300,00


7) CURSO DE ROTEIRO PARA CINEMA com Carol Assis Matriculas abertas


8) CURSO MAQUIAGEM PARA TV e MAQUIAGEM EFEITOS com Thyago Mandu Matriculas abertas CAP ESCOLA DE TV E CINEMA EM SALVADOR, 15 ANOS DE BAHIA!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A CRÍTICA DE CINEMA


Por André Setaro

Tomo a liberdade de transcrever este texto do excelente crítico Diego Assunção responsável pelos escritos do blog Sétima Arte (http://www.cinema-setima-arte.blogspot.com/), que todo bom cinéfilo deveria visitar e tê-lo entre seus favoritos. Como é o meu caso. Ele escreve também na edição da Folha de S.Paulo para Araçatuba (SP).

"Há milhares de clichês sobre a atividade da crítica de cinema e muitos estereótipos sobre os indivíduos que a pratica. Há desde aqueles que pensam ser os críticos meros revoltados até outros tantos que vêem neles seres frustrados que, na impossibilidade de fazerem seus próprios filmes, simplesmente metem o bedelho no trabalho alheio.

"Crítico é o cara que gosta dos filmes que ninguém gosta", diz um. "Crítico é um panaca", diz outro. "Crítico é um nada", completa um terceiro. O mais engraçado de comentários desse tipo é que demonstram que as pessoas parecem conhecer ou ler muito pouco do que esses profissionais escrevem, tratando-os como se fosse uma só voz, ou como se fossem membros de uma gangue que atua num complô para acabar com o prazer do espectador com algum filme.

Crítica é uma atividade tão ingrata quanto qualquer outra profissão, assim como há os bons profissionais e existem os ruins. Não tem segredo nisso. Assim como há bons médicos, têm aqueles que fazem o estilo "açougueiro". Existem críticos que conseguem imprimir em seus escritos um método de trabalho, que passam ao leitor uma experiência de cinema, uma visão capaz de fazê-lo refletir sobre as coisas do mundo, mas também têm aqueles que ficam no ramerrame de comentários que nada dizem, como "oh, como a fotografia do filme X é linda, como tal ator atua bem no filme Y".

Como bem metaforizou certa vez Inácio Araujo, crítico de cinema é um pouco como um juiz de futebol. Se um juiz é o mediador em uma partida de futebol, o crítico de cinema é o árbitro na recepção de um filme, pois ele é o responsável por fazer a ponte entre um filme e o espectador. Assim como um torcedor fica puto da vida quando um juiz assinala um pênalti contra a sua equipe, um crítico de cinema só é bacana até o momento em que não fala mal de um filme adorado por algum leitor.
O papo de desdenhar da atividade crítica por supostamente ser uma atividade relegada aos artistas frustrados também é conversa fiada. "Faz-se crítica quando não se pode fazer arte, do mesmo modo que se é alcagüete quando não se pode ser policial", anotou acertadamente o escritor Gustave Flaubert. Um alcagüete auxilia o trabalho policial sem realmente fazê-lo, com crítica é a mesma coisa, "os melhores críticos são os que efetivamente contribuem para melhorar a arte que criticam", complementa Ezra Pound.

Acredito que os melhores críticos não são aqueles que têm na ponta da língua o nome de um ator quando se precisa saber dele, nem o cara que sabe de cor todos os ganhadores do Oscar. Bom crítico também não é o profissional que dá notas para os filmes como se avaliasse alguma escola de samba em tempos de carnaval. Crítico respeitável não é o que diz pro leitor qual filme ir assistir ou qual deixar de lado, nada disso.

O crítico que pode realmente contribuir para melhorar a arte que critica é simplesmente aquele que trata o leitor como igual, que respeita a sua inteligência e sensibilidade, o homem que, como afirmou o francês André Bazin, "ao invés de trazer uma verdade inexistente numa bandeja de prata, prolonga o máximo possível o impacto da obra de arte".

“Crítica de cinema é a arte de amar”, afirmou Jean Douchet, o “Sócrates da atividade”, segundo Louis Skorecki. A frase dele diz muito sobre a profissão como nenhuma outra, começando que ela descarta a prática como uma atividade de indivíduos odiosos e também ignora a idéia de que os críticos são seres que deixam de experimentar os filmes para lê-los, tendo uma visão extremamente racional, como a de um médico legista que disseca um cadáver.
Eu penso que uma crítica não deve nunca ser escrita como uma visão de cima pra baixo da obra, devendo assim obedecer à intenção de proteger a verdade e o sentido internos de uma obra contra todo e qualquer historicismo, biografismo e psicologismo.

