domingo, 22 de novembro de 2009

O CINEMA NO BRASIL

HISTÓRIA DO CINEMA NO BRASIL

A primeira exibição de cinema no Brasil aconteceu em julho de 1896, no Rio de Janeiro. Um ano depois já existia no Rio uma sala de cinema, o "Salão de Novidades Paris", de Paschoal Segreto. 19 de junho é considerado o Dia do Cinema Brasileiro. (Atualmente o dia do Cinema no Brasil é 5 de Novembro).

Paschoal Segreto




A estruturação do mercado exibidor acontece entre 1907 e 1910, quando a usina de Ribeirão das Lajes é inaugurada e o fornecimento de energia elétrica no Rio de Janeiro e São Paulo passa a ser de maior qualidade. Em 1908 já havia 20 salas de cinema no Rio, boa parte delas com suas próprias equipes de filmagem. Exibiam filmes de ficção das companhias Pathé e Gaumont (França), Nordisk (Dinamarca), Cines (Itália), Bioskop (Alemanha), Edison, Vitagraph e Biograph (EUA), complementados por documentários, como por exemplo, “A parada de 15 de Novembro”.

Os primeiros filmes de ficção feitos no Brasil eram em geral realizados por pequenos proprietários de salas de cinema do Rio de Janeiro e São Paulo, sendo freqüentemente reconstituições de crimes já explorados pela imprensa: "Os Estranguladores", de Francisco Marzullo (1906), o primeiro sucesso, com mais de 800 exibições no Rio de Janeiro; "O Crime da mala", de Francisco Serrador (São Paulo, 1908) e "Noivado de Sangue", de Antonnio Leal (Rio de Janeiro, 1909).

Há também comédias, como o curta "Nhô Anastácio chegou de viagem", de Marc Ferrez (1908).

Em 1909 surgem os filmes "cantados", com os atores dublando-se ao vivo, por trás da tela. O sucesso do sistema resulta na filmagem de revistas musicais e trechos de óperas como "O Guarany", de 1911.

Hoje não existem sequer fragmentos desses filmes.
A partir de 1911, chegam a São Paulo imigrantes italianos que acabariam tomando conta do mercado nos próximos 30 anos. Nessa época surge o longa "Inocência" (1915), a partir do romance de Taunay, e "O Guarani". No Rio de Janeiro, Luiz de Barros, que viria a realizar mais de 60 longas-metragens até os anos 70, também começa por adaptações literárias de José de Alencar: "A Viuvinha" (1915), "Iracema" (1918) e "Ubirajara" (1919).

A partir de 1916, os documentários se organizam em cine-jornais, que eram produzidos e exibidos semanalmente, mantendo o pessoal de cinema em atividade com filmagens de futebol, carnaval, festas, inaugurações, políticos, etc. Muitas pautas eram claramente encomendadas, misturando jornalismo e propaganda.

Até 1935, havia 51 cine-jornais no país. O Canal 100 e os cine-jornais de Primo Carbonari e Jean Manzon são mostrados nos cinemas até o final dos anos 70, quando desistem de competir com a instantaneidade dos telejornais.
Já em 1911, empresários norte-americanos visitaram o Rio de Janeiro para sondar o mercado cinematográfico brasileiro, e logo abriram o Cinema Avenida para exibir exclusivamente filmes da Vitagraph. Com a Primeira Guerra Mundial, a produção européia se enfraquece, e os EUA passam a dominar o mercado mundial. Francisco Serrador cria a primeira grande rede de exibição nacional (salas em São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizonte e Juiz de Fora). Com a maior organização do mercado exibindo principalmente filmes estrangeiros a produção brasileira de filmes sofre uma grande queda. Atores, Atrizes, cinegrafistas, técnicos e fotógrafos perdem seus empregos.

O cinema americano pouco a pouco assume os primeiros lugares.
A burguesia do Rio de Janeiro, dentro dos padrões sociais da época, se aproxima dos enredos e personagens norte-americanos que passam a ter papel civilizatório e ideológico considerável.
Em 1924, mais de 80% dos filmes exibidos vinham dos EUA e a produção nacional não atingia os 2%.

A partir de 1930, diversos acordos comerciais estabelecem que os filmes norte-americanos passem a entrar no Brasil isentos de taxas alfandegárias.
O primeiro filme sonoro brasileiro é a comédia "Acabaram-se os otários" (1929), de Luiz de Barros. "Coisas nossas" (1931), de Wallace Downey, é um musical cantado em português, com cantores brasileiros, e de grande sucesso. Na contra-mão, Mário Peixoto realiza "Limite" (1930), filme mudo de pouca aceitação popular, mas hoje considerado um marco do cinema experimental.

No começo dos anos 30, o cinema brasileiro passa por uma rápida fase otimista, já que os "talkies" (filmes falados) de Hollywood têm dificuldades de entrar no mercado brasileiro, por deficiência das salas e pelo problema da língua. Em 1930-31 são produzidos quase 30 longas de ficção. Surgem no Rio de Janeiro as produtoras Cinédia, de Adhemar Gonzaga, e Brasil Vita Filmes, de Carmen Santos. Humberto Mauro, maior diretor de cinema do país, realiza para a Cinédia sua obra-prima "Ganga bruta" (1933) e para a Brasil Vita Filmes o sucesso "Favela dos meus amores" (1935).

