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sábado, 5 de setembro de 2009
A HORA DO CINEMA DIGITAL
terça-feira, 1 de setembro de 2009
DUAS HISTÓRIAS DA BAHIA
(1.) O sonho de Walter da Silveira era implantar, na Universidade Federal da Bahia, um curso de cinema. Quando do reinado de Edgard Santos, chegou, inclusive, a publicar na imprensa artigos sugerindo a sua criação. Não sei se um curso de graduação, como o atual da FTC, mas, talvez, a inclusão de disciplinas na grade programativa de uma Escola de Belas Artes, por exemplo. Em fins de 1967, no reitorado de Roberto Santos, o ensaísta conversou nesse sentido com o diretor do Departamento Cultural da UFBA - assim se chamava nesta época, Professor Valentin Calderon de la Barca, que passou a mensagem ao reitor que, ao contrário de seu pai, o mitológico Edgard, achou a idéia viável e exeqüível. Resolveu instituir um curso de cinema livre, com a duração de um ano. Não se exigia diploma universitário, mas havia um teste e um módulo de não sei quantos alunos. Estudando no Colégio Estadual da Bahia, o saudoso Central, ainda por fazer 18 anos, consegui passar e o freqüentei, oportunidade na qual travei conhecimento com Walter da Silveira durante o ano letivo - já o conhecia do Clube de Cinema da Bahia de vista e de chapéu.
Eis que chega no cais soteropolitano um navio que vinha da Tchecoslováquia, trazendo, nele, Guido Araújo e sua esposa tcheca, Bohudmila. Guido tinha passado neste país mais de 10 anos e a conheceu porque ela, estudante de Letras, se especializara na língua portuguesa. O criador das jornadas baianas tinha ido à Tchecoslováquia como uma espécie de prêmio por seu trabalho como assistente de Nelson Pereira dos Santos em Rio 40 graus e Rio zona norte - na verdade, segundo os créditos dos filmes, fora continuísta. Nelson pediu a Guido que levasse Rio zona norte para o festival internacional de Karlovy Vary. E Guido foi ficando até se estabelecer em Praga, onde trabalhou em programas de rádio, entre outros afazeres na área cultural. Vale ressaltar que Barravento, de Glauber Rocha, que ganhou o principal prêmio do Festival de Karlovy Vary, foi Guido quem o inscreveu.
Na chegada de Guido, estavam no cais a esperá-lo, além de Walter da Silveira, com o qual tinha relações de amizade, Ney Negrão e sua esposa, na época, a advogada Ronilda Noblat, Walter Pinto Lima, entre outros. Quem sabe bem dessa história é Waltinho. Desempregado, Guido precisava arranjar um trabalho e Walter da Silveira o colocou no Departamento Cultural da UFBA. A partir da entrada de Guido neste setor da universidade é que tem início a estruturação do Curso Livre de Cinema, através da criação do Grupo Experimental de Cinema (GEC)
Com duração de um ano, o curso foi dado à noite, às 20 horas, sempre às terças e quintas, na Casa da França que, depois que saiu do guarda-chuva da UFBa, veio a morrer lentamente na Mouraria, e o espaço deu lugar a Biblioteca Central, que no reitorado de Luiz Fernando Macedo Costa, construído um prédio grande no campus de Ondina, para lá se transferiu. E a Faculdade de Comunicação passou a ocupar o antigo prédio da Casa da França.
Walter da Silveira ensinava, as terças, História e Estética do Cinema, e Guido Araújo, as quintas, Teoria e Prática. Fui colega de muitas pessoas que se tornaram, depois, cineastas, como André Luiz de Oliveira, que fez Meteorango Kid, A lenda de Ubirajara, Louco por cinema, José Umberto (O anjo negro), José Frazão (Akpalô, O último herói do gibi, O mistério do Colégio Brasil... - por falar nele, onde anda Frazão?), e pessoas que estudaram, depois, cinema, a exemplo de Geraldo Machado, Jairo Farias Goes, etc. Vou parar por aqui para não omitir nomes. E Ney Negrão, que também tomou o curso.
