sábado, 24 de julho de 2010

CENTENÁRIO DO TIO DE GLAUBER ROCHA

Por Afranio Garcez

A Família Mendes Andrade, está preparando grande festa do Centenário de Hermes Mendes de Andrade (foto). A programação do dia 31 de Julho, contará com a presença de familiares e amigos do homenageado.
O local do evento será em sua residência localizada na Rua 2 de Julho, 191/A – Centro em Vitória da Conquista, onde nasceu o cineasta Glauber Rocha.
Honrado e sério, Hermes, durante toda a sua vida, viveu em função da sua força de trabalho, constituindo-se em um grande exemplo para toda família.

GRAVANDO!!!

Gravando cenas de novela para alunos da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador

GRAVANDO!!!

Beto Magno e Rada Rezedá gravando um video para alunos da Cap escola de Tv e Cinema em Salvador

OS MELHORES FILMES BRASILEIROS

Por André Setaro
Quando nos perguntam quais os nossos filmes preferidos, ficamos acossados entre os afetivos e os que se impõem pela importância história, o que dificulta a realização de uma lista dos melhores de todos os tempos. Também há o problema da limitação. Por que não colocarmos logo os vinte, os trinta, os cem? Mas há uma espécie de apego, nestas listas, à dezena. Fiquemos, portanto, assim limitados, embora existam filmes que gostaríamos de também incluí-los, como A margem (1967), de Ozualdo Candeias, De vento em popa e O homem do sputnick (1959), de Carlos Manga, A grande feira (1961) e Tocaia no asfalto (1962), ambos de Roberto Pires – nestes dois, afetividade grande, O cangaceiro, de Lima Barreto, O padre e a moça, de Joaquim Pedro de Andrade, Os cafajestes, de Ruy Guerra, Assalto ao trem pagador e Selva trágica, ambos de Roberto Farias, Um ramo para Luiza, de J. B. Tanko, O quinto poder, de Alberto Pieralisi, entre outros. Interessante observar que, desta relação, oito filmes foram realizados nos anos 60, um nos 50 e outro nos 70. Por que esta preferência pela década de 60? Acreditamos que a década mais criativa do cinema brasileiro. Em todo caso, cada um tem sua lista e, afinal de contas, gosto não se discute. Quanto a Limite, de Mário Peixoto, pensei em colocá-lo em primeiro lugar, mas sua importância é tanta que fica a latere, hors concurs com o títuto de filme Doutor Honoris Causa.

1) DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL (1964), de Glauber Rocha, com Geraldo D’El Rey, Othon Bastos, Maurício do Valle, Yoná Magalhães e Sonia dos Humildes. Filme-ópera que rompe com os cânones narrativos do cinema brasileiro para instaurar uma estética dilacerante onde estão em simbiose a tragédia sertaneja, plena de ecos gregos, e a expressão lancinante de brasilidade, onde, num toque original e impactuante, a influência de vários cineastas (Ford, Kurosawa, Buñuel, e principalmente Eisenstein - a matança dos beatos é nitidamente influenciada pela seqüência da Escadaria de Odessa de O encouraçado Potemkin) se espraia num estilo personalíssimo. Este filme traumatizou duramente o cinema brasileiro.

2) TERRA EM TRANSE, de Glauber Rocha (1967), com Jardel Filho, Glauce Rocha, Paulo Autran. Ainda que a tentação fosse a de não repetir realizadores nesta lista mambembe, não se pode deixar de incluir esta obra-primíssima que retrata, num painel alucinante, o terremoto da política brasileira. Obra de grande impacto em sua mise-en-scène, com sequências audaciosas, é, também, um canto agônico, onde um poeta - dividido entre a política e a arte, no processo de sua lenta morte, após um tiroteio numa estrada, repassa o seu pretérito. O filme, portanto, tem sua ação localizada na mente desse personagem enquanto dá seus últimos suspiros. Surpreendente sob todos os aspectos.

3) SÃO PAULO S/A, de Luís Sérgio Person (1965), com Walmor Chagas, Eva Wilma, Otelo Zelloni. O Cinema Novo se desloca, aqui, do campo para a cidade. Person realiza uma obra delicada e sensível onde a cidade paulistana se integra no conflito audiovisual, inserindo-se na estrutura narrativa do filme como um personagem. Esta incorporação do ambiente ao tecido dramatúrgico é rara na cinematografia. Centro da metrópole, em plena era de industrialização, um homem perdido à procura de um sentido para a sua existência. Exemplar!

4) O BANDIDO DA LUZ VERMELHA, de Rogério Sganzerla (1967), com Paulo Villaça, Helena Ignêz, Luiz Linhares. Carro-chefe do chamado Cinema Marginal - ou underground ou, ainda, udigrudi. Um faroeste do Terceiro Mundo, na definição de seu autor, obra de estréia em longa metragem, um filme único na cinematografia nacional. As imagens, desordenadas mas com uma cadência rítmica explosiva, aparecem, na estrutura narrativa, como a ilustração de um programa de rádio de classe Z. Duas vozes narram a trajetória de um perigoso marginal da periferia paulistana. O que se pode ver, neste filme extraordinário, é a apreensão, por um jovem cineasta de 21 anos, do melhor cinema praticado em décadas anteriores. Radiofônico, como Welles, sincopado em sua montagem, como Godard, mas de uma boçalidade exclusivamente brasileira. O autor assume a bregüice nacional com uma total non chalance, proporcionando, com isso, um retrato esculhambado por excelência, mas inteligentíssimo como expressão da arte do filme.
5) A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA, de Roberto Santos (1965), com Leonardo Villar, Jofre Soares. O realizador venceu uma batalha mais forte do que a do seu personagem: adaptar, com poder de convencimento, uma obra de Guimarães Rosa. Problemas de especificidades lingüísticas à parte, o fato é que o filme é deslumbrante na tentativa de descrever o universo rosiano por meio da força de um outro signo expressivo: o da linguagem cinematográfica. Um grande momento para o Cinema Novo e para todo o cinema brasileiro. E Leonardo Villar está como que inexcedível no papel título.