As distribuidoras de filmes norte-americanos no Brasil investem muito dinheiro em publicidade e na aparelhagem de som dos cinemas.

A revista Cinearte diz incentivar o cinema brasileiro, mas defende explicitamente a imitação dos filmes norte-americanos, sua "higiene", seu "ritmo moderno" e seu respeito pelos que têm "o direito de mandar". No ano de 1934, não é produzido nenhum longa no país.

Dentro da idéia de imitar Hollywood, a Cinédia continua produzindo musicais: românticos como "Bonequinha de seda" (1936) ou carnavalescos como "Alô, alô, Brasil" (1935) e "Alô, alô, carnaval" (1936), nos quais surge Carmen Miranda, logo contratada por Hollywood. Em 1940, produz "Pureza", com grande orçamento, cenários especiais, equipamentos importados dos EUA e um absoluto fracasso. Em 1942, dos 409 filmes lançados no país, apenas 1 é brasileiro.

No final dos anos 40, empresários e banqueiros paulistas se associam ao engenheiro Franco Zampari na Vera Cruz - uma grande produtora construída nos moldes de Hollywood, com enormes estúdios, muitos equipamentos, diretores europeus e elencos fixos.

Em 5 anos são produzidos 18 filmes por Alberto Cavalcanti, do melodrama "Caiçara" (1950) ao musical biográfico "Tico-tico no fubá" (1952), do drama histórico "Sinhá moça" (1953) à comédia sofisticada "É proibido beijar" (1954).
Apesar disso, a Vera Cruz nunca conseguiu resolver o problema da distribuição de seus filmes, e foi à falência. Pressionada pelas dívidas, vendeu os direitos de "O Cangaceiro" (1953), de Lima Barreto, para a Columbia Pictures, e não ganhou nada por ter produzido o primeiro filme brasileiro de sucesso internacional.
Outras companhias com o mesmo espírito da Vera Cruz, mas com menor capital, tiveram o mesmo fim.
No Rio de Janeiro dos anos 40, Moacir Fenelon, José Carlos Burle e Alinor Azevedo criam a Atlântida Cinematográfica, sem grandes investimentos em infra-estrutura, mas com produção constante, estréiam com o sucesso "Moleque Tião" (1941), drama baseado na vida do comediante Grande Otelo, que interpretou a si próprio no filme. Luiz Severiano Ribeiro, dono do maior circuito exibidor brasileiro, associa-se e passa a facilitar a exibição dos filmes da Atlântida. Pela primeira vez no cinema brasileiro, estão associados produção e exibição.
Em seguida, a Atlântida passa a produzir comédias musicais tendo como tema principal o carnaval, como "Este mundo é um pandeiro" (1947) e "Carnaval no fogo" (1949), ambos de Watson Macedo.
Aos poucos, as histórias vão abandonando o carnaval e explorando a comédia de costumes, a partir dos tipos folclóricos do Rio de Janeiro. Os melhores momentos vêm com os filmes de Carlos Manga "Nem Sansão nem Dalila" (1954) e "Matar ou correr" (1954), satirizando dramas americanos de sucesso. O público gosta, mas os críticos "sérios" dizem que chanchada não é cinema. (Chanchada em espanhol significa exatamente "porcaria".)
As chanchadas (e a Atlântida) se esgotam no final dos anos 50, quando o público parece cansar da fórmula, e as maiores estrelas são chamadas para trabalhar na televisão.
Ainda nos anos 50, por influência do Neo-realismo italiano, surge no Rio de Janeiro um profundo questionamento às tentativas de transplantar Hollywood para o Brasil. Alex Viany realiza "Agulha no palheiro" (1953) e Nelson Pereira dos Santos filma "Rio, 40 graus" (1955), ambos com baixo orçamento, temática popular e busca de um realismo brasileiro. O filme de Nelson termina proibido pela censura.
Em São Paulo, Roberto Santos aplica os mesmos princípios na comédia de costumes "O Grande momento" (1958). Como os anteriores, o filme tem problemas de distribuição e não atinge o grande público.
Em Salvador, "Bahia de todos os santos" (1960), de Trigueirinho Neto, e "Barravento" (1961), de Glauber Rocha, desencadeiam um novo ciclo regional, que atrai cineastas de outros estados em busca da temática nordestina: entre outros, "O pagador de promessas" (1962), de Anselmo Duarte, premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, apesar de criticado pelos novos cineastas como um filme "tradicional".
Uma parcela pequena da juventude brasileira descobre o novo cinema, comprometido com a transformação do país. Em 1963, o movimento é deflagrado por 3 filmes: "Os Fuzis", de Ruy Guerra; "Deus e o diabo na terra do sol", de Glauber Rocha; e "Vidas secas", de Nelson Pereira dos Santos. Em todos eles, é mostrado um Brasil desconhecido, com muitos conflitos políticos e sociais. Uma mistura original de Neo-realismo (por seus temas e forma de produção) com Nouvelle vague (por suas rupturas de linguagem). É Glauber quem define os instrumentos do cinema novo: "uma câmara na mão e uma idéia na cabeça"; e também o seu objetivo: a construção de uma "estética da fome".
Após o golpe militar de 31 de março de 1964, os cineastas (e o país) se interrogam sobre o futuro e sobre as suas próprias atitudes de classe. Os filmes marcantes desse segundo momento do Cinema Novo são "O Desafio" (1965), de Paulo César Saraceni; "Terra em transe" (1967), de Glauber Rocha; e "O Bravo guerreiro" (1968), de Gustavo Dahl.