Uma noite inesquecível foi quando Walter da Silveira levou Glauber Rocha para fazer uma palestra. O cineasta estava filmando em Milagres O dragão da maldade contra o santo guerreiro, que ganharia, no ano seguinte, um prêmio importante em Cannes. Glauber fez uma radiografia brilhante da situação do cinema brasileiro, lamentou que o governo do Estado lhe negou até uma Kombi, não recebendo da administração Luiz Vianna Filho um centavo sequer, respondeu perguntas. Corria o mês de maio e Glauber estava com um casaco preto de couro.
Em 1969, por motivos de saúde, Walter não pôde mais dar aulas. Um câncer lhe destruía o corpo efêmero. Morreu aos 55 anos em novembro de 1970. Mas o Curso Livre de Cinema continuou por muitos anos comandando, apenas, por Guido Araújo. Por falar no Cidadão Walter, o Departamento de Audiovisual da Fundação há mais de dez anos que prometeu publicar uma coletânea completa dos escritos do autor de Fronteiras do Cinema. Designado para fazer o trabalho de seleção e organização, José Umberto Dias – que, nos anos 70 já organizara A História do Cinema vista da província, obra póstuma de Walter, se empenhou por vários anos na tarefa e entregou o material todo pronto para o prelo. Mas o livro foi engavetado e se encontra num processo kafquiniano submerso num labirinto burocrático difícil de decifrar e solucionar. O jornalista Cláudio Leal fez a denúncia ano passado no jornal Província da Bahia e a filha mais velha de Walter da Silveira, Kátia, luta desesperadamente para que a obra venha a ser editada. Todos os esforços, no entanto, parece em vão. Não se compreende que uma obra de tal envergadura, de tal importância, fique, assim, à mercê dos burocratas, que parecem não entender a fundamental contribuição de Walter para o ensaio cinematográfico. Walter da Silveira, é bom que se diga, não somente é o maior ensaísta que a Bahia já teve, mas um dos mais lúcidos pensadores sobre a natureza do cinema do Brasil. Prefiro, por exemplo, sem aqui tirar o valor, imenso, de Paulo Emílio Salles Gomes, os ensaios de Walter aos ensaios deste. Urge uma providência e mesmo uma intervenção. Vale lembrar que, se vivo fosse, o ensaísta estaria a completar, neste 2005, 90 anos, pois nasceu em 1915. Seria uma grande homenagem se, no ano em curso, o livro, afinal, fosse dado à luz.
(2.) Quando se podia transitar na urbis soteropolitana, antes que a violência tomasse conta da cidade, lá pelos anos 60, um exibidor de um cinema do bairro da Liberdade, o Cine São Jorge - que formava com o Brasil e o São Caetano as salas exibidoras do bairro, resolveu passar, à meia-noite dos sábados, 'filmes de putaria', segundo sua própria expressão. Eram filmes mal feitos, pessimamente fotografados, mal focados, quase que não se podia ver direito o que estava acontecendo no interior do enquadramento. Para compensar a qualidade deficiente dos celulóides em 35mm, o exibidor comprou um projetor 8mm - nada de Super 8, que não existia - em Marota, um comerciante antigo da Cidade Baixa que negociava com material de cinema. Instalando este projetor na sala, mandou buscar filmes suecos e dinamarqueses 'de putaria grossa', que tinham, apesar da bitola menor, o 8mm, uma qualidade fotográfica excelente.
As sessões ficavam abarrotadas, porque em matéria de 'putaria', os homens se contentavam com as histórias em quadrinhos de Carlos Zéfiro, vendidas clandestinamente, mas fáceis de encontrar na Praça Municipal. Fui a uma delas, e vim andando da Liberdade para casa em Nazaré perto das duas da manhã. Tudo era muito calmo. Dava prazer se viver em Salvador.
Mas a polícia, um belo dia, invadiu o São Jorge, mandou parar a sessão, prendeu o exibidor. Todos os jornais estamparam em manchetes. A Tarde fez um editorial moralista da lavra calmoniana. Mas Cruz Rios riu do episódio. Dois meses depois, Walter da Silveira fez um acordo com o exibidor Francisco Python para projetar 'filmes de arte' no Guarany da Praça Castro Alves - que com a morte de Glauber tomou o nome do cineasta.
Considerando que a cidade era muito pacata, a sessão da meia-noite do Clube de Cinema da Bahia, aos sábados, constituiria-se numa opção para o fim de semana.