6) ABSOLUTAMENTE CERTO, de Anselmo Duarte (1958), com Dercy Gonçalves, Anselmo Duarte, Odete Lara. Em pleno domínio da chanchada, o maior galã do cinema nacional da época dirige o seu primeiro longa. O resultado fica acima da expectativa, pois uma inteligente comédia de costumes que retrata, com graça e humor, a classe média paulistana. Mas, mais importante que isso, é o cinema ágil, engraçado, com excelentes transições, de um ritmo frenético que acaba por funcionar como um trabalho que ultrapassa o espírito de sua época. O realizador, anos depois, conquistaria a cobiçada Palma de Ouro no Festival de Cannes com O Pagador de Promessas. Mas é aqui que se encontra o melhor do cineasta.

7) VIDAS SECAS, de Nelson Pereira dos Santos (1964), com Átila Iório, Maria Ribeiro. Adaptação do romance homônimo de Graciliano Ramos. Poucas vezes o cinema e a literatura puderam se dar as mãos em harmonia como nesta obra cinematográfica. O livro parece um indicativo das imagens em movimento pela sua linguagem seca, sem floreios. O diretor, precursor do Cinema Novo - Rio, quarenta graus, Rio Zona Norte, soube apreender as indicações da escritura romanesca, transformando-as em pura linguagem fílmica. Desde a fotografia sem filtros, que denuncia a aridez da paisagem e o sol dominador, passando pelas rigorosas interpretações de Átila Iório e Maria Ribeiro, até o clímax da morte cansada da cadela, tudo é luz e maravilhamento.

8) NOITE VAZIA, de Walter Hugo Khoury (1964), com Mário Benvenutti, Norma Bengell, Odete Lara, Gabrielle Tinti. Um autor original no panorama do cinema brasileiro que, muito criticado pelos cinemanovistas pelas influências de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, conseguiu, como poucos neste país, revelar-se um verdadeiro autor na expressão exata do vocábulo. Com um universo ficcional próprio e um estilo particularíssimo, com cada obra singular sendo uma variação de um mesmo tema - o macrofilme, que é toda a sua filmografia, Khoury enfrentou incólume as turbulências da crítica e hoje está estabelecido como um dos maiores cineastas brasileiros. Noite vazia investe na noite de São Paulo com seus personagens amargurados à procura de um significado para as suas existências desiludidas. Mas o que se faz notar no filme é uma emergência poética a cada instante, um domínio formal impressionante na condução da mise-en-scène. A seqüência da chuva na janela, em montagem paralela com as mulheres deitadas e o ovo que se estala no fogão, é uma das mais belas do cinema brasileiro.

9) TODAS AS MULHERES DO MUNDO, de Domingos de Oliveira (1966), com Paulo José, Flávio Migliaccio, Leila Diniz, Ivan de Albuquerque, Irma Alvarez. Nenhum filme brasileiro revelou tão bem o espírito de uma época como este delicado poema à mulher amada de um realizador em sua primeira incursão no universo das imagens em movimento. Domingos se encontra em sua quintessência, dotado de um singular humor e uma capacidade intuitiva rara no estabelecimento de uma poética sobre o seu tempo.

10) LILIAM M - RELATÓRIO CONFIDENCIAL, de Carlos Reichenbach, com Célia Olga Benvenutti, Benjamin Cattan, Sérgio Hingst, Edward Freud. Mulher casada com lavrador é seduzida por mascate e após trágico acidente vai morar na selva de pedra paulistana onde enfrenta a solidão e o desespero, mas, inesperadamente, se casa com industrial rico e muda de vida. Filme original, bastante influenciado pela estética do cinema japonês, premiado em vários festivais, é um marco na carreira de seu autor e sua revelação para o Brasil e para o mundo. Uma obra que precisa ser revista atualmente com toda a atenção.
11) LIMITE, de Mário Peixoto (1930), com Olga Breno, Taciana Rei, Raul Schnoor. Clássico absoluto do cinema brasileiro. Um filme que não se compara mas se separa. Três pessoas viajam sem destino num barco e relembram o passado. Filme-mito, que provocou estesia e polêmica, realizado ainda na estética da arte muda por um jovem realizador que estreava, aqui, na direção cinematográfica e depois desse filme se trancou numa ilha para sempre. Obra essencial, visual, puro cinema, ou o cinema como música do olhar. Fotografia excepcional de Edgard Brazil.

domingo, 11 de julho de 2010

LIVRO DE BERTOLUCCI


Bernardo Bertolucci, Um dos mais importantes cineastas italianos do século XX, lançou na semana passada (30) seu livro La Mia Magnifica Ossessione, uma coleção de textos sobre cinema, já publicados em jornais e revistas (além de transcrições de discursos), recolhidos e reorganizados por dois críticos, Fabio Francione e Piero Spila. O livro, não necessariamente uma autobiografia, trata dos pensamentos, opiniões e da trajetória de um dos mais revolucionários, inventivos e consagrados diretores do cinema europeu. Aos 69 anos, Bertolucci surpreendeu ao chegar para o lançamento do livro em uma cadeira de rodas, fruto de uma doença que bloqueia parte de seu corpo e que o obriga a viver praticamente sem sair de casa. Nos últimos anos, o diretor, ganhador de 9 Oscars (entre muitos outros prêmios), se recusa a falar em público. Ao lado de Fellini e Pasolini (com quem trabalhou como assistente no início da carreira), Bertolucci é uma referência intelectual da sétima arte, embora não goste de ser assim tratado.


O engajamento em questões sociais e políticas sempre ficou claro em seus filmes, mesmo quando foi trabalhar nos Estados Unidos (1967), onde escreveu o roteiro de Era uma vez no Oeste, o clássico de Sérgio Leone, marcado como um dos filmes mais importantes da história do cinema. Mesmo em Hollywood, terra das frivolidades, Bertolucci exerceu seu talento com total franqueza e coragem. Antes de fazer cinema, o cineasta estudou na Universidade de Roma e ganhou alguma fama como poeta. Em 1961 trabalhou como assistente de direção no filme “Accattone”, de Pasolini, tendo em 1962 dirigido seu primeiro longa, La commare secca. Mas foi com Antes da Revolução que sua trajetória de sucesso começou e não parou mais.