Como Jacques Derrida, acredito que a grande virtude de um crítico está em reconhecer a força da obra, a força do gênio que a cria. Assim, o trabalho do crítico é o de fazer com que a potência do artista resida no texto.
Se crítica é a arte de amar, de prolongar o impacto de uma obra, creio que ela deve ser escrita um pouco como uma carta de amor e, se possível, ir além: tornar-se um testamento, um manifesto político, uma declaração de guerra.

Um crítico luta por convicções semelhantes às que o cineasta português Pedro Costa persegue com os seus filmes, a de “nunca lutar contra o capital, contra a barbárie, contra o país”, nada disso, mas lutar por alguma coisa, “pela memória, pela justiça, pelo amor”.
É claro que a atividade crítica anda desprestigiada, mas o bom cinema também está desacreditado. A verdade é que o público não anda muito interessado nos filmes que vão além do passatempo, aí fica realmente difícil a reflexão competir com a indução, a inquietação confrontar a conformidade, a crítica de cinema se sobressair à publicidade."

sábado, 24 de julho de 2010

CENTENÁRIO DO TIO DE GLAUBER ROCHA

Por Afranio Garcez

A Família Mendes Andrade, está preparando grande festa do Centenário de Hermes Mendes de Andrade (foto). A programação do dia 31 de Julho, contará com a presença de familiares e amigos do homenageado.
O local do evento será em sua residência localizada na Rua 2 de Julho, 191/A – Centro em Vitória da Conquista, onde nasceu o cineasta Glauber Rocha.
Honrado e sério, Hermes, durante toda a sua vida, viveu em função da sua força de trabalho, constituindo-se em um grande exemplo para toda família.

GRAVANDO!!!

Gravando cenas de novela para alunos da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador

GRAVANDO!!!

Beto Magno e Rada Rezedá gravando um video para alunos da Cap escola de Tv e Cinema em Salvador

OS MELHORES FILMES BRASILEIROS

Por André Setaro
Quando nos perguntam quais os nossos filmes preferidos, ficamos acossados entre os afetivos e os que se impõem pela importância história, o que dificulta a realização de uma lista dos melhores de todos os tempos. Também há o problema da limitação. Por que não colocarmos logo os vinte, os trinta, os cem? Mas há uma espécie de apego, nestas listas, à dezena. Fiquemos, portanto, assim limitados, embora existam filmes que gostaríamos de também incluí-los, como A margem (1967), de Ozualdo Candeias, De vento em popa e O homem do sputnick (1959), de Carlos Manga, A grande feira (1961) e Tocaia no asfalto (1962), ambos de Roberto Pires – nestes dois, afetividade grande, O cangaceiro, de Lima Barreto, O padre e a moça, de Joaquim Pedro de Andrade, Os cafajestes, de Ruy Guerra, Assalto ao trem pagador e Selva trágica, ambos de Roberto Farias, Um ramo para Luiza, de J. B. Tanko, O quinto poder, de Alberto Pieralisi, entre outros. Interessante observar que, desta relação, oito filmes foram realizados nos anos 60, um nos 50 e outro nos 70. Por que esta preferência pela década de 60? Acreditamos que a década mais criativa do cinema brasileiro. Em todo caso, cada um tem sua lista e, afinal de contas, gosto não se discute. Quanto a Limite, de Mário Peixoto, pensei em colocá-lo em primeiro lugar, mas sua importância é tanta que fica a latere, hors concurs com o títuto de filme Doutor Honoris Causa.

1) DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL (1964), de Glauber Rocha, com Geraldo D’El Rey, Othon Bastos, Maurício do Valle, Yoná Magalhães e Sonia dos Humildes. Filme-ópera que rompe com os cânones narrativos do cinema brasileiro para instaurar uma estética dilacerante onde estão em simbiose a tragédia sertaneja, plena de ecos gregos, e a expressão lancinante de brasilidade, onde, num toque original e impactuante, a influência de vários cineastas (Ford, Kurosawa, Buñuel, e principalmente Eisenstein - a matança dos beatos é nitidamente influenciada pela seqüência da Escadaria de Odessa de O encouraçado Potemkin) se espraia num estilo personalíssimo. Este filme traumatizou duramente o cinema brasileiro.