Walter programou, para abrir com chave de ouro a programação, O túmulo do sol, um filme japonês muito premiado sobre um menino que gostava de contemplar o sol. Filme mágico e encantado e próprio para todas as idades. Mas, por causa do horário, meia-noite, menor não podia entrar. No dia marcado, desde as 23 horas filas se desdobravam pela Praça. Walter achou esquisito, pois o filme seria para um público mais restrito. Filas para comprar ingresso e outras filas para entrar. Um sufoco. A sala de espera abarrotada, e na hora que a corrente foi aberta, pessoas sendo empurradas, uma confusão dos diabos. Na sala, gente sentada no chão. Eis que começa o filme. Passados quinze minutos, as pessoas começaram a gritar, gerando, com isso, um tumulto. Resultado: a maioria das poltronas do Guarany foi arrebentada.
Tudo porque, estando ainda fresca na memória dos baianos a notícia da invasão policial do São Jorge, os soteropolitanos pensaram que, naquele horário, os filmes seriam de 'putaria grossa'. Python rasgou o contrato com Walter, tendo a aquiescência deste.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
A MISÉRIA CULTURAL BAIANA
Se formos fazer uma comparação entre o número de salas exibidoras que Salvador tinha em 1958 e o que tem atualmente, a conclusão é uma só: os cinemas estão fechando suas portas. Com uma população de, mais ou menos, quinhentos mil habitantes, a província possuía em torno de quase trinta salas, considerando, no cômputo final, as de primeira linha, os poeiras da Baixa dos Sapateiros, e os cinemas de bairro. Para arredondar o raciocino, que se coloque trinta salas em 1958 para quinhentos mil habitantes, sendo que cada uma delas tinha, em média, mil poltronas, variando entre as salas maiores, de quase duas mil cadeiras, como o Guarany e o Jandaia, e as menores, que beiravam a mil lugares.
Se antigamente o povo ia muito ao cinema, hoje, como disse Gustavo Dahl, há alguns anos, no Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, não tem acesso a ele. O cinema, que era um meio de comunicação de massa, atualmente é um veículo cujo acesso somente é possível à elite.
O Plano Real dolarizou a economia de uma forma perversa. O povo está excluído do cinema, assim como a chamada classe média baixa. A conclusão é estarrecedora e reveladora: apenas dez por cento da população baiana pode ir ao cinema, sendo que dois milhões e tanto de pessoas estão completamente fora da rota cinematográfica. Constatou-se, em pesquisa recente, que a maioria dos baianos nunca foi ao cinema. Um grupo organizou uma sessão cinematográfica num bairro periférico e o que se viu foi espantoso. As pessoas ficaram maravilhadas pelas imagens em movimento, pois estavam a contempla-las pela primeira vez. E isto aconteceu na região metropolitana de Salvador!Na década de 50, o Brasil tinha perto de dez mil salas exibidoras. Em 1975, já se contavam apenas cinco mil. No ano passado, chegou a mil e novecentos.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
MANUAL DESCOMPLICADO DE ROTEIRO
A recomendação aqui é feita sem nenhuma hesitação. Leiam e comprem Primeiro Traço - Manual descomplicado de roteiro. E clique na imagem para ver a capa em tamanho maior. O livro é editado pela Edufba e contou com o apoio da Fapesb.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
sábado, 22 de agosto de 2009
BESOURO ( O FILME )
Besouro surge para mostrar que uma vez ou outra podemos experimentar, nem que seja acrescentado à cultura dos outros, um pouco da nossa cultura. O filme é uma mistura de O Tigre e o Dragão (ou Herói, outro clássico moderno dos filmes wuxia) com capoeira.
Toda essa maluquice surreal e interessante é dirigida pelo publicitário João Daniel Tikhomiroff, ao custo de 10 milhões de verdinhas com a cara da Princesa Isabel. Grande parte dessa bolada foi para Hiuen Chiu Ku, que ajudou na coreografia da produção, coisa que ele já havia feito em Matrix, Kill Bill e… O Tigre e o Dragão
Besouro é baseado no romance Feijoada no Paraíso, de Marco Carvalho, e levou quase três meses para ser filmado no Bahia. Fátima Toledo (Tropa de Elite, Cidade de Deus) cuida do elenco e Patrícia Andrade (Os 2 filhos de Francisco) assinou o roteiro.