Já nos EUA, dirigiu O Conformista (1970), e sua obra-prima, O Último Tango em Paris (1972), um impecável mergulho na decadência de um homem (Marlon Brando) que repassa seus sentimentos através de um brevíssimo relacionamento com uma moça. O filme, graças a belíssima magia erótica introduzida por Bertolucci, escandalizou os patrulheiros de plantão, mas não deixou de ser reconhecido como uma das mais belas obras dos anos 70. Alias, o escândalo e a ousadia sempre foram uma marca na trajetória desse italiano, nascido em Parma, e crítico feroz de Berlusconi (“existe desilusão e decepção entre as pessoas na Itália, e é por isso que acabamos tendo essa desgraça chamada Berlusconi como primeiro-ministro”).

Em La Luna, de 1979, Bertolucci mergulha no relacionamento incestuoso de uma grande soprano e seu filho drogado, fazendo as colunas da moralidade novamente tremerem, embora o filme seja lindo, lírico e de grande intensidade dramática. A consagração veio em 1987, com O Último Imperador, obra colecionadora de vários Oscars, um BAFTA e outras premiações. Trata-se de um filme “eternamente atual”, sublime, que narra a história de Aisin-Gioro Puyi, o último imperador da China Imperial, desde o seu esplendor até a década de 50 quando termina sua vida como um simples jardineiro em Pequim.

Em O céu que nos protege (1990), Bertolucci volta a incomodar o cinema convencional, quando narra um casal de nova-iorquinos em conflito (Debra Winger e John Malkovich) que decide viajar pela África em busca de alguma coisa que desperte a reaproximação, ou algum alento que dê sentido às suas vidas. Seu último filme,Os Sonhadores (2003), baseado no livro de Gilbert Adair (também roteirista do filme), não teve problemas com a censura, mas o estúdio Fox pediu o corte de uma longa cena de sexo e nudez masculina. A obra narra a história de um imberbe e ingênuo estudante americano, apaixonado por cinema, que se muda para Paris dias antes do levante estudantil de maio de 1968. Fica amigo de um casal de irmãos franceses que o faz mergulhar em experiências sexuais e filosóficas. O diretor, que sempre considerou a Primavera de 68 como um “um momento mágico” da história, mostra no filme um relacionamento carregado de metáforas sobre o que viria a seguir para a juventude pós-68.

Bertolucci é um dos últimos visionários da sua geração de cineastas, um autor que não teve medo de desvendar as vísceras das relações humanas e as suas múltiplas matizes sociais e políticas. O brilho está em como ele consegue fazer isso sem ser panfletário, cabotino ou risível. A cena final de “O Último Imperador” é uma assustadora visão da frustração humana, filmada sem medo, sem ódio e com incrível encantamento. Uma cena que talvez tenha tudo a ver com o atual esplendor chinês, que para mim está repleto de dúvidas sobre o seu futuro.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

60 ANOS DO CLUBE DE CINEMA DA BAHIA


Por André Setaro

De 26/06 a 01/07 –– SESSÕES DE 16:30 e 19:00 HORAS
SALA WALTER DA SILVEIRA

Dia 26/066h30 Filme:Em Busca do Ouro (The Gold Rush , EUA-1925)

Direção:Charles ChaplinElenco:Charles Chaplin,Mack Swain e Tom Murray
Duração:83 min Sinopse: Um pobre vagabundo, seguindo os rastros de outros tantos, viaja em busca do ouro no Alasca. No meio de uma tempestade de neve, ele consegue encontrar uma cabana, mas lá tem que disputar espaço com outro homem, um bandido. Jim McKay, outro que está em busca do ouro, surge e acaba salvando a vida do vagabundo, e os dois tornam-se amigos.

19h Filme:Cidadão Kane (Citizen Kane, EUA, 1941)

Direção:Orson Welles
Elenco:Orson Welles, Joseph Cotten, Dorothy Comingore, Agnes Moorehead e Ruth Warrick. Duração:119 minSinopse: Figura mitológica da imprensa norte-americana, o multimilionário Charles Foster Kane morre sozinho na sua extravagante mansão e dá um último sussurro: “rosebud”. Na tentativa de descobrir o significado da palavra, um repórter procura pessoas que conviveram e trabalharam com Kane. Elas relatam a vida e a ascensão dele, mas não ajudam a decifrar a charada de sua morte.

Dia 27/0616h30Filme: O Encouraçado Potemkin (Bronenosets Potyomkin, URSS, 1925)Direção:Sergei Eisenstein Elenco: Aleksandr Antonov, Vladimir Barsky e Grigori Aleksandrov. Duração:75 min.Sinopse: Baseado em fatos reais, conta peculiaridades da Rússia czarista, que, em 1905, viu um levante anteceder a Revolução de 1917. Estamos no navio de guerra Potenkim, com marinheiros cansados de serem maltratados, comendo carne estragada pensando que ela estava perfeita. Alguns marinheiros se recusam a comer e, então, os oficiais ordenam a execução dos “desertores”. A tensão aumenta e a situação perde o controle.

19hFilme:Rashomon (Rashômon ,JAP – 1950)

Direção:Akira KurosawaElenco:Toshirô Mifune, Masayuki Mori e Machiko Kyô.
Duração:88 min.Sinopse: No Japão do século 12, um fazendeiro e sua mulher são atacados numa floresta. Ela é violentada; ele morre. Ao longo do julgamento do caso, cada uma das quatro testemunhas, inclusive o fantasma do fazendeiro assassinado, conta o ocorrido segundo diferentes pontos de vista. Na busca da versão real, o drama questiona o próprio conceito de verdade.

Dia 28/0616h30 e 19hFilme:Desencanto (Brief Encounter, GB, 1945)

Direção: David LeanElenco:Celia Johnson e Trevor Howard.
Duração:86 min.Sinopse: Em um café numa estação de trem, a dona de casa Laura Jesson encontra o doutor Alec Harvey. Embora ambos já sejam casados, gradualmente apaixonam-se um pelo outro. Eles, então, continuam encontrando-se toda semana no mesmo local, mesmo sabendo que seu amor é impossível.