Com o AI-5 (13 de dezembro de 1968), a ditadura militar fecha o Congresso e os partidos políticos existentes e censura a mídia e as diversões públicas. A perseguição às oposições, a restrição da atividade sindical e a prática de tortura nas prisões criam um clima de medo que se reflete em toda a cultura do país. Neste terceiro momento, o Cinema Novo volta-se para o passado, para a História, ou para projeções alegóricas do país real.
A partir daí, uma nova geração de cineastas responde à nova situação política do país com mais radicalidade: a estética do lixo, o Cinema marginal. Em vez de se espelhar no melhor cinema europeu para fazer filmes que o público não vê, a idéia é desvirtuar a linguagem do pior cinema norte-americano a que o público está acostumado. Os principais representantes do movimento são Rogério Sganzerla (O Bandido da Luz Vermelha, 1968) e Júlio Bressane (Matou a família e foi ao cinema, 1969). Em 1970, os dois fundam a produtora Belair e realizam, em apenas 3 meses, 6 longas de baixíssimo custo.


O Estado brasileiro há muito tempo interferia no cinema do país - a princípio, para garantir o mercado do filme norte-americano; mais tarde, em resposta a anseios nacionalistas de industrialização. Em 1936, Roquete Pinto criou o Instituto Nacional do Cinema Educativo (INCE), onde Humberto Mauro dirigiu mais de 300 documentários. Mas é com a criação da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), em plena ditadura militar (1969), que o Estado passa a financiar a produção, enquanto o Conselho Nacional de Cinema (Concine) se preocupa com a legislação. Parte do lucro das distribuidoras de filmes estrangeiros no Brasil é taxado e esse dinheiro é usado para produzir filmes nacionais, mas o sistema de escolha dos filmes a serem produzidos é absolutamente centralizado. Os cineastas oriundos do Cinema novo ficam com a maior parte dos recursos.
A contradição básica do sistema se revela quando o filme "Pra frente, Brasil" (1982), do ex-diretor geral da Embrafilme, Roberto Farias, parcialmente financiado pela Embrafilme (um órgão do governo) é proibido pela Censura (por outro órgão do mesmo governo).


A Pornochanchada é um gênero do cinema brasileiro comum na década de 1970. Surgiu em São Paulo, foi uma produção bem numerosa e bem comercial, também conhecida como produção da Boca do lixo, de onde despontaram vários diretores de talento que souberam usar o que dava bilheteria na época (filmes eróticos softcore) para fazer filmes de grande valor estético e formal. Chamado assim por trazer alguns elementos dos filmes do gênero conhecido como chanchada e pela dose alta de erotismo que, em uma época de censura no Brasil, fazia com que fosse comparado ao gênero pornô, embora não houvesse, de fato, cenas de sexo explícito nos filmes. Revelou algumas atrizes que depois ficaram famosas na TV e passaram de certa forma, a esconder de seus currículos a participação nos filmes do gênero.


Surgem como filmes feitos para as massas, muito influenciados pelas comédias populares italianas. As cotas de exibição obrigatória, impostas pelo governo do período da ditadura militar, davam espaço para o desenvolvimento desse gênero. Os filmes eram financiados por produtores independentes, comerciantes locais, ou quem mais se interessasse, por que eram de fato muito lucrativos.


Inicialmente ficou conhecida como cinema da "boca do lixo", pois os filmes eram produzidos numa região da cidade de São Paulo conhecida por esse nome. Depois surgiu também a pornochanchada carioca.


Nos anos 70, a palavra de ordem dos ex-cinemanovistas é "Mercado é cultura". Tratava-se de fazer com que os filmes brasileiros fossem vistos pelo público de cinema no Brasil. E, de certa forma, isso foi alcançado graças às produções da Embrafilme de um lado, às produções baratas da turma da pornochanchada de outro, aos filmes infantis dos Trapalhões de um terceiro, e ainda por um novo "star-system" gerado pela televisão.


A participação dos filmes brasileiros no mercado cresceu muito: 14% dos ingressos vendidos em 1971 eram para filmes brasileiros e 35% de ingressos vendidos em 1982.


"Dona Flor e seus dois maridos" (1976), de Bruno Barreto, chega a 11 milhões de espectadores, mais do que qualquer filme estrangeiro. "A Dama do lotação" (1978), de Neville d'Almeida; "Lúcio Flávio, o passageiro da agonia" (1977), de Hector Babenco; "Eu te amo" (1981), de Arnaldo Jabor; "Xica da Silva" (1976), de Cacá Diegues; e mais 14 filmes dos Trapalhões ultrapassam, cada um, os 3 milhões de ingressos vendidos.


Em outubro de 1982, a crise econômica do país piora com a falta de dinheiro para pagar a dívida externa. Falta dinheiro para que o consumidor brasileiro possa ir ao cinema, falta dinheiro para produzir filmes. A produção volta a cair. Os exibidores, assessorados pelos distribuidores estrangeiros, começam uma batalha judicial contra a lei da obrigatoriedade, e em muitas salas simplesmente param de passar filmes brasileiros. Metade dos filmes produzidos em 1985 foi de sexo explícito.