2) TERRA EM TRANSE, de Glauber Rocha (1967), com Jardel Filho, Glauce Rocha, Paulo Autran. Ainda que a tentação fosse a de não repetir realizadores nesta lista mambembe, não se pode deixar de incluir esta obra-primíssima que retrata, num painel alucinante, o terremoto da política brasileira. Obra de grande impacto em sua mise-en-scène, com sequências audaciosas, é, também, um canto agônico, onde um poeta - dividido entre a política e a arte, no processo de sua lenta morte, após um tiroteio numa estrada, repassa o seu pretérito. O filme, portanto, tem sua ação localizada na mente desse personagem enquanto dá seus últimos suspiros. Surpreendente sob todos os aspectos.

3) SÃO PAULO S/A, de Luís Sérgio Person (1965), com Walmor Chagas, Eva Wilma, Otelo Zelloni. O Cinema Novo se desloca, aqui, do campo para a cidade. Person realiza uma obra delicada e sensível onde a cidade paulistana se integra no conflito audiovisual, inserindo-se na estrutura narrativa do filme como um personagem. Esta incorporação do ambiente ao tecido dramatúrgico é rara na cinematografia. Centro da metrópole, em plena era de industrialização, um homem perdido à procura de um sentido para a sua existência. Exemplar!

4) O BANDIDO DA LUZ VERMELHA, de Rogério Sganzerla (1967), com Paulo Villaça, Helena Ignêz, Luiz Linhares. Carro-chefe do chamado Cinema Marginal - ou underground ou, ainda, udigrudi. Um faroeste do Terceiro Mundo, na definição de seu autor, obra de estréia em longa metragem, um filme único na cinematografia nacional. As imagens, desordenadas mas com uma cadência rítmica explosiva, aparecem, na estrutura narrativa, como a ilustração de um programa de rádio de classe Z. Duas vozes narram a trajetória de um perigoso marginal da periferia paulistana. O que se pode ver, neste filme extraordinário, é a apreensão, por um jovem cineasta de 21 anos, do melhor cinema praticado em décadas anteriores. Radiofônico, como Welles, sincopado em sua montagem, como Godard, mas de uma boçalidade exclusivamente brasileira. O autor assume a bregüice nacional com uma total non chalance, proporcionando, com isso, um retrato esculhambado por excelência, mas inteligentíssimo como expressão da arte do filme.
5) A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA, de Roberto Santos (1965), com Leonardo Villar, Jofre Soares. O realizador venceu uma batalha mais forte do que a do seu personagem: adaptar, com poder de convencimento, uma obra de Guimarães Rosa. Problemas de especificidades lingüísticas à parte, o fato é que o filme é deslumbrante na tentativa de descrever o universo rosiano por meio da força de um outro signo expressivo: o da linguagem cinematográfica. Um grande momento para o Cinema Novo e para todo o cinema brasileiro. E Leonardo Villar está como que inexcedível no papel título.

6) ABSOLUTAMENTE CERTO, de Anselmo Duarte (1958), com Dercy Gonçalves, Anselmo Duarte, Odete Lara. Em pleno domínio da chanchada, o maior galã do cinema nacional da época dirige o seu primeiro longa. O resultado fica acima da expectativa, pois uma inteligente comédia de costumes que retrata, com graça e humor, a classe média paulistana. Mas, mais importante que isso, é o cinema ágil, engraçado, com excelentes transições, de um ritmo frenético que acaba por funcionar como um trabalho que ultrapassa o espírito de sua época. O realizador, anos depois, conquistaria a cobiçada Palma de Ouro no Festival de Cannes com O Pagador de Promessas. Mas é aqui que se encontra o melhor do cineasta.

7) VIDAS SECAS, de Nelson Pereira dos Santos (1964), com Átila Iório, Maria Ribeiro. Adaptação do romance homônimo de Graciliano Ramos. Poucas vezes o cinema e a literatura puderam se dar as mãos em harmonia como nesta obra cinematográfica. O livro parece um indicativo das imagens em movimento pela sua linguagem seca, sem floreios. O diretor, precursor do Cinema Novo - Rio, quarenta graus, Rio Zona Norte, soube apreender as indicações da escritura romanesca, transformando-as em pura linguagem fílmica. Desde a fotografia sem filtros, que denuncia a aridez da paisagem e o sol dominador, passando pelas rigorosas interpretações de Átila Iório e Maria Ribeiro, até o clímax da morte cansada da cadela, tudo é luz e maravilhamento.