Dia 29/0616h30 Filme:Vidas Secas (Brasil- 1963)

Direção:Nelson Pereira dos Santos
Elenco: Átila Iório,Genivaldo Lima, Gilvan Lima e Orlando Macedo.Classificação:14 anos Sinopse - Família de retirantes, Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia, que, pressionados pela seca, atravessam o sertão em busca de meios de sobrevivência. Inspirado na obra de Graciliano Ramos.

19h Filme: Antes da Revolução (Prima della revoluzione,Itália, 1964)

Direção: Bernardo Bertolucci
Elenco: Adriana Asti e Francesco Barilli. Duração: 115minSinopse: Parma, 1964. Fabrizio, um jovem de 22 anos, passa por uma fase de indecisão política e afetiva. Apesar de renegar a burguesia, não se sente à vontade no movimento revolucionário, pois se considera à frente das ideologias da esquerda. Ao mesmo tempo, vive um amor conturbado com sua tia.

Dia 30/0616h30 Filme:Deus e o Diabo na Terra do Sol (Brasil,1964)

Direção:Glauber Rocha
Elenco:Othon Bastos,Geraldo Del Rey, Sonia dos Humildes e Yoná Magalhães. Duração: 115 minSinopse: O cangaceiro Manuel e sua mulher Rosa são obrigados a viajar pelo sertão, após ele ter matado o patrão. Em sua jornada, eles acabam cruzando com um Deus negro, um diabo loiro e um temível homem. Esta é considerada a obra-prima de Glauber Rocha.

Dia 1/0716h30 ]Filme: Paixão dos Fortes (My Darling Clementine, EUA - 1946)

Direção: John Ford
Elenco: Walter Brennan,Victor Mature,Linda Darnell e Roy Roberts. Duração:97 minSinopse: Wyatt Earp é o lendário xerife de Dodge City, mas hoje ele se limita a viajar com seus irmãos carregando gado. Em uma das viagens, ele deixa seu irmão mais novo tomando conta do rebanho enquanto vai ao saloon. Quando volta, encontra o pequeno morto e decide aceitar trabalhar no cargo de xerife da cidade, tentando trazer a justiça ao local.

19h Filme: Bandido Giuliano (Salvatore Giuliano, Itália -1961)
Direção:Francesco Rosi
Elenco:Frank Wolff, Salvo Randone, Pietro Cammarata e Ugo Torrente.
Duração:125 min.Sinopse:O filme conta a história verídica do bandido siciliano Salvatore Giuliano, e de suas relações com a Máfia e o poder.


A composição da imagem é de autoria de Jonga Olivieri.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

OS 100 ANOS DE CINEMA NA BAHIA

Glauber Rocha (O Profeta do Inconformismo)

Em 2010 o cinema baiano comemora 100 anos e desde que foi exibido o primeiro curta-metragem baiano, “Regatas da Bahia”, em outubro de 1910, do cineasta Diomedes Gramacho, a produção cinematográfica no estado teve seus momentos bons e difíceis e apesar de todos os obstáculos se destacou no cenário nacional, despontando com grandes cineastas, como o inesquecível Glauber Rocha.
Assim como o cinema nacional, o baiano passou por muitas fases como a chamada “a nova onda”, que revelou artistas como Roberto Pires com o filme “Redenção”, considerado um dos precursores no cinema da Bahia. Com ele vieram outros nomes como Rex Schindler, Luis Paulino dos Santos e Braga Neto. Glauber Rocha, também fazia parte deste grupo, e mais tarde criou o movimento chamado de Cinema Novo, cujo lema era “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”. Nesta época foi lançado o impactante “Terra em Transe”, de sua autoria e exibido entre os anos 1966/67.

“Redenção” de Roberto Pires
A ditadura militar imposta no Brasil na década de 60, não impediu que a arte do cinema baiano se manifestasse e muitos artistas usaram sua arte como instrumento de luta: Tuna Espinheira, Agnaldo Azevedo, Guido Araújo, Lázaro Torres, Edgard Navarro, Oscar Santana, Lázaro Faria, José Walter Lima e Kabá Gaudenzi são alguns exemplos de artistas que não se calaram frente aos terrorismos da ditadura. Durante duas décadas, mesmo com poucas produções e enfrentando o pesadelo da crise dos anos Collor, o cinema baiano continuou seu processo evolutivo e conquistou vários prêmios em festivais realizados pelo país.

"Ó Pai Ó" mostra as gírias da Bahia
A partir dos anos 90 até hoje, surgiram novos talentos e várias produções baianas chegaram às telas. Filmes como “Esses Moços”, “Cidade Baixa”, “Cidade das Mulheres” e mais recentemente em 2007, “Ó Pai Ó”, com direção de Monique Gardenberg e que consagrou atores como Lázaro Ramos e foi transformado em seriado pela TV Globo. Apesar das limitações o cinema baiano continua a todo vapor e muitos outros filmes estão em fase de produção. A Bahia tem motivos de sobra para festejar sua sétima arte no ano em completa seu centenário e os baianos para orgulharem-se em fazer parte de mais história!

MORRE WILLIAM LUBTCHANSKY


A morte, vinda aos 72 anos, do grande diretor de fotografia William Lubtchansky (na foto, ele se encontra na extrema esquerda, um senhor careca de terno preto e uma câmera pendurada) abalou o cinema europeu.

Era o iluminador preferido de grandes realizadores, entre os quais Jacques Rivette com o qual iluminou 19 de seus filmes. Fotografou A mulher do lado (La femme d'a côte), de François Truffaut, 7 de Jean-Luc Godard, Shoah, de Lanzman, alguns Ferreri etc. No cômputo geral de sua extraordinária trajetória consta, como diretor de fotografia, mais de 100 longas metragens, sem contar os numerosos curtas.

A importância de Lubtchansky, embora reconhecida pelas autoridades cinematográficas, ainda precisa ser analisada pelos historiadores para que seja colocado no panteão dos grandes mestres da iluminação.

terça-feira, 11 de maio de 2010

lll BAHIA AFRO FILM FESTIVAL

lll Bahia Afro Film Festival. Festival de cinema com temática negra, realizado de 13 a 23 de maio de 2010, na cidade de Cachoeira, Bahia, Brasil.