Graças à "Lei do Curta" (de 1975), que obriga a sua exibição antes do longa estrangeiro, o curta-metragem passa a ser o único cinema brasileiro com acesso ao mercado. Assim, em todo o país surgem novos cineastas e novas propostas de produção, e os curtas brasileiros ganham vários prêmios internacionais.


Outro destaque da década é a produção de documentários de longa-metragem, também sem acesso ao mercado, mas refletindo sobre a história recente do país, como exemplo temos Jango (1984), de Sílvio Tendler.


Em 15 de março de 1990, Fernando Collor assume a presidência da República. Em seu governo, as reservas financeiras particulares da população brasileira, como contas-poupança, foram confiscadas e a Embrafilme, o Concine, a Fundação do Cinema Brasileiro, o Ministério da Cultura, as leis de incentivo à produção, a regulamentação do mercado e até mesmo os órgãos encarregados de produzir estatísticas sobre o cinema no Brasil foram extintos.


Em 1992, último ano do governo Collor, um único filme brasileiro chega às telas. Foi A Grande Arte, de Walter Salles, falado em inglês e ocupante de menos de 1% do mercado.


Em dezembro de 1992, no governo de Itamar Franco, o Ministro da Cultura Antonio Houaiss cria a Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual, que libera recursos para produção de filmes através do Prêmio Resgate do Cinema Brasileiro e passa a trabalhar na elaboração do que viria ser a Lei do Audiovisual, que entraria em vigor no governo de Fernando Henrique Cardoso.


A partir de 1995, começa-se a falar numa "retomada" do cinema brasileiro. Novos mecanismos de apoio à produção, baseados em incentivos fiscais e numa visão neoliberal de "cultura de mercado", conseguem efetivamente aumentar o número de filmes realizados e levar o cinema brasileiro de volta à cena mundial. O filme que inicia este período é Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1995) de Carla Camurati, parcialmente financiado pelo Prêmio Resgate. No entanto, as dificuldades de penetração no seu próprio mercado continuam.


Alguns filmes lançados nos primeiros anos do novo século, com uma temática atual e novas estratégias de lançamento, como Cidade de Deus (2002) de Fernando Meirelles, Carandiru (2003) de Hector Babenco e Tropa de Elite (2007) de José Padilha, alcançam grande público no Brasil e perspectivas de carreira internacional.Em Janeiro de 2009 o Cinema Brasileiro tem um momento histórico: Uma continuação de sucesso com Se Eu Fosse Você 2 de direção de Daniel Filho com Tony Ramos e Glória Pires nos papéis dos protagonistas que ultrapassa 1 milhão de espectadores com menos de uma semana.


sábado, 21 de novembro de 2009

ENTREATOS

Beto Magno
De 25 de setembro a 17 de outubro de 2003, João Salles e a equipe deste documentário acompanhou de perto os bastidores da campanha de Luís Inácio Lula da Silva à presidência da República. Entreatos revela os bastidores dessa campanha por meio de imagens exclusivas, como conversas privadas, reuniões estratégicas e, principalmente, mostrando a irreverência do Presidente.

MORRE HERBERT RICHERS


Produtor de cinema Herbert Richers morre aos 86 anos no Rio



O produtor de cinema Herbert Richers, 86 anos, morreu nesta sexta-feira em consequência de um problema renal. Dono de uma empresa pioneira de dublagem no País, que levava seu nome, o produtor ficou conhecido pela frase "versão brasileira Herbert Richers".

O produtor nasceu em Araraquara, no interior de São Paulo, e começou a produzir filmes em meados dos anos 50. Foram cerca de 60 filmes ao longo de sua carreira. Sua empresa é uma das maiores do ramo no Brasil até os dias atuais.

Richers estava internado na Clínica São Vicente, na Zona Sul do Rio de Janeiro, desde o último dia 8. O velório é realizado hoje, dia 20 de Novembro de 2009 na capela 1 do cemitério Memorial do Carmo, no Rio. Ele deve ser cremado neste sábado.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ANSELMO DUARTE

O controverso Anselmo Duarte


Anselmo Duarte, que faleceu recentemente, nunca foi uma unanimidade entre os cineastas brasileiros. Transcrevo aqui dois artigos publicados na imprensa. Eu sempre o respeitei, diga-se de passagem. O que vai escrito abaixo, porém, é de natureza polêmica. E, a rigor, as opiniões neles emitidas não refletem as do bloguista. Mas sempre é bom se ver a discordância, a controvérsia. Porque, como disse o grande Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra.