METEORANGO KID - O HERÓI INTERGALÁTICO (1969)
SINOPSE
As aventuras de Lula, um estudante universitário, no dia do seu aniversário. De forma absolutamente despojada, anárquica e irreverente, mostra sem rodeios o perfil de um jovem desesperado, representante de uma geração oprimida pela ditadura militar e pela moral retrógrada de uma sociedade passiva e hipócrita. O anti-herói intergaláctico atravessa esse labirinto cotidiano através das suas fantasias e delírios libertários, deixando atrás de si um rastro de inconformismo e um convite à rebelião em todos os níveis
FICAHA DO FILME
- Título original: Meteorango Kid - O Herói Intergalático
- Diretor: André Luiz Oliveira
- Elenco: Antônio Luís Martins, Carlos Bastos, Milton Gaúcho, Manoel Costa Junior, Antonio Vianna, Nilda Spencer, Ana Lúcia Oliveira, João Di Sordi, Caveirinha, Sônia Dias, José Wagner
- Gênero: Ação, Comédia, Cult
- Duração: 85 min
- Ano: 1969
- Cor: Preto e Branco
- Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
- País: Brasil
DADOS DO DVD
- Extras: Curtas "Doce Amargo" (1968, co-direção com José Umberto); "A Fonte" (1970), "O Cristo de Vitória da Conquista" (1981)
- Idioma: Português
- Distribuidora: Lume
- Ano: 1969
- Data de lançamento: 24/05/2009
DOCUMENTÁRIO SOBRE RAUL SEIXAS SERÁ FILMADO EM SALVADOR
O autor da frase é Walter Carvalho, mais respeitado diretor de fotografia do cinema brasileiro em atividade (”Central do Brasil”, “Lavoura Arcaica”), ao iniciar, no último domingo(19) em Salvador, as fillmagens de “O Inicio, o Fim e o Meio”, documentário que promete abrir ainda mais o baú de informações sobre a vida do lendário roqueiro baiano, morto em 21 de agosto de 1989
O “garoto” em questão é o produtor Denis Feijão, 30, idealizador do longa. Para um completo desconhecido no mercado cinematográfico, quando teve a ideia, é impressionante ver a estrutura que o projeto tomou.
É uma conquista ver tudo se concretizando. E, para mim, era fundamental começar aonde tudo começou para Raul”, diz Feijão, explicando o motivo das filmagens começarem pela capital baiana.
Depois de Salvador, a equipe parte para filmagens no Rio de Janeiro e São Paulo, finalizando em junho com entrevistas no exterior (provavelmente na Suíça) com o parceiro de Raul, o escritor Paulo Coelho. Também impressiona a escalação para a direção do projeto: Walter Carvalho e Evaldo Mocarzel, nomes consagrados do cinema nacional.
Carvalho tem, como diretor, no currículo, a bem sucedida cinebiografia “Cazuza – O Tempo Não Para” (co-dirigido por Suzana Werneck) e o premiado documentário “Janela da Alma”, (co-dirigido por João Jardim).
“Fiquei muito sensibilizado com o convite porque, como documentarista, gosto de trabalhar com a memória”, disse ele, em um intervalo nas gravações das primeiras entrevistas do filme, realizadas no Café Portela, no bairro do Rio Vermelho.
Acostumado aos trabalhos em dupla e vendo o tamanho da proporção do trabalho, Carvalho (que lança no próximo dia 22 de maio a adaptação para o cinema do livro de Chico Buarque, “Budapeste”) convidou para a empreitada o amigo Mocarzel – editor nos anos 90 do caderno de cultura do jornal Estado de S. Paulo e, na atual década, um documentarista de filmes como “Do Luto à Luta” e “A Imagem do Concreto”. “Serviu para aumentar o meu medo em me meter nesta aventura”, brinca Carvalho.