FILMES Selecionados Mostra Competitiva

01. Rio de Mulheres
de Cristina Maure -Minas Gerais
02. Black Berlim de Sabrina Fidalgo-Rio de Janeiro
03. Gisele Omindarewa de Clarice Ehlers Peixoto-Rio de Janeiro
04. Batatinha Poeta do Samba de Marcelo Rabelo-Bahia
05. Cantador de Chula de Marcelo Rabelo-Bahia
06. Doido Lelé de Ceci Alves-Bahia
07. Da Roda ao Samba de Paulo Dourado-Bahia
08. Passagens Estreitas de Kelson Frost-Minas Gerais
09. Trilogia do Reggae de Volney Menezes, Johny Guimaraes-Bahia
10. Maria do Paraguaçu de Camila Dutervil-Bahia
11. Cidade dos Mascarados de Emanuela Yglesias-Bahia
12. Reverso de Francisco Colombo-Maranhão
13. Remanso de Marcelo Abreu Goes-Bahia
14. Grafitti de Lilian Solá Santiago-São Paulo
15. Benguelê de Helena Martinho da Rocha-Rio de Janeiro
16. Vermelho Imaginário Mateus Damaceno-Bahia
17. Pastinha, uma vida pela Capoeira de Antonio Carlos Muricy-Rio de Janeiro
18. A Bença de Tarcisio Lara Puiti-Rio de janeiro
19. Cinderelas, Lobos e um Principe Encantado de Joel Zito Araujo-Rio de Janeiro
20. Palenque Popolo Libero d’ America de Salvatore Braca -Colômbia / Itália
21. O Rito de Ismael Ivo de Ari Candido - São Paulo
22. Memorias de um Afro Peruano de Jovita Andrade-Peru
23. Deusa do Ebano – Rainha do Ylê Aiyê de Carolina Moraes – Liu -Estados Unidos
24. Sua Majestade o Delegado de Clementino Junior - Rio de Janeiro
25. Making History de Cecilia Trip, Karen Mckinnon - França
26. With Every Breathde Ram Devineni-Estados Unidos
27. Má Vida de Tau Tourinho-Bahia
28. Bom Dia Eternidade de Rogerio Moura - São Paulo
29. A Ilha dos Escravos de Francisco Manso-Portugal
30. Reconvexo de Volney Menezes, Johny Guimarae-Bahia
31. Cruz e Souza, A Volta de um Desterrado de Claudia Cárdenas, Rafael Schlichting -Santa Catarina
32. Nego de Savio Leite-Minas Gerais

Lázaro Faria Curador do Bahia Afro Film Festival baff@bahiaafrofilmfestival.com.br http://click.icptrack.com/icp/relay.php?r=13178388&msgid=30399&act=I0FH&c=700342&destination=http://www.bahiaafrofilmfestival.com.br

sábado, 24 de abril de 2010

DICIONÁRIO DE CINEMA

Por Beto Magno

Vêm listados abaixo alguns termos técnicos freqüentemente usados em cinema. Como esta listagem não é completa, contamos com a sua colaboração, sugerindo a inclusão de novos termos, ou nos consultando sobre o significado de algum termo que você desconheça.


A
ABNT: sigla da Associação Brasileira de Normas Técnicas, responsável pelas normas e padrões técnicos que devem ser observados em diversos tipos de produtos e atividades, incluindo a projeção cinematográfica.


AC: abreviação de Corrente Alternada, a partir do termo equivalente em inglês. É o tipo de corrente normalmente recebida das companhias de eletricidade.

acústica: parte da ciência que trata dos fenômenos associados ao som.

ambiente, canal: canal da trilha sonora do filme utilizada para reproduzir efeitos que transmitam o "ambiente" sonoro da cena mostrada na tela.

Ampère: unidade utilizada para expressar a magnitude de um fluxo elétrico.
amplificador: equipamento eletrônico destinado a amplificar a intensidade dos sinais de áudio e fornecer a potência suficiente para fazer funcionar os monitores de áudio;
ângulo de projeção: ângulo formado entre o eixo ótico de projeção e um reta ou plano de referência.


B
bandor: conjunto de painéis móveis fixados ao refletor para controle das dimensões do feixe luminoso.

base: camada da película cinematográfica utilizada como suporte da emulsão da película. Também chamada "suporte".
batoque: cilindro de plástico no qual se enrola a película cinematográfica de 35 mm, para armazenagem e transporte.

bitola: medida da largura da película cinematográfica, de uma extremidade à outra.

bobina: também chamada "carretel", é o suporte no qual é enrolado o filme para projeção, transporte e armazenagem.
boom: haste na qual é suspenso o microfone, utilizada para seguir os movimentos dos atores.
brute: refletor com lâmpada a arco de alta potência equipado com lente Fresnel.

C
cabeça à fricção: cabeça de tripé com mecanismo de fricção regulável, usada para se obter movimentos suaves de câmera, no sentido vertical ou no sentido horizontal.

cabeça giroscópica: cabeça de tripé de câmera comportando um mecanismo giroscópico interno que tem por objetivo assegurar a uniformidade do movimento da câmera.

cabeça magnética: componente do projetor utilizado para leitura da trilha sonora magnética dos filmes.

câmera aérea: câmera de cinema projetada para realização de efeitos óticos (trucagens) quando uma imagem aérea é refotografada.

candela: unidade internacional de medida de luminância. Seu símbolo é "cd".

carretel (ou bobina): carretel plástico ou metálico com flanges protetoras usadas para se enrolar o filme.
carvão: eletrodos de grafite ou outras formas de carbono, utilizados nas lanternas antigas, chamadas "de carvão", como fonte de luz da projeção.

change-over: termo em inglês para designar a inversão, ou troca, entre projetores durante a projeção de um filme.

chapéu-alto (hi-hat): suporte especial de câmera que permite posicioná-la a poucos centímetros do chão.
chefe eletricista: chefe da equipe de elétrica do set de filmagem.