8) NOITE VAZIA, de Walter Hugo Khoury (1964), com Mário Benvenutti, Norma Bengell, Odete Lara, Gabrielle Tinti. Um autor original no panorama do cinema brasileiro que, muito criticado pelos cinemanovistas pelas influências de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, conseguiu, como poucos neste país, revelar-se um verdadeiro autor na expressão exata do vocábulo. Com um universo ficcional próprio e um estilo particularíssimo, com cada obra singular sendo uma variação de um mesmo tema - o macrofilme, que é toda a sua filmografia, Khoury enfrentou incólume as turbulências da crítica e hoje está estabelecido como um dos maiores cineastas brasileiros. Noite vazia investe na noite de São Paulo com seus personagens amargurados à procura de um significado para as suas existências desiludidas. Mas o que se faz notar no filme é uma emergência poética a cada instante, um domínio formal impressionante na condução da mise-en-scène. A seqüência da chuva na janela, em montagem paralela com as mulheres deitadas e o ovo que se estala no fogão, é uma das mais belas do cinema brasileiro.

9) TODAS AS MULHERES DO MUNDO, de Domingos de Oliveira (1966), com Paulo José, Flávio Migliaccio, Leila Diniz, Ivan de Albuquerque, Irma Alvarez. Nenhum filme brasileiro revelou tão bem o espírito de uma época como este delicado poema à mulher amada de um realizador em sua primeira incursão no universo das imagens em movimento. Domingos se encontra em sua quintessência, dotado de um singular humor e uma capacidade intuitiva rara no estabelecimento de uma poética sobre o seu tempo.

10) LILIAM M - RELATÓRIO CONFIDENCIAL, de Carlos Reichenbach, com Célia Olga Benvenutti, Benjamin Cattan, Sérgio Hingst, Edward Freud. Mulher casada com lavrador é seduzida por mascate e após trágico acidente vai morar na selva de pedra paulistana onde enfrenta a solidão e o desespero, mas, inesperadamente, se casa com industrial rico e muda de vida. Filme original, bastante influenciado pela estética do cinema japonês, premiado em vários festivais, é um marco na carreira de seu autor e sua revelação para o Brasil e para o mundo. Uma obra que precisa ser revista atualmente com toda a atenção.
11) LIMITE, de Mário Peixoto (1930), com Olga Breno, Taciana Rei, Raul Schnoor. Clássico absoluto do cinema brasileiro. Um filme que não se compara mas se separa. Três pessoas viajam sem destino num barco e relembram o passado. Filme-mito, que provocou estesia e polêmica, realizado ainda na estética da arte muda por um jovem realizador que estreava, aqui, na direção cinematográfica e depois desse filme se trancou numa ilha para sempre. Obra essencial, visual, puro cinema, ou o cinema como música do olhar. Fotografia excepcional de Edgard Brazil.

domingo, 11 de julho de 2010

LIVRO DE BERTOLUCCI


Bernardo Bertolucci, Um dos mais importantes cineastas italianos do século XX, lançou na semana passada (30) seu livro La Mia Magnifica Ossessione, uma coleção de textos sobre cinema, já publicados em jornais e revistas (além de transcrições de discursos), recolhidos e reorganizados por dois críticos, Fabio Francione e Piero Spila. O livro, não necessariamente uma autobiografia, trata dos pensamentos, opiniões e da trajetória de um dos mais revolucionários, inventivos e consagrados diretores do cinema europeu. Aos 69 anos, Bertolucci surpreendeu ao chegar para o lançamento do livro em uma cadeira de rodas, fruto de uma doença que bloqueia parte de seu corpo e que o obriga a viver praticamente sem sair de casa. Nos últimos anos, o diretor, ganhador de 9 Oscars (entre muitos outros prêmios), se recusa a falar em público. Ao lado de Fellini e Pasolini (com quem trabalhou como assistente no início da carreira), Bertolucci é uma referência intelectual da sétima arte, embora não goste de ser assim tratado.


O engajamento em questões sociais e políticas sempre ficou claro em seus filmes, mesmo quando foi trabalhar nos Estados Unidos (1967), onde escreveu o roteiro de Era uma vez no Oeste, o clássico de Sérgio Leone, marcado como um dos filmes mais importantes da história do cinema. Mesmo em Hollywood, terra das frivolidades, Bertolucci exerceu seu talento com total franqueza e coragem. Antes de fazer cinema, o cineasta estudou na Universidade de Roma e ganhou alguma fama como poeta. Em 1961 trabalhou como assistente de direção no filme “Accattone”, de Pasolini, tendo em 1962 dirigido seu primeiro longa, La commare secca. Mas foi com Antes da Revolução que sua trajetória de sucesso começou e não parou mais.