Parece que, realmente, Raul Seixas estava no caminho de Mocarzel. Além de ser testemunha de vários momentos do que chama de “ascensão e queda de Raul”, outro fato curioso liga o jornalista/cineasta ao cantor: “Quando fui morar em São Paulo, em 1990, morei no apart hotel em que ele morreu. O filme está cheio dessas coincidências loucas. Quando o Waltinho me chamou para dividir a direção, fiquei muito excitado. Raul é o expoente de uma época. Vamos falar de Brasil, dos anos 60. Quer dizer, até o fato dele ter nascido em 1945, ano das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, marcou o estilo apocalíptico dele”
Falando em coincidências, uma delas veio logo de cara no início das filmagens em Salvador. É que, como o humorista Chico Anysio estava na cidade, se apresentando no Teatro Castro Alves, os diretores foram atrás de uma entrevista. Mas o que ligaria Raul Seixas e Chico Anysio?
“Tivemos a informação de que o Chico deu uma força para o Raul ir para o Rio. Na verdade, o que ele fez foi sugerir ao (cantor) Jerry Adriani os Panteras (banda com que Raul tocou no início de sua carreira). Muitos episódios da vida de Raul são lendas. Disseram também que o Chico Anysio tinha ajudado a carregar os instrumentos dos Panteras. O que até tem uma parte de verdade. Vamos ter que enfrentar essas várias camadas de realidades, essas ciladas”, explica Carvalho
Outra coincidência que os diretores esperam que aconteça é que dois fãs especiais do cantor leiam esta matéria. São personagens de duas fotos de momentos peculiares: uma delas, feita durante o velório do cantor, mostra alguns fãs chorando copiosamente no seu caixão (o fã desejado é o mais em destaque na imagem, na extrema direita, de barba).
Já a outra foto mostra Carlos Augusto Santana Silva, que em 1993, foi flagrado tentando levar para casa, como recordação, a lápide do túmulo de Raul. “Estamos curiosos para descobrir como essas pessoas se relacionam com Raul hoje em dia”, diz o produtor Feijão, que deixa o contato da produção – (71) 2103-2233 ramal 2074, para quem souber alguma informação.
Carvalho e Mocarzel se mostram abertos às possibilidades que podem aparecer na busca de informações e no processo de realização do filme. “O ponto de partida é Raul. Não temos um ponto a chegar, e, sim, de partir. Quanto mais elementos você tem, mais você descobre as relações entre estes pontos com o tema”. diz Carvalho
“Claro que você vislumbra um filme na sua cabeça. Eu vislumbro essa textura de memória, ir no colégio Maristas, onde ele foi expulso, e observar a ação do tempo nessas locações. O filme terá várias texturas, porque temos matérias das mais diversas fontes: Super 8, VHS, e por aí vai. Também queremos trabalhar com o silêncio e, ao mesmo tempo, o universo rock’n'roll do Raul, sua trajetória, problemas com o alcoolismo. Uma de suas mulheres diz que, se ele passava uma imagem de artista muito agressivo, em casa era um homem muito delicado. Queremos também humanizar o mito”, complementa Mocarzel.
Entre as 54 pessoas pré-selecionadas para as entrevistas, estão personalidades como os cantores Jerry Adriani e Marcelo Nova, as três mulheres com quem Raul foi casado, os companheiros de banda local Os Panteras, além de personalidades da indústria musical, como os produtores Roberto Menescal, André Midani e Marco Mazolla. E, claro, Paulo Coelho.
Por fim, a pergunta que os fãs devem estar ansiosos: quando o filme chega às telas? “Te garanto que sai esse ano. Acho que está mais para a Mostra Internacional de São Paulo (fim de outubro), entrando no circuito comercial logo depois”, afirma Feijão.
Cineinsite
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
ENTREVISTA DE RADA REZEDÁ A REVISTA "MUITO" DO JORNAL A TARDE
Abre aspas: Quem tem medo de Marcelo Nova? Rock, polêmicas e palavrões
Moda: Quando o estilo aproxima pais e filhos, fica mais fácil se divertir
Arte: Em vídeos, instalações e pinturas, Caetano Dias valoriza o humano
Bio: A atriz e publicitária Rada Rezedá aposta na versatilidade
Atalho: No Dom Fernand’s, em Villas, cozinhas hispânica e mediterrânea
Satélite: O bar Via Urbana une arte e descontração no centro de Roma
Gastrô: As delícias da gastronomia espanhola vão além das famosas paellas
Vejam a revsita Muito do Jornal A Tarde, na coluna BIO a atriz Rada Rezedá
domingo, 16 de agosto de 2009
O CINEASTA LÁZARO FARIA
VEM AI: O 2 DE JULHO ( O FILME)
Beto Magno
Em 1985 e contratado por uma das maiores Agencias de Publicidade da Bahia a Propeg onde desempenha a funçao de Produtor Executivo e Diretor de Cenas de mais de 1000 comercias em Cinema e diversos Documentarios para Clientes como Correios, Telebras, Governo da Bahia, Governo de Pernambuco, Governo Federal, Ministerio das Comunicaçoes, Telebahia e dirige neste
periodo diversas campanhas Politicas para Televisao.