CinemaScope: também chamado "Scope", é o mais popular dos formatos chamados "panorâmicos" em 35 mm. Utiliza uma lente "anamórfica, na filmagem e na projeção, com formato igual a 1:2,35.

cintilamento (ou flicker): variações perceptíveis na intensidade luminosa da imagem projetada na tela. O mesmo que "flicker".

claquete: dispositivo que consiste em dois pedaços de madeira unidos num extremo por uma dobradiça e pintado com listras brancas e pretas alternadas. É mantido à frente da câmera e do microfone e estalado quando o equipamento começa a ser utilizado. O estalo e a imagem das posições relativas das duas madeiras identificam a sincronização correta do som e imagem.
coladeira: equipamento utilizado para emendar as extremidades da película cinematográfica.
contra-regra: pessoa encarregada dos acessórios ou objetos necessários à ação do filme.
contra-grifa: pino, ou pinos, que se encaixam nas perfurações do filme para mantê-lo imóvel durante o tempo de exposição.

cópia "0" (cópia "zero"): cópia destinada à verificação e à aprovação dos serviços de laboratório.
cópia de trabalho: cópia positiva contendo os planos do filme em finalização, utilizada pelo montador para realizar seu trabalho.
cópia: a cópia de um filme, produzida a partir de um negativo ou de um filme reversível.
copiadora com janela molhada: copiadora na qual o filme é recoberto ou imerso em um líquido especial durante a copiagem, a fim de reduzir a um mínimo os arranhões do negativo sobre a cópia.

corta-foco: obturador secundário da lanterna de projeção que interrompe o feixe luminoso quando o filme não estiver em movimento, para evitar que ele se queime.

cross-over: equipamento eletrônico utilizado para separar o sinal sonoro em diferentes faixas de freqüência.

cruz de malta: componente do projetor que produz o movimento intermitente de "avança-e-pára" da película cinematográfica durante a projeção.

D
dB: símbolo de decibel.
dc: abreviação de corrente contínua, do termo em inglês, designando um tipo de corrente elétrica que flui em um só sentido, como o necessário para funcionamento das lanternas a xenon ou "carvão".
debitador: tambor dentado utilizado no projetor para tracionar a película cinematográfica durante a projeção.

decibel: unidade utilizada para expressar o nível de pressão sonora, cujo símbolo é "dB".

densidade: utilizado em fotografia para expressar a transmitância ou reflectância, da película

fotográfica. Uma película que transmita metade da luz incidente, por exemplo, tem uma transmitância igual a 0,50, ou 50%, e uma densidade igual a 0,30.

densitômetro: instrumento utilizado para medir a densidade de uma imagem fotográfica.

dicróico: tipo de revestimento aplicado em espelhos ou lentes que filtra os raios infravermelhos, que transmitem o calor, sem afetar os outros comprimentos de onda do espectro luminoso.
O espelho dicróico, por exemplo, possibilita concentrar no fotograma uma maior quantidade de luz, com menor quantidade de calor.

distância de projeção: distância entre a objetiva do projetor e a tela de projeção.

Dolby: marca do fabricante que desenvolveu e fabrica um sistema para redução de ruídos da trilha sonora dos filmes e para registro e reprodução de trilhas com som estereofônico, nos procedimentos analógico ou digital.

DTS: sistema sonoro digital no qual a informação sonora é registrada em um CD- ROM, sincronizado às imagens através de um time code impresso fotograficamente na película cinematográfica, entre a trilha sonora ótica analógica convencional e o fotograma.

dublagem: gravação de diálogos sincronizados com a cena, depois que esta foi filmada.

E
eixo ótico (da projeção): reta imaginária que passa pelo centro geométrico da lente - ou lentes - de projeção, lâmpada e espelho de projeção.
emenda: procedimento utilizado para unir extremidades da película cinematográfica.
emulsão: camada da película fotográfica sensível à luz, na qual é registrada a imagem do filme.
espelho do projetor ou da lanterna: espelho de alta qualidade ótica e capacidade de reflexão, no formato de uma semi-esfera ou parábola, utilizado para concentrar a luz de projeção no fotograma que será projetado na tela.

espelho frio: espelho dicróico que não reflete os comprimentos de onda das radiações infravermelhas.

estrela (ou tribase): dispositivo destinado a manter fixas as pernas do tripé da câmera.

F
fantasma: "borrão" vertical na imagem, seja em baixo ou em cima, resultante de uma má regulagem do obturador em relação ao movimento do filme.
fantasma: problema da projeção quando formam-se pequenos halos - "fantasmas" - ao redor das imagens projetadas na tela.

filme tridimensional: processo que transmite a ilusão de profundidade nos filmes. Também chamado de "3D".

filme virgem: película fotográfica não exposta nem processada.

flicker: termo em inglês para cintilamento, usado para designar variações na intensidade luminosa na tela de projeção. Costuma-se dizer que a imagem está "flicando".

flicker: variações perceptíveis na intensidade luminosa da imagem projetada na tela. O mesmo que "cintilamento".

foco: diz-se que uma imagem está em foco, quando ela se apresenta nítida, com as bordas bem definidas.
fora de quadro: defeito da projeção quando a imagem não está centrada na tela de projeção, ou quando a película não está posicionada corretamente no projetor e o espaço entre os fotogramas é projetado na tela. Nesses casos costuma-se dizer que a imagem está "fora de quadro".
formato de projeção: proporção entre a altura e a largura da imagem do filme na tela.
fotocélula: dispositivo do projetor, que transforma variações na luz em variações em impulsos elétricos.

fotometro: instrumento utilizado para medição da intensidade luminosa.

frame: termo em inglês para fotograma ou quadro.

freqüência: o número de ciclos de um fenômeno que se repete a intervalos periódicos como, por exemplo, as ondas sonoras.

fusão: a transição de uma cena para outra, na qual uma nova cena aparece gradualmente ao mesmo tempo que a primeira cena desaparece gradualmente.

fusível: dispositivo de segurança utilizado para interromper ou desconectar um fluxo elétrico que exceda a capacidade de uma instalação elétrica ou equipamento.

G
gelatina: folha de material transparente e colorido utilizado para modificar a luz dos refletores.

grifa: nome do componente mecânico no formato de um garfo que introduz seus dentes nas perfurações da película cinematográfica para puxá-la em um movimento intermitente de "avança-e-pára".

H
horímetro: dispositivo das lanternas a xenon utilizadas para monitorar o tempo de utilização das lâmpadas.

hot spot: termo em inglês que significa "mancha quente", utilizado para designar áreas de maior concentração de luz na tela de projeção.