O homem da Palma de Ouro

Amir Labaki

Conheci Anselmo Duarte, que morreu no último fim de semana aos 89 anos, na véspera de uma das principais homenagens prestadas a ele no fim da vida, com a concessão do Prêmio Oscarito pela carreira no Festival de Gramado de 1992. Vivia-se o ocaso da era Collor, que seria afastado no final daquele ano, e o cinema brasileiro estava em frangalhos. Celebrar o único cineasta nacional vencedor da Palma de Ouro em Cannes, com “O Pagador de Promessas” em 1962, era um gesto de afirmação e resistência. Ninguém melhor do que Anselmo -reconhece-se hoje, após sua longa despedida. Naquele momento, não era tão consensual assim.
Durante tempo demais, Anselmo foi esnobado pelo colegas e menosprezado pela crítica. Era considerado um galã antes que um ator; um ator antes que um diretor; um diretor antes que um cineasta; um cineasta antes que um autor.
Anselmo foi carismático demais, independente demais, ambicioso demais. Trocou a Atlântida (Carnaval no Fogo) pela Vera Cruz (Sinhá Moça), sendo a estrela masculina maior das duas principais experiências de cinema industrial de estúdio por aqui. Passou para trás das câmeras em “Absolutamente Certo!” (1957), com uma elegante comédia de costumes em torno do impacto da TV – “um bom filme popular”, anátema para tempos crescentemente engajados.
Em plena aurora do Cinema Novo, foi à Meca do cinema de autor e superou seus pares, arrebatando a primeira e única vitória brasileira no maior festival de cinema do mundo. E o fez adaptando uma peça de um colega de viagem dos cinemanovistas (Dias Gomes) em parceria com um produtor paulista de comédias despretenciosas (Oswaldo Massaini).
Anselmo teve de conviver até a morte com a “boutade” de que Cannes tinha atribuído o prêmio certo ao país certo na hora certa mas ao filme errado. O tratamento clássico de “O Pagador de Promessas”, numa era de rupturas modernistas, jamais lhe foi perdoado.
Como escrevi em 1992, a Palma de Ouro foi a um só tempo sua maior vitória e a mais invencível maldição. Tudo parece ter se passado como se Anselmo, antes que um vitorioso, fosse um traidor: um galã que se faz diretor, um outsider que rouba a cena de um grupo mais bem articulado, um contador de histórias na época de sua desconstrução.
Seu filme seguinte marcou o grande refluxo na carreira de Anselmo. Adaptado de uma poderosa peça de Jorge Andrade sobre misticismo religioso, “Vereda da Salvação” (1964) era compreensivelmente considerada pelo próprio diretor sua obra-prima. Sua “sombria balada da selva”, na definição de um crítico alemão, foi derrotada por um voto por “Alphaville” de Godard no Festival de Berlim. Recebido sem euforia pela crítica brasileira, soçobrou também nas bilheterias. Nunca mais Anselmo se recuperou.
A raiva represada serviu-lhe para realizar talvez seu maior trabalho como ator como o tenente torturador de “O Caso dos Irmãos Naves” (1967) de Luiz Sérgio Person. Atrás das câmeras, porém, jamais voltou a brilhar. Entre 1969 e 1979 realizou ainda cinco longas (de “Quelé do Pajeu”, com o jovem Tarcisio Meira, a “Os Trombadinhas”, com o aposentado Pelé) e três episódios de comédias eróticas, sempre competentes -mas a chama se fora.
Contando 72 anos quando o entrevistei naquele Festival de Gramado, Anselmo Duarte me surprendeu pelo carisma, pela memória e pelo rancor. Lembrou-me, curiosamente, o líder comunista Luis Carlos Prestes, a quem eu ouvira alguns anos antes. Marginalizados, pareciam ambos conhecer seus lugares da História muito melhor dos que todos nós seus contemporâneos. O rancor era menor em Prestes; a empatia, maior em Anselmo. A memória para detalhes dos dois era simplesmente prodigiosa.
Anselmo jamais se considerou convidado a sentar na mesa principal do cinema brasileiro. Foi um “maverick”, um “self-made man”, com um tipo de trajetória mais comum e valorizada nos EUA do que por aqui. (Seus filmes, porém, mais que americanos, parecem-me sob a influência italiana. Frank Capra e o neorrealismo foram suas fontes, reconhecia Anselmo. E Watson Macedo, seu professor).
A dimensão de seus feitos e o peso do ressentimento são evidentes nas duas autobiografias orais escritas por Oséas Singh Jr. (Massao Ohno, 1993) e Luiz Carlos Merten (Imprensa Oficial, 2004). Agora virão retrospectivas, dvds, documentários, novos livros. Nada mais merecido. Afinal, quantos marcaram o cinema brasileiro de forma tão intensa e diversa? Mas tinham que ser póstumos? Tristes trópicos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

"CASCALHO" NO FESTNATAL DE CINEMA

"Cascalho" na abertura do FESTNATAL

Por André Setaro

Toca o telefone. Ainda estou dormindo, mas me levanto para atendê-lo. Alô! E, do outro lado da linha: "Velho, pela informação que tenho Cascalho foi convidado para abrir o FESNATAL, quando o ator Othon Bastos será condignamente homenageado. Achei ótimo, um verdadeiro alumbramento, a lembrança deste filme de barbas brancas, dividindo o palco com este ator que já deixou sua marca do zorro na dramaturgia nacional. O habitat de um filme é a luminosidade da tela grande, no sacrossanto escurinho do cinema. É um bom momento para esta fita que padece com a crueldade da distribuição do cinema de baixo orçamento, pero sim perder la ternura jamas, assim como sem perder o humor... Que os Anjos digam Amém!!!!"