Em 1990 funda sua empresa a X Filmes da Bahia, onde produz enumeros comerciais para todo o Brasil, institucionais e Programas para Televisao. Produz em 16 mm o Documentario Orixas da Bahia, viaja a India e produz Satytananda, documenta varias festas populares e faz um documentario em cinema sobre a festa de Yemanja, em 2000 começa a produçao e direçao do sei primeiro Longa Metragem A Cidade das Mulheres, recebe premio do BNDS e patrocinio da Petrobras e em 2005 faz o lançamento no teatro Castro Alves, ganha o premio Tatu de Ouro como melor longa metragem na 32 Jornada de Cinema da Bahia, no mesmo Ano produz e Dirige Mandinga em Manhattam, documentario sobre como a capoeira se espalhou pelo Mundo. A partir dai foi convidado com seus filmes para diversos Festivais no Brasil e exterior como tambem Universidades como a da Fhiladelfia e Notre Dame.
Em 2007 lança a primeira ediçao do BAHIA AFRO FILM FESTIVAL no palacio daaclamaçao, apresentado entre outros filmes o resultado da oficina o Negro e o Cinema.
Atualmente e presidente da casa de cinema da Bahia, onde desenvolve enumeros projetos da area de produçao e Formaçao de proficionais e esta a frente da direçao do BAFF.
EU ME LEMBRO, DE EDGARD NAVARRO
Beto Magno
Eu Me Lembro é um filme que desperta no espectador um gostar carinhoso. Incursão nas memórias de Edgard Navarro e na história do país, o filme é costurado por uma trilha sonora muito bem selecionada (com direito a canção original de Caetano Veloso), e conta a história de Guiga, da sua infância na ainda provinciana Salvador, passando pela descoberta do sexo na adolescência até a rebeldia da juventude – entre os anos 50 e 70. Assisti-lo é o tipo de experiência que nos coloca dentro do furacão, desperta tantas questões que o filme quase parece ficar perdido no meio de tanta coisa
A primeira delas, claro, é o fato de que Edgard Navarro demorou tantos anos para fazer seu primeiro longa-metragem. paralelamente, a revista Cine Imperfeito lançava uma edição sobre cineastas desaparecidos, incluindo o Edgard Navarro, na mesma época que o diretor ganhava diversos prêmios no Festival de Brasília. Se é claro que não se pode gostar de um filme só porque ele teve um processo demorado e sofrido de realização, isso vem à mente de forma inevitável quando estamos assistindo ao filme e pensamos em Superoutro, experiência radical dirigida por Navarro no fim dos anos 80 – filme que dá vontade de fazer cinema, escatológico e engraçado, certamente inspirador. Por que tanto tempo entre aquele e este filme? Em relação ao radicalismo de Superoutro, Eu Me Lembro trabalha em chave muito distinta. Está ali o roteiro bem concatenado, os lampejos de loucura que não extrapolam limites, explicações sobre a matriz psicanalítica do filme a disposição no site do filme. Seria ridículo exigir que um cineasta atendesse às nossas expectativas, mas não deixa de ser triste perceber como a estética agressiva e radical de alguns cineastas se apaziguou: sinal dos tempos, ou de que um filme é sempre muito mais do que um filme.
Neste sentido, Eu Me Lembro é bem simples mesmo. Evoca claramente uma matriz felliniana na sua incursão ao passado, mas não chega a existir ali nada da indistinção surrealista entre fantasia e realidade, a força e beleza dos momentos de magia. O filme tem grandes momentos, é verdade: os atores estão especialmente bem e muitas situações são inspiradas. Apesar do período da infância ser extenso demais, o retrato da família é bonito, cada um seguindo o seu caminho e a criança observando e absorvendo tudo aquilo. É a matriz do que virá a seguir na vida de Guiga e não é a toa que o filme termina com um devaneio seu, louco de cogumelo, onde surgem todos os personagens de sua infância.