I
ignitor: mecanismo utilizado para dar partida na lâmpada xenon.

infravermelho: parte do espectro eletromagnético com freqüência abaixo das freqüências luminosas visíveis pelo olho humano. As freqüências infravermelhas transmitem principalmente calor.

instabilidade horizontal: defeito da projeção quando a imagem projetada na tela movimenta-se de um lado para o outro.

instabilidade vertical: defeito da projeção quando a imagem projetada na tela movimenta-se para cima e para baixo.

intermediate: internegativo (ou interpositivo) utilizado como etapa intermediária na produção de cópias positivas (ou negativas).

internegativo: negativo produzido a partir de uma cópia positiva original utilizado para fazer outras cópias.

inversão de projetor: procedimento pelo qual o operador cinematográfico muda de um projetor para o outro durante a projeção, sem que o público perceba, para dar continuidade ao filme que está sendo exibido.

J
janela de projeção: placa de metal inserida no projetor, com a proporção correta do da imagem que deve ser projetada na tela.

L
laçada: folga na película cinematográfica durante o seu carregamento na câmera de filmagem ou no projetor que tem por finalidade possibilitar o movimento intermitente da película. O mesmo que loop.

de tungstênio: tipo de lâmpada geralmente utilizado como fonte de luz dos projetores de 16 mm portáteis.

lâmpada excitadora: lâmpada incandescente, alimentada por corrente contínua, que fornece a luz para leitura da trilha sonora ótica impressa na película.

lâmpada excitadora: lâmpada utilizada como fonte luminosa de um sistema de leitura do registro sonoro ótico.