Como se pode perceber era o Tunático, realizador baiano autor de Cascalho, que abre hoje, dia 19 de novembro, o FESTNATAL (festival de cinema de Natal, Rio Grande do Norte). O velho Tuna já dever estar por lá para prestigiar, com a sua presença, seu primeiro rebento no longametragismo.
Baseado no romance homônimo de Herberto Salles, Cascalho gira em torno de coronéis, garimpeiros e civis comuns, todos motivados pela ambição, que vão para Chapada Diamantina na busca desenfreada para enriquecerem com os minérios do local, na década de 30.
Na foto, Othon Bastos, que será devidamente festejado no evento pela sua longa filmografia, pela sua importância como ator.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

CINEMA SEM CAMARÃO

Cinema sem Camarão


Beto Magno


Os eventos cinematográficos estão a se multiplicar em Salvador. Festivais e mostras maiores, temos diversos: o Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual (julho), o Panorama Internacional Coisa de Cinema, o Festival de Cinema Sala de Arte (outubro) e a longeva Jornada Internacional de Cinema da Bahia, cujo comandante, Guido Araújo, singra mares bravios todo mês de setembro. E há eventos menores patrocinados por universidades, como, por exemplo, agora, as palestras mensais de Cinema e Comida, e, na semana entrante, na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, o seminário Cinema sem Camarão, idealizado por Matheus Pirajá. Aqui vai o release que recebi. Abrindo aspas.


"Cinema sem Camarão remete à nossa entidade gastronômica maior: o acarajé. Uma coisa da terra, valiosa, deliciosa, mas que, quando vendida sem camarão, sempre é mais barato. A mesma lógica rege o cinema soteropolitano independente. Buscando uma vanguarda de alto custo e baixo orçamento, surge o Cinema sem Camarão, onde serão realizadas mesas de debates voltadas para a produção de cinema em Salvador.


A primeira edição do evento será realizada nos dias 19 e 20/11, no auditório da Faculdade de Comunicação da UFBA, das 14 às 17 horas. Participarão André Setaro, Umbelino Brasil, Davi Lopes, Gabriel Teixeira, Rafael Raña, Caio Araújo, Expinho, Marceleza de Castilho e Sophia Mídian".


As inscrições são gratuitas e poderão ser feitas através do blog do evento:
http://cinemasemcamarao.wordpress.com/

O quê? Cinema sem Camarão
Quando? 19 e 20/11, das 14 às 17 horas
Onde? Auditório da Faculdade de Comunicação da UFBA

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

FESTIVAL DE CINEMA DO AMAZONAS

Festival de cinema do Amazonas anuncia vencedores

A sexta edição do Amazonas Film Festival chegou ao fim e os vencedores foram anunciados em cerimônia em praça pública na noite desta quinta-feira. Presidido pelo diretor americano John McTiernan (da franquia "Duro de matar"), o júri deu o prêmio principal a "Samson & Delilah", longa de Warwick Thornton escolhido pela Austrália para representar o país no Oscar. "Whisper with the wind", do iraquiano Shahram Alidi, também levou uma estatueta.

O público amazonense, por sua vez, elegeu o longa "The road", dirigido por John Hillcoat e estrelado por Viggo Mortensen, o melhor desta edição.

Entre os documentários exibidos do festival ligado às questões ambientais foi premiado o francês "Wild opera", de Laurent Frapat, que acompanha a migração de gnus e zebras pela África. Também da França, "Green", de Patrick Rouxel, mostra o fim da vida de uma orangotango fêmea vítima do desmatamento e dividiu "Lost gorillas of Virunga", de Michael Davie, o segundo lugar. Na escolha do público, venceu o americano "Crude", de Joe Berlinger, que retrata a guerra entre 30 mil indígenas e uma gigante petrolífera Amazônia equatoriana.

Veja os outros vencedores do Amazonas Film Festival:

Curtas-metragens digitais do Amazonas

Prêmio do Público
"Abóbora", de Cristiane Garcia

Prêmio do Júri
"Janela para o outro", de Sávio Stoco e Michelle Andrews

Grande Prêmio do Júri
"Abóbora", de Cristiane Garcia

Curtas-metragens digitais Brasil

Prêmio do Público
"Picolé do Aranha", de Anderson Mendes

Prêmio do Júri
"A Casa dos Mortos", de Débora Diniz

Grande Prêmio
"Nem marcha nem chouta", de Helvécio Marins Jr.

Curtas-metragens 35mm Brasil

Prêmio do Público
"A guerra de Arturo", de Júlio Taubkin e Pedro Arantes

Prêmio do Júri
"O divino, de repente", de Fábio Yamaji

Grande Prêmio
"A distração de Ivan", de Cavi Borges e Gustavo Melo

DIRETOR DE CANNES BUSCA "NOVO GLAUBER" NO BRASIL

Vitória Magno Asst. de Direção

Olivier Père, curador da Quinzena dos Realizadores, do Festival de Cannes, acompanha a 12ª Mostra de Cinema de Tiradentes e afirma que há chances de filmes brasileiros serem escolhidos para a Quinzena. "É preciso estar atento e curioso para procurar um diretor desconhecido, que faça um filme sozinho, sem auxílio e muito bom. Tenho exemplos de filmes exibidos na Quinzena de Realizadores que mostram que se pode fazer uma obra-prima com dez amigos e uma pequena câmera digital, se você sabe filmar e se tem algo a contar". Na relação dos grandes jovens cineastas descobertos pelo diretor da Quinzena dos Realizadores, Olivier Père, há um argentino (Lisandro Alonso), um português (Miguel Gomes), um espanhol (Albert Serra) e um filipino (Raya Martin).