Já nos EUA, dirigiu O Conformista (1970), e sua obra-prima, O Último Tango em Paris (1972), um impecável mergulho na decadência de um homem (Marlon Brando) que repassa seus sentimentos através de um brevíssimo relacionamento com uma moça. O filme, graças a belíssima magia erótica introduzida por Bertolucci, escandalizou os patrulheiros de plantão, mas não deixou de ser reconhecido como uma das mais belas obras dos anos 70. Alias, o escândalo e a ousadia sempre foram uma marca na trajetória desse italiano, nascido em Parma, e crítico feroz de Berlusconi (“existe desilusão e decepção entre as pessoas na Itália, e é por isso que acabamos tendo essa desgraça chamada Berlusconi como primeiro-ministro”).

Em La Luna, de 1979, Bertolucci mergulha no relacionamento incestuoso de uma grande soprano e seu filho drogado, fazendo as colunas da moralidade novamente tremerem, embora o filme seja lindo, lírico e de grande intensidade dramática. A consagração veio em 1987, com O Último Imperador, obra colecionadora de vários Oscars, um BAFTA e outras premiações. Trata-se de um filme “eternamente atual”, sublime, que narra a história de Aisin-Gioro Puyi, o último imperador da China Imperial, desde o seu esplendor até a década de 50 quando termina sua vida como um simples jardineiro em Pequim.

Em O céu que nos protege (1990), Bertolucci volta a incomodar o cinema convencional, quando narra um casal de nova-iorquinos em conflito (Debra Winger e John Malkovich) que decide viajar pela África em busca de alguma coisa que desperte a reaproximação, ou algum alento que dê sentido às suas vidas. Seu último filme,Os Sonhadores (2003), baseado no livro de Gilbert Adair (também roteirista do filme), não teve problemas com a censura, mas o estúdio Fox pediu o corte de uma longa cena de sexo e nudez masculina. A obra narra a história de um imberbe e ingênuo estudante americano, apaixonado por cinema, que se muda para Paris dias antes do levante estudantil de maio de 1968. Fica amigo de um casal de irmãos franceses que o faz mergulhar em experiências sexuais e filosóficas. O diretor, que sempre considerou a Primavera de 68 como um “um momento mágico” da história, mostra no filme um relacionamento carregado de metáforas sobre o que viria a seguir para a juventude pós-68.

Bertolucci é um dos últimos visionários da sua geração de cineastas, um autor que não teve medo de desvendar as vísceras das relações humanas e as suas múltiplas matizes sociais e políticas. O brilho está em como ele consegue fazer isso sem ser panfletário, cabotino ou risível. A cena final de “O Último Imperador” é uma assustadora visão da frustração humana, filmada sem medo, sem ódio e com incrível encantamento. Uma cena que talvez tenha tudo a ver com o atual esplendor chinês, que para mim está repleto de dúvidas sobre o seu futuro.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

60 ANOS DO CLUBE DE CINEMA DA BAHIA


Por André Setaro

De 26/06 a 01/07 –– SESSÕES DE 16:30 e 19:00 HORAS
SALA WALTER DA SILVEIRA

Dia 26/066h30 Filme:Em Busca do Ouro (The Gold Rush , EUA-1925)

Direção:Charles ChaplinElenco:Charles Chaplin,Mack Swain e Tom Murray
Duração:83 min Sinopse: Um pobre vagabundo, seguindo os rastros de outros tantos, viaja em busca do ouro no Alasca. No meio de uma tempestade de neve, ele consegue encontrar uma cabana, mas lá tem que disputar espaço com outro homem, um bandido. Jim McKay, outro que está em busca do ouro, surge e acaba salvando a vida do vagabundo, e os dois tornam-se amigos.

19h Filme:Cidadão Kane (Citizen Kane, EUA, 1941)

Direção:Orson Welles
Elenco:Orson Welles, Joseph Cotten, Dorothy Comingore, Agnes Moorehead e Ruth Warrick. Duração:119 minSinopse: Figura mitológica da imprensa norte-americana, o multimilionário Charles Foster Kane morre sozinho na sua extravagante mansão e dá um último sussurro: “rosebud”. Na tentativa de descobrir o significado da palavra, um repórter procura pessoas que conviveram e trabalharam com Kane. Elas relatam a vida e a ascensão dele, mas não ajudam a decifrar a charada de sua morte.