Beto Magno: Diretor, Pesquisador e Produtor

PRODUÇÃO ORGANIZACIONAL DE CINEMA

Por Beto Magno


Na realização de uma produção cinematográfica de pequeno e médio porte pode-se adotar um esquema básico que compreende as etapas de pré-produção, filmagem, montagem e finalização. Algumas regras devem ser observadas para se alcançar um resultado satisfatório.
Primeiro, é necessário identificar o segmento para o qual se pretende dirigir o resultado de uma produção, que pode ser o mercado comercial ou alternativo de exibição. Depois, escolher uma idéia (enredo) que será transformada em filme. O realizador deve levar em consideração a possibilidade de aproveitamento dessa idéia, analisando os recursos físicos, materiais e financeiros que serão necessários para a sua execução.
A partir daí, deve-se começar a organizar o esquema de produção, que compreende as diversas etapas exemplificadas abaixo.
O PROJETO
Um projeto cinematográfico deve conter as seguintes informações:
ARGUMENTO EQUIPE TÉCNICA ELENCO ARTÍSTICO ORÇAMENTO PLANO DE FILMAGEM PLANO DE DESEMBOLSO PLANO DE MÍDIA PLANO DE COMERCIALIZAÇÃO
O DIRETOR DE CINEMA
Habitualmente o projeto cinematográfico é preparado pelo diretor de cinema em parceria com o produtor executivo. Ambos os profissionais cuidam de todas as fases de realização de um filme. São eles que escolhem a equipe técnica, o elenco e as locações (ou a necessidade de contratação de estúdio cinematográfico ou a construção de cidade cenográfica), além de decidirem com os demais membros da equipe detalhes sobre figurinos, cenografia, efeitos sonoros, equipamentos e técnicas a serem utilizadas, dentre outras. Também participam da elaboração do plano de filmagem.
O ARGUMENTO
O argumento cinematográfico é preparado a partir da idéia original escolhida para ser filmada. É uma espécie de sinopse onde constam os principais pontos da trama e os personagens envolvidos. Pode ser desenvolvido pelo autor da idéia, um argumentista ou roteirista contratado para essa tarefa.
O ROTEIRO
É o texto que desenvolve o argumento numa linguagem técnico-artística. A partir dele é possível ter conhecimento do ambiente onde se passa a trama, seja ficcional ou documental, para que sejam definidas as locações e a etapa do dia em que acontece a cena. O roteiro indica os personagens presentes na história, seus modos e costumes, para que seja possível preparar a cenografia e os figurinos. As seqüências e os diálogos devem estar contidos no roteiro para que os personagens tenham vida. Um roteiro recebe de três a cinco tratamentos até atingir a sua forma definitiva.
A PRODUÇÃO EXECUTIVA
Normalmente um projeto pode pertencer a um produtor executivo, profissional que possui uma empresa cinematográfica e que coordena a etapa de captação de recursos financeiros. Junto com o diretor de produção (seu preposto), faz a seleção da equipe técnica e do elenco, celebra contratos com fornecedores, locadoras, órgãos públicos etc.
O PLANO DE FILMAGEM
É a planificação e o gerenciamento da produção propriamente dita. Especifica as tarefas, os prazos, os custos e os responsáveis pela pré-produção, produção, filmagem, montagem, mixagem, finalização e a previsão da primeira cópia do filme. O plano de filmagem é montado pelo produtor executivo e o diretor.
DECUPAGEM
É a ordenação do roteiro dramático num story board detalhando plano a plano o filme proposto. É a forma visual do roteiro literário, da qual participam o diretor, o diretor de produção, o continuísta e o diretor de fotografia.
DETALHAMENTO TÉCNICO
É uma listagem de necessidades e providências feita pelos departamentos envolvidos na produção (iluminação, equipamentos, figurinos, transporte, cenários etc.). Todos os setores encaminham suas análises técnicas à direção de produção, que faz o planejamento global da produção.
O ORÇAMENTO
É estabelecido a partir do plano de produção e das informações disponíveis sobre equipe técnica, elenco, custos de cenografia e figurinos, locações e equipamentos, direitos autorais, encargos diversos etc. Somente com o orçamento é possível determinar o custo do filme e traçar uma estratégia de captação de recursos financeiros, observando-se um rigoroso cronograma de desembolso para a produção. Habitualmente é uma tarefa do produtor executivo e ou do diretor.
A PRÉ-PRODUÇÃO
Nessa etapa é concluída a contratação da equipe técnica, do elenco, da locação, a aquisição de equipamentos e materiais. Dependendo do porte da produção cinematográfica, essa tarefa é normalmente confiada ao diretor de produção e seus assistentes, podendo ser realizada pelo produtor executivo e ou o diretor.
É a fase de preparação da filmagem, quando são resolvidos os problemas identificados na análise técnica do roteiro e que é feita pelo diretor e seus assistentes.
A FILMAGEM
Depois de acertadas as etapas anteriores é hora de filmar. Todos os profissionais já foram contratados, os materiais e equipamentos já estão disponíveis, e o plano de trabalho feito pelo diretor de produção com a descrição de todas as cenas do filme está acessível para toda a equipe.
Paralelamente à filmagem é recomendável fazer uma telecinagem e uma pré-montagem das imagens digitalizadas, isto é, ordenar e sincar o material pela ordem da claquete. Essa é uma tarefa do assistente de montagem, que executa um primeiro corte largo do material e visiona o copião.
A PÓS-PRODUÇÃO
É uma tarefa desempenhada pelo produtor executivo, o diretor de produção, o diretor cinematográfico e o diretor de fotografia (em laboratório). Nessa etapa são feitos os últimos pagamentos de fornecedores, equipe técnica (aquela possível de ser dispensada) e elenco, bem como a devolução de equipamentos e a desocupação de locações utilizadas.
Paralelamente são executadas as tarefas auxiliares à montagem do filme, como seleção de trilhas sonoras e de ruídos adicionais, dublagens, trucagens e confecção de letreiros.
A MONTAGEM
É a fase de montagem das imagens brutas que são os negativos já revelados e telecinados. Nela estão necessariamente envolvidos o diretor e o montador, e facultativamente o continuísta. O diretor é quem responde pela ordem de montagem dos planos cinematográficos filmados e que darão seqüência à narrativa.
Também nessa fase é feita concomitantemente a montagem da banda sonora do filme que reúne os diálogos, os ruídos adicionais e a trilha musical.
Em meio a esse processo ocorre a mixagem, que é a reunião da imagem montada com a banda sonora e a banda internacional. A partir daí será possível gerar a primeira cópia do filme, após a marcação de luz e a montagem do negativo em laboratório. É um trabalho feito em estúdio especializado e acompanhado pelo diretor cinematográfico.
Concluído esse trabalho é gerada a "cópia 0", de onde sairão as orientações para a feitura das cópias de comercialização.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
· Deve-se começar as filmagens pelas cenas menos elaboradas e com gravações exteriores. Assim a equipe terá tempo para se ajustar e também se aproveitam as condições climáticas ou imposições de produção.
· Dentro do plano de trabalho de filmagem deve haver sempre a previsão para cenas a serem filmadas em dias de chuva, também chamadas de "opção chuva". São cenas que devem ser gravadas quando o seu plano de trabalho for prejudicado por um imprevisto meteorológico, ou outras que fogem ao controle da produção como acidente com artistas, greves nacionais etc.
· O plano de trabalho definitivo deve ser fechado em acordo com a disponibilidade do elenco contratado e da locação escolhida e outras imponderáveis.
· É importante que no final de um dia de filmagem o continuísta (através da sua folha de controle e do boletim de câmera) faça a contagem do tempo consumido pela filmagem de uma determinada cena, ou qualquer outra, e a quantidade de negativo utilizado. Assim, o diretor de produção saberá se o gasto com material e o tempo planejado para a conclusão do filme estão de acordo com o calculado, ou se cumprido a contento.
· Na produção de um filme é recomendável que os créditos financeiros recebidos na pré-produção sejam utilizados pelo diretor ou pelo produtor executivo na celebração do maior número possível de contratos, fazendo, inclusive, alguns pagamentos à vista e adiantamentos. Com isso, pode-se evitar aumentos inesperados de despesa e a interrupção das filmagens por falta de dinheiro. Deve-se, também, fazer o pagamento semanal dos técnicos e dar uma folga para a equipe a cada 6 dias de trabalho.
· Dentre as maneiras de se economizar dinheiro numa produção pode-se destacar: negociar cotas do filme com empresas de locação de equipamentos, equipe técnica e elenco; contratar com antecedência os estúdios de gravação e mixagem; comprar o negativo ótico na mesma ocasião que o negativo fotográfico.
· O assistente de direção deve elaborar a "ordem do dia" no final de cada expediente de trabalho. As informações necessárias serão repassadas a todos os técnicos até as 15 horas, antes do fim da jornada de trabalho, e afixadas no escritório da produção.
· O material de filmagem e os equipamentos em geral devem estar sempre acompanhados das notas de compra e locação, pois dessa maneira evitam-se problemas com a fiscalização. Todas devem ser mantidas em ordem pelo controller e o auxiliar de produção.
· Para facilitar o trabalho de organização da montagem, o assistente de montagem deve agrupar as imagens por ambiente e cenário, por dia e noite, por seqüências e dramaturgicamente.
· O relatório de filmagem a ser elaborado pelo assistente de produção deve conter as seguintes informações:
hora de saída da equipe da produtora, hora de chegada na locação, hora do início dos trabalhos na locação, hora de "pronto fotográfico", hora em que foi servido o almoço, hora em que recomeçou o trabalho de filmagem, atrasos ocorridos e sua motivação, hora de saída da locação, hora de chegada da equipe na produtora, gasto de negativo, envio do material exposto para laboratório, plano de transporte.
· Em média a organização e realização de uma produção cinematográfica consome os seguintes prazos:
2 meses para a montagem do projeto, 6 a 12 meses para a captação dos recursos financeiros, 2 meses para a preparação da produção, 4 a 6 semanas para a pré-produção, 8 a 10 semanas para as filmagens, 2 meses para montagem, 1 mês na preparação do lançamento.
· Em média um filme de longa duração possui 120 minutos, o que equivale a 440 planos cinematográficos.
· Normalmente em um dia de filmagem um diretor experiente realiza de 10 a 15 planos cinematográficos.
· Habitualmente um dia de trabalho se prolonga por cerca de 10 horas, sendo 2 horas na montagem dos equipamentos, 6 na filmagem e 2 na desmontagem.

Beto Magno Diretor, Pesquisador e produtor cultural