Fonte: Folha de S. Paulo

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O PAGADOR DE PROMESSA (ANSELMO DUARTE)

Tuna Espinheira paga a sua promessa

Por André Setaro
O pagador de promessas (vemos na imagem o personagem Zé do Burro a carregar a sua cruz interpretado pelo ator paulista Leonardo Villar), de Anselmo Duarte, tão maltratado pela tchurma do Cinema Novo, quer queiram ou não seu detratores, foi o único filme brasileiro a conquistar a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O velho cineasta baiano Tuna Espinheira (cujo Cascalho não chegou a ir a Cannes por injunções burocráticas e da falta de oportunidade do cinema baiano ter seu lugar ao sol), num artigo que escreveu quando do lançamento dos quatro volumes do pensamento cinematográfico de Walter da Silveira, faz observações interessantes deste ensaísta em relação ao filme de Anselmo, pois Walter estava em Cannes quando da premiação de O pagador de promessas.

O próprio Tuna também acha um absurdo a exclusão desta obra singular do cinema brasileiro. A seguir um trecho do artigo. Vamos abrir aspas para evitar constrangimentos desnecessários.

"Dr. Walter da Silveira, muito respeitado aqui e além mar, recebia convites para os mais importantes festivais Internacionais. Deu-se que, em 1962, ele foi o único crítico brasileiro oficialmente convidado pelos Festival de Cannes, exatamente no ano em que o Brasil arrebatou a Palma de Ouro. Em seus escritos, ele relata a alegria de ver o filme brasileiro, O Pagador de Promessas, ser tão bem recebido pelo público, com aplausos estonteantes e elogios da crítica. Viu François Triffault, alí como membro do Juri, gritando: Bravo!!! Bravo!!! (Dirigidos ao Pagador...) Conversou com críticos e outras personalidades do cinema. As opiniões eram todas favoráveis. Mas havia muitos concorrentes, entre eles alguns "Monstros Sagrados", tais como: Luis Buñuel, Robert Bresson, Antonioni, etc.

Diante da empatia do filme brasileiro dava para acreditar que, de lá não sairia "pagão", algum prêmio significativo haveria de ser dado. Mesmo com o grito de GOOOLLLL!!! Travado na garganta. Nosso crítico desabafa com o Anselmo e faz esta incrível declaração: "Como brasileiro toda minha torcida é pelo Pagador de Promessas, como crítico minha escolha seria outra". Ele poderia muito bem ter se poupado desta declaração. É claro que o Anselmo não iria achar um pingo de graça! Mas, por estas e outras, mais uma vez, confirma-se a honestidade intelectual do crítico Dr. Walter da Silveira.

Pinçamos um pequeno trecho de um escrito do dr. W. da Silveira: O pagador de promessas alcançou uma vitória mundial. Mas esta não poderia advir de relativos acertos de técnica e de estilo do filme. Foi o caráter brasileiro do drama que malgrado várias imperfeições, lhe deu a Palma de Ouro. Aquele retrato de um povo, na sua tipicidade de costumes e sentimentos. A medida da nossa autenticidade. Uma originalidde nacional, a surpreender, encantar e comover outras nações".
Enfim, não se faz mais Dr Walter da Silveira como antigamente e Viva Anselmo Duarte!!!


Mais Tuna:
"O DNA do dito Cinema Novo, é o Neo Realismo do Roberto Rosselinni, isto não é novidade pra ninguém. Mas, não tenho dúvida que foi um divisor de águas. Produziu filmes emblemáticos. Pra mim, nunca foi uma marca de linguagem, como a Nouvelle Vague e outros tantos ditos movimentos. Nunca entendi, por exemplo, a razão da exclusão do Pagador de Promessas, filme que trouxe a única Palma de Ouro, prêmio dos mais emblemáticos, do rol das realizações do chamado Cinema Novo. Teria sido a síndrome do Clube do Bolinha? Acho que, a grande façanha do CN foi a redescoberta, para a imagem em movimento, do Brasil. Dentro daqueles inspirados versos de Noel Rosa: “São nossas coisas, são coisas nossas”. O Pagador não seria isto aí? Enfim, Marketing é Marketing... Quem contrariar o dito pelo dito, comete heresia..."

Falou, caro Tuna, e disse!

O HOMEM QUE DESAFIOU O DIABO

Depois de ser obrigado a se casar, o caixeiro-viajante Zé Araújo torna-se escravo sexual da mulher e capacho do pai dela. Até que um dia ele vira o jogo, assume o codinome Ojuara e faz fama como justiceiro e conquistador no sertão nordestino.

Título original: O Homem que Desafiou o Diabo (Brasil, 2007) Direção: Moacyr Góes

Elenco: Marcos Palmeira, Flávia Alessandra, Fernanda Paes Leme, Sérgio Mamberti, Renato Consorte, Lívia Falcão

CINÉFILO É ISSO


É muito fácil ser cinéfilo nos dias de hoje. É só ir na locadora, pagar uma quantia e levar um filme pra casa. Ou, se preferir, pegar um ônibus e caminhar até um shopping com os amigos e assistir à uma sessão, seguida de uma volta no shopping. Mas na realidade, ser cinéfilo não é só isso. Fui parar pra pensar nisso somente hoje, baseado numa situação de uma estimada amiga minha chamada Silvia. É dificil, nos dias de hoje, encontrar alguém que realmente seja um cinéfilo, e que não veja uma ida ao cinema apenas como um passa-tempo de fim-de-semana.