Dia 27/0616h30Filme: O Encouraçado Potemkin (Bronenosets Potyomkin, URSS, 1925)Direção:Sergei Eisenstein Elenco: Aleksandr Antonov, Vladimir Barsky e Grigori Aleksandrov. Duração:75 min.Sinopse: Baseado em fatos reais, conta peculiaridades da Rússia czarista, que, em 1905, viu um levante anteceder a Revolução de 1917. Estamos no navio de guerra Potenkim, com marinheiros cansados de serem maltratados, comendo carne estragada pensando que ela estava perfeita. Alguns marinheiros se recusam a comer e, então, os oficiais ordenam a execução dos “desertores”. A tensão aumenta e a situação perde o controle.

19hFilme:Rashomon (Rashômon ,JAP – 1950)

Direção:Akira KurosawaElenco:Toshirô Mifune, Masayuki Mori e Machiko Kyô.
Duração:88 min.Sinopse: No Japão do século 12, um fazendeiro e sua mulher são atacados numa floresta. Ela é violentada; ele morre. Ao longo do julgamento do caso, cada uma das quatro testemunhas, inclusive o fantasma do fazendeiro assassinado, conta o ocorrido segundo diferentes pontos de vista. Na busca da versão real, o drama questiona o próprio conceito de verdade.

Dia 28/0616h30 e 19hFilme:Desencanto (Brief Encounter, GB, 1945)

Direção: David LeanElenco:Celia Johnson e Trevor Howard.
Duração:86 min.Sinopse: Em um café numa estação de trem, a dona de casa Laura Jesson encontra o doutor Alec Harvey. Embora ambos já sejam casados, gradualmente apaixonam-se um pelo outro. Eles, então, continuam encontrando-se toda semana no mesmo local, mesmo sabendo que seu amor é impossível.

Dia 29/0616h30 Filme:Vidas Secas (Brasil- 1963)

Direção:Nelson Pereira dos Santos
Elenco: Átila Iório,Genivaldo Lima, Gilvan Lima e Orlando Macedo.Classificação:14 anos Sinopse - Família de retirantes, Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia, que, pressionados pela seca, atravessam o sertão em busca de meios de sobrevivência. Inspirado na obra de Graciliano Ramos.

19h Filme: Antes da Revolução (Prima della revoluzione,Itália, 1964)

Direção: Bernardo Bertolucci
Elenco: Adriana Asti e Francesco Barilli. Duração: 115minSinopse: Parma, 1964. Fabrizio, um jovem de 22 anos, passa por uma fase de indecisão política e afetiva. Apesar de renegar a burguesia, não se sente à vontade no movimento revolucionário, pois se considera à frente das ideologias da esquerda. Ao mesmo tempo, vive um amor conturbado com sua tia.

Dia 30/0616h30 Filme:Deus e o Diabo na Terra do Sol (Brasil,1964)

Direção:Glauber Rocha
Elenco:Othon Bastos,Geraldo Del Rey, Sonia dos Humildes e Yoná Magalhães. Duração: 115 minSinopse: O cangaceiro Manuel e sua mulher Rosa são obrigados a viajar pelo sertão, após ele ter matado o patrão. Em sua jornada, eles acabam cruzando com um Deus negro, um diabo loiro e um temível homem. Esta é considerada a obra-prima de Glauber Rocha.

Dia 1/0716h30 ]Filme: Paixão dos Fortes (My Darling Clementine, EUA - 1946)

Direção: John Ford
Elenco: Walter Brennan,Victor Mature,Linda Darnell e Roy Roberts. Duração:97 minSinopse: Wyatt Earp é o lendário xerife de Dodge City, mas hoje ele se limita a viajar com seus irmãos carregando gado. Em uma das viagens, ele deixa seu irmão mais novo tomando conta do rebanho enquanto vai ao saloon. Quando volta, encontra o pequeno morto e decide aceitar trabalhar no cargo de xerife da cidade, tentando trazer a justiça ao local.

19h Filme: Bandido Giuliano (Salvatore Giuliano, Itália -1961)
Direção:Francesco Rosi
Elenco:Frank Wolff, Salvo Randone, Pietro Cammarata e Ugo Torrente.
Duração:125 min.Sinopse:O filme conta a história verídica do bandido siciliano Salvatore Giuliano, e de suas relações com a Máfia e o poder.


A composição da imagem é de autoria de Jonga Olivieri.