Mas, tem grua, muita grua e a presença ostensiva do equipamento faz pensar que existe muita intenção para pouco cinema, ou que definitivamente falta ao filme uma linguagem que dê conta de tanta intenção. O que não tira a força da experiência que é ver o filme, mas certamente deixa uma saudade, uma espécie de um lirico regresso a nossa própria infância e adolecência.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Pola Ribeiro tenta salvar "Revoada"
POLA RIBEIRO (DIRETOR DO IRDEB E CINEASTA)
Por André setaro
Vê-se uma luz no fim do túnel para a salvação de Revoada, de José Umberto, que foi montado à sua revelia com um resultado desastroso e que se revela totalmente oposto à concepção original de seu autor. E a luz está na intervenção de Pola Ribeiro, diretor-geral do Irdeb, e, também, o representante do audiovisual baiano, que tenta resolver o impasse.
Pola Ribeiro é o intermediário do acordo entre o produtor Rex Schindler e o cineasta José Umberto para que o império do Autor se mantenha de acordo com o projeto original aprovado pelo MinC (patrimônio público). O apoio de Pola Ribeiro se manifestou na sala de reunião da diretoria do Irdeb que teve as presenças de Edgard Navarro (Eu me lembro) e Luz Paulino dos Santos (roteirista original e diretor das primeiras filmagens de Barravento). As tratativas para solucionar o impasse também se desenvolveram com a reunião que Pola patrocinou com Umberto e a família de Rex Schindler.
Creio que o apoio de Pola Ribeiro é fundamental para se resolver esta questão difícil, cuja solução seria importante para o Cinema Baiano, principalmente no seu significado simbólico. Pola estaria, nesse sentido, na posição de um pacificador, e a resolução do impasse teria um significado extremamente importante para tirar o Cinema Baiano das sombas nas quais se encontra escondido pelas picuinhas desordenadas, pelos interesses comerciais, e pelo poder econômico a preponderar sobre a criação artística. Basta dizer que o Edital de Baixo Orçamento do MinC (do qual Revoada foi um dos vencedores) visa prestigiar a produção independente, a política do Autor de filmes. O que aconteceu com Revoada, assim é se me parece, descaracteriza o propósito e o objetivo precípuo dos editais do MinC, a transferir o processo de criação para os interesses nada autorais do produtor em questão.
Não se pode esquecer que Pau Brasil, de Fernando Belens (recentemente apresentado no encerramento do V Seminário do Cinema e do Audiovisual), O jardim das folhas sagradas, de Pola Ribeiro, O homem que não dormia, de Edgard Navarro, e Revoada, de José Umberto, são filmes que formam um dos arcos da evolução cíclica do Cinema Baiano. A cópia de Revoada, editada sem a presença de seu autor, espúria, não pode ser mostrada como exemplo de uma expressão individual, pois, sobre descaracterizar uma obra cinematográfica, desvirtua, como já disse, a razão de ser dos editais do Minc. Seus negativos estão íntegros, e a batalha consiste em dar a oportunidade de Umberto montar o seu filme segundo o seu projeto original. A intervenção política de Pola Ribeiro não ficaria restrita a uma intervenção para salvar apenas um filme, mas seria um beau geste em favor de todo o Cinema Baiano.
Como disse José Umberto: "O Cinema Baiano está envolvido atualmente por uma Sombra, e é preciso, o quanto antes, afastar este fantasma shakespeariano, porque, afastado, todos irão respirar o ar puro da criação inviolável". Mais: "A questão, hoje, não é de um filme em si, mas uma questão ética que transcende a individualidade de uma obra para alcançar a dimensão coletiva da inviolabilidade da obra artística na sua pureza original, porque, na verdade, o artista verte lágrimas de sangue ao ver sua obra inacabada."
Salvar Revoada, penso, é uma questão moral. E não há dúvida sobre isso. É superar um pesadelo, é limpar a estrada para um Cinema Baiano livre da consciência culpada. A História, nesse sentido, pede passagem.