O cinema veio ao mundo outro objetivo. A sua grande meta, na realidade, é fazer com que nós, espectadores pensemos. O que podemos tirar daquilo que estamos vendo? Porque o chamado “povão” não consegue enxergar o que os diretores e roteiristas têm a dizer? Talvez seja esse o mal do cinema brasileiro. É dificil aceitar que comédias bobas façam mais sucesso do que filmes realmente inteligentes. É até vergonhoso saber que Xuxa Gêmeas fez mais sucesso que O Cheiro do Ralo ou A Máquina. Acho que, aqui no Brasil, filmes com conteúdo não têm futuro. O público brasileiro se acostumou a não pensar. Mas como são valiosas as produções que realmente fazem com que pensemos! Mas como é prazeroso quando encontramos amigos e público que apreciam o cinema! Como é prazeroso conversar com alguém que enxerga o núcleo e não apenas a superfície. Essas pessoas são realmente valiosas, essas pessoas sim são cinéfilas. É ótimo quando se vai ao cinema e nos deparamos com pessoas discutindo sobre a cinematografia antes do filme e não tocando pipoca nos pobres seres humanos que se encontram abaixo. A intelectualidade agradece e esse público que realmente entende o que é cinema, vai fazer o diferencial no futuro.


Claro que também é bom ir ao cinema com os amigos e ver um filme que seja apenas uma sucessão de efeitos especiais. Existe o momento certo para isso. Hoje, a Silvia me fez parar pra pensar em tudo isso. Nada melhor do que sair de uma sala de cinema e não ter nem idéia pra onde se deve ir, ainda vislumbrado com o filme que foi visto. Isso já deve ter acontecido com você. Se já, você realmente é um cinéfilo.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O MESTRE DO EXPRESSIONISMO ALEMÃO

FRITZ LANG (Pausa para uma tragada)

Mestre do expressionismo alemão, Fritz Lang (1890/1976) realizou, para esta escola, alguns de seus filmes mais representativos, a exemplo de A morte cansada (Der müde tod, 1921), Dr. Mabuse (Dr. Mabuse, der spieler -Ein Bild der Zeit, 1922), Metrópolis, Die Nibelungen, 1924), e o insuperável M ( M - Eine Stadt sucht einen Mörder, 1931, com Peter Lorre), entre outros. Quando Hitler assumiu o poder, convidado por Goebbels para dirigir o cinema nazista oficial, Lang deu o fora, partindo para Paris, onde fez um filme, mas, logo depois, viajou para os Estados Unidos. Há, portanto, em Fritz Lang, duas fases na sua trajetória de realizador cinematográfico: a fase alemã, do expressionismo (fala-se, inclusive, que muitas idéias de O gabinete do Dr. Caligari, clássico de Robert Wiene, 1919, são de sua autoria), e a fase americana constituída de obras do quilate de Fúria (Fury, 1936), Vive-se só uma vez (You only live once, 1937), A volta de Frank James (The return of Frank James, 1940), O homem que queria matar Hitler (Man hunt, 1941), Um retrato de mulher (The woman in the window, 1944), Almas perversas (Scarlet Street, 1945), O diabo feito mulher (Rancho Notorius, 1951), Os corruptos (The big heat, 1953), Desejo humano (Human desire, 1954), Suplício de uma alma (Beyond a reasonable double, 1956), entre outras.

No final da carreira realizou, fora dos Estados Unidos, um díptico: O tigre da Índia e Sepulcro indiano. No seu último filme, volta as origens mabusianas no impressionante e premonitório Os mil olhos do Dr. Mabuse (Die 1000 Augen des Dr. Mabuse, 1960).

Na imagem, roubada do site de Carlos Reichenbach, Lang está a fumar seu cigarrinho num intervalo das filmagens de O desprezo (Le mépris, 1963), de Jean-Luc Godard, no qual participa como ator convidado como ele mesmo.
Vitória Magno e Beto Magno
Lançamento do Documentário "Cine Maracangalha"

terça-feira, 10 de novembro de 2009

LULA O FILHO DO BRASIL ( O FILME )



BRASÍLIA - Com um orçamento de R$ 15 milhões (um dos maiores do cinema brasileiro), o filme “Lula, O Filho do Brasil” será lançado nos cinemas no dia 1º de janeiro de 2010.



Antes da estréia, porém, o filme já está causando polêmica. Para a oposição que reclama de tudo, o longa-metragem é uma peça eleitoral, feita de encomenda para ser lançada no ano da eleição “para mitificar a figura de Lula” e ajudar a eleger Dilma, que é uma espécie de candidata-poste.


O filme conta a história de Lula: O menino pobre que saiu do nordeste para fundar, em São Paulo, um dos maiores partidos políticos da América Latina.

A atriz Glória Pires faz o papel da mãe do presidente, dona Lindu. O ator João Miguel, que nunca fez novelas, interpreta o Lula.

domingo, 8 de novembro de 2009

MORRE ANSELMO DUARTE

Anselmo Duarte

Morreu, nesta madrugada de sábado, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), aos 89 anos, o diretor e ator Anselmo Duarte, único cineasta brasileiro a receber a cobiçada Palma de Ouro do Festival de Cannes (1962) com O pagador de promessas. Invejado por seus colegas, teve carreira tumultuada. O blog presta, aqui, uma homenagem a Anselmo Duarte.